Ano:
Mês:
article

Etanol, biodiesel, SAF: qual a importância dos biocombustíveis para a economia brasileira?

Os brasileiros acreditam que aumentar a mistura dos biocombustíveis na gasolina e no óleo diesel pode trazer benefícios para a economia brasileira e para o meio ambiente, aponta uma pesquisa conduzida pela empresa Nexus a pedido da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República. O aumento é uma das medidas previstas no projeto de lei do combustível do futuro, já aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Lula. Os biocombustíveis são produzidos a partir de culturas agrícolas como cana-de-açúcar, soja, mamona e outros. Eles são considerados uma alternativa melhor que os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) para o meio ambiente por emitirem menos gases de efeito estufa - enquanto as plantas crescem, elas retiram carbono da atmosfera para se desenvolver, o que compensa a queima posterior nos motores. O etanol é um exemplo de um biocombustível já presente no cotidiano do brasileiro há bastante tempo, enquanto outros, como biodiesel e combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), começam a ganhar espaço. No projeto de lei do combustível do futuro, está previsto que a mistura de biodiesel ao óleo diesel deverá alcançar 20% até 2030 e poderá atingir 25% a partir de 2031, em porcentuais a serem definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Já a mistura mínima obrigatória de etanol na gasolina deverá subir de 27% para 35%. Em outros pontos, a lei cria os programas nacionais de combustível sustentável de aviação, diesel verde e biometano, além do marco legal de captura e estocagem geológica de dióxido de carbono. O governo estima que o Combustível do Futuro vai destravar R$ 250 bilhões em investimentos pelo setor privado até 2030. O marco legal prevê que o Brasil evite a emissão de 705 milhões de toneladas de dióxido de carbono (COe#8322;) até 2037. Pesquisa A Nexus entrevistou, por telefone, 2.004 pessoas com idade acima de 16 anos em todos os Estados brasileiros. No levantamento, 69% dos entrevistados afirmaram acreditar que o aumento da produção de biocombustível no País está diretamente ligado ao crescimento econômico do Brasil, e um percentual ainda maior (71%) concordaram que a medida vai gerar mais empregos nas áreas rurais por meio do incentivo à agricultura. Além disso, 66% disseram que o aumento na mistura dos biocombustíveis aos combustíveis fósseis funciona como solução ambiental, uma vez que se reduz a emissão de gases poluentes. eldquo;O aumento na demanda por biocombustíveis valoriza as commodities agrícolas, o que fortalece a balança comercial do Brasil e aumenta a arrecadação de impostos, recursos essenciais para o desenvolvimento de infraestrutura e programas sociaiserdquo;, afirma o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista ao Estadão. Silveira destaca que as cadeias produtivas não envolvem apenas as lavouras, mas também grandes e pequenos produtores, o transporte e a venda. Além das vantagens comerciais, Silveira destaca que os biocombustíveis serão fundamentais para o Brasil cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, e cita ações em prol do biodiesel. eldquo;Nesse caso, ampliar a sua mistura no diesel é uma solução rápida para a descarbonização do transporte pesado e, por isso, vamos iniciar o debate sobre a viabilidade técnica de misturas superiores a B15 (com 15% de biodiesel) para que possamos aproveitar ao máximo o nosso potencial com este biocombustível que contribui com o aumento da nossa segurança energéticaerdquo;, menciona o ministro. Utilização Se os brasileiros veem possíveis benefícios ao País com a maior utilização dos biocombustíveis, a maior parte ainda não abastece seus veículos com eles: 66% dos entrevistados na pesquisa da Nexus abastecem seus carros, na maior parte das vezes, com gasolina ou diesel. Apenas 29% usam hoje o etanol como principal combustível. A razão para isso pode ser uma preocupação com a preservação dos próprios veículos ou com os valores a pagar. Conforme o levantamento, 45% acreditam que o preço vai aumentar com a maior mistura de biocombustíveis; 44% citam que a eficiência dos automóveis pode diminuir e 43% afirmam que mais problemas mecânicos podem ocorrer - mas, caso o carro seja flex, ou seja, rode com gasolina ou etanol, os motores não devem ser afetados. Para o País como um todo, há mais benefícios por reduzir a dependência em relação aos preços internacionais do petróleo e do gás natural, diz Silveira. eldquo;O apoio da população será crucial para que o Brasil continue avançando nesse setor, consolidando-se como líder global em soluções energéticas sustentáveis.erdquo;

article

Por que as empresas petrolíferas estão se afastando da energia verde

Quando as empresas de petróleo e gás assumiram compromissos ambiciosos há quatro anos para reduzir as emissões e fazer a transição para a energia renovável, seus negócios estavam em queda livre. A demanda por combustíveis estava diminuindo à medida que a pandemia se instalava. Os preços despencaram. E as grandes empresas petrolíferas ocidentais estavam sofrendo uma hemorragia de dinheiro, com perdas superiores a US$ 100 bilhões (R$ 576 bilhões), segundo a empresa de consultoria em energia Wood Mackenzie. A energia renovável, ao que parecia para muitas empresas e investidores na época, não era apenas mais limpa - era um negócio melhor do que petróleo e gás. eldquo;Os investidores estavam concentrados no que eu diria ser a narrativa predominante sobre a mudança para a energia eólica e solarerdquo;, disse Darren Woods, executivo-chefe da Exxon Mobil, em uma entrevista ao The New York Times na semana passada, em uma conferência climática das Nações Unidas em Baku, Azerbaijão. eldquo;Eu sofri muita pressão para entrar no negócio de energia eólica e solarerdquo;, acrescentou. Woods resistiu, argumentando que a Exxon não tinha experiência nessas áreas. Em vez disso, a empresa investiu em áreas como hidrogênio e extração de lítio, que são mais semelhantes aos seus negócios tradicionais. Wall Street recompensou a empresa por essas apostas. O preço das ações da empresa subiu mais de 70% desde o final de 2019, elevando sua avaliação de mercado a um recorde de quase US$ 560 bilhões (R$ 3,2 trilhões) em outubro, embora tenha caído desde então para cerca de US$ 524 bilhões (R$ 3,02 trilhões). O desempenho da gigante americana do petróleo contrasta com o da BP e da Shell, empresas de petróleo e gás sediadas em Londres que adotaram a energia eólica, solar e outras tecnologias, como o carregamento de veículos elétricos. As ações da BP caíram cerca de 19% nesse período, com base nas negociações em Londres, enquanto as da Shell subiram cerca de 15%. A aceitação renovada dos combustíveis fósseis pelo mercado ressalta um dos principais desafios da redução das emissões globais: A mudança climática apresenta riscos que se agravam ao longo de décadas. Os cientistas afirmam que cada fração de grau de aquecimento causado pelos combustíveis fósseis traz maiores riscos de ondas de calor mortais, incêndios florestais, secas, tempestades e extinção de espécies. Mas os investidores estão concentrados em ganhar dinheiro em meses e anos. eldquo;Se quisermos combater as mudanças climáticas, precisamos fazer com que seja do interesse das empresas e dos consumidores produzir e comprar alternativas de baixo carbonoerdquo;, disse Christopher Knittel, professor de economia de energia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A eleição de Donald Trump, que descreveu o aquecimento global como uma farsa, levou a um otimismo ainda maior com relação ao negócio de petróleo e gás. A diferença entre os lucros que as empresas podem obter com a extração de petróleo e gás e o que podem ganhar com o aproveitamento de energia eólica e solar já havia oscilado acentuadamente em favor dos combustíveis fósseis nos últimos anos. O retorno médio sobre o capital entre algumas das maiores empresas petrolíferas de propriedade de investidores do mundo, uma medida fundamental de lucratividade, ultrapassou 11% no ano passado, ante 8% negativos em 2020, de acordo com uma análise da Seamp;P Global Commodity Insights. O retorno médio durante esse mesmo período para as principais empresas de energia renovável ficou em torno de 2%. eldquo;Se observarmos os retornos relativos para os acionistas, o mercado tem enviado um sinal muito claro de que deseja que as empresas de energia se concentrem em suas competências essenciaiserdquo;, disse Mark Viviano, sócio-gerente da Kimmeridge, uma empresa de investimentos em energia com sede em Denver e Nova York. eldquo;Isso não significa abandonar a transição energética, mas significa apenas ser mais pragmático em relação a ela.erdquo; Em 2020, a BP se comprometeu a reduzir sua produção de petróleo e gás em 40% até o final da década. Menos de três anos depois, ela voltou atrás e disse que aumentaria os gastos com combustíveis fósseis. A empresa deu baixa de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,33 bilhões) em investimentos eólicos offshore no ano passado e recentemente disse querer vender outros ativos eólicos, embora continue a investir em energia renovável. eldquo;Estaremos muito, muito focados em retornos, garantindo que os novos negócios concorram em nível competitivo com os negócios históricos por capital escassoerdquo;, disse o executivo-chefe da empresa, Murray Auchincloss, a analistas financeiros em uma recente teleconferência. A Shell suavizou ou descartou algumas de suas metas de redução de emissões, ao mesmo tempo em que reduziu as expectativas de crescimento de seu negócio de energia renovável. eldquo;Não nos consideramos privilegiados na geração de energia renovável para gerar retornos significativos em relação a outroserdquo;, disse recentemente Wael Sawan, executivo-chefe da Shell, a analistas. eldquo;Por isso, estamos nos afastando.erdquo; Nos Estados Unidos, onde o investimento ambientalmente consciente tem se tornado cada vez mais politizado, os investidores deixaram de questionar regularmente os executivos do setor de petróleo e gás sobre seus planos de transição energética e passaram a se concentrar em projetos com maior probabilidade de elevar os resultados financeiros em breve, disseram os executivos. eldquo;Algumas pessoas se precipitaram e seguiram caminhos que acabaram sendo, eu diria, devastadores para seus resultadoserdquo;, disse Toby Rice, executivo-chefe de uma produtora de gás natural de Pittsburgh, a EQT, em uma entrevista. eldquo;Agora eles voltaram ao centro.erdquo; Dito isso, o negócio de petróleo e gás está sujeito a grandes oscilações de preços que podem rapidamente fazer fortunas e destruí-las com a mesma rapidez. Antes da pandemia da covid-19, os investidores se afastaram dos produtores nacionais após sofrerem perdas contundentes enquanto as empresas buscavam o crescimento da produção. A energia renovável tende a ser um negócio muito mais estável. Os investidores ainda esperam amplamente que as empresas de petróleo e gás reduzam suas emissões, entre outras coisas, tapando os vazamentos de metano, um potente gás de efeito estufa. E em todo o mundo, quase duas vezes mais dinheiro está sendo investido em energia limpa do que em combustíveis fósseis, segundo a Agência Internacional de Energia, uma organização com sede em Paris cujos membros incluem os Estados Unidos e outros países industrializados. eldquo;Acho que o objetivo final ainda é amplamente endossadoerdquo;, disse Dan Pickering, diretor de investimentos da Pickering Energy Partners, uma empresa de investimentos com sede em Houston. eldquo;Estamos oscilando em torno de uma inclinação ascendenteerdquo;. O próximo ano pode representar um teste para as empresas petrolíferas e seus acionistas. Os preços do petróleo bruto nos EUA caíram de cerca de US$ 78 no ano passado para menos de US$ 70 o barril, reduzindo os lucros das empresas. No próximo ano, é provável que a produção global seja mais de um milhão de barris por dia maior do que a demanda, disse o IEA na semana passada. eldquo;Vamos ver como essas empresas se sairão se o preço do petróleo voltar a cairerdquo;, disse Amy Myers Jaffe, diretora do Laboratório de Energia, Justiça Climática e Sustentabilidade da Universidade de Nova York. (The New York Times)

article

Carros elétricos podem se tornar paradoxo ambiental

Após a ascensão dos carros elétricos, vivem-se agora a queda e o paradoxo da energia fóssil verde? Até quem chegou de Marte nas últimas semanas sabe que os carros elétricos (VEs) viraram um amuleto de narrativas, uma solução para a redução das emissões de carbono e a eliminação de combustíveis fósseis, e, assim, frear o aquecimento global e acelerar a transição energética. Mas, como de costume, medimos políticas pelo entusiasmo das ideias e não por seus resultados. Adicione previsões irrealistas, negligência e complexidade; para resolver um problema é preciso identificá-lo. O Environmental and Energy Study Institute aponta que cerca de 80% da energia consumida no mundo vem de fontes fósseis. O Journal of Industrial Ecology mostra que a produção de um VE é cerca de três vezes mais tóxica que a de um a combustão, tanto para o ser humano quanto para o ambiente. Ou seja, é mais carbono intensivo. O que isso nos diz? Que os VEs são abastecidos com energia fóssil e sua produção não é limpa. Os pontos de recarga de VEs, em regiões distantes, às vezes são alimentados por geradores a diesel; na Polônia, que estima que até 2025 1 milhão de VEs rodarão em suas estradas, tem 87% da sua matriz baseada em energia fóssil; e na Europa, 70%, segundo dados do International Energy Agency. Chegamos ao que eu chamo de eldquo;paradoxo da energia fóssil verdeerdquo;, que é uma balança desequilibrada. A transição para VEs e outras tecnologias verdes é dependente de combustíveis fósseis. A produção de baterias, por exemplo, requer fontes de energia estáveis, um desafio para as atuais fontes renováveis. Ou seja, a transição energética exige uma reestruturação significativa de infraestrutura. Mesmo com muito investimento em pesquisa e projetos de infraestrutura, levaremos décadas. Sem soluções inovadoras e vontade política, estamos longe do futuro prometido. Para entender o desafio: a produção de pás para turbinas eólicas requer a quantidade de energia fóssil necessária, aproximadamente, para suprir uma família média no Brasil por cerca de quatro anos ou 297mil km rodados de um VE (15kWh/100 km média). Os carros elétricos estão caindo em desgosto; baixa autonomia, pontos de recarga insuficientes e baixo poder de revenda nos coloca à beira de passivo ambiental. Obviamente que temos benefícios a longo prazo, mas como mensurá-lo? O entusiasmo das ideias nos faz acreditar em um cenário que, talvez, um dia chegue. (Opinião por Jaques Paes)

article

Petróleo fecha em baixa com dólar forte e apreensão no radar

Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda, com a valorização do dólar e volta das apreensões sobre a demanda contendo o impacto das preocupações sobre a guerra na Ucrânia. A sessão trouxe dados que revelaram aumento dos estoques americanos, sobretudo, de gasolina, o que acabou contribuindo para que a pressão baixista prevalecesse. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para janeiro fechou em baixa de 0,71% (US$ 0,49), a US$ 68,75 o barril, enquanto o Brent para igual mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,68% (US$ 0,50), a US$ 72,81 o barril. O mercado seguiu vulnerável ao dólar, que subiu em relação a uma cesta de outras moedas importantes, em um movimento que torna o petróleo denominado na moeda americana mais caro para compra por outros países. Os investidores assimilaram ainda o relatório do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês), que mostrou alta de 545 mil barris do petróleo na semana passada nos EUA, enquanto os estoques de gasolina tiveram aumento de 2,05 milhões barris, em contraste com projeção de queda. O Rabobank avaliou, em relatório, que a oferta dos produtores de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deve aumentar o suficiente para fazer baixar os preços do petróleo bruto e dos produtos refinados, independentemente das decisões do bloco. eldquo;Tudo o que a OPEP pode fazer neste momento é ditar quando os preços deverão cairerdquo;, observaram os analistas do bancos. eldquo;A próxima administração Trump terá menos efeito em muitos mercados de energia do que parece inicialmenteerdquo;, pontuaram os analistas. O lema eldquo;perfure, baby, perfureerdquo; é uma frase de efeito, a menos que o governo dos EUA decida subsidiar diretamente a perfuração ou comece a fazer por si mesmo a perfuração, será a economia ainda que ditará o crescimento futuro da produção de petróleo e gás, concluiu o Rabobank. As tensões geopolíticas seguiram no radar, com forças armadas da Ucrânia disparando mísseis de cruzeiro britânicos contra alvos militares dentro da Rússia pela primeira vez. As embaixadas dos EUA e de outros países em Kiev foram fechadas diante da apreensão com um ataque russo. (Estadão Conteúdo)

article

Petrobras vai investir US$ 111 bi e ampliar investimentos no downstream no plano 2025-2029

A Petrobras confirmou, nesta segunda-feira (18/11), que o Plano de Negócios 2025-2029 prevê investimentos totais de US$ 111 bilhões, sendo cerca de US$ 77 bilhões para Exploração eamp; Produção (Eeamp;P) e US$ 20 bilhões em Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC). O valor total dos investimentos é 8,8% maior do que os investimentos totais de US$ 102 bilhões previstos no Plano Estratégico 2024-2028. Confira os principais números confirmados pela estatal até o momento: Produção total de 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boe/dia), em linha com o plano anterior. Investimentos de cerca de US$ 77 bilhões no segmento de Eeamp;P, aumento de 5,5% em relação ao plano 2024-2028. Do total, US$ 7,9 bilhões serão direcionados para exploração. Investimentos de cerca de US$ 20 bilhões em Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes, aumento de 17,6% em relação ao plano 2024-2028, que previa US$ 17 bilhões para as áreas. O pagamento de dividendos ordinários vai ter uma faixa que começa em US$ 45 bilhões. Antes, essa faixa começava em US$ 40 bilhões. A empresa vai manter o teto de US$ 10 bilhões de flexibilidade para pagamentos extraordinários. O Plano de Negócios 2025-2029 foi aprovado pela diretoria da Petrobras na última quinta-feira (14/11), mas ainda será analisado pelo Conselho de Administração na próxima quinta-feira (21/11). Este será o primeiro planejamento elaborado sob a gestão de Magda Chambriard, que assumiu como CEO da estatal em maio deste ano. Os detalhes serão apresentados oficialmente nesta sexta-feira (22/11), às 11h15, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

article

Petrobras prega senso de urgência para recontratação de usinas

O gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu, defendeu nesta terça (19/11) senso de urgência na definição do Leilão de Reserva de Capacidade e que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprove uma tarifa flexível de transporte de gás, para viabilizar a recontratação de térmicas existentes. A Petrobras tem um parque termelétrico de 4,9 GW , dos quais 2,9 GW estão por perder contratos. Ele destacou que a tendência crescente de usinas sem contratos traz um risco de um eldquo;aumento sensível nas tarifaserdquo; para os usuários da malha de gasodutos. eldquo;A malha de gasodutos integrada foi originalmente dimensionada e construída para permitir o despacho pleno e simultâneo de todo o parque termoelétricoerdquo;. eldquo;À medida que os contratos originais de venda de energia elétrica forem acabando, você vai podendo ter uma desconexão dessas térmicas na malha e isso provocaria, para a mesma base regulatória, um aumento sensível nas tarifaserdquo;, afirmou Tupiassu, ao participar do workshop Gás Para Empregar e Harmonização Regulatória, em Brasília. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, existem 24 usinas (que somam 5 GW) com contratos vencidos endash; a maioria térmicas a gás. E outras 27 UTEs (5,6 GW) têm contratos por vencer até o fim de 2025, incluindo aquelas a gás, óleo e carvão. O executivo citou que cerca de 40% da demanda do sistema interligado de gás, no Brasil, está associada ao setor termelétrico. eldquo;Isso dá uma medida, aproximadamente, do que poderia acontecer se elas fossem de alguma forma conectadas ou se essa demanda fosse subtraída do sistemaerdquo;. Produtos flexíveis para térmicas Tupiassu defende a criação de tarifas de transporte flexíveis para o setor termelétrico. E sugeriu, sem entrar em detalhes, um modelo composto por duas parcelas: uma fixa (menor) e outra variável (maior). A ideia não é uma novidade. As transportadoras, preocupadas com a fuga de demanda das termelétricas, já haviam discutido em 2023 uma proposta de uma tarifa binômia, composta por uma parcela fixa e outra variável (cobrada apenas no despacho das usinas). A proposta, contudo, não avançou. A harmonização entre os setores de gás natural e elétrico é um debate antigo, mas reacendeu com a necessidade de se pensar o futuro das térmicas existentes. As transportadoras, representadas pela ATGás, têm defendido junto ao governo que as tarifas de transporte de gás sejam excluídas da composição da Receita Fixa endash; ou seja, dos critérios de seleção do Leilão de Reserva de Capacidade. Essa é uma forma de as usinas conectadas ao sistema de transporte não perderem competitividade, no leilão, para os projetos associados a terminais de gás natural liquefeito (GNL) e desconectados da malha de gasodutos endash; e que, por isso mesmo, sem pagar tarifas de transporte, saem em vantagem nos leilões. Em paralelo, as transportadoras têm se posicionado abertas a, quando operacionalmente for possível e adequado, disponibilizar medidas comerciais mais flexíveis para as térmicas. A TAG já tem feito testes nesse sentido. Preocupação com tarifaço Há uma preocupação no mercado de gás, compartilhada entre transportadoras e usuários, com a descontratação de termelétricas existentes nos próximos anos. A Nova Transportadora do Sudeste (NTS) chegou a propor, na consulta pública sobre as diretrizes do próximo Leilão de Reserva de Capacidade, que a licitação deveria priorizar a contratação de usinas conectadas na malha de transporte. O Grupo de Energia e Regulação (Gener) da Universidade Federal Fluminense (UFF) realizou uma análise do impacto tarifário para o setor de transporte de um cenário de saída das termelétricas atualmente conectadas à rede emdash; seja por descomissionamento ou por conexão direta a terminais de regaseificação. No cenário de descontratação de todas as termelétricas, a tarifa média da NTS ficaria, na média, 90% mais alta em relação ao cenário em que as usinas fossem planamente contratadas; enquanto a da TAG ficaria 31% mais cara; e a da TBG 47% maior. As transportadoras veem, assim, um risco ao equilíbrio do sistema de transporte. Isso porque o sistema de transporte funciona como uma espécie de condomínio. A transportadora é remunerada pela infraestrutura por uma receita permitida, que é repartida entre os usuários. Se o número de carregadores (quem contrata a capacidade) cai, aumenta o valor a ser pago pelos demais. Petrobras defende previsibilidade e transparência Tupiassu também endossou o coro de usuários a favor de mais transparência no setor de transporte de gás endash; o que Inclui, na visão dele, a eldquo;definição adequada e com antecedência da base regulatória de ativoserdquo;. O executivo acredita que há espaço para redução das tarifas na revisão da BRA das transportadoras a partir de 2025. eldquo;Espera-se que haja uma redução da base regulatória em efeito líquido, já considerando a amortização que está por vir. Isso, desde que as termométricas não sejam desconectadas, tende a propiciar, a partir de 2026 e daí em diante, uma redução tarifária da que nós prevemoserdquo;. O debate reacendeu na semana passada. Ao menos três diretores da ANP (Daniel Maia, Symone Araújo e, lateralmente, o diretor-geral, Rodolfo Saboia) sinalizaram apoio ao pedido do Conselho de Usuários (CdU), para abertura da base de ativos das transportadoras. A análise do pedido pela área técnica do regulador já se arrasta há dois anos.

Como posso te ajudar?