Ano:
Mês:
article

Energia no Plano Clima: Brasil coloca no papel que já fez sua transição

Divulgado para consulta pública nesta sexta (18/7), o plano de mitigação do governo Lula (PT) para o setor de Energia mostra pouca emdash; ou nenhuma emdash; ambição quando o assunto é expandir a participação de renováveis, hidrogênio ou biocombustíveis no horizonte até 2035. O objetivo do documento é mostrar como a matriz energética brasileira irá contribuir para o cumprimento da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris ao longo da década. Por enquanto, a resposta é: já fizemos nossa parte. É o que demonstra, por exemplo, a eldquo;ambiçãoerdquo; para participação de renováveis na matriz elétrica: 82,7% em 2030 e 82,7% a 86,1% em 2035, abaixo dos 88% registrados em 2024. A explicação para o cálculo é que ele representa a média da última década (2015endash;2024), que oscilou entre 75% e 88% e que eventos climáticos extremos podem exigir maior despacho térmico. Ou seja, a crise climática causada pelos combustíveis fósseis pode justificar mais combustíveis fósseis. Enquanto a exposição do setor de óleo e gás às crises geopolíticas parece pesar em outra balança: o Brasil quer seguir relevante na exploração e produção de petróleo, e suas metas para o segmento miram redução da intensidade de carbono: em 32% (15 kg CO2/boe) em 2030, relativo a 2015, e manutenção desse patamar até 2035. Elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Aneel, o plano de mitigação dialoga com o recém publicado Plano Decenal de Energia 2034 (PDE 2034), que fez o exercício de modelar cenários para a transição brasileira. O objetivo é chegar a 2030 com emissões líquidas de 106 MtCOe#8322;e associadas à matriz energética, considerando o aumento da demanda por eletricidade e combustíveis. Como a meta geral para 2035 foi definida em bandas na NDC emdash; entre 1,05 a 0,85 GtCO2e emdash; a matriz energética também tem uma margem: entre 81 e 115 MtCOe#8322;e. O documento cita as emissões líquidas de 2022, estimadas em 80 MtCOe#8322;e, como referência. Uma alternativa para intermitência das renováveis emdash; expostas ao clima emdash;, as baterias não terão muita relevância na descarbonização brasileira até 2035, caso o plano se confirme. As propostas do governo são aprovar um marco regulatório para o armazenamento até 2030 e incentivar investimentos para chegar a 800 MW de armazenamento instalados nos cinco anos seguintes. Biodiesel, etanol, biometano e SAF Uma das áreas mais promissoras para substituição dos combustíveis fósseis no plano de mitigação são os transportes. Entrou na contabilidade da meta o aumento da mistura de biodiesel no diesel, como prevista na lei do Combustível do Futuro, para 20% (B20) até 2030. Há também a previsão de chegar a B25 em 2035, deslocando a demanda pelo derivado de petróleo em ônibus e caminhões. Já o etanol pode chegar a 35% de mistura na gasolina também no período decenal. A bioenergia é, aliás, uma das grandes apostas do governo brasileiro, que projeta redução de até 10% em emissões de gases de efeito estufa (GEE) no consumo de gás natural com a política que torna obrigatória o uso de biometano. E mais 2,6 a 4,5 bilhões de litros de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, em inglês) e diesel verde até 2035 emdash; ambos a serem produzidos em biorrefinarias que ainda não existem no Brasil. Meta para hidrogênio é publicar decreto O uso estratégico do hidrogênio de baixa emissão é indicado como uma das eldquo;sete alavancas prioritárias até 2035erdquo; que devem estruturar o esforço de curto e médio prazo das políticas públicas. eldquo;São vetores com alto potencial de redução de emissões, sinergia institucional e viabilidade tecnológicaerdquo;, explica o documento. Há um reconhecimento do energético como promissor para produção de combustíveis sintéticos, redução da intensidade de carbono do refino e desenvolvimento de uma indústria verde. Mas, na prática, a única meta é implementar o marco regulatório do hidrogênio e definir hubs industriais. O resultado esperado: decreto publicado até 2035.

article

Distribuidoras conseguem liminares contra bloqueio de comercialização com inadimplentes no RenovaBio

Distribuidoras estão conseguindo liminares na Justiça contra a entrada em vigor do bloqueio da comercialização de combustíveis com as companhias incluídas na lista de inadimplentes no RenovaBio pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ainda não está claro o alcance das decisões. Está prevista para segunda-feira (21/7) o início da divulgação diária da relação de companhias inadimplentes com as metas de descarbonização do programa e, portanto, impedidas de atuar no mercado. Mais de dez companhias obtiveram ordens judiciais, segundo a Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (ANDC), que representa as empresas independentes. Entre as companhias, estão a Soll Distribuidora e a Distribuidora Sul de Petróleo. eldquo;As decisões reconhecem que a inserção das distribuidoras em listas públicas de inadimplência antes do trânsito em julgado de eventuais controvérsias administrativas ou judiciais afronta princípios constitucionais como o devido processo legal e a presunção de inocênciaerdquo;, afirmou a ANDC em nota. Em pelo menos uma das ações judiciais, as empresas argumentam que a comprovação do atendimento às metas de descarbonização preveem a comprovação da aposentadoria dos créditos de descarbonização (Cbios) até 31 de dezembro de cada ano. A publicação da lista das empresas que descumprem os mandatos do RenovaBio e o bloqueio da comercialização de combustíveis com as companhias na lista de inadimplentes está prevista na lei 15.082/2024, regulamentada pelo governo federal em abril de 2025. Por isso, as companhias afirmam que não é possível exigir a comprovação da aposentadoria dos créditos para o cumprimento das metas antes da promulgação da lei. A ANDC afirma que há eldquo;abuso de poder regulatórioerdquo; pode parte da ANP e cita casos de controvérsias quanto ao cálculo das metas de aquisição de Cbios. eldquo;O que se observa de fato é um mecanismo sui generis de penalização administrativa que impõe desafios regulatórios incomunserdquo;, afirma o diretor-executivo da ANDC, Francisco Neves. O governo federal e a ANP entendem não se tratar de uma nova punição, mas uma exigência: para estarem aptas a atuar na distribuição de combustíveis, as empresas precisam cumprir com as obrigações do RenovaBio. O rito aprovado pela diretoria da ANP prevê que as distribuidoras já sancionadas em primeira instância e que continuam inadimplentes sejam notificadas, com um prazo de cinco dias para comprovar a quitação das metas. Caso contrário, serão incluídas na lista, que será atualizada diariamente, e estarão impedidas de comercializar combustíveis. O fornecimento de combustíveis aos distribuidores listados ficará vedado, sob pena de multa entre R$ 100 mil e R$ 500 milhões.

article

Chevron fecha acordo para comprar petrolífera Hess por US$ 53 bilhões

A Chevron selou a aquisição de sua rival menor, Hess, após prevalecer sobre a ExxonMobil em uma disputa judicial conturbada nesta sexta-feira (18). O acordo deu à Chevron uma participação em um dos empreendimentos petrolíferos mais valiosos do mundo. O acordo de US$ 53 bilhões (R$ 295 bilhões) estava travado há quase dois anos por uma disputa contratual argumentada perante a Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris. Receber a aprovação para finalmente comprar a Hess foi uma grande vitória para a Chevron, a segunda maior petrolífera americana, sediada em Houston, que enfrentava crescentes preocupações dos investidores sobre seu futuro caso o acordo fosse bloqueado. Com a Hess, a Chevron adquiriu uma parte de um lucrativo projeto petrolífero na costa da Guiana, na América do Sul. Também ganhou uma série de outros ativos, desde Dakota do Norte até o Sudeste Asiático, que ampliam o horizonte de oportunidades de perfuração da empresa e lhe dão capacidade de competir melhor com empresas como a Exxon, sua maior rival americana. A Chevron não perdeu tempo para concluir a aquisição. A notícia da decisão judicial chegou pouco depois das 5h da manhã nesta sexta, disse Mike Wirth, CEO da Chevron. Às 8h30, as empresas já haviam se fundido. "O resultado não é apenas bom para a Chevron, é também bom para toda a indústria", disse Wirth em entrevista ao The New York Times. Exxon e Chevron vinham disputando a participação da Hess na Guiana por mais de um ano, a um grande custo para a Chevron. A batalha deixou a petrolífera menor no limbo, incapaz de concluir seu acordo com a Hess emdash;e também incapaz de seguir em frente. O preço das ações da Chevron havia sofrido, caindo cerca de 9% desde quando a empresa anunciou o acordo com a Hess em outubro de 2023 até quinta-feira. Para a Exxon, cujo preço das ações subiu menos de 1% nesse período, havia comparativamente pouco a perder. O preço das ações da Chevron subiu cerca de 2% no início das negociações na sexta-feira. As ações da Exxon caíram ligeiramente. A disputa estava enraizada nas minúcias de um contrato que nunca foi tornado público. O desenvolvimento na Guiana é uma parceria entre três empresas. A Exxon opera o projeto e detém a maior participação, seguida pela Hess e pela CNOOC, uma empresa petrolífera estatal chinesa. O projeto é considerado um dos mais promissores do mundo e espera-se que sozinho produza cerca de 1% do petróleo mundial em poucos anos, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A Exxon afirmou que a Hess não poderia se vender sem primeiro dar à Exxon a oportunidade de comprar sua participação no empreendimento. A Chevron e a Hess sustentaram que a Exxon não estava interpretando corretamente os termos da parceria na Guiana. Com as empresas incapazes de chegar a um acordo, o destino do negócio acabou nas mãos de um painel de árbitros que ouviu o caso a portas fechadas no final de maio. O caso envolveu os três parceiros do projeto, o que significa que a Chevron tecnicamente não era parte do processo. Wirth descreveu a decisão dos árbitros como confirmando "uma prática e entendimento de longa data de que os direitos de preferência em nível de ativos não se aplicam em transações de fusão e aquisição de empresas controladoras". A CNOOC disse estar decepcionada com a decisão do painel de arbitragem, e a Exxon afirmou discordar dela. "Damos as boas-vindas à Chevron no empreendimento e esperamos continuar com desempenho líder do setor e criação de valor na Guiana para todas as partes envolvidas", disse um porta-voz da Exxon em comunicado. Em Wall Street, analistas expressaram alívio pelo fim dessa longa disputa entre as maiores petrolíferas americanas. "Acho que agora sabemos e podemos seguir em frente depois dessa novela", escreveram analistas do RBC Capital Markets em nota aos investidores. A Chevron está no meio de um esforço de redução de custos que deve encolher sua força de trabalho em 15% a 20%. Isso não inclui os funcionários que ganhará da Hess. Wirth disse nesta sexta que a Chevron logo fornecerá orientações mais específicas sobre quantos funcionários a empresa combinada manterá. "Normalmente, em uma transação como esta, há sobreposições", afirmou ele. A aquisição da Hess dá à Chevron impulso durante um período complicado para os produtores de petróleo e gás. O governo Trump está atendendo às empresas de combustíveis fósseis ao eliminar regulamentações, conceder-lhes mais benefícios fiscais e tornar mais caro o desenvolvimento de alternativas como energia eólica e solar. Mas o presidente Donald Trump tem sido muito claro que prefere que o petróleo seja barato, e está conduzindo uma guerra comercial que tem ajudado a torná-lo assim. Os preços do petróleo caíram devido a preocupações de que barreiras comerciais mais altas desacelerariam o crescimento econômico, significando menos pessoas voando, dirigindo para o trabalho e transportando materiais pelo mundo. Energia barata é boa para os consumidores, mas ruim para os resultados financeiros das petrolíferas. O principal preço do petróleo nos EUA estava sendo negociado em torno de US$ 67 por barril na manhã de sexta, cerca de US$ 10 mais baixo do que logo antes de Trump assumir o cargo.

article

BTG: Petrobras (PETR4) não deve voltar ao setor de distribuição de combustíveis antes de 2026

O BTG Pactual acredita que a Petrobras (PETR4) não deve voltar ao negócio de distribuição direta de combustíveis antes do final de 2026. No entanto, o retorno ao segmento de gás liquefeito de petróleo (GLP) enfrentaria menos barreiras práticas na visão do banco. Os analistas Luiz Carvalho, Gustavo Cunha, Daniel Guardiol, Alvaro Leyva e Juan José Muñoz estimam que o capex da companhia pode ficar abaixo da orientação atual a partir de 2026, já que a Petrobras provavelmente revisará suas suposições de preço do petróleo para baixo no plano 2025-2029 para preservar a geração de caixa estável. Os profissionais afirmam que a produção tem superado as expectativas, operando atualmente acima de 2,5 mbd contra uma orientação de 2,3 mbd, o que reforça uma geração de caixa mais forte do que o esperado. Além disso, dizem não esperar grandes atividades de fusões e aquisições. eldquo;O cenário mais provável envolveria investimentos menores em biocombustíveiserdquo;, afirmam. Com relação à política de preços, o banco afirma que a atual posição da Petrobras tem funcionado, com os preços acompanhando os mercados internacionais. Já em relação ao cenário macroeconômico, afirmam que o debate eleitoral pode levar a um menor custo de capital próprio (Ke) e uma melhor governança percebida, desbloqueando um potencial re-rating da ação e estreitando a diferença de avaliação em relação aos pares locais. Já o rendimento de dividendos ordinários permanece entre 10 e 12%, com forte potencial de ser entregue, dadas as necessidades fiscais do governo, assinalam os analistas, acrescentando que veem a Petrobras como uma sólida opção de investimento para o período de 12 a 18 meses.

article

Nova gasolina que será vendida no Brasil contará com 'truque'

Prepare-se para uma mudança relevante nos postos de combustíveis do Brasil. A partir de 1º de agosto, entrará em circulação a gasolina E30, uma nova versão que eleva para 30% o teor de etanol anidro na mistura, atualmente fixado em 27%. Essa alteração, embora pareça pequena à primeira vista, traz consigo impactos significativos tanto para o funcionamento dos veículos quanto para o mercado de combustíveis. E tem mais: essa nova gasolina também virá com octanagem mais alta, um "truque" técnico que pode melhorar a eficiência dos motores. O reforço do etanol e seus efeitos no mercado O aumento do percentual de etanol na composição da gasolina não é apenas uma escolha técnica, mas também estratégica. Isso porque o etanol é um combustível mais limpo e renovável, o que contribui para a redução de emissões de poluentes e reforça a imagem sustentável da matriz energética brasileira. Sendo assim, a medida pode impulsionar a produção nacional de cana-de-açúcar e beneficiar economicamente o setor agrícola. Além disso, o aumento do etanol pode influenciar no comportamento do motor em alguns veículos. Por isso, motoristas devem ficar atentos a possíveis variações de consumo e desempenho, principalmente em modelos mais antigos. Octanagem mais alta Vale destacar que, junto à nova proporção de etanol, a gasolina E30 terá uma octanagem maior. O índice RON (Research Octane Number) passará de 93 para 94 na versão comum. A octanagem mede a resistência do combustível à detonação. Dessa maneira, quanto maior o número, melhor será o aproveitamento da queima dentro do motor, o que pode significar mais potência e menos desgaste. Desse jeito, veículos com motores mais modernos e de alta compressão devem se beneficiar mais da nova fórmula. Com isso, a E30 promete aliar desempenho, sustentabilidade e menor impacto ambiental, uma combinação que reflete a busca por uma mobilidade mais eficiente e consciente. Cabe ressaltar que essa mudança marca um novo momento para os combustíveis no Brasil. E se o consumidor estiver atento às especificações do seu carro, a adaptação à nova gasolina tende a ser tranquila e vantajosa. (Gávea News)

article

Petróleo fecha estável com dados e tarifas dos EUA compensando novas sanções à Rússia

Os preços futuros do petróleo tiveram pouca variação nesta sexta-feira, em meio a notícias mistas sobre a economia e tarifas dos Estados Unidos e preocupações com o fornecimento de petróleo após as últimas sanções da União Europeia contra a Rússia pela guerra na Ucrânia. Os preços futuros do petróleo bruto Brent caíram 24 centavos, ou 0,3%, para US$69,28 por barril, enquanto os preços futuros do petróleo dos EUA (WTI) recuaram 20 centavos, ou 0,3%, para US$67,34. Com isso, os dois índices de referência do petróleo encerraram a semana com perda de cerca de 2%. Nos Estados Unidos, a construção de moradias unifamiliares caiu para uma mínima de 11 meses em junho, já que as altas taxas de hipoteca e a incerteza econômica prejudicaram as compras de imóveis, sugerindo que o investimento residencial contraiu-se novamente no segundo trimestre. Entretanto, o sentimento do consumidor dos EUA melhorou em julho, enquanto as expectativas de inflação continuaram a cair. A inflação mais baixa deve facilitar a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve, o que poderia diminuir os custos de empréstimos dos consumidores e impulsionar o crescimento econômico e a demanda por petróleo. Separadamente, o presidente dos EUA, Donald Trump, está pressionando por uma tarifa mínima de 15% a 20% em qualquer acordo com a União Europeia, informou o Financial Times na sexta-feira, acrescentando que o governo está agora analisando uma tarifa recíproca que exceda 10%, mesmo que um acordo seja alcançado. O aumento da inflação pode elevar os preços para os consumidores e enfraquecer o crescimento econômico e a demanda por petróleo. Na Europa, a UE chegou a um acordo sobre um 18º pacote de sanções contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia, que inclui medidas para prejudicar os setores de petróleo e energia da Rússia. eldquo;As novas sanções contra o petróleo russo impostas pelos EUA e pela Europa nesta semana foram recebidas por uma reação silenciosa do mercadoerdquo;, disseram analistas da Capital Economics em uma nota. eldquo;Isso reflete o fato de os investidores duvidarem que o presidente Trump vá cumprir suas ameaças e acreditarem que as novas sanções europeias não serão mais eficazes do que as tentativas anteriores.erdquo; A UE também não importará mais nenhum produto petrolífero feito a partir do petróleo bruto russo, embora a proibição não se aplique às importações da Noruega, Reino Unido, EUA, Canadá e Suíça, disseram diplomatas da UE. (Reuters)

Como posso te ajudar?