Ano:
Mês:
article

Reforma tributária: 'Split payment' avança, mas setor financeiro negocia custo para operar

Uma das peças-chave da reforma tributária, o split payment deve entrar em operação em 2027, com aplicação para transações entre pessoas jurídicas. Esse é o plano do setor financeiro, que vem desenvolvendo a funcionalidade com o governo. A informação foi repassada ao Estadão/Broadcast durante a primeira entrevista de Cristiane Coelho como presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin), instituição que reúne 15 associados, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima), a B3 e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). E, afinal, o que é o eldquo;split paymenterdquo;, que em um futuro próximo entrará no dia a dia dos consumidores? Em vídeo, a Duquesa de Tax, colunista do Estadão, explica. O sistema separa automaticamente a parcela que corresponde ao imposto e a envia diretamente aos cofres públicos. Já o valor referente ao preço da mercadoria ou do serviço segue para a conta da empresa. Nada muda na operação: mesma alíquota, mesmo tributo, mesmo valor final. O que muda é apenas o caminho do dinheiro. Na prática, é como se alguém estivesse na porta da conta bancária avisando: eldquo;Essa parte nunca foi sua. Sempre foi impostoerdquo;, diz a Duquesa. Do ponto de vista técnico, o desenvolvimento do produto está avançado, e falta apenas conectar os sistemas das instituições financeiras (IFs) às bases do governo. Mas o setor financeiro ainda quer debater com o Executivo a remuneração das instituições que vão aplicar o split payment, que requer o manejo de grandes quantidades de informações. Além disso, apesar de ser apenas B2B (de negócio para negócio) e, consequentemente, haver um volume menor de transações do que haveria se também servisse ao consumidor final, trata-se de operações de altos valores e que requerem grande responsabilidade e garantia de segurança. eldquo;O split payment não é uma obrigação acessória, e está muito claro que não é o nosso business que gera isso. Não temos nada a ver com a criação de base tributávelerdquo;, disse a presidente da Fin, que sucede o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia no cargo. eldquo;A remuneração não inviabiliza os ganhos do split payment, o governo ainda vai ter muitos ganhos depois dissoerdquo;, alegou. Segundo a executiva, ainda não há um consenso com o governo sobre o ponto da remuneração. O entendimento da Fin, que sempre apoiou a reforma tributária e não queria ser vista como uma barreira agora, é o de que o pagamento deve ficar a cargo da Receita Federal, que já arca com obrigações similares emdash; por exemplo, na emissão de um Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Reuniões para debater o tema já ocorreram, mas as negociações sobre os valores que serão pagos às instituições financeiras ainda não avançaram. Modelo elsquo;com maioneseersquo; Resolvido o problema da remuneração, Coelho diz que há condições de colocar o split payment de pé já em 2027, com os primeiros efeitos da reforma tributária. O modelo desenhado pelo setor financeiro e governo para o primeiro momento vem sendo chamado de eldquo;split payment superinteligente B2Berdquo;. A ferramenta é considerada sofisticada porque analisará de forma instantânea o crédito tributário das partes envolvidas na operação. O escopo inicial é o B2B opcional, que tem esse nome porque dependerá da opção do pagador ou do fornecedor de uma das Pessoas Jurídicas envolvidas acenar que deseja a operação eldquo;com maioneseerdquo;, como vem sendo nomeado informalmente o instrumento entre os seus desenvolvedores. Nessa primeira fase, serão alcançados boletos e a maioria dos tipos de Pix (como QR Code, por exemplo) entre as empresas. A avaliação inicial é a de que o comprador tenda a ser mais proativo e peça sua transação eldquo;com maioneseerdquo;, já que poderá fazer o pagamento com o split, dando mais segurança de que terá o crédito tributário associado àquela empresa. O acionamento do mecanismo pode ser feito por qualquer empresa que inicia um pagamento. Basicamente tratam-se das quase 300 companhias que atuam com o Pix atualmente. Apesar de a consulta ao crédito ser praticamente instantânea, não é possível ter a mesma rapidez de execução com Pix chave para pessoas físicas. Este é um dos motivos pelos quais essa fase não será adotada num primeiro momento e só no futuro, portanto, é que deve ser lançado o split powerful. O layout da plataforma também é importante porque ele é que determinará o tamanho do tributo, segundo Coelho, e aqui está outro argumento para que haja remuneração do governo para o setor privado pelo serviço. Atualmente, bancos arrecadam para a Receita, por exemplo, a tributação de IOF, sem custos para a administração pública. eldquo;A gente nunca poderia aceitar essa mesma lógica porque a empresa seria a corresponsável por todas as transações de pagamentoerdquo;, salientou a executiva, explicando que não haveria segurança para afirmar que determinado produto foi realmente transacionado entre as partes. O temor faria com que a alíquota aplicada fosse estratosférica como uma forma de garantia, mas a definição do tributo não é um papel das empresas do setor, mas do governo. A presidente da Fin constatou durante a entrevista que o split payment pode funcionar como um mecanismo de conformidade, ainda que este não tenha sido o objetivo inicial, em meio a tantas operações do governo em busca de sonegadores e lavadores de dinheiro, além da própria aprovação recente pelo Congresso do projeto de lei do Devedor Contumaz. eldquo;Esta é uma boa perspectivaerdquo;, considerou. Inicialmente, o setor privado estava reticente com a aplicação do instrumento e chegou a considerá-lo como um eldquo;cavalo de Troiaerdquo;, mas depois entendeu que ele seria a eldquo;espinha dorsalerdquo; para colocar a reforma de pé. Isso porque, na avaliação do setor privado, trata-se de uma ferramenta cara e eldquo;desafiadoraerdquo; para que possa ser operada plenamente. A defesa do split payment no Congresso, por sua vez, foi mais arrebatadora, conforme a comandante da Fin por causa da expectativa de redução da sonegação e de até dois pontos na alíquota. eldquo;É óbvio que foi uma decisão super complexaerdquo;, afirmou. Para que as engrenagens estejam todas funcionando, será preciso que o Banco Central apresente eldquo;um caminhãoerdquo; de novas resoluções e revisões das existentes. Também é preciso uma regulamentação do Comitê Gestor e da Receita específica para que o próprio split payment possa começar a operar.

article

Debate sobre jornada 6x1 expõe choque entre custos e qualidade de vida

Em meio às discussões que seguem em tramitação no Congresso Nacional sobre o fim da escala 6x1, entidades ligadas ao setor do comércio criticam a proposta de redução da jornada de trabalho e travam um embate com defensores da mudança. De um lado está a visão sobre as melhorias na qualidade de vida da equipe; do outro, surgem as preocupações com custos, produtividade e contratação das empresas. Enquanto defensores da escala 5x2 argumentam que a redução dos dias trabalhados pode aumentar o bem-estar e o desempenho profissional, representantes do comércio e dos serviços questionam a piora na escassez de mão de obra, o aumento da informalidade e a pressão sobre preços, principalmente em um setor de baixa margem e forte concorrência com e-commerce. Atualmente, o fim da escala 6x1 está em discussão no Congresso e ainda não virou lei. No Senado, uma PEC que reduz a jornada para até 36 horas semanais foi aprovada na CCJ na quarta-feira, 10, e aguarda votação no plenário. Na Câmara, a proposta está parada em subcomissão, com versão alternativa que mantém a escala e reduz a jornada para 40 horas. Associações do comércio ouvidas pelo Estadão afirmam que a mudança é eldquo;inviávelerdquo; e que há outras prioridades a serem discutidas neste momento, como a carga tributária e a dificuldade de contratação formal no setor. Em outubro, o País alcançou taxa de desemprego na mínima histórica de 5,4%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, muitos setores seguem sem conseguir resolver a escassez de mão de obra, principalmente nas áreas que englobam comércio e serviços. Para Fauze Yunes, presidente da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), a implementação da jornada 5x2 emdash; cinco dias de trabalho e dois de descanso emdash; pode piorar o cenário. eldquo;Isso tende a incentivar ainda mais a informalidadeerdquo;, diz. À frente da entidade que reúne aproximadamente 600 lojas, o presidente afirma que o setor enfrenta dificuldades para atrair profissionais. eldquo;É inviável. Hoje ninguém consegue contratar. A gente não paga melhor porque não tem a lucratividade necessáriaerdquo;, afirma. O que dizem as empresas favoráveis ao 5x2 As empresas que adotaram a redução de dias sem diminuir salário defendem que a jornada 5x2 visa garantir maior qualidade de vida para os trabalhadores e, ao mesmo tempo, serve para aumentar a performance. A mudança, no entanto, não ocorreu sem custos para as companhias. No hotel de luxo Palácio Tangará, que implementou a nova escala em outubro, o investimento anual foi de R$ 2 milhões. O aumento das despesas está ligado à contratação de 27 novos profissionais para redistribuir a carga horária e reorganizar as jornadas. Com isso, o número de empregados do hotel passou de 329 para 356. No varejo farmacêutico, as Drogarias São Paulo e Pacheco, do Grupo DPSP, anunciaram a adoção da jornada 5x2 em todas as unidades para os 24 mil trabalhadores, mas não detalharam se houve contratações adicionais para viabilizar a transição. Em nota, o grupo informou apenas que mantém vagas abertas eldquo;independentemente da escalaerdquo; e que a implementação do novo modelo eldquo;não alterou esse cenárioerdquo;. Os custos da operação também não foram divulgados. Segundo a empresa, eldquo;todas as alterações financeiras foram previstaserdquo;. Já a varejista sueca Heamp;M estreou no Brasil com a jornada reduzida. A empresa iniciou suas operações no País em agosto, adotando a escala 5x2 para os funcionários de loja. Joaquim Pereira, country manager e responsável pela implementação da marca no Brasil, afirmou ao Estadão que a decisão contrasta com o padrão 6x1 predominante no varejo brasileiro porque a companhia eldquo;segue seus valoreserdquo; e destacou também o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Custos da operação e aumento dos preços Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), discorda dos benefícios associados ao bem-estar. eldquo;É uma discussão quase filosófica de ter mais tempo para cuidar da família. Não adianta ter mais tempo se não tem rendaerdquo;, afirma. Para o dirigente, a proposta tende a fracassar. eldquo;Na prática, vai ser um grande desastre. Se tivéssemos trabalhadores de excelência, poderia funcionarerdquo;, avalia Cotait, ao considerar que menos horas de trabalho deve resultar em queda no desempenho. Supondo que um produto em que o custo de produção é de R$ 100, baseado em uma jornada de 44 horas, o valor seria maior caso o tempo de trabalho fosse reduzido, justifica. eldquo;Se passo de 44 para 36 horas, não termino o produto na mesma semana. Vou precisar de cerca de 20% mais tempo para finalizar. Isso eleva o custo de produção, encarece o preço de venda e gera inflaçãoerdquo;, afirma. A premissa de associar número de horas trabalhadas à produtividade é equivocada, rebate a especialista em futuro do trabalho, Maíra Blasi. eldquo;Existe uma falsa ideia de que mais horas de trabalho significam mais resultado, isso não é verdadeiroerdquo;, afirma. De acordo com a especialista, jornadas extensas podem dar o efeito contrário com profissionais mais cansados e queda na qualidade do trabalho. Quando o trabalhador tem mais tempo de descanso, argumenta Blasi, costuma atuar de forma mais focada. eldquo;Ele trabalha melhor porque também conseguiu viver a própria vida, cuidar da família, da saúde e resolver questões pessoaiserdquo;, afirma. O fator saúde também impacta diretamente o desempenho das empresas. eldquo;As pessoas não conseguem trabalhar sem saúde. O resultado é mais absenteísmo, mais afastamentos e mais pedidos de licençaerdquo;, diz em referência a um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour. A pesquisa analisou quase 3 mil trabalhadores em 141 organizações nos EUA, no Canadá, no Reino Unido, na Austrália, na Irlanda e na Nova Zelândia. Os resultados indicaram redução de burnout e melhoria na saúde física e mental, após seis meses de jornada reduzida, sem queda de produtividade. Na visão do presidente da CACB, a mudança acentuaria o custo de produção e diminuiria o nível de produtividade do trabalhador. No entanto, ele pondera que o modelo poderia funcionar em um cenário diferente. eldquo;É possível desde que o trabalhador seja mais qualificado e produza mais. Se ele conseguir compensar a redução da carga horária com mais produtividade, o efeito pode ser neutroerdquo;. Fauze Yunes, da Alobrás, avalia que a proposta está enviesada. eldquo;É uma proposta totalmente eleitoralerdquo;, afirma. Enquanto isso, a entidade que representa os lojistas do Brás ainda não tem um posicionamento definitivo sobre o fim da escala 6x1. eldquo;Não sou contra a proposta. Acho que é justa, mas é um segundo passo. Antes precisamos de incentivos fiscais. Estamos esperando para ver como vai avançarerdquo;, afirma. O presidente da CACB concorda que a proposta tem viés eldquo;populistaerdquo; e não estima eldquo;uma alternativa do jeito que estáerdquo;. Para a mudança poder dar certo, afirma, seria necessário um programa de qualificação da mão de obra de pelo menos cinco anos. eldquo;Tem de preparar o campo e investir em qualificaçãoerdquo;, conclui. A especialista Maíra Blasi argumenta ainda que o discurso em torno da manutenção do modelo 6x1 deve se tornar insustentável para as empresas. Isso porque o Brasil vive um cenário próximo ao pleno emprego, com concorrência direta de trabalhos por aplicativo de entrega e com um ideal de empreendedorismo nas massas, afirma. eldquo;Você não vai atrair as pessoas mais dispostas, inteligentes, dedicadas e criativas com uma carga tão pesadaerdquo;, diz. eldquo;Se a empresa quer funcionários que aceitem trabalhar horrores e entreguem resultados medianos, talvez precise rever o que vem primeiro.erdquo; Para entender como a proposta vem sendo discutida internamente, a reportagem também procurou a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), mas até o momento da publicação não houve retorno sobre o posicionamento da entidade.

article

Câmara aprova texto-base do segundo projeto de regulamentação da Reforma Tributária

A Câmara aprovou nesta segunda-feira, por 330 votos favoráveis e 104 contrários, o texto-base do segundo projeto de lei de regulamentação da Reforma Tributária. O texto trata de temas como o comitê que será responsável por gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será criado com a reforma. A proposta também estabelece normas gerais para tributos como ITCMD, ITBI e a contribuição de iluminação pública (Cosimp). Ainda falta a votação de destaques, que podem alterar o texto. O projeto já havia passado pela Câmara, mas foi modificado durante votação no Senado em setembro. Na segunda votação feita nesta segunda-feira, o relator na Câmara, deputado Mauro Benevides FIlho (PDT-CE), retomou alguns trechos do projeto originalmente aprovado pelos deputados. O relator retirou, por exemplo, o teto de 2%, estabelecido pelos senadores, para o Imposto Seletivo que incide sobre os refrigerantes. Colegiado para uniformizar IBS e CBS Por sua vez, Benevides manteve a criação da Câmara Nacional de Integração do Contencioso, responsável por uniformizar interpretações do IBS e da CBS. O colegiado será composto por representantes do Carf, do Conselho Gestor do IBS e de contribuintes, podendo receber recursos apresentados tanto pelo Fisco quanto pelas empresas. De acordo com o projeto aprovado, a alíquota de transição será calculada a partir da média de arrecadação do ICMS e do ISS entre 2024 e 2026. Este ponto era defendido pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz). O comitê terá a atribuição de arrecadar, compensar e distribuir o IBS, além de uniformizar a aplicação da lei e centralizar as obrigações acessórias. Sua estrutura prevê independência técnica e orçamentária, alternância na presidência entre representantes de estados e municípios e participação mínima de 30% de mulheres na diretoria executiva. O órgão será formado por um Conselho Superior, Secretaria-Geral, corregedoria, auditoria interna e uma diretoria executiva com nove áreas, como Fiscalização, Tributação e Tesouraria. Serão 54 membros no total: metade indicada pelos governadores e a outra metade representando os municípios, com mandatos de quatro anos. Durante a tramitação, foi fechado acordo para dividir, de forma transitória, as 27 cadeiras municipais entre a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP), com 13 vagas, e a Confederação Nacional de Municípios (CNM), com 14. Reuniões trimestrais A partir de 2026, a escolha será feita por eleições. As reuniões serão trimestrais, com possibilidade de convocações extraordinárias, e as decisões exigirão maioria absoluta dos representantes, apoio de estados que somem mais da metade da população do país e o aval da maioria dos representantes municipais. Créditos de ICMS Outro ponto central trata do aproveitamento de créditos de ICMS acumulados até 31 de dezembro de 2032, que poderão ser usados para compensar débitos futuros no IBS ou devolvidos de forma parcelada. No caso dos serviços financeiros emdash; operações de crédito, câmbio e seguros emdash;, foi fixado um regime de tributação específico, com alíquota inicial de 10,85% em 2027, chegando a 12,5% em 2033. Durante a transição, onde ainda houver cobrança de ISS, imposto sobre serviços que atualmente é cobrado por prefeituras, haverá redução proporcional. Nanoempreendedores O parecer ainda ampliou o regime dos nanoempreendedores, incluindo taxistas, caminhoneiros e frentistas entre os beneficiários de isenção, além de motoristas e entregadores de aplicativos já contemplados. O texto consolidou ainda imunidades do ITCMD (imposto estadual cobrado quando há transferência gratuita de patrimônio, por herança ou doação), como para livros, fonogramas e previdência privada, e fixou progressividade até o teto de 8%. No caso do ITBI (imposto municipal cobrado na compra e venda de imóveis), os municípios deverão divulgar os critérios usados para cálculo do valor venal, com possibilidade de contestação por parte do contribuinte. Já a Cosimp (contribuição municipal para custear a iluminação pública) passa a incluir também sistemas de monitoramento de segurança, mantendo a cobrança opcional na conta de energia. A União arcará com até R$ 3,8 bilhões para instalar o comitê entre 2025 e 2028.

article

StoneX projeta crescimento sustentado do consumo de diesel B e biodiesel no Brasil

A StoneX, empresa de serviços financeiros e de inteligência de mercado, divulgou projeções detalhadas para os mercados de diesel B (mistura de diesel mineral e biodiesel) e de biodiesel puro no Brasil. Os dados apontam para um crescimento sustentado nos próximos anos, ancorado no desempenho dos setores agrícola e industrial, com as regiões Sul e Sudeste assumindo papel de destaque a partir de 2026. Para 2025, a consultoria estima que o consumo nacional de diesel B atinja 69,1 milhões de metros cúbicos (m³), representando um aumento de 2,7% frente a 2024. O bimestre novembro-dezembro deve registrar vendas de 11 milhões de m³, alta de 4,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Este desempenho é sustentado pela reaceleração do plantio da soja e pela intensificação da logística no campo. eldquo;Para novembro, é esperado que a reaceleração do plantio de soja resulte na manutenção de vendas de diesel B elevadas, com o indicador sofrendo uma queda menor frente a outubro quando comparado com anos anterioreseldquo;, afirma Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. A expansão, segundo a consultoria, segue diretamente vinculada ao fortalecimento da produção agrícola e industrial, que demanda maior capacidade de transporte rodoviário e ferroviário para escoamento. eldquo;A dinâmica atual da economia brasileira, especialmente nos setores agrícola e industrial, continua resultando em maior uso de diesel B. O fluxo de cargas está mais intenso, o que se reflete diretamente nos volumes comercializadoseldquo;, complementa Cordeiro. Para 2026, a StoneX manteve sua expectativa de crescimento de 1,9% na demanda por diesel B, com o consumo total chegando a 70,4 milhões de m³. Apesar da expectativa de recuo na produção de milho, fatores estruturais como o aumento da produção de soja e de bens industriais devem manter a demanda aquecida. O crescimento, contudo, terá distribuição regional desigual. As regiões Sudeste e Sul devem apresentar os avanços mais robustos, ambas com incrementos superiores a 400 mil m³ no consumo durante o ano. No Sul, o principal vetor será a recuperação esperada da produção de soja no Rio Grande do Sul, após a forte quebra de safra registrada em 2025. Em contrapartida, o Centro-Oeste deve reduzir significativamente seu ritmo de expansão, com um aumento projetado de menos de 50 mil m³, reflexo da expectativa de queda na produção de soja e milho. O Nordeste também deve seguir uma trajetória de desaceleração, acompanhando a perda de fôlego prevista para seus setores agrícola e industrial. Biodiesel No segmento específico do biodiesel, a StoneX também revisou suas projeções. Para 2025, o consumo está estimado em 9,8 milhões de m³, um crescimento expressivo de 9,0% em relação a 2024. Os números ganham força após o setor registrar um novo recorde de vendas em outubro: 914 mil m³, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para 2026, a previsão no cenário base (mantendo a mistura B15) é de um avanço de 6,4%, totalizando 10,5 milhões de m³. No entanto, a consultoria elaborou um cenário alternativo que considera a introdução do B16 (16% de biodiesel na mistura), conforme diretriz em discussão no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Nesta hipótese, o consumo poderia atingir aproximadamente 11 milhões de m³, com um incremento adicional de quase 1,2 milhão de m³. Este cenário também elevaria em cerca de 1 milhão de toneladas a demanda por óleo de soja como matéria-prima. eldquo;O mercado de biodiesel tem mostrado um desempenho sólido, impulsionado pela forte demanda por diesel B e pelo avanço consistente da produçãoeldquo;, comenta Leonardo Rossetti, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. A StoneX destacou uma mudança significativa na composição das matérias-primas usadas para produzir biodiesel. No último bimestre (setembro-outubro), o consumo de óleo de soja recuou 4,8%, fazendo com que sua participação no mix caísse de 86,4% para 81,6%. Paralelamente, houve um avanço expressivo no uso de sebo bovino. O consumo, que estava em uma média de 45,8 mil toneladas até agosto, saltou para 76,5 mil toneladas em setembro e 86,9 mil toneladas em outubro, elevando sua fatia no mix para 8,7% e 9,5%, respectivamente. Este movimento é um reflexo direto das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de sebo brasileiro. A medida reduziu drasticamente as exportações brasileiras do produto para o mercado americano, que responde por mais de 90% dos embarques, liberando maior volume para consumo doméstico na fabricação de biodiesel. As projeções da StoneX pintam um cenário de crescimento moderado, porém consistente, para os combustíveis renováveis no Brasil, intimamente atrelado ao ciclo econômico e agrícola. Enquanto o diesel B segue a inércia do PIB e da safra, o mercado de biodiesel se prepara para um salto adicional caso a mistura B16 seja implementada, ao mesmo tempo em que passa por uma reconfiguração em sua cadeia de insumos devido a fatores de comércio exterior.

article

Etanol/Cepea: hidratado sobe 0,83% e anidro avança 0,39% nesta semana nas usinas paulistas

O preço do etanol hidratado nas usinas paulistas subiu 0,83% nesta semana, de R$ 2,8853 o litro para 2,9092, em média, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Já o valor do anidro avançou 0,39% no período, de R$ 3,3128 o litro para R$ 3,3256, em média. (Equipe AE) Fonte: Broadcast

article

Safra 2026-2027 de cana-de-açúcar terá maior oferta de etanol

A próxima safra de cana-de-açúcar será robusta, com maior disponibilidade de matéria prima e menor direcionamento para a produção de açúcar, em função do atual cenário de preços do produto. A expectativa foi apresentada pelo CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, durante reunião do conselho do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) realizada na sexta-feira (12/12). Para Ono, há uma combinação de fatores que deve resultar em uma oferta mais elevada de etanol, tanto de cana quanto de milho, com projeções indicando mais de 11 bilhões de litros de etanol de milho produzidos na próxima safra. Além disso, os preços internacionais em baixa para o petróleo devem gerar uma oferta de gasolina também mais barata. Tudo isso, segundo o executivo da SCA Brasil, vai exigir mais competitividade do setor, particularmente a partir de abril, com o início da safra 2026-2027, quando volumes expressivos de etanol vão chegar ao mercado. Esse quadro vai demandar um esforço adicional das usinas para reconquistar clientes. eldquo;Esse cenário vai obrigar as unidades produtoras a buscar mais competitividade. Na próxima safra teremos bastante etanol e os preços serão menores devido à oferta abundanteerdquo;, afirmou. Na análise da safra atual, o executivo destacou que a colheita 2025-2026 de cana está praticamente encerrada, em Goiás e em toda a região Centro-Sul, com pouquíssimas usinas anda registrando alguma atividade. A reta final da safra foi impactada por chuvas, que dificultaram a colheita e contribuíram para um ambiente de preços firmes no mercado. O fim de safra, a paralisação gradual das usinas e as condições climáticas mantiveram a demanda aquecida nas últimas semanas do ano, com distribuidoras já bastante compradas, sustentando a competitividade do etanol. Ono também chamou atenção para o período de entressafra, quando os estoques tendem a ser menores, o que pode exigir paridades mais elevadas no primeiro trimestre. Além disso, apontou preocupações com tarifas de importação e com o abastecimento de etanol anidro, diante do aumento da demanda associado à mistura E30. No contexto mais amplo do mercado, foram discutidos ainda temas como o RenovaBio, o comportamento dos CBios, a arbitragem de importação e o cenário internacional do petróleo, fatores que seguem influenciando as decisões estratégicas do setor sucroenergético.

Como posso te ajudar?