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Tecnologia brasileira promete converter motores a diesel para 100% etanol

No setor canavieiro, o diesel continua sendo um dos maiores vilões de custo. Em muitas usinas do Centro-Sul, ele representa entre 28% e 34% do CTT emdash; Corte, Transbordo e Transporte emdash; e é responsável por grande parte da pressão sobre margens já apertadas. Diante desse cenário, a possibilidade de abastecer colhedoras, caminhões e tratores com etanol hidratado produzido pela própria usina ganha peso estratégico. E uma startup brasileira afirma ter chegado ao ponto de tornar isso possível. A E-OXY desenvolveu uma tecnologia capaz de converter motores originalmente a diesel para operar 100% com etanol hidratado, em Ciclo Otto, sem aditivos e sem mistura. Em entrevista ao RPAnews, o sócio-diretor Pedro W. Stefanini explica que a ideia nasceu do desejo de dar ao setor eldquo;autonomia energética realerdquo;. eldquo;A concepção da tecnologia tem como alicerce o uso inteligente do etanol, buscando eficiência, competitividade e sustentabilidade econômica, social e ambiental. Adaptamos motores diesel para operar 100% com etanol, substituindo o ciclo Diesel tradicional por ignição por centelha controlada eletronicamente.erdquo; Economia, desempenho e redução expressiva de manutenção Segundo ele, os testes já demonstram efeitos claros sobre o custo operacional. eldquo;O diesel representa até um terço do custo logístico. Qualquer redução de 10% no gasto com combustível já diminui entre 2,8% e 3,4% o CTT total. Mas os testes indicam reduções muito maiores: entre 40% e 60% no gasto total de combustível, além de até 60% de economia em manutençãoerdquo;, afirma. O motivo é simples: o motor passa a trabalhar de forma mais limpa, sem fuligem, e com desgaste muito inferior. Mesmo com maior consumo volumétrico emdash; aproximadamente 1 litro de diesel para 1,37 litro de etanol emdash; o custo final ainda é menor para quem produz seu próprio etanol. Stefanini resume: eldquo;O custo por hora e por tonelada é substancialmente menor. E eliminamos totalmente o ARLA.erdquo; A mudança no motor envolve uma reengenharia profunda: o sistema de injeção é redesenhado, a ignição passa a atuar em alta demanda térmica, o gerenciamento eletrônico é dedicado ao etanol, e componentes internos recebem ajustes específicos para suportar carga pesada em Ciclo Otto. Segundo Stefanini, os ensaios em dinamômetro mostram robustez equivalente ao diesel, com ganhos de potência e torque. O etanol também elimina agentes corrosivos como enxofre e hidrocarbonetos, reduzindo oxidação e prolongando a vida útil de pistões, anéis e sedes. O sistema ainda se ajusta automaticamente às variações de pureza e teor alcoólico ao longo da safra, garantindo estabilidade operacional. No campo ambiental, os benefícios são significativos. eldquo;A substituição integral do diesel por etanol reduz em mais de 98% as emissões de COe#8322; equivalente elsquo;well-to-wheelersquo;. Dependendo do perfil de uso, isso representa centenas de toneladas evitadas.erdquo; A operação com etanol hidratado certificado também gera créditos no RenovaBio: eldquo;Estimamos R$ 20 mil em CBios para cada 100 mil litros de diesel substituídos, ou R$ 55 por hectare de cana.erdquo; Limitações atuais, certificações e o passo rumo à autossuficiência energética Por ora, a tecnologia está validada principalmente para motores entre 150 e 500 cv, faixa típica de caminhões e máquinas agrícolas. Motores menores ainda requerem ajustes específicos. Para aplicações marítimas, a barreira é regulatória: a conversão para etanol não é permitida em embarcações devido às normas internacionais. Em máquinas agrícolas e caminhões, porém, não há exigência formal de certificação por parte da ANP ou do Inmetro, embora a E-OXY esteja estruturando documentação técnica e protocolos de segurança para futuras homologações. Stefanini destaca ainda que a conversão é reversível, permitindo retorno ao diesel caso necessário. A conversão traz às usinas um benefício raro: autossuficiência energética plena. eldquo;Substituímos um diesel caro, importado e volátil por um biocombustível produzido dentro da própria unidade. Isso elimina vulnerabilidades de abastecimento e reduz exposição cambialerdquo;, afirma. Hoje, um processo de conversão leva entre quatro e seis semanas, mas deve cair para três a cinco dias com escala industrial. Os caminhões convertidos podem superar 1.000 km de autonomia, aproveitando inclusive o tanque que antes era destinado ao ARLA. A startup negocia pilotos com usinas do Centro-Sul para validação operacional já na safra 2026/27, além de parcerias com frotas urbanas e rodoviárias. Para Stefanini, o etanol pode conquistar um espaço energético maior do que ocupa hoje. De acordo com o executivo, os resultados de emissão dos motores etanol E-OXY Green Fuel, são absolutamente alinhados as políticas governamentais de descarbonização e podem ser efetuados com um combustível brasileiro que já foi testado e aperfeiçoado por décadas. eldquo;Isso mais que reduzir emissões e consequentemente os problemas de saúde da população em grandes centros, fomenta o setor sucroenergético, gerando empregos e fortalecendo as indústrias do setor. É claro pra nós, que a utilização de biocombustíveis como o etanol é uma demanda crescente do setor sucroenergético e que existem algumas iniciativas correlatas. Contudo, não identificamos até o momento nenhuma solução com amplitude técnica e operacional equivalente à E-OXY. Nosso sistema integra desempenho, estabilidade térmica e rentabilidade econômica em um modelo universalmente adaptável, consolidando-se como a primeira conversão para etanol de alta performance verdadeiramente escalável para motores dieselerdquo;, enfatiza. Ainda de acordo com Stefanini, a conversão reforça o etanol como vetor energético nacional. Permite renovar frotas rapidamente, a menor custo, usando um combustível brasileiro, renovável e carbono-neutro. eldquo;Somos uma startup que une ciência aplicada, sustentabilidade e resultado econômico. A E-OXY será um instrumento prático de competitividade, eficiência e renovação de frota, demonstrando na prática o potencial da bioenergia nacionalerdquo;, finaliza.

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Marinho pede debate sobre escala 6x1 e financiamento de sindicatos

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, participou nesta quinta-feira (4) da abertura da Etapa São Paulo da II Conferência Nacional do Trabalho (II CNT), na capital paulista. No evento, ele citou a necessidade de debater temas como o financiamento dos sindicatos e o fim da escala 6 por 1, que prevê seis dias de trabalho e um de descanso semanais. eldquo;Que vocês tirem daqui uma bela contribuição para a conferência nacional e que a gente possa, a partir do entendimento, enfrentar problemas que a sociedade nos pede como o fim da 6 por 1erdquo;, disse o ministro. eldquo;Eu sempre sou da ideia de que o parlamento deve pensar as legislações, mas sempre deixar um espaço para a mesa de negociação. Sindicatos, trabalhadores, empregadores para construir a relação do dia-a-diaerdquo;, declarou. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala de seis dias de trabalho por um de folga está em análise no Congresso Nacional. O ministro defendeu ainda que é preciso garantir condições financeiras aos sindicatos para que possam atuar em defesa dos trabalhadores. eldquo;Eu preciso que a bancada empresarial ajude no debate com o parlamento para reconstituir o direito dos sindicatos dos trabalhadores de poder sustentar financeiramente, decentemente, para representar o segmento dos trabalhadores.erdquo; Segundo Marinho, essa é uma questão importante, porque é difícil que os sindicatos consigam representar bem as categorias de trabalhadores se não tiverem condições. O ministro ressaltou que há atualmente um processo acelerado de transformação do mercado de trabalho a partir da inteligência artificial. eldquo;Portanto, nós temos desafios imensos de qualificar e capacitar a nossa mão de obra, capacitar as nossas mentes para entender, interpretar e atuar para evitar os vários problemas que possamos tererdquo;, disse. Realizado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, o evento reuniu representantes de trabalhadores, empregadores e governo para debater desafios e prioridades do mundo do trabalho no estado. As propostas aprovadas serão encaminhadas para a etapa nacional da conferência, prevista para ocorrer em março de 2026, também em São Paulo. Mercado de trabalho O Diagnóstico do Trabalho Decente de São Paulo, divulgado pela pasta, mostra um mercado de trabalho com formalização de 70,8%, acima da média nacional. Ainda assim, 7,1 milhões de pessoas seguem na informalidade. A taxa de desocupação é de 5,1%, chegando a 8,1% entre jovens (18 a 29 anos). Os dados mostram que o rendimento médio estadual (R$ 4.170) supera o nacional, mas persistem desigualdades: mulheres ganham 77% do rendimento dos homens, e pessoas negras, 61,5% do recebido por pessoas brancas. O relatório também registra 197,5 mil crianças e adolescentes em trabalho infantil e a necessidade de ampliar políticas de conciliação entre trabalho e vida familiar. eldquo;Tem o tema da igualdade. A igualdade de oportunidades, a igualdade salarial, mas não somente de salário. Eu sei que há um esforço das empresas em dar oportunidade cada vez mais. Mas tudo que nós fizemos até agora, é totalmente insuficiente para as necessidadeserdquo;, concluiu o ministro. eldquo;Nós precisamos de mais mulheres nas direções das empresas, das entidadeserdquo;, acrescentou. Ele mencionou que, se há na sociedade mais mulheres que homens, não se explica ter mais homens nas várias representações.erdquo;Mas não é por decreto. É por consciência, é por construção e essa construção deve ser coletiva.erdquo; O ministro comentou ainda a questão da violência contra a mulher, que teve repercussão recente devido aos casos ocorridos na capital paulista. eldquo;Nós podemos nos nossos ambientes provocar debates que levem ao amadurecimento de homens e mulheres, em especial dos homens. Porque, se é feminicídio significa mulheres sendo agredidas pelos homens. E muitas vezes no ambiente familiarerdquo;, destacou.

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Principal encargo na conta de luz deve subir para R$ 52,7 bi em 2026, aponta Aneel

O orçamento da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), principal encargo cobrado na conta de luz, alcançará R$ 52,6 bilhões em 2026, um aumento de 7% ante 2025, à medida que consumidores têm seus custos elevados por subsídios, segundo cálculos de um documento da área técnica da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A proposta de orçamento da CDE deve ser avaliada pela diretoria do órgão regulador em reunião na próxima terça-feira (9). A CDE é uma espécie de "superfundo" do setor elétrico, que banca uma série de políticas públicas e é custeada majoritariamente pelos consumidores de energia. Do orçamento total de 2026, R$ 47,8 bilhões serão arcados pelos consumidores de energia via encargo na conta de luz. Os valores da CDE vêm crescendo exponencialmente nos últimos anos, na esteira da concessão de uma série de subsídios no setor elétrico. O orçamento, que em 2020 era inferior a R$ 22 bilhões, passou para R$ 37 bilhões em 2024 e escalou para R$ 49,3 bilhões neste ano. Para frear a alta, o governo conseguiu aprovar uma lei que impõe um teto de gastos para a CDE a partir de 2027. Segundo a nota técnica da Aneel, a ampliação de R$ 3,4 bilhões das despesas da CDE ante 2025 reflete sobretudo aumento nos subsídios aos grandes projetos eólicos e solares, que têm descontos tarifários no uso dos sistemas de transmissão e distribuição, e também aos pequenos sistemas solares distribuídos. Para as grandes usinas renováveis, os subsídios aumentaram em R$ 2,7 bilhões ante 2024, enquanto para a geração distribuída, a alta foi de R$ 3,2 bilhões. Também pesou no orçamento da CDE em 2026 um aumento de R$ 2,6 bilhões nos gastos com a tarifa social, após medida do governo federal que ampliou a gratuidade da conta de luz para a população de baixa renda. Esses aumentos foram compensados, em parte, por menores gastos previstos com subsídios ao carvão mineral nacional, com redução de R$ 1 bilhão, devido à mudança da contratação da usina Jorge Lacerda (SC) para energia de reserva emdash;o que, por sua vez, também implica custos aos consumidores, mas sob a forma de outro encargo. Também houve diminuição da previsão de gastos na conta CCC, que subsidia combustíveis fósseis para geração termelétricas em sistemas isolados e que não recebem energia da rede elétrica nacional. A redução, de cerca de R$ 1,1 bilhão, está associada à conexão de Roraima ao SIN (Sistema Interligado Nacional). (Reuters)

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Consumo tem menor crescimento desde a pandemia no 3º tri; exportação avança mesmo com tarifaço

O consumo das famílias brasileiras cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025, pior resultado desde o último trimestre de 2024 (-0,9%), apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação anual, a alta de 0,4% foi a menor desde o primeiro trimestre de 2021, durante a pandemia da Covid-19. Ainda assim, o indicador se manteve em terreno positivo pelo 18º mês seguido nessa comparação, devido, principalmente, aos aumentos da massa salarial real, das transferências governamentais de renda e do crédito para as famílias, segundo o IBGE. Os dados mostram o PIB pelo lado da demanda por bens e serviços. Os investimentos avançaram 0,9% em relação ao trimestre anterior e 2,3% na comparação com um ano atrás, com as altas na construção, na importação de bens de capital e no desenvolvimento de software, apesar da queda na produção interna de bens de capital (ativos para a produção). A economia brasileira continuou em desaceleração no terceiro trimestre deste ano, com leve avanço de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores. O terceiro trimestre foi marcado pelos juros altos, que dificultam os investimentos produtivos e o consumo de parte dos bens industriais e dos serviços. Por outro lado, o mercado de trabalho seguiu mostrando sinais de força. O desemprego baixo e a renda em alta beneficiam o consumo. O comércio exterior contribuiu positivamente para o PIB, apesar do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros. O avanço nas exportações de bens e serviços (3,3%) foi maior do que nas importações (0,3%) em relação ao segundo trimestre de 2025. Na comparação anual, o crescimento foi de 7,2% nas vendas para o exterior, enquanto as compras avançaram 2,2%. Claudia Dionísio, analista das Contas Trimestrais do IBGE, afirma que os impactos do tarifaço foram localizados em setores específicos e com menor peso nas exportações totais, como as indústrias de calçados e madeira. Produtos que pesam mais, como petróleo, soja e carne bovina, conseguiram encontrar outros compradores, com destaque para a China. "Esse redirecionamento de mercado acaba mitigando um pouco esse efeito do tarifaço, uma vez que a nossa pauta de exportação é muito pautada em commodities", disse Dionísio. Segundo a analista, os efeitos das restrições foram menores que os esperados inicialmente, como já mostraram outras pesquisas setoriais do IBGE, embora o instituto não tenha como mensurar separadamente apenas o efeito do tarifaço no PIB. "O feito é pequeno. É muito mais importante olhar para efeitos conjunturais macroeconômicos, no caso, política monetária, inflação e mercado de trabalho, que estão explicando melhor o resultado do terceiro trimestre." O tarifaço de Donald Trump, que impactou embarques do Brasil para os Estados Unidos, entrou em vigor em agosto. Os americanos já derrubaram parte das sobretaxas, e o governo Lula (PT) tenta novas medidas nesse sentido. Segundo o IBGE, entre as exportações, os melhores resultados foram da extração de petróleo e gás; veículos automotores; agropecuária; e celulose. Nas importações, os destaques foram: extração de minerais não metálicos; produtos químicos; outros equipamentos de transportes; e máquinas e equipamentos. O consumo do governo cresceu 1,3% na comparação trimestral e 1,8% na anual.

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Falta de competição frustra estimativa de receita do governo com leilão do pré-sal

Com pouca concorrência, o leilão de reservas do pré-sal realizado nesta quinta-feira (4) teve resultado aquém do esperado pelo governo. Apenas dois dos três lotes foram arrematados com ágios baixos e a arrecadação ficou abaixo da previsão inicial. O leilão foi idealizado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) como alternativa de receita para compensar perdas com derrotas do governo na tentativa de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O leilão era considerado pela área econômica um dos principais fatores de ajustes das contas públicas na reta final deste ano. O valor mínimo das áreas era de R$ 10,2 bilhões, mas o governo esperava arrecadar até R$ 15 bilhões com disputa entre as interessadas. Com a participação de apenas duas empresas, Petrobras e Shell, o leilão arrecadou apenas R$ 8,79 bilhões. Dez empresas haviam acessado informações e sete se habilitaram para participar do leilão, mas só as duas apareceram. Juntas em um consórcio, Petrobras e Shell ofereceram R$ 7,79 bilhões pelo lote do campo de Mero, ágio de 1,9% em relação ao preço mínimo. Para o lote de Atapu, ofereceram R$ 1 bilhão, um ágio de 16% sobre o valor mínimo. Não houve ofertas pelo lote de Tupi. Mero, Atapu e Tupi são campos produtores do pré-sal na bacia de Santos. Neste leilão, o governo vendeu o direito de ficar com parte da produção que pertence à União, de acordo com os contratos de partilha da produção do pré-sal. Na prática, portanto, essa venda antecipa receita que o governo teria com a venda desse petróleo ao longo da vida útil dos campos. Em discurso após o leilão, o presidente da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA), Luiz Fernando Paroli, disse que considerou o resultado "um grande sucesso". "Tìnhamos a perspectiva de que as três áreas fossem arrematadas, mas [leilão] é assim mesmo", afirmou. A PPSA é a empresa que gere as participações da União no pré-sal. Ele disse que a PPSA optou por estabelecer preços mínimos elevados, considerando que as empresas concorrentes têm grande conhecimento sobre as áreas e, por isso, os ágios não foram tão grandes. "Quando a gente faz isso, corre o risco de a nossa visão ser diferente da visão dos compradores", afirmou, referindo-se à falta de interessados pela lote de Tupi. Ele disse, porém, que o governo não perde, já que continuará tendo o direito de vender o petróleo do campo, que é o segundo maior produtor do país. Representante da Petrobras no evento, Bruo Moczydlower afirmou que a participação da estatal está em linha com sua estratégia de buscar reposição de reservas com resiliência econômica e baixo risco. Ele é gerente executivo para a área de Libra, onde está o campo de Mero. "Foi um resultado muito positivo, que só reforça nossa parceria não só com a Petrobras, mas com o governo brasileiro, e nossa estratégia para o país", afirmou Flávio Ofugi Rodrigues, vice-presidente de relações corporativas e sustentabilidade da Shell.

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Justiça nega pedido da Refit sobre impedimento de julgamento por diretores da ANP

A Justiça Federal da 1ª Região negou pedido da Refit (ex-Refinaria de Manguinhos) para impedir os diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (AN) Pietro Mendes e Symone Araújo de votar no processo de interdição da unidade, localizada no Rio de Janeiro. Em outro processo, a Justiça também rejeitou o pedido de suspensão da interdição da refinaria. De acordo com o juiz Renato Borelli, da 4ª Vara, que assina as decisões, o pedido de sigilo feito pela Refit também foi revogado, informou na sentença. Segundo ele, não há evidências de que o colegiado das ANP tenha descumprido formalidades essenciais, como alega a Refit, nem que a decisão final tenha sido contaminada e colocado em risco o processo administrativo. Por que a refinaria tenta afastar diretores da ANP Na tentativa de afastar dois dos cinco diretores da ANP do processo de fiscalização que resultou na interdição da operação, a refinaria havia ingressado com processo na agência, requisitando o impedimento de diretores sob o argumento de suspeição. Em nota, a Refit afirmou, na ocasião, que os dois diretores não estavam eldquo;atuando de forma transparente na ANPerdquo;. No centro da questão está a apreensão de uma carga pela Receita Federal em quatro navios que vinham do exterior. A empresa declarou que se tratava de insumos para produção de gasolina (óleo bruto de petróleo), mas exames da ANP constaram que o produto já estava acabado emdash; ou seja, já era gasolina. Com isso, a Refit estaria sonegando impostos, segundo o Fisco. No pedido de impedimento entregue à ANP, a Refit afirmou que os diretores Pietro Mendes e Symone Araújo deveriam ser impedidos de analisar o processo aberto com a interdição porque a inspeção na refinaria foi realizada sem que os demais integrantes do colegiado tivessem sido avisados. Contra Mendes, a empresa diz que ele era presidente do Conselho da Petrobras e, por isso, desejaria prejudicar a Refit em favor da concorrente. Procurados na ocasião, os diretores informaram, por meio da assessoria da ANP, que somente iriam se manifestar nos autos do processo, caso chamados. Segundo informações da agência, os argumentos não encontram amparo no estatuto da ANP, que dá autonomia para as superintendências agirem sem que sejam demandadas pela diretoria. Ou seja, nem Mendes nem Araújo comandam superintendências ou ordenaram a inspeção, e fizeram o acompanhamento porque são diretores de referência das áreas de Fiscalização e Planejamento. Refinaria foi alvo de operações em sequência A Refinaria de Manguinhos entrou no radar das autoridades após a deflagração da Operação Carbono Oculto, em 28 de agosto. As autoridades investigam se o combustível da Refit abasteceria redes de postos de gasolina controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo os investidores, a organização criminosa usa o mercado de combustíveis para lavar dinheiro do crime e ocultar os verdadeiros donos com a ajuda de bancos e fintechs instaladas na Faria Lima. A Receita Federal também apura se Manguinhos está sonegando impostos ao importar nafta e outros derivados de petróleo para fazer gasolina, sem recolher os tributos como deveria, além de usar empresas de fachada para ocultar os reais importadores do combustível, o que é crime. Em uma segunda etapa, a Receita deflagrou a operação Cadeia de Carbono, que apreendeu quatro navios que levavam cargas da Refit. Segundo as autoridades, essa conduta deforma o mercado legal, ao criar uma concorrência desleal com competidores, além de permitir a infiltração do crime organizado em uma cadeia complexa e de elevada carga tributária. Em 27 de novembro, a Refit voltou a ser alvo de uma megaoperação. Batizada de Poço de Lobato, a ação mobilizou 621 agentes públicos, entre promotores de Justiça, auditores fiscais da Receita Federal, das secretarias da Fazenda do município e do Estado de São Paulo, além de policiais civis e militares. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra 190 alvos ligados ao Grupo Refit e dezenas de empresas do setor de combustíveis. O Grupo Refit, comandado pelo empresário Ricardo Magro, é considerado o maior devedor de ICMS do Estado de São Paulo, o segundo maior do Rio de Janeiro e um dos maiores da União. Em nota, a empresa contestou os débitos tributários e negou irregularidades. Na nota, a empresa afirmou que fazia eldquo;exatamente como fazem inúmeras empresas brasileiras que divergem de uma cobrança tributária, incluindo a própria Petrobras, maior devedora do Estado do Rio de Janeiroerdquo;. A operação foi deflagrada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP) e contou com a participação da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de SP, Secretaria Municipal de Fazenda de SP, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-Geral do Estado de SP e polícias Civil e Militar.

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