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O que a Receita Federal decidiu sobre transações de Pix acima de R$ 5 mil?

A Receita Federal implementou, no início deste ano, novas diretrizes para a fiscalização de transações financeiras realizadas por meio do Pix e de cartões de crédito. Essas mudanças, que entraram em vigor no dia 1º de janeiro, determinam que todas as movimentações mensais, tanto de recebimentos quanto de pagamentos, que atinjam ou ultrapassem o valor de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, devem ser reportadas ao Fisco. A medida visa aprimorar o controle e a fiscalização dessas operações, promovendo maior transparência e combatendo a evasão fiscal. A Receita avisa que a nova regulamentação não introduz nenhum custo adicional para os usuários do Pix, nem representa um novo imposto. As novas regras já entraram até na mira dos criminosos, num novo golpe chamado eldquo;Golpe da Cobrança de Taxa sobre Pixerdquo;. A situação levou até o presidente Lula a fazer um vídeo mostrando uma doação por Pix para a Arena do Corinthians, mostrando que não será taxado. Segundo o Fisco, as operações de Pix continuam a ser realizadas da mesma forma que antes, sem alterações no seu funcionamento. A responsabilidade de informar as transações que se enquadram nos critérios estabelecidos recai sobre as instituições financeiras, operadoras de cartão de crédito e demais entidades de pagamento, que devem fazer o reporte através do sistema e-Financeira da Receita Federal. O cliente não é obrigado a informar nada. A periodicidade para a apresentação dessas informações é semestral, com prazos estabelecidos para o último dia útil de agosto e fevereiro de cada ano, referentes, respectivamente, aos movimentos do primeiro e segundo semestres do ano anterior. Golpes No entanto, a implementação dessas novas regras também abriu espaço para a atuação de criminosos, que estão tentando se aproveitar da situação para aplicar golpes, enviando falsas mensagens sobre a cobrança de taxas relacionadas ao Pix. A Receita Federal já emitiu alertas A Receita Federal já emitiu alertas sobre essas tentativas de fraude, reforçando que não existe tributação sobre o Pix e orientando a população sobre como evitar cair nesses golpes. Como se proteger? Para se proteger de eventuais golpes, é fundamental que os usuários estejam atentos e sigam as orientações da Receita Federal, como desconfiar de mensagens suspeitas, não fornecer dados pessoais a fontes desconhecidas, evitar clicar em links ou abrir anexos suspeitos, e sempre confirmar a autenticidade de qualquer comunicação verificando se procede do Portal e-CAC ou do site oficial da Receita Federal. Além disso, é essencial não compartilhar informações sem antes verificar sua autenticidade, contribuindo assim para o combate às fake news e à disseminação de golpes financeiros.

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Dólar e petróleo pressionam gasolina: Petrobras evita aumento, mas preço vai subir por outro motivo

Este ano começa com diversas pressões em torno da Petrobras e dos preços dos combustíveis. Com o avanço do dólar e, mais recentemente, do preço do barril de petróleo no mercado internacional, a defasagem da gasolina e do diesel vendidos pela estatal atingiu o maior patamar desde julho do ano passado emdash; de 13% e 22%, respectivamente, esta semana emdash;, o que alimenta a cobrança do mercado por um reajuste nas bombas. Enquanto a Petrobras não decide sobre um aumento, a partir de 1º de fevereiro o consumidor verá os preços mais altos nos postos, pois a alíquota do ICMS subirá em todo o país. No caso da gasolina, será uma alta de 7,1%, passando de R$ 1,3721 para R$ 1,4700 por litro. Já no diesel, o aumento será de 5,3%, de R$ 1,0635 para R$ 1,1200 por litro. Isso vai pressionar ainda mais a inflação. Em 2024, a gasolina foi o que mais contribuiu para a alta de 4,83% do IPCA, usado na meta do Banco Central. Além disso, teme-se que os Estados Unidos, no novo governo de Donald Trump, enfrentem inflação e juros maiores, o que valorizaria ainda mais o dólar. Com ganho de renda e ascensão social: Brasil volta a ser um país de classe média emdash; Temos um aumento no ICMS, que é uma alíquota fixa por litro e igual para todo o país. Esse aumento vai direto para as bombas e será sentido por todos. Ao mesmo tempo, temos um aumento no dólar e no preço do petróleo, gerando mais tensão para os preços emdash; explica o consultor de preços Dietmar Schupp. De acordo com dados da Abicom, associação que reúne importadores de combustíveis no país, os preços praticados pela Petrobras atingiram o maior patamar de defasagem desde meados do ano passado. A diferença da gasolina chegou, nesta semana, a 13% emdash; desde o início deste ano, o preço da estatal está ao menos 10% abaixo do mercado internacional. No diesel, o preço praticado pela estatal está 22% abaixo do mercado externo emdash; desde 11 de dezembro, essa diferença tem variado entre 10% e 18%. emdash; É necessário um reajuste, sim. Há uma defasagem muito elevada, o que inibe a atuação dos importadores. Está na hora de anunciar um reajuste. Desde o final de novembro, com a desvalorização do real, as diferenças aumentaram bastante por conta do câmbio. Já o preço do petróleo é uma incógnita, mas a cotação não deve cair e deve se manter nessa faixa. Ou seja, a defasagem não deve ser reduzida emdash; afirma Sergio Araujo, presidente da Abicom. Sem reajuste no radar Por outro lado, diversas fontes na Petrobras afirmam que ainda não haverá aumento nos preços. Uma das fontes ouvidas pelo GLOBO destacou que a companhia eldquo;segue monitorando tendênciaserdquo; e mencionou o dólar, que atingiu R$ 6,26 em 18 de dezembro, mas ontem encerrou a R$ 6,09. No caso do petróleo, embora o barril do tipo Brent tenha fechado ontem a US$ 81,01, a avaliação é que é preciso esperar mais um pouco, a fim de verificar se esse movimento reflete apenas eldquo;volatilidade ou um novo patamarerdquo;. A última vez em que a Petrobras reajustou o preço da gasolina nas refinarias foi em 9 de julho do ano passado, de R$ 2,81 para R$ 3,01. Já a última alteração do diesel tem ainda mais tempo: foi em 27 de dezembro de 2023, quando caiu de R$ 3,78 para R$ 3,48 emdash; o último aumento foi em outubro de 2023. Para outra fonte do setor, a Petrobras está se aproximando de um momento em que, a depender da combinação do aumento da cotação do petróleo e da alta do dólar, ficará difícil justificar ao mercado a manutenção dos preços atuais. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que, nas duas últimas semanas, o preço médio da gasolina no Brasil caiu de R$ 6,15 para R$ 6,14. Movimento semelhante ocorreu com o diesel, cujo valor na bomba passou de R$ 6,06 para R$ 6,03 entre as semanas de 29 de dezembro e 5 de janeiro. Segundo uma fonte na estatal, o cenário atual não indica qualquer tipo de alerta para aumento de preços. eldquo;Ainda não há discussão sobre reajuste, embora os preços estejam defasadoserdquo;, admite outra fonte na companhia. A expectativa de especialistas é que o dólar e o petróleo continuem voláteis nas próximas semanas. Trump, inverno e China Um especialista lembra que, atualmente, há vários fatores que podem pressionar os preços dos combustíveis. Ele explica que o novo governo de Donald Trump nos EUA, a recuperação econômica da China e um inverno mais rigoroso no Hemisfério Norte são elementos que, combinados, eldquo;indicam que o preço do petróleo dificilmente cairá nas próximas semanas.erdquo; Se Trump já prometeu liberar a exploração de petróleo em áreas hoje restritas, o que levaria ao aumento da produção e à queda na cotação do barril, por outro a adoção de sobretaxas, como ele vem ameaçando, tende a elevar a inflação e, consequentemente, valorizar o dólar. Ou seja, mais um fator de pressão sobre os preços dos combustíveis. De acordo com o especialista, essa combinação de fatores torna necessário um reajuste por parte da Petrobras, sob o risco de afetar os resultados para os acionistas. eldquo;Politicamente, é uma decisão difícil, mas inevitávelerdquo;, afirma ele. Em meados de 2023, a Petrobras encerrou a política de paridade de importação (PPI). A estatal deixou de considerar apenas a cotação do dólar e do petróleo como parâmetros para o reajuste de seus preços, passando a incluir na fórmula fatores como volume da produção nacional, custos logísticos e participação de mercado. A preocupação de parte do mercado é que a importação responde por 20% a 30% do consumo, conforme a época do ano. Com a Petrobras segurando os preços, a importação do diesel está muito reduzida, dizem executivos do setor. Mas, como neste período a demanda por diesel é menor, o tema não é visto como sensível pela estatal.

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Petrobras deveria reajustar combustíveis entre 7% e 8%, calcula banco

O avanço recente da cotação do dólar e do preço internacional do petróleo ampliam a defasagem da gasolina e do diesel vendidos pela estatal, que atingiu o maior patamar desde julho do ano passado: 13% e 22%, respectivamente, nesta semana. Enquanto a Petrobras não decide sobre um aumento, a diferença entre os preços praticados nas refinarias e os internacionais (que balizam o custo da parcela de combustíveis importados que o país precisa para dar conta de toda a demanda) só cresce. Segundo as contas de economistas do Santander, a estatal deveria aplicar um reajuste de 7% a 8% se quisesse manter essas diferenças nas médias históricas, calcula relatório do banco, divulgado na semana passada. Mesmo assim, a redução das preocupações com os dividendos (principal forma de uma companhia repassar o lucro aos acionistas), somada a uma série de outros fatores, tem evitado a queda das ações da empresa. A Petrobras fez um pagamento extraordinário de R$ 20 bilhões de dividendos no fim do ano, lembrou Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike. Em 2024, a distribuição dos lucros foi motivo de uma crise entre o antigo presidente da estatal, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, contribuindo para a demissão do primeiro. Prates acabou substituído por Magda Chambriard, que foi presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff. Mas ele pondera que, mesmo assim, a estatal tem um eldquo;custo de oportunidadeerdquo; quando deixa de lucrar mais ainda com preços de combustíveis mais elevados no Brasil. A mudança de patamar de produção faz com que em torno de 85% da receita da Petrobras venham da produção de petróleo e da sua venda para fora, segundo Vitor Sousa, analista de petróleo da Genial Investimentos. A produção de combustíveis nas refinarias responde por menos de 15%. emdash; Se, por um lado, a Petrobras tem adotado uma política de preços que reduz as margens de lucro da área de refino, a alta do dólar e do petróleo também acaba beneficiando as receitas oriundas da exportação emdash; diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. Endividamento baixo Nos pregões seguintes ao anúncio dos dividendos extras, os papéis da petroleira subiram e começaram 2025 em alta emdash; após forte valorização em 2023 e 2024. Ontem, fecharam praticamente estáveis, acumulando, nos primeiros dias do ano, alta de 3,9% nas ações ordinárias (ON, com direito a voto). Já as preferenciais (PN, sem voto) acumulam alta de 2,4%. Em 2023, a alta foi de 73,8% e 94,4%, respectivamente. Ano passado, de 21,4% e 18,1%. Segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, além do alívio em relação aos dividendos, uma série de fatores compensa eventuais efeitos negativos da diferença para os preços internacionais. Estes incluem a mudança de patamar da produção, com o desenvolvimento do pré-sal, que eleva a receita com exportações; o endividamento baixo; o plano de negócios dentro do esperado por analistas e investidores; e o fato de que não há sinais de que a Petrobras assumirá toda a importação de combustíveis para segurar os preços, como ocorreu há pouco mais de dez anos, no governo Dilma. emdash; Esses aspectos mudam um pouco a exposição da Petrobras em relação à que já foi no passado emdash; afirma Regis Cardoso, head de Óleo, Gás e Petroquímicos da XP Investimentos. Sousa, da Genial Investimentos, acrescenta ainda que as ações da Petrobras eldquo;estão barataserdquo;, à luz de variáveis como geração de caixa, lucros e endividamento, e dado o risco político de ser uma estatal. Frederico Nobre, chefe de análise da gestora Warren Investimentos, ressalta que a defasagem aumentou na última semana porque as cotações do petróleo subiram com novas sanções contra Rússia e Irã, mas não é crítica: emdash; A não ser que fiquemos com uma defasagem insustentável durante muito tempo, isso não será um problema tão grande para os resultados.

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Governo se divide por veto a benefício de refinaria na Zona Franca

O Palácio do Planalto está diante de um dilema para vetar os benefícios concedidos à Atem, refinaria de combustível instalada na Zona Franca de Manaus que, conforme texto aprovado pelo Congresso, usufruirá dos benefícios tributários da região. A equipe econômica é contrária ao incentivo porque não há previsão expressa na lei da Zona Franca de Manaus ao setor de petróleo e derivados, entendimento que já foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, não vetá-lo seria consagrar o incentivo. Outra barreira para o Ministério da Fazenda é fiscal. A reforma tributária foi aprovada considerando os gastos tributários existentes previamente. Com a inclusão do setor de petróleo, os empenhos no Orçamento serão maiores, algo incompatível com o texto da reforma. Além disso, a concessão de uma vantagem ao petróleo exigiria compensações ao etanol na região, que, por diretriz do governo, tem incentivo em relação à gasolina. A ala política do Planalto, no entanto, tenta contornar a situação. Isso porque a emenda que favoreceu a refinaria amazonense partiu do senador Eduardo Braga (MDB-AM), importante aliado, e, a partir deste ano, o amazonense Omar Aziz será o próximo líder do PSD no Senado, também muito próximo do governo. O Ministério de Minas e Energia ainda não se posicionou definitivamente. Preços elevados Antes pertencente à Petrobras e vendida em 2022 para a Atem, a Refinaria do Amazonas vem praticando preços mais altos de combustíveis desde o ano passado, segundo dados do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), mesmo com os subsídios no recolhimento do PIS/Cofins. O preço da gasolina e do diesel aos consumidores de Manaus estão, respectivamente, 10% e 7% mais caros na comparação com algumas capitais, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, diz o instituto. Agentes do setor avaliam que a tendência é que esses preços subam mais, dada a falta de concorrência na região. Diante disso, a validação pelo governo dos benefícios na regulamentação da reforma traria injustiça tributária, afirmam. Incentivo para produção local Um estudo feito pelo professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, mostra que, diferentemente do que aponta o IBP, o incentivo para manter o refino do petróleo entre os bens e os serviços produzidos na Zona Franca deverá gerar uma isenção fiscal da ordem de R$ 298,3 milhões anuais. Holland avalia que sem esse incentivo fiscal, a indústria de refino não é economicamente viável, tornando a região Norte completamente dependente de importação de combustíveis. Segundo ele, diferentemente de EUA e Europa, a atividade de refino no Brasil é altamente concentrada e distante da Amazônia, sendo que mais de 98% se realizam longe dos principais centros populacionais do Norte. A região representa menos de 2% da capacidade de refino nacional. Há dois custos relevantes, um associado com a importação de petróleo de fora da Amazônia e outro com custos do gás natural, para operar principalmente como fonte de calor, energia e insumo na produção de hidrogênio. Esses custos adicionais foram estimados em aproximadamente R$ 344,4 milhões, valor superior ao incentivo fiscal previsto com a inclusão da atividade de refino de petróleo no contexto da Zona Franca. Para o economista, o incentivo fiscal não distorce a competividade do setor e garante isonomia competitiva entre a operação na Zona Franca de Manaus e o restante do Brasil.

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Venda de carros puramente elétricos cresceu 219% em 2024, mas desacelerou no segundo semestre

As vendas de carros puramente elétricos cresceram 219% na comparação entre 2023 e 2024, segundo dados divulgados pela ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). No total, foram emplacados 61.615 automóveis a bateria no Brasil. Embora o dado impressione, há preocupação com a perda de fôlego do segmento. Ao se comparar o resultado dos primeiros seis meses do ano passado com o do segundo semestre, houve queda de 2,54% nos licenciamentos desses modelos. Já a comercialização geral de carros de passeio e comerciais leves cresceu 30,7% entre julho e dezembro em relação ao período de janeiro a junho, segundo a Fenabrave (associação que representa os distribuidores de veículos). Um último dado comparativo comprova que o mercado está aberto a novas tecnologias: considerando a variação entre os semestres de 2024, as vendas de modelos híbridos plug-in (que podem ser recarregados na tomada e também abastecidos nos postos) tiveram alta de 74,8%. No total, foram 64 mil unidades comercializadas neste segmento. Esses modelos, cujos preços iniciais se aproximam dos R$ 200 mil, proporcionam a experiência de se rodar com um carro 100% elétrico, mas o motor a gasolina ou a diesel permanece. Para que haja redução das emissões geradas pela queima do combustível, é necessário manter as baterias carregadas. A combinação de tecnologias nesse tipo de híbrido proporciona longo alcance. A autonomia de alguns modelos foi superior a mil quilômetros, segundo dados aferidos em testes feitos pelo Instituto Mauá de Tecnologia. Já os modelos 100% elétricos raramente oferecem autonomia superior a 400 km no uso urbano e a 350 km na rodovia. São, portanto, dependentes de pontos de recarga ao longo do trajeto, o que requer planejamento prévio antes de pegar a estrada. "Os números confirmam que o mercado de veículos elétricos plug-in se encontra em expansão no Brasil, registrando recordes e maior aceitação dos consumidores", diz o comunicado divulgado pela ABVE. A desaceleração das vendas de modelos puramente elétricos não é exclusividade do Brasil, que apenas segue uma tendência global. A diferença está nas vantagens ambientais dos modelos a bateria no país, que possui matriz energética mais limpa em comparação aos Estados Unidos e à Europa. Entretanto, as características de geografia e renda são barreiras para o consumidor, que tem dois medos: ficar sem energia na estrada e perder muito dinheiro na hora de revender o carro. Um temor alimenta o outro. (Coluna por Eduardo Sodré)

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Defasagem da gasolina e do diesel dispara e eleva risco de reajuste que turbine inflação

Uma forte escalada do preço do petróleo no mercado internacional, desta vez impulsionada por um novo pacote de sanções contra o setor energético russo, chega ao Brasil em um momento em que a Petrobras está com os preços bastante defasados. O descompasso atinge patamares semelhantes aos que obrigaram a companhia em agosto de 2023 a reajustar o diesel em 25,8% e a gasolina em 16,2%. Um eventual aumento agora, para reduzir ou anular essa defasagem, teria impacto na inflação de 2025, principalmente a de fevereiro, mas traria alívio para importadores e produtores de etanol, que estão perdendo espaço nos postos de abastecimento diante dos preços estagnados dos combustíveis concorrentes. Perguntada sobre um possível reajuste nos preços dos combustíveis, a Petrobras respondeu ao Estadão/Broadcast que evita o repasse da volatilidade externa para os preços internos, conferindo assim períodos de estabilidade para os clientes (leia mais abaixo). Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média do diesel nas refinarias da Petrobras, em relação ao preço praticado no Golfo do México, chegou a 22% na sexta-feira, 10, enquanto a da gasolina ficou em 13%. Mesmo na Refinaria de Mataripe, que reajusta seus preços semanalmente, o óleo diesel está sendo vendido 11% abaixo do mercado internacional; e a gasolina, a um preço 7% inferior. O preço do diesel não é reajustado há 383 dias nas refinarias da estatal, e da gasolina, há 188 dias. No dia 1º de janeiro a estatal elevou o querosene de aviação (QAV), cujos reajustes mensais são por contrato, em 7%. O presidente da Abicom, Sérgio Rodrigues, critica a Petrobras por eldquo;trabalhar com uma defasagem tão altaerdquo;. eldquo;Prejudica não só importadores como produtores de etanolerdquo;, afirmou Rodrigues ao Estadão/Broadcast. eldquo;O câmbio não tem expectativa de redução enquanto não houver equilíbrio fiscal, e o petróleo só aumenta. Se a companhia praticar um preço só um pouco abaixo da defasagem já ganha muito dinheiro.erdquo; Qual seria o impacto na inflação? Para o economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, será difícil a petroleira evitar um reajuste diante dessa defasagem por muito tempo. Segundo ele, a expectativa é de que os combustíveis sejam reajustados em breve, o que vai pesar na inflação de janeiro e principalmente de fevereiro. No caso do índice oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a maior preocupação é a gasolina, que compromete 5% do orçamento familiar no Brasil. eldquo;Várias pressões inflacionárias estão se acumulando, já tivemos aumentos importantes no transporte público, teremos alta nas mensalidades escolares e no IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). Acredito que a gasolina, que compromete 5% do orçamento familiar, terá reajuste em breve. A desvalorização cambial acumulada e a nova tendência de alta do petróleo indicam que isso deve acontecererdquo;, explicou Braz ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, porém, em janeiro o impacto inflacionário não será tão grande, graças ao bônus da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que permitirá que a conta de energia caia 13% em média. eldquo;Isso fará o IPCA recuar algo em torno de 0,50 ponto porcentual em janeiro, o problema será em fevereiroerdquo;, explicou, ressaltando que em fevereiro as mensalidades escolares terão subido e a conta de luz voltará ao normal. eldquo;O IPCA de janeiro poderá ficar em torno de 0,2% e a de fevereiro acima de 1%erdquo;, estimou Braz. Para ele, o cenário da inflação dos próximos meses também dependerá do comportamento do câmbio, que se por um lado estimula as exportações, o que é bom para a balança comercial do País, por outro turbina os preços internos. eldquo;Ao exportar, a oferta doméstica reduz o que pressiona a inflação, e torna mais caro tudo o que importamos, como trigo e gasolinaerdquo;, explicou Braz. O que a Rússia tem a ver com a alta do petróleo? eldquo;Na tentativa de restringir e limitar os ganhos que o governo russo tinha com as exportações de petróleo, derivados e gás natural, as novas restrições acabam englobando produtores de petróleo e gás importantes, além de adicionar 183 navios, traders, seguradoras e outros agentes que estão envolvidos na movimentação de produtos russos no comércio internacional a essa lista de sançõeserdquo;, explicou a analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Isabela Garcia. Ela observou que esse movimento aumenta os riscos e a dificuldade de se negociar, transacionar os produtos russos no mercado internacional e que já existe uma preocupação da disponibilidade do petróleo russo no mercado internacional, num contexto de um balanço de oferta e demanda global já apertado, considerando que Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem feito restrições sobre a oferta do grupo no começo deste ano. eldquo;Se tem preocupações de que os países que dependem muito do petróleo russo, como Índia e a China, se voltem para outros fornecedores nesse curto prazo para atender a necessidade doméstica, enquanto se tem um cálculo ou esperam maiores direcionamentos dos próprios governos e buscam também alternativas para as novas sançõeserdquo;, afirmou a analista, lembrando que o movimento contra a Rússia era especulado havia um tempo no mercado, e já se tinha preocupações de que o novo governo de Donald Trump poderia endurecer sanções contra países como a Rússia, Venezuela e Irã. O que o comando da Petrobras tem dito sobre preços? No final do ano passado, quando o petróleo ainda não tinha batido os US$ 80 o barril, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse em entrevista ao Canal Livre, da Band News, que não havia intenção em mexer nos preços, e que a empresa estava ganhando dinheiro mesmo com os preços eldquo;abrasileiradoserdquo;. Também em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast no último dia do ano, o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, afirmou que não havia eldquo;correria para reajustar os combustíveiserdquo;. Nesta segunda-feira, 13, a Petrobras afirmou ao Estadão/Broadcast que eldquo;segue observando os fundamentos de mercado e, por questões concorrenciais, não pode antecipar suas decisõeserdquo;. A empresa afirmou, também, que não é responsável pela comercialização de combustíveis nos postos revendedores e que o preço praticado nas suas refinarias é apenas uma das parcelas que compõem o preço percebido pelo consumidor nas bombas. eldquo;Portanto, o preço final de revenda pode ser influenciado pelos preços praticados por outros fornecedores, e ainda inclui o custo da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, tributos, e custos e margens de distribuição e revenda, sobre os quais a Petrobras não possui qualquer influênciaerdquo;, explicou a companhia. A empresa lembrou que, em 2024, o único reajuste no preço de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras ocorreu em julho, e foi equivalente a R$ 0,15 a cada litro vendido nas bombas. Atualmente, em média, a parcela do preço de venda da Petrobras para as distribuidoras é equivalente R$ 2,21 a cada litro abastecido nas bombas. Sobre o diesel, o último aumento nos preços de venda da Petrobras para as distribuidoras ocorreu em outubro de 2023. Depois disso, a Petrobras ainda fez duas reduções de preços em dezembro de 2023. E, em 2024, não fez nenhum reajuste nos seus preços de venda para as distribuidoras. Hoje, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor é, em média, R$ 3,03 a cada litro vendido na bomba, informou. Qual é a cotação de fechamento do petróleo no dia? Os contratos futuros de petróleo fecharam novamente em forte alta nesta segunda-feira, 13, ainda repercutindo as novas sanções dos EUA contra a Rússia e deixando em segundo plano o possível acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro fechou em alta de 2,93% (US$ 2,25), a US$ 78,82 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 1,56% (US$ 1,25), a US$ 81,01 o barril. A commodity alcançou nesta segunda-feira, 13, os maiores níveis desde agosto passado. Em resposta às sanções dos EUA emdash; que incluem bloqueios a grandes empresas de petróleo e gás emdash;, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia procurará maneiras de reduzir seus efeitos sobre seu setor. Os analistas da Citi estimam que as medidas poderiam cortar o fornecimento em 800 mil barris por dia (bpd) no pior cenário, mas, embora seja difícil, a Rússia conseguiria atenuar o impacto para uma perda de 300 mil bpd se operar suas refinarias com mais força. Há um potencial de aumento dos preços do petróleo após o anúncio das novas sanções, já que a possível queda na oferta cria um risco de alta nos preços, diz o Morgan Stanley. Os analistas do banco agora preveem que o Brent terá uma média de US$ 77,50 o barril no primeiro trimestre e US$ 75 o barril no segundo trimestre, ambos com um aumento de US$ 5 em relação à perspectiva anterior, acrescentando mais evidências à teoria de que 2025 será um ano de alta para o petróleo. Investidores acompanham também os desdobramentos do possível acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que pode resultar na soltura de 33 pessoas em sua primeira fase, além da retirada gradual das forças de defesa israelenses de Gaza. Todavia, o ministro das Finanças de Israel chamou o possível acordo de eldquo;catastróficoerdquo; e defendeu eldquo;força totalerdquo; até a rendição do Hamas.

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