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Drenagem de Tanques de Diesel

Drenagem de Tanques de Diesel   A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estabeleceu a Resolução nº 968/24, com novas regras para a drenagem de tanques de diesel S10 e S500. O procedimento é crucial não apenas para evitar multas, mas para garantir a longevidade do seu negócio. O diesel brasileiro, enriquecido com biodiesel para atender às normas ambientais do Proconve, possui uma característica peculiar: a capacidade de absorção de umidade. Essa afinidade com a água pode se tornar um problema dentro dos tanques. A água, junto com sedimentos, ferrugem e outras impurezas, forma um coquetel perigoso que compromete a qualidade do diesel, resultando em:   Motores problemáticos: O acúmulo de contaminantes no diesel interfere na combustão, diminuindo a performance do motor, aumentando o consumo e, em casos mais graves, causando danos irreversíveis; Proliferação de microrganismos: A água no tanque é um paraíso para bactérias e fungos, que se multiplicam e formam a temida “borra”. Essa borra obstrui filtros, corrói componentes metálicos e causa sérios problemas no sistema de combustível dos veículos; Bombas de abastecimento comprometidas: Os contaminantes podem danificar as bombas, levando a falhas no abastecimento, prejuízos financeiros e transtornos para os clientes; Tanques corroídos: A corrosão causada pela água e impurezas enfraquece a estrutura do tanque, aumentando o risco de vazamentos e graves impactos ambientais. A Resolução nº 968/24 da ANP, em vigor a partir de 31 de julho de 2024, estabelece um novo paradigma na gestão da qualidade do diesel. As principais mudanças são: Periodicidade da drenagem: A drenagem deve ser semanal, mas se você realizar a verificação diária e não encontrar água livre, pode estender para quinzenal; Verificação diária: A ANP recomenda fortemente a verificação diária do nível de água nos tanques. Utilize medidores eletrônicos para precisão, réguas de medição com válvula para inspeção visual ou réguas sem válvula com pasta Ketil A, que muda de cor na presença de água; Drenagem imediata: Se a verificação diária revelar água livre, a drenagem deve ser realizada imediatamente, sem esperar pela periodicidade regular; Registro minucioso: Cada drenagem deve ser meticulosamente registrada, incluindo data, hora, identificação do tanque, quantidades drenadas, método de verificação, assinatura do responsável e qualquer observação relevante. Mantenha esses registros organizados e acessíveis por pelo menos um ano, para comprovação junto à ANP. Para melhor entendimento, segue o passo a passo para realização da drenagem do tanque. Preparação: Utilize EPIs completos, incluindo luvas de nitrila, óculos de proteção, máscara e botas de segurança. Confira os equipamentos para realização do procedimento, como: bomba de drenagem manual ou sifão, baldes limpos, provetas, panos absorventes e um kit de emergência para derramamentos. Neste momento, interrompa o abastecimento do produto que será drenado e isole a área do tanque para garantir a segurança de todos. Tanques Subterrâneos: Localize a tampa da boca de medição no piso da pista de abastecimento. Remova a tampa com cuidado, utilizando as ferramentas corretas. Após, desça a bomba de drenagem ou o sifão até o fundo do tanque. Acione a bomba ou o sifão e colete o líquido em um balde. Analise sua cor e consistência (a água geralmente se apresenta turva ou com gotículas). Continue drenando até que o diesel saia limpo e cristalino. Feche a válvula da bomba ou retire o sifão. Tanques Aéreos: Drenagem sob o Sol Localize a válvula de dreno na parte inferior do tanque. Posicione um balde limpo sob a válvula. Abra a válvula lentamente, controlando a vazão para evitar respingos. Fique atento: Observe o líquido que sai, procurando por sinais de água ou contaminação. Feche a válvula quando o diesel estiver límpido. Análise da Amostra: Retire uma amostra do diesel drenado em uma proveta transparente. Examine a amostra contra a luz. Veja se há gotículas, turbidez ou separação de fases, pois isso indicam a presença de água. Sedimentos, ferrugem ou outras partículas em suspensão significam que há sujeira. Borra, coloração anormal ou odores estranhos revelam a degradação do diesel. Destinação dos Contaminantes: Se o seu posto possui um Separador de Água e Óleo (SAO), descarte a água e os contaminantes nele. O SAO separará a água do óleo, tratando-a antes de descartá-la e permitindo que o óleo seja reutilizado. Se não tiver um SAO, armazene a água e os contaminantes em tambores específicos para resíduos perigosos, devidamente identificados e lacrados. Contate uma empresa especializada para o descarte correto, evitando riscos ambientais e legais. Registro: Utilize o formulário padrão disponibilizado pelo SINDIPOSTO aos nossos associados para registrar cada drenagem (clica aqui), incluindo data, hora, identificação do tanque, quantidades drenadas, método de verificação, assinatura do responsável e suas observações. Mantenha os registros organizados e guardados em local seguro por pelo menos um ano. Eles são a sua garantia de conformidade com a ANP e a prova do seu compromisso com a qualidade do diesel. Dicas Extras para Drenagem de Diesel Invista no treinamento da sua equipe, garantindo que todos os envolvidos na drenagem conheçam os procedimentos, utilizem os EPIs corretamente e saibam como agir em caso de emergências. A manutenção regular dos tanques e equipamentos de drenagem é essencial para evitar problemas e garantir a eficiência do processo. Esteja preparado para lidar com imprevistos, como vazamentos ou derramamentos, com um plano de contingência bem elaborado e testado. A drenagem de tanques de diesel não é apenas uma obrigação legal, mas um investimento na qualidade do combustível, na satisfação dos clientes e na longevidade do negócio.  

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Emprego no comércio levou 3 anos para retomar nível pré-pandemia

As empresas do setor de comércio no Brasil precisaram de 3 anos para retomar o nível de emprego pré-pandemia da covid-19. A constatação está na Pesquisa Anual de Comércio, divulgada nesta quinta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento traz dados de 2022, quando o comércio brasileiro empregou 10,3 milhões de pessoas. Esse número supera em 157,3 mil o contingente de 2019, último ano antes da pandemia surgir. O ponto máximo da série iniciada em 2007 é 10,6 milhões, em 2014. "Estamos longe do valor da máxima histórica, mas houve crescimento, depois de 2020, em todos os anos, aumento do número de pessoas ocupadas", avalia o pesquisador do IBGE Marcelo Miranda Freire Melo. A pesquisa é feita com empresas de 22 setores de três grandes segmentos: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos, peças e motocicletas. O instituto explica que a diferença entre varejo e atacado é o destino da venda. No varejo, a finalidade é o uso pessoal e doméstico; enquanto no atacado, outras empresas e órgãos da administração pública. O comércio varejista é o carro-chefe na ocupação de trabalhadores, com 7,6 milhões de empregos em 2022. O atacado responde por 1,9 milhão, o maior da série histórica, e o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas emprega 846,2 mil. O segmento que mais emprega individualmente é o de hiper e supermercados, com 14,8% dos ocupados, o que equivale a 1,5 milhão de pessoas. Termômetro do PIB A pesquisa identificou 1,4 milhão de empresas que operam em 1,6 milhão de endereços. Essas companhias tiveram receita líquida operacional de R$ 6,7 trilhões. Elas apresentaram um valor adicionado bruto de R$ 1,1 trilhão endash; esse montante representa o quanto contribuíram para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país). A maior parte da receita (51%) foi gerada pelo comércio por atacado, seguido pelo comércio varejista (40,2%) e pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (8,8%). O IBGE considera que a atividade comercial é um importante termômetro da economia, pois eldquo;tende a repercutir os ciclos das atividades econômicas, particularmente as variações na renda das famílias e nas condições de oferta de créditoerdquo;. Remuneração As 10,3 milhões de pessoas que trabalhavam em empresas de comércio em 2022 receberam R$ 318 bilhões em salários e outras remunerações. O IBGE mede o salário médio do setor em salário mínimo. Em 2022, o indicador chegou a dois salários mínimos, um recorde da série histórica. Entre o início da série e 2021, havia variação entre 1,8 e 1,9 salários mínimos. A explicação para o recorde foi o crescimento do salário médio pago no segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas, o único dos três grandes setores a ter aumento de 2021 para 2022. "Esse valor influencia o resultado do comércio como um todo", assinala o pesquisador do IBGE. O comércio por atacado apresentou o maior salário médio (2,9 salários mínimos) em 2022, seguido pelo comércio de motocicletas, peças e veículos (2,3) e pelo comércio varejista (1,7). Comércio virtual A pandemia da covid-19, que impôs restrições sanitárias em todo o país, como isolamento social e lockdowns, que provocaram mudanças profundas na atividade econômica, é refletida, conforme deixa explícito o estudo do IBGE, nos números do comércio virtual. O instituto identificou um crescimento no número de negócios que adotaram o comércio pela internet, seja por sites, redes sociais, aplicativos ou WhatsApp. O número passou de 1,9 mil em 2019 para 3,4 mil em 2022, acréscimo de 79,2%. O aumento aconteceu em todos os segmentos do varejo. A pesquisa revela ainda que em 2019, 4,7% das empresas de comércio varejista vendiam pela internet. Em 2022, o percentual alcançou 8%. Apesar de mais empresas aderirem ao comércio virtual, o IBGE constatou que houve um recuo no percentual da receita bruta do varejo na forma de comercialização pela internet no último ano investigado pela pesquisa. Em 2019, o patamar era de 5,3%, que chegou a 9,1% em 2021, antes de cair para 8,4% em 2022. Segundo o pesquisador do IBGE Marcelo Melo, a queda do último ano não é um indicativo de que a comercialização pela internet, necessariamente, caiu. eldquo;É um indicativo de que as pessoas voltaram também a comprar os produtos de forma presencialerdquo;, explica. eldquo;Como a gente está lidando com valor percentual de participação, se esse percentual cai não significa que a atividade caiu propriamente ditaerdquo;,observa. Na opinião de Melo, o comércio pela internet é "uma tendência que veio para ficar". Regiões A ampla observação do IBGE sobre as empresas de comércio mostra que o Sudeste lidera o setor em receita bruta de revenda, número de unidades locais, pessoal ocupado e remunerações. Em seguida aparecem as regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. O Sudeste representava 50,6% do pessoal ocupado em 2022 e 54,6% do total de salários e outras remunerações. Na outra ponta, o Norte era responsável por 3,5% das vagas e 3,2% do dinheiro recebido pelos trabalhadores. O Sudeste era também a única região com salário médio acima da média nacional, de dois salários mínimos. As empresas de comércio da região pagavam 2,1 salários mínimos. No piso do ranking figurava o Nordeste, com média de 1,5 salário mínimo. O Sul registrou remuneração média de dois salários mínimos, acima do Centro-Oeste (1,9) e do Norte (1,8). Estados Ao fazer uma análise dos últimos dez anos, intervalo de tempo para, segundo o IBGE, identificar mudanças estruturais, duas Unidades da Federação (UF) experimentaram alterações de destaque no ranking de receita bruta de revenda. O Rio de Janeiro deixou a terceira posição que ocupava em 2013 e aparece na sexta colocação em 2022, com 6,2% de participação, ante 8,4%. O motivo principal para essa queda foi a perda de relevância da atividade de comércio de veículos. O pesquisador Marcelo Melo lembra que nos últimos anos o Rio de Janeiro sofreu uma crise econômica, o que pode ser uma explicação para a perda de participação. eldquo;Isso pode gerar impacto no comércio da regiãoerdquo;, avalia. No outro extremo, o Mato Grosso saltou do 11º para o sétimo lugar no mesmo período. O destaque no estado foi o comércio por atacado. O pesquisador Marcelo Melo faz a ressalva de que a mudança de posição no ranking de participação não significa necessariamente que o comércio de uma UF está caindo, e o de outra está crescendo. "Isso é participação no total. Pode significar que um estado está crescendo em velocidade maior que outroserdquo;, explica. São Paulo (28,6% de participação), Minas Gerais (10%), Paraná (8,2%), Rio Grande do Sul (6,8%) e Santa Catarina (6,5%) lideraram a fila em 2022.

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ANP impõe derrota a Cosan e governo de SP em disputa sobre gasoduto de R$ 500 mi

A diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) impôs nesta quinta-feira derrota ao grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto, e ao governo de São Paulo em disputa que já dura quase três anos sobre a operação de gasoduto no estado. Por unanimidade, a diretoria da agência rejeitou recursos da distribuidora Comgás, controlada pela Cosan, e da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), contra decisão de 2021 que questiona a autorização para a obra. Desistiu ainda de acordo para resolver o impasse. Com 31,5 quilômetros e investimentos de cerca de R$ 500 milhões, o Gasoduto Subida da Serra foi autorizado pela Arsesp em 2019, sob o argumento de que tornaria mais competitivo o fornecimento de gás no estado. Seu custo vem sendo pago pelo consumidor da Comgás desde então. A ANP entende, porém, que o projeto não poderia ser autorizado por órgão estadual já que, segundo a legislação, tem características de gasoduto de transporte de gás natural, tipo de empreendimento regulado no nível federal. A Arsesp, diz, poderia regular apenas ativos de distribuição. Isso porque o projeto prevê a conexão do gasoduto a um terminal de importação de gás, descumprindo tanto a lei vigente até 2021 emdash;que classificava esse tipo de projeto como gasoduto de transporteemdash; quanto a nova Lei do Gás, que impede verticalização da cadeia de suprimento. Os custos da malha nacional de transporte de gás são compartilhados por todos os usuários e, segundo a ANP, a operação do Subida da Serra como duto de distribuição ampliaria em até 13,2% a tarifa média de gás natural para outros estados. "É um impacto brutal", disse o diretor da ANP Daniel Maia, na reunião desta quinta, ao manifestar-se favorável ao voto da relatora do projeto, a diretora interina Patrícia Baran. O voto foi acompanhado também pela diretora Symone Araújo e pelo diretor-geral, Rodolfo Saboia. Além de Comgás e Arsesp, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) vinha se posicionando a favor do investimento, sob a alegação de que ele reduz o custo do insumo para a indústria paulista. A ideia era criar em São Paulo uma "ilha de gás", independente do sistema nacional: o combustível importado pela Compass, subsidiária da Cosan para este mercado, subiria a serra pelo gasoduto e abasteceria as três distribuidoras do estado. A ANP chegou defender a venda do ativo e, depois, propôs sem sucesso uma solução consensual, já que o projeto já está pronto. Uma minuta de acordo foi elaborada, debatida em audiência pública, mas estudos posteriores da área técnica da agência entendem que ainda assim haveria prejuízos. "A operação do gasoduto, embora possa gerar economia para clientes conectados à Comgás, resultará em prejuízos a todos os consumidores integrados à malha nacional de gasodutos", diz nota técnica elaborada por superintendência da agência reguladora. Para o diretor-geral da ANP, a forma como o gasoduto foi pensado poderia "ferir de morte" a indústria brasileira do gás natural. "O que se busca nos últimos anos é um mercado de gás que alcance a redução de preço para o consumidor." A Compass e a Arsesp não se manifestaram sobre o assunto. A Folha apurou que empresa e agência entendem que a autorização do órgão estadual é um instrumento jurídico perfeito e garante a manutenção das operações do gasoduto. Questionam ainda mudança de posição da ANP sobre o tema e dizem que estão abertos a buscar solução consensual. Em última instância, a judicialização do caso não é descartada. A ANP não informou ainda as consequências da decisão, embora já tenha defendido emdash;com ameaças de ir ao STF (Supremo Tribunal Federal)emdash; que a solução é a venda do ativo para outro operador. A transferência da operação para terceiros também poderia ser uma alternativa. Fontes do mercado dizem que há outras opções de acordo, como a garantia de que a operação será independente das outras atividades do grupo, nos moldes de acordo feito pela Petrobras com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para não vender o Gasoduto Bolívia-Brasil.

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Ser verde dá retorno, diz Ricardo Mussa, presidente da Raízen

O Engenheiro de produção Ricardo Mussa conduz há quatro anos a Raízen, empresa criada em 2011 pelo grupo brasileiro Cosan e pela britânica Shell para atuar na distribuição de combustíveis e na produção de açúcar e etanol. Uma líder no setor, a Raízen faturou 220 bilhões de reais líquidos e lucrou 614 milhões no último ano. Sua estratégia é explorar os diversos usos da cana e aproveitar a agenda de descarbonização e transição energética, que prevê a substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renovável. eldquo;O coração da descarbonização está aíerdquo;, afirma. No escritório da Raízen em São Paulo emdash; colorido de roxo, cor que representa a idade madura para a colheita da cana emdash;, Mussa recebeu VEJA e falou da relevância da biomassa e de outros planos da companhia, como a expansão da rede de lojas de conveniência Oxxo, operada com o grupo mexicano Femsa, a exploração do etanol industrial e o combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). Confira a seguir os principais trechos da conversa. Qual a relevância da cana-de-açúcar no processo de descarbonização? O coração da descarbonização está aí, na cana-de-açúcar. Vamos comparar com outras culturas, como a soja. Cada hectare de soja rende 3,5 toneladas de biomassa. No caso do milho, são 11 toneladas. Cada hectare de cana são 90 a 93 toneladas de biomassa. Ou seja, a cana é a planta mais eficiente na conversão. Você esmaga a cana e retira o caldo, mas ele representa apenas um terço da energia da planta. Esse caldo é transformado em açúcar e etanol, um processo que já existe há 100 anos. Se o processo já é conhecido, o que tem de inovador no uso da cana? A novidade para a transição energética está no bagaço, que é queimado e colocado numa caldeira. Isso produz vapor, que serve para rodar a própria usina, e bioetanol, ou etanol de segunda geração. Ou seja, é possível aumentar a produção de etanol sem precisar de um pé de cana a mais, transformando um resíduo em energia. O etanol já tem uma pegada de carbono muito menor que a da gasolina. O etanol de segunda geração, como vem do resíduo, tem pegada ainda menor e não compete com o alimento, porque é feito do bagaço. O etanol tem vantagens frente a combustíveis fósseis, mas, em relação à energia elétrica, há vantagens? Sim. O etanol não precisa de bateria porque ele já é, em si mesmo, a bateria. Um carro elétrico da Tesla tem uma bateria cujo peso pode chegar a 600 quilos. A mesma energia que há nesse material há em 27 quilos de etanol. Por isso, dizemos que o etanol tem mais densidade energética que a bateria. Além disso, é mais fácil de ser transportado a longas distâncias. O Brasil já tem a vantagem de ser um produtor de energia solar, cujo armazenamento é caro, porque baterias são produtos caros. Por meio do etanol de segunda geração, é possível movimentar essa energia e de forma mais barata. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Movimento Acelera com Etanol une indústrias produtoras de etanol em Pernambuco

Com a coordenação do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), foi lançado recentemente no estado o movimento Acelera Com Etanol. A iniciativa tem como intuito estimular o consumo do etanol, um combustível limpo, descarbonizador e acessível. Pernambuco é o segundo maior produtor do Norte e Nordeste de matérias-primas destinadas às produções sucroenergéticas, o que faz com que o estado seja um importante produtor de açúcar, etanol e bioeletricidade. Além de energia de fontes hidráulicas. O presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha destaca os principais objetivos do movimento. eldquo;O setor sucroenergético nacional vem procurando valorizar o seu produto, o etanol, de forma mais contínua. O etanol possui características ambientais que tem por objeto o abastecimento de automóveis com o perfil que promove melhorias ambientais com o combustívelerdquo;, explica. De acordo com dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia-SP), na comparação com a gasolina, o etanol hidratado, produto vendido nas bombas dos postos, emite até 90% menos CO2. Renato ressalta ainda que hoje os produtores já conseguem vender diretamente o etanol para uma parte dos postos por lei. eldquo;Só recentemente houve uma lei, onde o setor pode vender diretamente a postos não bandeirados. Com isso, há um esforço de uma divulgação mais pedagógica e construtiva do uso do etanolerdquo;, disse. Competitividade O Acelera com Etanol pretende unir forças com os demais movimentos que ocorrem no Brasil para incentivar a população a usar o combustível. O país é o segundo maior produtor de etanol do mundo, perdendo apenas dos Estados Unidos. Na safra 2022/2023, foram produzidos cerca de 31 bilhões de litros de etanol, com a maior parte sendo etanol anidro (misturado com gasolina) e o etanol hidratado (usado como combustível puro). eldquo;A Petrobras é a fabricante da Gasolina A, uma gasolina que vem das refinarias que vendem essa gasolina que é misturada ao etanol, que é muito saudável para melhorar a qualidade dessa gasolina. Somos forçados a competir com a gasolina, que é um produto que tem o suporte da Petrobras e do Governo Federal e somos sujeitos a muitas dificuldades, inclusive dificuldades regulatóriaserdquo;, aponta Renato Cunha. Incentivos fiscais Ainda segundo o presidente do Sindaçúcar-PE, a competitividade depende das políticas públicas e dos incentivos fiscais. eldquo;O grande entrave na questão de preços são as cargas tributárias que vão para o Governo Federal. Não vejo ainda incentivos que influenciam na fabricação de mais combustíveis limpos em relação aos de origem mineralerdquo;, afirma. Gasolina x Etanol Renato conclui ainda que a equação incentivada pelo Governo Federal de que seria mais econômico usar o etanol quando ele está abaixo de 70% do valor da gasolina, está defasada. eldquo;Isso era nos primórdios do proálcool. A competitividade mudou e os carros são muito mais modernos. Quando você compara o etanol com a gasolina, você compara com uma gasolina que tem 27% de etanol anidro e no passado era 22%, quando foi feito esse cálculoerdquo;, disse.

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Inflação medida pelo IPCA-15 desacelera para 0,30%, mas fica acima das expectativas

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) registrou nova desaceleração em julho, para 0,30%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em junho, a inflação foi de 0,39%. O resultado, porém, ficou acima das expectativas do mercado. A mediana das estimativas levantadas pela Bloomberg junto aos analistas apontava para uma inflação de 0,23% na comparação mensal. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 teve alta de 4,45% em julho, enquanto o mercado esperava uma taxa de 4,38% no período. Em junho, o índice ficou em 4,06% nesse recorte de tempo. Por ser publicado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para a contagem oficial de preços do país. Os preços do grupo alimentação e bebidas ajudaram a dar um alívio ao índice em julho, com recuo de 0,44%, após oito meses consecutivos de alta. Em contrapartida, transportes tiveram o maior peso no mês, com alta de 1,12%, em boa parte devido às passagens aéreas, que voltaram a subir. No grupo de habitação, a conta de luz também colaborou para a alta do índice devido ao retorno da bandeira amarela. Também aferido pelo IBGE, o IPCA-15 se difere da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, devido ao período de coleta, que ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação. O IPCA, por sua vez, é baseado em dados levantados apenas no mês de referência, e será divulgado no dia 9 de agosto. Por isso, o resultado fechado de julho ainda não aparece completamente na coleta do IPCA-15. Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 7 tiveram alta no mês de julho. No grupo de transportes, as passagens aéreas voltaram a subir (19,21%), contribuindo com 0,12 ponto percentual no índice. Impactados pelo reajuste de preços anunciado pela Petrobras, combustíveis veiculares também voltaram a registrar alta (1,39%). A gasolina subiu 1,43%, o óleo diesel, 0,09% e o etanol, 1,78%. Já o gás veicular recuou 0,25%. Além de transportes, habitação também pressionou o IPCA-15, com alta de 0,49% nos preços. O principal item que pesou no grupo foi a energia elétrica residencial. Depois de dois anos, voltou a vigorar neste mês a bandeira tarifária amarela na conta de luz, que acrescenta R$ 1,885 a cada 100kwh consumidos. Já em alimentação e bebidas, o item alimentação no domicílio foi o que mais ajudou para o recuo de preços, após uma queda de 0,70% em julho, compensando as altas dos demais grupos. Contribuíram para esse resultado a cenoura, com queda de 21,60%, o tomate, que baixou 17,94%, a cebola, que caiu 7,89%, e as frutas, com -2,88%. No lado das altas, os maiores destaques foram o leite longa vida (2,58%) e o café moído (2,54%). Para a economista Luciana Rabelo, do Itaú BBA, os preços da alimentação no domicílio vieram abaixo das expectativas. Por outro lado, as principais surpresas de alta do IPCA-15 de julho vieram das passagens aéreas e dos serviços veiculares. "Os itens que repetem a variação do IPCA-15 no IPCA fechado do mês (passagem aérea, cursos, aluguel e condomínio, mão de obra, empregado doméstico, entre outros) vieram 11 bps acima da nossa projeção", diz Rabelo. O economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, acrescenta que as medidas de tendência (núcleos) da inflação também registraram alta acima das expectativas. Os núcleos excluem da conta os itens mais voláteis, por isso mostram uma tendência melhor dos preços do país. "Na margem, houve deterioração do quadro benigno da inflação corrente observado nos últimos meses", diz Olivares. Em relação aos núcleos de serviços, medida que é acompanhada de perto pelo Banco Central em suas decisões de juros, Luciana Rabelo diz eles estiveram acima das projeções, principalmente devido aos serviços para veículos e condomínio. "O IPCA-15 de julho veio com abertura pior do que a esperada, especialmente em função da aceleração dos serviços subjacentes, mostrando que a mínima do ano deve ter ficado em junho", diz a economista. EXPECTATIVAS PARA A SELIC A inflação oficial é importante para as decisões de juros do país. O centro da meta perseguida pelo Banco Central é de 3% no acumulado de 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos (1,5%) ou para mais (4,5%). Assim, a meta será cumprida se o IPCA ficar dentro do intervalo de 1,5% a 4,5% nos 12 meses até dezembro. Atualmente, a inflação brasileira acumula elevação de 4,23% em 12 meses, ou seja, por enquanto está dentro da meta. O mercado projeta que o IPCA encerre 2024 a 4,05%, segundo a mais recente edição do Boletim Focus divulgada pelo BC na última segunda-feira (22), e que retomou expectativa de aceleração da inflação neste ano. O documento reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do país. O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, diz que a inflação está piorando no Brasil. Ele lembra que ainda é metade do ano e o IPCA-15 já acumula alta de 2,82%. "Imagina que a nossa meta de inflação é de 3% e já está em 2,82%. Algo que era para fazer em 12 meses, a gente fez em seis, para se ter ideia de como está ruim", afirma. Para o economista, a taxa básica de juros, Selic, certamente será mantida em 10,5% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que acontece na semana que vem. "Eu diria que o cenário quase que otimista neste momento é a manutenção da Selic em 10,5% até o final do ano", diz. Ele lembra que o comportamento das taxas de juros futuros já embute apostas de volta de alta da Selic. Para ele, é possível que o BC volte a pensar em elevação dos juros em 2024, e diz que isso pode instalar uma briga interna entre os diretores. "Essa é uma questão que deve se inaugurar no segundo semestre", opina. O economista Alexandre Maluf, da XP, endossa essa visão, embora mantenha expectativa de manutenção da Selic em 10,5% por um longo período. "Dada a turbulência nos mercados brasileiros, a leitura da inflação acima do esperado dá argumentos para aqueles que veem a possibilidade de um aumento da taxa de juros em 2024", diz. O economista Igor Cadilhac, do PicPay, concorda que a composição geral do IPCA-15 apresentou piora qualitativa, e também aposta na manutenção dos juros no patamar atual. "Para a próxima reunião do Copom, marcada para a próxima quarta-feira, será difícil para o Banco Central adotar um tom moderado diante da recente piora inflacionária e das incertezas em relação às expectativas futuras", diz.

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