Drex: quando chega a moeda digital brasileira e como vai impactar sua vida
O Drex, a versão digital do real, representará um marco na evolução das transações financeiras no Brasil, comparável ao que foi o Pix, segundo indicam especialistas. A data exata para sua implementação total ainda não foi definida endash; a expectativa era a de que suas funcionalidades começassem a funcionar ainda em 2025, data que agora não é confirmada pelo Banco Central. Procurado novamente nesta quarta-feira, 28, o BC não respondeu quando a tecnologia começa a operar.
O certo é que o Drex tem um grande potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de diversos bens, entre eles veículos ou imóveis. Além disso, poderá ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios.
O que é o Drex e como ele vai operar?
O Drex é uma moeda digital brasileira, equivalente digital do real, emitida pelo Banco Central, alicerçada na tecnologia blockchain. Essa tecnologia, já empregada em criptomoedas e sistemas de armazenamento em nuvem, viabiliza um registro descentralizado, transparente e imutável de todas as transações. Isso significa que, em vez de depender de múltiplos intermediários, as operações serão registradas diretamente na rede, garantindo maior agilidade e segurança.
O Drex funciona como a moeda física, seguindo regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e política monetária. Cada real digital vale um real físico, necessitando de bancos para uso pelo cidadão.
Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex tem potencial para algo semelhante ou até mais, já que sua abrangência vai além das transferências simples, abrindo caminho para a automação de processos complexos por meio dos smart contracts (contratos inteligentes). Estes contratos, programas que executam automaticamente os termos de um acordo uma vez que as condições predefinidas são cumpridas, serão a espinha dorsal de muitas das inovações proporcionadas pelo Drex. Entenda abaixo nove mudanças no cotidiano com a entrada em vigor do real digital:
Redução de custos:
Ao eliminar intermediários e taxas associadas a processos financeiros tradicionais, o Drex tende a reduzir os custos operacionais das transações;
Otimização do tempo: Transferências e pagamentos ocorrerão de forma instantânea, 24 horas por dia, 7 dias por semana, eliminando os prazos de compensação habituais;
Maior segurança e transparência nas transações: A tecnologia blockchain assegura um registro imutável e transparente de todas as operações, elevando os níveis de segurança e mitigando riscos de fraudes;
Simplificação na aquisição e transferência de veículos e imóveis: Um dos impactos mais citados pelos próprios envolvidos no Drex será na compra, venda e transferência de veículos e imóveis. Atualmente, esses processos são caracterizados pela burocracia e morosidade. Com o Drex, espera-se que o processo seja digital e automatizado;
Documentação e registros digitalizados e automatizados: Os smart contracts permitirão que a transferência de propriedade ocorra automaticamente assim que as condições financeiras forem satisfeitas, eliminando a necessidade de múltiplas etapas e deslocamentos a cartórios, por exemplo. Ou seja, qualquer transação só será efetivada quando ambos cumprirem a sua parte no acordo: o comprador efetuando o pagamento e o vendedor entregando o bem.
Diminuição da burocracia: A interconexão de dados e a centralização das informações necessárias eliminarão a busca por documentos em diversas entidades, otimizando tempo e recursos;
Incremento da agilidade: Transações que hoje demandam dias ou semanas poderão ser finalizadas em questão de minutos, com maior segurança e menor margem de erro;
Câmbio: A promessa é a de que as operações serão 24 horas por dia, 7 dias por semana, e sejam mais baratas e rápidas por usar uma tecnologia nova. No futuro, pode até conectar moedas de outros países, tornando as trocas mais fáceis;
Cartórios: Os cartórios não serão extintos, mas seu papel será complementado e otimizado pela introdução do Drex. A nova tecnologia trará maior eficiência aos serviços notariais e de registro, agilizando procedimentos como a comprovação de quitação de pagamentos e o acompanhamento de negócios imobiliários financiados. O foco principal, que é a fé pública e a custódia de documentos, será mantido, porém de forma mais integrada e digital.
Fase atual
O BC anunciou o início da segunda fase do Piloto Drex em setembro de 2024, como é chamado agora o projeto-piloto da plataforma. Cerca da metade das 101 propostas apresentadas foram escolhidas.
O BC informou que não decidiu incluir, nesta segunda fase do Piloto Drex, novos casos. Segundo a autoridade monetária, a plataforma apresenta desafios do ponto de vista tecnológico e, na segunda fase, demanda um acompanhamento mais intensivo.
O relatório da primeira fase, divulgado no final de fevereiro deste ano, indicou a necessidade de aprofundamento de estudos que garantam privacidade, proteção de dados e segurança das transações. Veja a seguir outras perguntas e respostas sobre o Drex.
Quando o Drex foi criado?
A intenção de criar o real digital foi anunciada em 2020, quando foi criado o Grupo de Trabalho para estudar a emissão da moeda digital. Suas diretrizes foram definidas em fevereiro de 2023, mas o projeto só saiu do papel de fato a partir do ano passado, quando foi iniciado o projeto-piloto do BC junto a consórcios formados pelas instituições selecionadas.
Quem participa?
Alguns dos principais bancos do País, como Itaú, Santander, Bradesco, Nubank, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, integram a lista, que conta ainda com gigantes da tecnologia como Microsoft e Google. Fintechs e empresas especializadas em pagamentos digitais e segurança também fazem parte dos 16 consórcios ou empresas envolvidos no desenvolvimento do Drex. Esses bancos, big techs e outros participantes integraram a primeira fase.
Por qual motivo o real digital se chama Drex?
Trata-se de uma combinação de letras: o eldquo;derdquo; e o eldquo;rerdquo; fazem referência ao real digital, e o eldquo;eerdquo; vem de eletrônico. Já o eldquo;xerdquo; traz a ideia de conexão, associada à tecnologia utilizada, diz o BC.
Como as pessoas terão acesso ao Drex?
Para usar a Plataforma Drex, você vai precisar de um banco ou outra instituição financeira autorizada. Eles vão transferir o dinheiro da sua conta para a sua carteira digital do Drex. Assim, você pode fazer transações com ativos digitais de forma segura.
O Drex é o mesmo que uma criptomoeda?
Não. O Drex usará a tecnologia blockchain, que é um conjunto de códigos guardados em vários computadores para assegurar a propriedade do usuário na sua carteira digital, assim como o Bitcoin ou o Ethereum, que são criptomoedas famosas. A diferença é que o Drex é emitido de forma centralizada pelo Banco Central do Brasil e tem seu valor diretamente igual ao do real físico, e não volátil como as criptomoedas.
O Drex irá substituir o real em papel?
Não. A intenção não é a de que o Drex venha a substituir o dinheiro em espécie. eldquo;A emissão de papel moeda se dá por diversas necessidades e hábitos da população. A versão inicial do real digital será uma opção adicional ao uso de cédulas, mas endash; por ter foco no uso online endash; seu impacto sobre a demanda por papel-moeda não deve ser relevante", diz o governo federal.
Quem irá emitir o Drex?
O Drex será emitido pelo próprio BC, para transações de atacado (liquidação de transações entre instituições autorizadas). Já para as transações de varejo com clientes, será pelas instituições autorizadas pelo BC.