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Petróleo fecha em alta com ataque de Israel na capital do Líbano no radar

Os contratos futuros de petróleofecharam em alta nesta quarta-feira (13). Em sessão volátil, a commodity resistiu ao dólar fortalecido e ficou no positivo enquanto as tensões no Oriente Médio continuam, com um ataque de Israel deixando seis mortos em Beirute, capital do Líbano, hoje. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 0,45% (US$ 0,31), a US$ 68,43 o barril, enquanto o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), teve alta de 0,54% (US$ 0,39), a US$ 72,28 o barril. Pela manhã, o petróleo recuava, pressionado pela baixa demanda chinesa e pela previsão de aumento da oferta entre países de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), segundo o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) publicado ontem. eldquo;As preocupações com a demanda, especialmente da China, continuam a ofuscar os riscos geopolíticoserdquo;, diz Homayoun Falakshahi, da Kpler, em uma nota. eldquo;Apesar das recentes melhorias nas margens de refino, a perspectiva continua fracaerdquo;. Segundo Falakshahi, a Opep e aliados não devem aumentar a produção durante a maior parte do próximo ano endash; a menos que as exportações de petróleo do Irã diminuam, já que parecem priorizar o apoio aos orçamentos fiscais em detrimento da participação no mercado. A possível decisão do governo Trump de endurecer a aplicação de sanções é um risco iminente que poderia oferecer às nações da Opep+ o espaço para devolver esses barris ao mercado, mas ainda faltam alguns meses para que isso possa impactar os saldos entre oferta e demanda, acrescenta o banco de investimento canadense. Com informações da Dow Jones Newswire

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COP29: Líderes mundiais debatem o uso de combustíveis fósseis

No primeiro dia do segmento de alto nível da COP29 emdash; quando chefes de Estado, ministros e outros líderes mundiais fazem seus discursos emdash;, o anfitrião da conferência climática afirmou que combustíveis fósseis são um "presente de Deus". "O petróleo, o gás, o vento, o sol, o ouro, a prata, o cobre, todos (...) são recursos naturais e não se deve culpar os países por tê-los, nem por levar esses recursos ao mercado, porque o mercado precisa deles", disse o presidente Azerbaijão, Ilham Aliyev. Os hidrocarbonetos são os principais responsáveis pelo aquecimento do planeta, e o objetivo maior do Acordo de Paris é limitar o aumento de temperatura até o fim do século, o que exige um corte substancial desses recursos. Um relatório que será lançado hoje mostra que o mundo está na direção oposta: 2024 atingiu níveis recordes de emissão por combustíveis fósseis (leia mais abaixo). A participação de líderes continua hoje, quando discursarão o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Lima. No total, cerca de 75 representantes do alto escalão dos países que participam da cúpula climática são esperados em Baku. A COP29 é marcada pela ausência de governantes como Luiz Inácio Lula da Silva, Emmanuel Macron (França), Olaf Scholz (Alemanha) e Merenda Modi (Índia). Fundo No segundo dia da chamada "COP do financiamento", que definirá novas fontes de recursos para que países em desenvolvimento possam cumprir suas metas de redução dos gases de efeito estufa, foi lançado o fundo para perdas e danos, aprovado no ano passado. O objetivo é ajudar na reconstrução das nações que mais sofrem os impactos das mudanças climáticas, como inundações, furacões e outros fenômenos extremos. Embora seja um progresso, o valor que os países ricos destinarão de imediato ao mecanismo emdash; US$ 722 milhões (R$ 4,16 bilhões) emdash; foi considerado ínfimo pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). "O valor não chega nem perto de reparar os danos infligidos aos vulneráveis e equivale aproximadamente à renda anual dos dez jogadores de futebol mais bem pagos do mundo", disse António Guterres. Para exemplificar, o líder da ONU afirmou que o montante não representa "nem um quarto dos danos causados no Vietnã pelo furacão Yagi, em setembro". Estimativas sugerem que os países em desenvolvimento precisam de mais de US$ 400 bilhões (R$ 2,3 trilhões anuais) para se reconstruírem depois de desastres climáticos. Há três décadas representantes das nações vulneráveis lutam pela criação do fundo de perdas e danos. Segundo a discursar, António Guterres insistiu que os líderes devem tomar medidas imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e "derrubar os muros ao financiamento climático em resposta à e#39;aula magna de destruição climáticae#39; que o mundo testemunhou em 2024". O secretário-geral da ONU também afirmou que os países em desenvolvimento não podem sair de Bakur "com as mãos abanando". "Essa é uma história de injustiça evitável: os ricos causam o problema, os pobres pagam o preço mais alto", afirmou Guterres, citando um estudo da organização da sociedade civil Oxfam, segundo o qual multimilionários emitem mais carbono em uma hora e meia do que uma pessoa média faz durante toda a vida. "Paguem ou a humanidade toda pagará." Emissões Hoje, enquanto mais líderes discursam no segmento de Alto Nível da COP29, o Projeto Carbono Global (GPC), formado por mais de 80 instituições mundiais, anuncia que as emissões de carbono provenientes de combustíveis fósseis atingiram um nível recorde em 2024. A projeção é de que 37,4 bilhões de CO2 foram parar na atmosfera, provenientes da queima de gás, petróleo e carvão, um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior. O levantamento destaca que, globalmente, houve aumento das emissões por carvão (0,2%), petróleo (0,9%) e gás (2,4%). Essas fontes contribuem com 41%, 32% e 21% do CO2 fóssil, respectivamente. A China, responsável por 32% da queima de hidrocarbonetos em 2024, registrou um crescimento de 0,2%. O país com maior evolução na poluição por combustível fóssil é a Índia (8% do total global), com um incremento de 4,6%. Porém, as emissões de CO2 fóssil diminuíram em 22 países, que representaram 23% do lançamento de gases de efeito estufa por essas fontes entre 2014 e 2023. Neste grupo, estão incluídos os Estados Unidos (13% do total global), que teve queda de 0,6%. Os dados do Brasil são de 2023 e mostram um ligeiro aumento em relação ao ano anterior, com 486,5 milhões de toneladas métricas. Coletivo "Há muitos sinais de progresso positivo ao nível nacional e um sentimento de que um pico no consumo global de combustíveis fósseis é iminente, embora ainda indefinido", comenta Glen Peteres, do Centro Cícero para Pesquisa Climática Internacional em Oslo, na Noruega e um dos autores do estudo. "A ação climática é um problema coletivo. O progresso em todos os países precisa de ser acelerado o suficiente para colocar as emissões globais em uma trajetória descendente." O estudo também traz projeções das emissões por mudanças no uso da terra, como desmatamento. O aumento estimado é de 1,6 bilhões de toneladas (41,6 bilhões de toneladas em 2024, contra 40,6 bilhões de toneladas em 2023). Os incêndios que devastaram a flora brasileira entre janeiro e setembro lançaram entre 0,8 e 1,2 gigatoneladas de CO2. Ao lado de Indonésia e República Democrática do Congo, o país é responsável por 60% dos lançamentos de CO2 por essa fonte de emissões.

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Pacote do governo passa por mudança no reajuste do salário mínimo

O esboço do pacote de medidas a ser proposto ao Congresso Nacional pelo Executivo passa por mudança na lei de reajuste do salário mínimo, no seguro-desemprego, no abono salarial e na previdência dos militares. Para o salário mínimo a ideia é garantir a inflação e um ganho real até o limite de 2,5% previsto no arcabouço sem a variação do PIB de dois anos antes. Para o seguro-desemprego, a proposta é reduzir sua duração, hoje de, no máximo, cinco meses, além da elegibilidade do abono salarial, pago para quem recebe até dois salários mínimos. Para continiar a leitura, clique aqui.

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Shell vence recurso e anula decisão na Holanda que a obrigava a reduzir emissões

A gigante do petróleo Shell conseguiu reverter na Justiça da Holanda uma decisão que a obrigava a fazer uma redução expressiva em suas emissões de gases de efeito estufa. Na manhã desta terça-feira (12), a corte de apelações de Haia anulou um julgamento de primeira instância, ocorrido em 2021, que determinava que a companhia cortasse as emissões de carbono em 45% até o fim de 2030, em relação aos níveis de 2019. O julgamento realizado há três anos foi considerado histórico por ambientalistas de todo o mundo, mas acabou anulado após uma extensa batalha legal. Na análise do recurso feita agora, a juíza responsável considerou que a Shell está no caminho para atingir as metas exigidas para suas próprias emissões. Na avaliação da magistrada, não ficou claro se as exigências para cortar as emissões causadas pelo uso dos produtos da empresa ajudariam no combate às mudanças climáticas. A sentença, no entanto, voltou a considerar que a Shell tem a responsabilidade de reduzir suas emissões, mas não impôs uma obrigação quantificada para esse corte. "Estamos satisfeitos com a decisão do tribunal, que acreditamos ser a correta para a transição energética global, para os Países Baixos e para nossa empresa", disse o CEO da empresa, Wael Sawan. Donald Pols, diretor da Milieudefensie, braço holandês da organização ambientalista Friends of the Earth, que apresentou a ação contra a petroleira com o apoio de mais de 17 mil pessoas e outras 6 organizações, lamentou o resultado, mas destacou que o processo, iniciado em 2018, trouxe avanços na luta contra o aquecimento global. "Isso dói. Ao mesmo tempo, vemos que este caso garantiu que grandes poluidores não sejam invioláveis e intensificou o debate sobre sua responsabilidade em combater as mudanças climáticas perigosas. É por isso que vamos continuar a enfrentar grandes poluidores, como a Shell", afirmou. "Uma coisa é clara: a luta contra os grandes poluidores é uma maratona, não uma corrida de velocidade", completou. A organização não governamental considera que, apesar do revés, houve pontos positivos na decisão. "A Suprema Corte determinou que a Shell tem uma responsabilidade individual de reduzir suas emissões de CO2 para evitar mudanças climáticas perigosas. O tribunal também declarou claramente que a exploração de novos campos de petróleo e gás contraria o Acordo de Paris sobre o clima. E o Tribunal ressaltou, de forma inequívoca, que a proteção contra as mudanças climáticas é um direito humano e que não apenas os Estados, mas também empresas como a Shell, têm a obrigação de proteger os direitos humanos", destacou a Milieudefensie, em nota. Ao longo do processo, a Milieudefensie apresentou evidências à corte de que, apesar de aumentar o volume de energias renováveis, a empresa também planejava desenvolver centenas de novos campos de petróleo e gás, apesar dos seguidos alertas sobre necessidade de interromper o uso de combustíveis fósseis para travar os piores feitos do aquecimento global. Durante o julgamento do recurso, a Shell argumentou que emissões corporativas não são uma questão do judiciário, dizendo ainda que combustíveis fóssil que não fossem extraídos pela empresa poderiam simplesmente ser explorados por outras companhias. Lançado há menos de um mês, um relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) indicou que, nas condições atuais, o planeta se encaminha para um aumento de temperatura de até 3,1°C. Para garantir que o aquecimento global se mantenha dentro do limite de 1,5ºC acima dos valores pré-industriais endash;a meta preferencial decidida pela comunidade internacional no Acordo de Paris, considerada o teto para evitar os piores efeitos das mudanças climáticasendash; as reduções precisariam cair 57% até 2035. Uma mudança dessa magnitude exigiria, como um dos pilares centrais, uma queda drástica no uso de combustíveis fósseis, responsáveis por uma fatia expressiva do CO2 emitido. Ainda há possibilidade de recursos, no âmbito da Suprema Corte holandesa, ao resultado do julgamento desta terça-feira. Responsável pela queixa inicial, a ong Milieudefensie indicou que irá analisar em detalhes a atual decisão antes de decidir se avança com um recurso. A entidade considera, contudo, que continua a haver possibilidades de ações legais contra empresas poluidoras. Nos últimos anos, os tribunais têm sido palco de um número crescente de ações relacionadas às questões climáticas. O próprio IPCC, o painel de especialistas do clima da ONU, reconheceu, em 2022, o papel desses processos para influenciar "o resultado e a ambição da governança climática". A chamada litigância climática está presente em inclusive no Brasil. Um levantamento publicado pela London School of Economics revelou que pelo menos 230 novos casos climáticos foram abertos em todo o mundo apenas no ano passado.

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Como as empresas de petróleo e gás disfarçam suas emissões de metano

Às margens do Mar Cáspio, a menos de 30 milhas (cerca de 48 km) do local onde líderes mundiais, ministros e negociadores estão se reunindo na cúpula climática COP29 em Baku esta semana, um poderoso gás de efeito estufa tem sido liberado na atmosfera. Um sensor instalado na Estação Espacial Internacional detectou seis plumas separadas de metano entre abril e junho. De acordo com a organização sem fins lucrativos com sede na Califórnia, Carbon Mapper, que analisou os dados e compartilhou com o Financial Times, todas foram rastreadas até locais de petróleo e gás nos arredores da capital do Azerbaijão. Outras cinco plumas foram detectadas em outros locais do país, incluindo perto do gigantesco terminal de petróleo e gás de Sangachal. Embora variem em intensidade, eram poluentes e profundamente tóxicas, contendo carcinógenos e outros gases perigosos, além de metano. Uma situação semelhante está ocorrendo em plantas de petróleo e gás ao redor do mundo, dizem ativistas e analistas que rastreiam a poluição por metano. Em alguns casos, vazamentos acidentais são os culpados. Mas em outros lugares, os produtores estão liberando o gás flagrantemente e deliberadamente. O metano é o principal contribuinte para a formação de ozônio ao nível do solo emdash;um poluente do ar perigoso responsável pela morte de 1 milhão de pessoas por doenças respiratórias globalmente a cada ano. Mas uma ameaça ainda maior é para o clima. Embora não persista tanto na atmosfera quanto o dióxido de carbono, em uma escala de 20 anos, o metano é 80 vezes mais potente em reter calor. Ele foi responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde a revolução industrial. Alguns metanos vêm de fontes naturais, como áreas úmidas e gases vulcânicos. Mas a maior parte das emissões é causada pela atividade humana emdash;agricultura, resíduos em aterros sanitários e pela indústria de combustíveis fósseis. O problema tem sido obscurecido por falta de ferramentas para detectá-lo e medi-lo. Inodoro e incolor, o gás é notoriamente difícil de rastrear. Até recentemente, as pesquisas de metano ocorriam principalmente no solo com dispositivos portáteis ou por meio de sobrevoos aéreos que o detectam por meio de suas interações com ondas de luz. As empresas de energia encontraram inúmeras maneiras de esconder a magnitude de suas emissões, de acordo com análises do Financial Times. "O petróleo e o gás estão emitindo muito mais metano do que percebemos", diz Eric Kort, professor de ciências climáticas, espaciais e de engenharia da Universidade de Michigan. Como anfitrião atual da cúpula climática mais importante do mundo, o Azerbaijão emdash;que obtém 90% de suas receitas de exportação de combustíveis fósseisemdash; planeja apresentar um compromisso para combater o metano em resíduos orgânicos. Os EUA e a China também realizarão uma reunião paralela sobre o assunto. Em contraste, as emissões provenientes da indústria de petróleo e gás não estão liderando a agenda deste ano. No entanto, as emissões do setor de energia atingiram um recorde em 2023 emdash;uma frustração para alguns analistas, que apontam que é uma das oportunidades mais baratas e rápidas para lidar com o aquecimento global atualmente disponíveis. "Reduções de metano a curto prazo são a maneira mais rápida que temos de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas", diz Manfredi Caltagirone, chefe do Observatório Internacional de Emissões de Metano do Programa Ambiental das Nações Unidas (PNUMA). "[E] o setor com o maior potencial de redução é a indústria de petróleo e gás." Uma cúpula anterior da COP realizada em 2021 lançou o Compromisso Global de Metano, uma iniciativa apoiada por mais de 150 países, que visa reduzir as emissões globais em 30% até 2030 em comparação com os níveis de 2020. No entanto, de acordo com dados recentes, as emissões agregadas de metano continuam a aumentar. Agora há uma corrida para lançar novos satélites e outras tecnologias de rastreamento, juntamente com a introdução de novos limites e regras. No início deste ano, a UE adotou regulamentações abrangentes de metano que, entre outras coisas, exigem que empresas de petróleo, gás e carvão monitorem, detectem e reparem vazamentos de metano. "Agora estamos começando a... revelar as emissões de metano globalmente", diz Riley Duren, diretor executivo da Carbon Mapper. O primeiro satélite da empresa, Tanager-1, detectou plumas de locais de petróleo e gás em locais tão variados quanto Síria, Líbia e Texas desde o lançamento em agosto, ele diz. A questão é se essas emissões podem ser detectadas emdash;e se governos e empresas podem ser convencidos a agiremdash; rápido o suficiente para fazer uma diferença significativa. "Até obtermos dados de metano realmente precisos em uma base global, será difícil conter as emissões", diz Paul Bledsoe, ex-conselheiro climático da Casa Branca de Clinton. "E realmente estamos apenas no início disso." Para muitas pessoas, as emissões de carbono se tornaram sinônimo de qualquer coisa relacionada às mudanças climáticas. Na verdade, até sete gases de efeito estufa são responsáveis por aquecer a atmosfera da Terra, e o metano é o segundo maior contribuinte depois do COe#8322;. No entanto, somente na COP28 do ano passado, realizada em Dubai, os países concordaram que seu próximo conjunto de planos para combater as mudanças climáticas precisava incluir todos os gases de efeito estufa em todos os setores, não apenas o COe#8322;. Enquanto isso, as emissões de metano estão aumentando a uma taxa recorde, de acordo com um estudo publicado em setembro no jornal Earth System Science Data. Nas últimas duas décadas, elas aumentaram cerca de 20%. As concentrações atmosféricas do gás estão agora mais de 2,6 vezes mais altas do que nos tempos pré-industriais, o mais alto que já estiveram em pelo menos 800 mil anos. O metano é principalmente causado pela atividade humana, mas fontes naturais estão ajudando a acelerar as emissões, dizem os cientistas. À medida que as temperaturas aumentam, as áreas úmidas emitem mais metano, assim como o permafrost derretendo emdash;impulsionando um "loop de condenação" de aquecimento cada vez maior. Embora o metano da agricultura tenha recebido mais publicidade, incluindo pedidos para que os consumidores evitem laticínios e comam menos carne, o setor de energia é a próxima causa humana mais importante, responsável por um terço de todas as emissões de metano ligadas à atividade humana. O composto é o principal componente do gás natural, bem como um subproduto da perfuração de petróleo. Ele encontra seu caminho para o meio ambiente de várias maneiras: liberado na atmosfera de campos de petróleo e gás por motivos de segurança ou em emergências, ou "queimado" de tubos ou chaminés, o que o transforma principalmente em fumaça e dióxido de carbono. (Se a queima for ineficiente, metano puro também é emitido.) Muito também escapa por acidente, seja de vazamentos em tubulações e equipamentos, ou porque as empresas afirmam ser muito caro capturá-lo. Mark Davis, diretor executivo da especialista em queima Capterio, diz que quase 7% do gás produzido é desperdiçado por meio de liberação, queima e vazamentos. Se capturasse esse gás e o vendesse, o setor poderia reduzir as emissões para a atmosfera em até 6,8 bilhões de toneladas de COe#8322; equivalente emdash; aproximadamente o mesmo que as emissões totais de gases de efeito estufa dos EUA em 2022emdash; e também gerar cerca de US$ 50 bilhões (R$ 285 bilhões) em receita por ano, ele argumenta. Vazamentos de antigas plantas e equipamentos enferrujados são um problema significativo, não apenas em nações mais pobres como Irã, Angola ou Venezuela, mas também em países produtores ricos como os EUA. Empresas "preferem expandir a produção em vez de consertar os vazamentos", diz Marcelo Mena, ex-ministro do Meio Ambiente do Chile e CEO do Global Methane Hub filantrópico. Muitas empresas se comprometeram a reduzir suas emissões de metano, incluindo a Socar, a empresa estatal de petróleo do Azerbaijão. Na COP28 do ano passado, 50 empresas apoiaram uma iniciativa para reduzir as emissões de metano para quase zero na produção primária de petróleo e gás e acabar com a queima rotineira até 2030. No entanto, de acordo com a Agência Internacional de Energia, as emissões de metano da indústria atingiram um novo recorde em 2019 e permaneceram próximas desse nível desde então. E elas quase certamente estão sendo subestimadas: a AIE também estima que as emissões globais de metano do setor energético são cerca de 70% maiores do que os valores que as nações relataram. De acordo com um estudo publicado na Nature no início deste ano e baseado em 1 milhão de medições aéreas de poços, dutos, instalações de armazenamento e transmissão em seis regiões dos EUA, as emissões eram quase três vezes maiores do que as estimativas fornecidas pelo governo federal. Esse gás vale cerca de US$ 1 bilhão (quase R$ 6 bilhões) no mercado, disseram os pesquisadores. Enquanto isso, o custo estimado para a sociedade é de US$ 9,3 bilhões (R$ 53 bilhões) emdash;um cálculo aproximado do dano consequente à produtividade agrícola, à saúde humana e à propriedade. Josh Eisenfeld, que rastreia as emissões de metano na Earthworks, uma organização sem fins lucrativos dos EUA focada em acabar com a poluição energética, diz que um grande problema é que a indústria "está tentando se auto-regular". Muito do equipamento usado por empresas de petróleo e gás nem mesmo consegue detectar vazamentos menores de metano, argumenta ele. Uma investigação da Earthworks e da Oil Change International descobriu que os "monitores contínuos de emissões", usados pelos produtores para registrar a liberação de poluentes em tempo real, detectaram apenas um evento de emissão no Colorado emdash;seus próprios pesquisadores registraram 23. A queima de metano também está sob os holofotes. O Banco Mundial diz que a quantidade de gás atualmente queimado a cada ano, cerca de 148 bilhões de metros cúbicos, poderia, se capturada, fornecer energia para toda a África subsaariana por um ano. Uma iniciativa do Banco Mundial para proibir a queima rotineira emdash;em oposição a situações de emergênciaemdash; até 2030 obteve apoio da indústria e dos países, mas as empresas de energia só são obrigadas a relatar os números de emissões das instalações que elas mesmas operam, mesmo que outras entidades possuam grandes participações. Essa falta de relatórios significou que as grandes empresas de petróleo conseguiram esconder a verdadeira extensão dos problemas, sugere uma pesquisa compartilhada exclusivamente com o FT do Clean Air Task Force, um grupo ambiental. Mais da metade da queima associada a 10 grandes empresas de petróleo vem de ativos que elas não operam diretamente. Para a BP, esse número foi superior a 85%. (A BP diz que relata todas as queimas nos locais de produção que opera, independentemente do tamanho de sua participação acionária.) Críticos também afirmaram que algumas queimas "de emergência" estavam sendo feitas rotineiramente, o que confunde ainda mais os dados. Davis diz que a "interpretação da definição do Banco Mundial... varia amplamente por empresa". Também há questões sobre o uso dos chamados combustores fechados emdash;estruturas projetadas para reduzir a poluição do ar e da luz. Cientistas e ativistas expressaram preocupação de que as empresas estejam usando os combustores para esconder a verdadeira extensão de suas chamas. Em setembro, um grupo de países que estão pressionando por ações climáticas ambiciosas, incluindo Quênia, Chile e Finlândia, emitiu uma carta aberta na qual pediam o fim da prática de encobrir as emissões. "As grandes empresas internacionais de petróleo estão longe das reduções nas chamas que são necessárias", diz Jonathan Banks, diretor global de prevenção da poluição por metano na CATF. Segundo Duren, não são apenas vazamentos catastróficos importantes emdash;como as explosões nos gasodutos Nord Stream em 2022, que produziram imagens dramáticas conforme o gás borbulhava através do maremdash; que são significativos. "Lidar com super emissores é a maneira mais rápida de tomar ações significativas", diz ele. "Mas também precisamos lidar com o grande número de pequenos emissores." Os principais produtores insistem que estão intensificando as ações. Um relatório divulgado na segunda-feira (11) pela Oil and Gas Climate Initiative, que reúne 12 grandes empresas de petróleo e gás, afirmou que coletivamente reduziram as emissões de metano em 55% nos locais que operam entre 2017 e 2023. Mas esses produtores representam apenas uma pequena parte da indústria. Um porta-voz da COP29 diz: "O Azerbaijão leva as emissões de metano de qualquer fonte, seja petróleo e gás, agricultura ou resíduos, extremamente a sério e está tomando medidas para reduzi-las." À medida que os países buscam maneiras de cumprir o Acordo de Paris de 2015, que visava limitar o aumento da temperatura global para bem abaixo de 2°C e idealmente para 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, resolver a crise do metano provavelmente será uma grande parte da solução. A tecnologia, especialmente a tecnologia de satélites, está evoluindo rapidamente. Financiados por filantropia privada ou estabelecidos como operações comerciais, ao lado daquelas lançadas por agências espaciais governamentais, alguns satélites são projetados para fornecer uma imagem global geral da concentração de metano, enquanto outros são usados para identificar vazamentos individuais, até mesmo identificando a planta exata responsável. "O sensoriamento remoto de satélites e aeronaves realmente torna visível o que tradicionalmente era invisível", diz Duren da Carbon Mapper. Desde o início de 2022, pelo menos 13 satélites de monitoramento de emissões foram lançados. Ainda assim, uma imagem abrangente exigirá muitos mais em órbita, talvez centenas emdash;um empreendimento custoso que exigirá o apoio dos Estados-nação. Medidas aprimoradas no local também serão necessárias. À medida que a nova tecnologia fornece mais detalhes, há uma expectativa crescente entre os ativistas de que a indústria de petróleo e gás reagirá. "Eles vão atacar as medições. Estamos preparados para as táticas de e#39;atirar no mensageiroe#39;", diz Marcelo Mena, do Global Methane Hub. Em 2023, o Sistema de Alerta e Resposta ao Metano do PNUMA informou o governo argentino sobre um vazamento detectado por satélite; foi prontamente corrigido. Mas Caltagirone disse que outros governos e empresas não reagiram tão rapidamente. "Os satélites são realmente, realmente revolucionários. [Mas] também não acredito que os satélites sozinhos resolverão o problema", diz ele. Também há pedidos para que os países introduzam regulamentações novas e muito mais rigorosas. A extensão das regras de metano da UE para empresas fora do bloco a partir de 2027 tem como objetivo dificultar para qualquer empresa que não aborde vazamentos vender seu gás na Europa. Nos EUA, a administração Biden está prestes a introduzir a precificação do metano emdash;um imposto sobre os emissores de US$ 900 (R$ 5.130) por tonelada de metano em 2024, aumentando para US$ 1.500 (R$ 8.500) por tonelada em 2026. Os detalhes finais podem ser anunciados em Baku, de acordo com pessoas familiarizadas com os planos. Mas a regulamentação ainda não entrou em vigor. E muitos na cúpula estão ansiosos que a eleição de Donald Trump possa prejudicar o progresso sobre as mudanças climáticas, incluindo as emissões de metano. "As regulamentações que visam reduções significativas sob a administração Biden estão em perigo de serem revertidas, apesar da indústria dos EUA dizer que está preparada para limitar mais substancialmente o metano", diz Bledsoe, ex-conselheiro climático da Casa Branca. Agora é a hora de a China se posicionar, acrescenta. Mena também quer que os EUA, China e outros países detalhem como estão lidando com o metano. Sem isso, ele argumenta, há pouca esperança de que o mundo possa limitar o aumento da temperatura para 1,5°C. "Precisamos ver outros grandes emissores enviarem um sinal de que vão lidar com essas emissões", diz ele. "Francamente, não há 1,5°C sem a mitigação do metano sendo explícita. E essa é a realidade." (Financial Times)

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Protecionismo global gera desafios, mas oportunidades vão se abrir para o Brasil, diz Mercadante

O cenário descrito pela professora Lia Valls Pereira, da UERJ e da FGV/Ibre, durante o Fórum Estadão Think - Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, na sede da Fiesp, aponta mais desafios para o comércio global. Segundo ela, tudo o que foi prometido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, seja realmente implementado, a onda de protecionismo pelo mundo tende a crescer. eldquo;E o resultado, neste caso, é sabido, haverá uma desaceleração do comércio mundialerdquo;, disse a pesquisadora. Um dos antídotos, segundo Pereira, é conhecido há décadas. eldquo;O comércio exterior não muda do dia para noite. Tem de haver persistência. É preciso ser feita uma política de Estado, e não de governo. Voltada para a melhoria da infraestrutura, da mão de obra, da digitalização. Temos de olhar para as nossas prioridades.erdquo; Por mais que o protecionismo anunciado pelo novo governo americano passe a fazer parte do dia a dia do mundo, exacerbando, por exemplo, os conflitos comerciais com a China, oportunidades também vão se abrir, segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. eldquo;Não há dúvida de que teremos uma nova onda de protecionismo. O governo Trump, eleito pelo voto popular de forma legítima, tem a maioria no Senado, na Câmara, na Suprema Corte e nos estados, com os governadores. Mas, mesmo assim, sou otimistaerdquo;, disse. Para Mercadante, várias janelas vão se abrir, principalmente se o Brasil continuar tratando, a China como um parceiro estratégico importante. eldquo;Somos complementares. Os chineses, por exemplo, estão interessados em investir aqui na área de energia e ferrovias.erdquo; Raciocínio semelhante, explica o presidente do BNDES, pode ser aplicado com a Alemanha. eldquo;Vamos anunciar em breve um projeto importante com um grupo alemão em pesquisa e desenvolvimento. Temos grandes oportunidades. Há muitos desafios e riscos, mas precisamos ter mais ousadia no Brasil, principalmente em termos de políticas verdes. E, com o (eventual) grau de investimento então, haverá uma mudança no padrão de crescimento.erdquo; No âmbito interno, até para que o Brasil tenha o que ofertar aos seus parceiros comerciais no exterior, avançar em questões de infraestrutura e logística passa a ser decisivo, segundo Mercadante. eldquo;Nesse sentido, a descarbonização dos setores da aviação e marítimo estão dados. Por isso, o Brasil tem grandes oportunidades com o desenvolvimento dos combustíveis limpos para esses setoreserdquo;, disse. As cadeias de produção dos dois tipos de combustível se apoiam na produção de biocombustíveis, dominada pelo Brasil há décadas. Para Mercadante, o Brasil tem todas as chances de liderar esses primeiros passos da transição do setor aéreo para um mundo com menos carbono. As credenciais de sustentabilidade, quando se junta política comercial com ambiental, é um ativo brasileiro que deve ser mais bem apresentado nas mesas de negociação internacionais, afirma Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Outro ativo importante para o país, segundo a representante do MDIC, é o fato de o Brasil estar distante dos focos de conflitos no mundo. eldquo;O ressurgimento das políticas industriais mundo afora é algo nítido. E também estamos com esse foco de reconhecer a importância da indústria. Precisamos, sim, abraçar com muita força a questão do ecoprotecionismo. É uma agenda que veio para ficar e vai gerar muitas oportunidades para o Brasilerdquo;, disse.

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