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Gasolina E30 com mais etanol chega às bombas em 1º de agosto; veja o impacto nos carros

A partir de 1º de agosto de 2025, os postos de combustíveis de todo o Brasil passarão a comercializar a nova gasolina E30. A decisão foi aprovada nesta quarta-feira (25) pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e sob o comando do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Do ponto de vista prático, a mudança na gasolina comum deve baratear o combustível nas bombas em até R$ 0,11 - conforme projeção do próprio MME. O valor é um pouco menor que os R$ 0,13 estipulados em março, quando o ministério anunciou a aprovação da nova gasolina nas provas técnicas. Segundo o MME, a transição do E27 para o E30 evitará a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano. Isso representará um aumento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol e um investimento estimado em R$ 9 bilhões no setor. Além disso, o aumento do etanol vai impulsionar a produção nacional de biocombustíveis e pode até tornar o Brasil independente da importação de gasolina. A ver. O que muda na gasolina E30 A nova Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024 pelo presidente Lula, vai aumentar o teor de etanol anidro na gasolina. Atualmente, o percentual do derivado da cana-de-açúcar na gasolina comum é de 27%, onde 18% é o valor mínimo. Com a mudança, o mínimo de etanol passará a ser de 22%, e o teto, de 35%. Porém, de início, o aumento da mistura será de 30%, conforme aprovado pelo Ministério de Minas e Energia em dezembro (veja aqui). Os testes de validação feitos pelo MME em colaboração com o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) tiveram patrocínio de produtores de etanol. E foram acompanhados por entidades do setor automotivo, como Anfavea, Sindipeças, Abraciclo e Abeifa. Essa validação técnica era obrigatória para garantir que não haverá prejuízos aos consumidores e aos veículos. Os testes com a nova gasolina E30 foram feitos no início do ano no laboratório de motores e veículos do IMT, em São Caetano do Sul (SP). Lá foram testados 15 veículos de diferentes anos, incluindo modelos antigos, todos com motores apenas a gasolina. Uma das simulações verificou o comportamento dos motores durante a partida a frio. Segundo Renato Romio, professor e chefe do laboratório do IMT, os motores abastecidos com a gasolina E30 não apresentaram defeitos. Nem no consumo, nem na potência. Carros podem perder autonomia total Segundo Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira Engenharia Automotiva (AEA), os ensaios com a nova gasolina avaliaram diferentes aspectos. eldquo;São três categorias: dirigibilidade, onde testam-se os efeitos no automóvel, como a partida a frio e a condução do veículo; compatibilidade de materiais, onde se mede corrosão e resposta de materiais elastoméricos, injeção e afins; e emissõeseldquo;. Dessa forma, alguns efeitos são esperados. Por exemplo, o aumento do percentual de etanol resultará em uma queima mais limpa no escape. Além disso, deve afetar o consumo dos veículos. eldquo;Com a adição de 3% de etanol na mistura, o motorista pode sentir diferença na autonomia total, que pode baixarerdquo;, explica Gonçalves. Gonçalves também alerta para donos de veículos importados. eldquo;Esses modelos podem levar mais tempo até estarem aptos a rodar com a nova gasolinaerdquo;, pontua o diretor de combustíveis da AEA.

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Brasil avança na autossuficiência de combustíveis com aprovação do E30 e B15

Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, nesta quarta-feira (25/06), o aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina de 27% para 30%, conhecido como E30, e de biodiesel no diesel de 14% para 15%, o B15. A medida entrará em vigor a partir do dia 1º de agosto e vai permitir que o Brasil avance na autossuficiência e na redução do preço dos combustíveis. A decisão foi tomada durante reunião no Ministério de Minas e Energia (MME), liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e demais ministros de Estado que compõem o colegiado. A implementação do E30 e do B15 reduz a dependência brasileira em combustíveis fósseis, diminuindo a necessidade de importações, principalmente, em um momento de incertezas no mercado global. As medidas também ampliam o uso de combustíveis renováveis produzidos no Brasil, fortalecendo a produção nacional e contribuindo, ainda, para a redução de emissões e o desenvolvimento econômico do país. O presidente Lula destacou o potencial do Brasil em conciliar produção de alimentos e de biocombustíveis. "Essa reunião, essa composição que está aqui, pode ser a fotografia do país que a gente precisa construir. O Brasil não precisa desmatar pra crescer. Os números têm provado: a gente pode crescer 50% aumentando apenas 5% de terra. Os avanços tecnológicos permitiram que a gente possa plantar mais e colher mais com menos terra. Essa política de biocombustíveis é um modelo que ninguém vai conseguir competir com o Brasil", disse. Em seu discurso, o ministro Alexandre Silveira ressaltou que além de zerar as importações, a nova medida vai gerar excedente exportável de cerca de 700 milhões de litros de gasolina por ano. eldquo;Com este ato histórico, voltaremos a ser autossuficientes em gasolina após 15 anos e reduzimos a necessidade de importação do diesel. Isso é soberania energética. Medidas que são resultado da Lei do Combustível do Futuro, legislação que mostra nossa visão estratégica e que potencializa nossa vocação de elsquo;paraíso dos biocombustíveisersquo;. Essas medidas ainda fortalecem o agronegócio e a agricultura familiarerdquo;, afirmou Alexandre Silveira. Apenas com a transição do E27 para o E30, são esperados mais de R$ 10 bilhões em investimentos e a criação de mais de 50 mil postos de trabalho. As estimativas da nova mistura indicam que a redução do preço da gasolina nos postos pode chegar a 20 centavos para o consumidor. eldquo;Isso é fundamental para manter um círculo virtuoso da economia por meio do combate à inflação. Com o fim do PPI (preço de paridade de importação), o preço da gasolina hoje é mais barato do que em dezembro de 2022. São resultados claros da nossa política. No caso do diesel, essa diferença é ainda maior. Em dezembro de 2022, o preço era R$ 6,49 e, em maio de 2025, R$ 6,12. Agora, com o E30, seremos exportadores de gasolina. O PPI será substituído pelo PPE (preço de paridade de exportação). Teremos nova redução do preço na bomba! Isso traz impacto real na vida das pessoaserdquo;, ressaltou o ministro. A decisão do CNPE foi embasada em um processo técnico robusto, coordenado pelo MME. Os testes com o E30 foram conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com participação ativa de fabricantes de veículos, importadores e representantes da indústria automotiva. Os resultados, apresentados em março deste ano, atestaram a segurança e a viabilidade técnica das novas misturas, permitindo a adoção imediata sem impactos negativos para os veículos ou para os consumidores. Por fim, Silveira ainda enfatizou o trabalho realizado pelo governo para combater as fraudes no setor de combustíveis, com uma sala permanente com participação do MME, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom). O objetivo principal é enfrentar condutas ilícitas que distorcem a concorrência no setor. Descarbonização Já com a aprovação do B15, a elevação da mistura de biodiesel no diesel representa um avanço importante para a descarbonização do transporte pesado, um dos setores mais desafiadores na redução de emissões de gases de efeito estufa. A medida reforça o papel estratégico dos biocombustíveis na construção de uma matriz de transporte mais limpa e sustentável. O B15 também traz impactos positivos expressivos para a economia e a sustentabilidade. A expectativa é de mais de R$ 5 bilhões em investimentos em novas usinas e unidades de esmagamento de soja, além da criação de mais de 4 mil novos postos de trabalho, incluindo atividades de esmagamento e refino de óleo vegetal. Outro destaque é o incremento de cerca de R$ 600 milhões na renda de todas as famílias que compõem o Programa Selo Biocombustível Social e, ainda, a inclusão de 5 mil novas famílias da agricultura familiar no programa.

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Governo aumenta percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%

O governo aprovou nesta quarta-feira (25) a elevação do percentual do etanol anidro (mais puro) na gasolina, em meio a preocupações com o efeito da instabilidade no Oriente Médio para o preço dos combustíveis. Além disso, foi autorizado o aumento da participação do biodiesel no diesel. A decisão produz efeitos a partir de 1º de agosto e foi tomada pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), órgão presidido pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e composto também por outros 16 ministros. Na reunião extraordinária desta quarta, houve ainda a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na gasolina, o percentual passa dos atuais 27% para 30%. Um estudo formulado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (no estado de São Paulo) foi apresentado pelo Ministério de Minas e Energia há pouco mais de três meses e apontou a viabilidade técnica do uso do novo combustível endash;chamado pelo governo de E30. Foram usados 16 veículos e 13 motocicletas nos testes. Em alguns deles (de modelo não identificado pelo ministério), foi notada diferença de desempenho com o uso do combustível endash;considerada não significativa. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, nada muda para a gasolina premium. Nesse caso, o percentual continua em 25% emdash;como é hoje. Já no diesel, o percentual de biodiesel passa de 14% para 15% endash;resultando em um novo combustível, chamado pelo governo de B15. Nesse caso, a medida já deveria ter entrado em vigor mas foi suspensa pelo próprio CNPE em fevereiro em meio a denúncias de fraudes e diante da preocupação de que a iniciativa poderia encarecer o preço de alimentos, já que boa parte do biodiesel vem da soja. Após a reunião, o governo organizou um evento público para o lançamento da medida que contou com representantes do setor. Lula fez um discurso e citou o ex-presidente de Cuba Fidel Castro para dizer que não há risco no Brasil de a medida levar a falta de alimentos. "Uma vez tive uma discussão com uma pessoa que eu mais admirava, que era o Fidel Castro. Ele era contra a gente transformar soja em óleo [diesel], sobretudo pela falta de alimento. Se fosse analisar a situação, o tamanho e a capacidade produtiva do país dele, ele tinha razão. Mas eu tinha que pensar no tamanho do meu país, na quantidade de terra do meu país e na capacidade tecnológica do meu país", afirmou. "Não tem nenhuma possibilidade de alguém fazer discurso de que o biocombustível compete com alimento. Se um dia acontecer isso, vocês serão os primeiros a pedir para parar, porque sabem que é preciso comer mais do que produzir óleo diesel". Silveira afirmou que, agora, o Brasil poderá ser exportador de gasolina e o PPI (preço de paridade de importação), política praticada pela Petrobras no passado e que fazia os preços internos seguirem o mercado internacional, pode ser substituído por um PPE (preço de paridade de exportação). "Teremos nova redução na bomba. Isso traz impacto real na vida das pessoas. Quem trabalha por conta própria, como taxistas e motoristas de aplicativo, poderá economizar R$ 1.800 por ano", disse. "Estamos vencendo a batalha do preço dos combustíveis para mantê-los cada vez mais baratos na bomba, e isso é fundamental para manter um círculo virtuoso da economia por meio do combate à inflação". O ministro de Minas e Energia também citou o combate pelo governo ao crime organizado nos combustíveis e afirmou que em breve o plano elaborado pela pasta e voltado à Política Nacional de Minerais para Energia Limpa será encaminhado ao Palácio do Planalto. Evandro Gussi, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), fez elogios a Lula e ao ministro pelas decisões. "Não teve um embaixador do etanol como o senhor no Brasil", afirmou Gussi no púlpito a Lula, dizendo ainda que o setor é seu "discípulo". "E o senhor encontrou um ministro à altura do seu amor pelo etanol", disse. As medidas já eram discutidas antes das recentes instabilidades no Oriente Médio. Mas, nas últimas semanas, o conflito entre Israel e Irã reforçou no governo a argumentação acerca da atual pressão sobre o petróleo no mercado internacional e o possível encarecimento dos combustíveis no mercado interno. A elevação é anunciada após aval dado pela lei do Combustível do Futuro, como ficou conhecida, sancionada por Lula em outubro de 2024. Ela estabeleceu que o governo pode elevar a mistura de etanol à gasolina para até 35%, desde que haja viabilidade técnica para os veículos. O mercado global acompanha o conflito no Oriente Médio com mais alívio nos últimos dias desde o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã emdash;após a preocupação escalar no último fim de semana, com a entrada dos Estados Unidos no conflito. Logo depois do ataque americano a instalações nucleares do Irã, o parlamento do país persa chegou a dar aval ao fechamento da principal rota de petróleo produzido na região emdash;o que, caso concretizado, geraria reflexos em todo o mundo. O comportamento dos preços é um ponto sensível para o governo em meio à queda de popularidade, já que a inflação tem sido citada nas pesquisas de opinião como um componente do pessimismo da população. Diante do cenário, membros da gestão Lula analisam também as medidas potenciais para conter os danos da derrubada pelo Congresso de vetos da lei das eólicas offshore, que aumentam a conta de luz do brasileiro. Uma MP (medida provisória) elaborada pelo Ministério de Minas e Energia para propor um meio-termo para as iniciativas analisadas pelo Congresso deixou de ser enviada pelo Palácio do Planalto antes da votação dos vetos pelos parlamentares. Logo após a sessão, a liderança do governo anunciou que a MP seria enviada emdash;mas Silveira indicou nesta quarta que a decisão ainda não está tomada. A MP preparada pelo MME reduz o impacto dos jabutis" (propostas sem relação com o tema) para a conta de luz de R$ 65 bilhões anuais (caso todos os vetos caiam) para R$ 11 bilhões. Paralelamente, o governo cogita também acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) contra as iniciativas. A fatura com os jabutis ficaria menor porque a MP alteraria os dispositivos aprovados pelo Congresso. O preço da energia a ser contratada ficaria mais próximo do valor de mercado, a compra de eletricidade de PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) seria mais escalonada ao longo do tempo, o Proinfa (programa de subsídio a fontes alternativas) teria custos reduzidos e a contratação de usinas a carvão também passaria por ajustes.

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Ex-Anfavea defende política de eletromobilidade

Nas últimas décadas, a indústria automotiva instalada no Brasil transformou-se em referência de inovação no desenvolvimento de peças essenciais para carros a combustão. Mas, agora, na era da eletromobilidade, o país precisa de uma política mais agressiva para se inserir nesse novo contexto, segundo Rogelio Golfarb, que foi vice-presidente da Ford nos últimos 12 anos e hoje é consultor. Para ele, esse é o momento de o Brasil aproveitar seu potencial em minerais e reservas de terras raras e dar um salto nessa direção. Caso contrário, diz, eldquo;seremos atropelados pelos chineseserdquo;. Ao aposentar-se da Ford, onde começou a trabalhar em 1981 e onde desde 2000 ocupava cargos de liderança, Golfarb passou a aprofundar-se na análise do setor que ele conhece bem e que hoje passa por uma das mais profundas transformações de sua história. A indústria automobilística de hoje é totalmente diferente do período entre 2004 e 2007, quando Golfarb esteve à frente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Por isso, ele teme pelo risco de os carros vendidos no Brasil passarem a ser cada vez menos nacionais. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Hidrogênio verde fica mais perto de substituir gasolina

Um combustível limpo, abundante e promissor pode estar mais perto de abastecer os carros brasileiros do que se imagina. É o hidrogênio verde, produzido a partir de fontes de energia renováveis, como a solar. Em sua tese de doutorado, o pesquisador e engenheiro eletricista Francisco Edvan Bezerra Feitosa, doutor em ciências e técnicas nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), projetou uma usina movida a energia fotovoltaica capaz de gerar 1 megawatt elétrico (1 MWe) em forma de hidrogênio - fonte que pode vir a substituir a gasolina no setor automotivo. Simulada para operar nas imediações da refinaria Gabriel Passos, da Petrobras, em Betim, a usina concebida por Feitosa é alimentada exclusivamente por energia solar. De acordo com o pesquisador, o hidrogênio produzido nesse tipo de planta poderia inicialmente ser utilizado para enriquecer combustíveis já existentes, como já ocorre em refinarias brasileiras. eldquo;O hidrogênio verde está emergindo por ter teor energético por unidade de peso maior do que todos os combustíveis fósseiserdquo;, explica Feitosa, também professor do Instituto Federal Fluminense. eldquo;Um quilo de hidrogênio tem três vezes mais energia que um quilo de gasolina. Além disso, pode ser produzido somente com água e energias renováveis.erdquo; Para ler esta notícia, clique aqui.

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Caso Cacau Show serve de alerta para relação entre franquias e franqueados

O caso da Cacau Show, que enfrentou crise com alguns franqueados, com acusações de cobranças de taxas que eles consideram abusivas e dívidas, como mostrou a Folha, é exemplo de como essa relação pode ser tensa. A fabricante de chocolates nega qualquer acusação. Especialistas consultados pela reportagem apontam que é fundamental averiguar possíveis pontos de fricção antes de firmar qualquer contrato com a franqueadora. E, no caso de cobranças inesperadas e não estipuladas previamente, é possível levar o caso para uma corte arbitral. "Muitos contratos preveem cláusula arbitral. O prazo tende a ser mais curto para uma solução do que a Justiça Comum, mas é muito mais custoso, o que acaba limitando essa tomada de decisão por parte do franqueado muitas vezes", afirma André Friedheim, ex-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e sócio da consultoria Francap. A inclusão da corte arbitral como forma de resolver controvérsias entre franqueados e franqueadores faz parte de um conjunto de alterações na chamada Lei de Franquias, em 2019. Outras mudanças em relação à legislação anterior do franchising, de 1994, trouxeram mais clareza à Circular de Oferta de Franquia (COF), que passou a conter de forma mais detalhada as condições do negócio, como as regras específicas para sucessão do contrato, multas aplicáveis, cotas mínimas de compra pelo franqueado junto ao franqueador, prazos contratuais e regras de limitação à concorrência. A circular, inclusive, é um documento indispensável para o candidato a franqueado dimensionar os riscos daquele negócio antes de firmar um acordo. No documento, obrigatório para qualquer franquia, é possível acessar os balanços da empresa e os contatos de demais franqueados e até daqueles que se desfizeram de seus negócios nos últimos meses. "A primeira grande dica é: acesse e analise de forma extremamente acurada a circular de oferta de franquia, porque ela vai dar informações que são fundamentais para você poder tomar uma decisão acertada", ressalta Natan Baril, diretor jurídico da ABF. "Antes de você negociar o contrato, você já tem acesso a regras em relação à não concorrência, multas, taxas, royalties, o que minimiza os riscos, porque dá uma condição que a maioria dos outros empreendedores em outros segmentos não tem." Acionar ex-franqueados é fundamental para entender como é o suporte ao franqueado para a abertura da empresa, contratação dos funcionários, treinamento e consultoria. Além disso, os especialistas afirmam que é importante manter um diálogo com franqueados que estão há pelo menos seis meses na operação e com aqueles que já atingiram uma maturidade no negócio como forma de antecipar possíveis entraves no negócio. "Garanto uma coisa: franqueados insatisfeitos contam tudo", disse o consultor Pedro Almeida, criador da Multiplicando Sucessos. "O período mais crítico são os seis primeiros meses. É preciso ter uma reserva suficiente para sustentar a operação e investir no marketing, principalmente se sua localização não for privilegiada." Quaisquer mudanças como taxas e cobranças não acordadas no contrato original, como o reclamado por franqueados da Cacau Show, devem passar por um aditamento consensual. Por isso, é importante que se tenha um apoio jurídico. "Se você consentir que sejam colocados pela franqueadora certos termos e condições e isso for assinado por ambas as partes, eu entendo que isso está dentro dos limites do contrato. Mas não é possível fazer esse movimento sem envolver um comum acordo das partes", ressalta Baril. "Qualquer pessoa que queira empreender numa franquia precisa entender que um investimento importante que terá de fazer é contratar um advogado e um consultor financeiro para que, com o acesso às informações da circular de oferta, possa tomar as melhores decisões." A Cacau Show afirma que "todos os contratos são assinados após leitura e concordância mútua, com cláusulas transparentes que detalham as responsabilidades de ambas as partes". "Em relação às taxas, todas são previstas em contrato e comunicadas previamente aos franqueados, garantindo transparência e segurança para ambas as partes", completa. Às vezes, fenômenos como inflação, mudança no cenário de juros e a escassez de determinada matéria-prima fundamental para o produto vendido podem motivar a franqueadora a promover ajustes no contrato, mas isso deve ser sinalizado previamente. "Eu trabalho com café. O café, assim como o cacau, também sofreu um aumento de preço muito grande. No passado, isso aconteceu com as proteínas animais. É uma questão que geralmente aparece no contrato da franqueadora com os fornecedores, mas, para ser repassado a franqueados, precisa estar em contrato", diz Friedheim, da Francap. O BÊ-Á-BÁ DO FRANCHISING endash; Antes de firmar um acordo, é importante conhecer a situação financeira da franqueadora e ter clareza sobre as taxas envolvidas na operação. Para isso, é fundamental ler a Circular de Oferta de Franquia. endash; É importante ter apoio jurídico de advogados ou consultores para entender possíveis entraves "escondidos" na circular. endash; O documento deve disponibilizar contatos de franqueados e ex-franqueados. É importante ouvi-los para entender o suporte operacional e se há dificuldade de comunicação com a franqueadora. endash; É importante entender o apoio da franqueadora com marketing, contratação e treinamento de funcionários. endash; Qualquer mudança não prevista em taxas ou imposição de compra de mercadoria por parte da franqueadora precisa ser comunicada. endash; Em última instância, a arbitragem pode ser acionada para resolver divergências entre franqueados e franqueadora, mas os custos de um eventual processo podem ser elevados.

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