Ano:
Mês:
article

Petrobras acelera encomendas em refino ao maior nível desde Lava Jato

Com a reabertura de licitações para projetos paralisados após a Operação Lava Jato, a Petrobras fecha 2024 com a maior projeção de investimentos em refino desde a descoberta do esquema de corrupção que culminou com a maior crise recente da estatal. A aceleração das encomendas foi uma das missões dadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidente da Petrobras, Magda Chambriard, mas a empresa vem encontrando algumas dificuldades para assinar contratos devido a ofertas acima do previsto. A Petrobras fecha o ano com 7 licitações abertas para obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, 12 para projetos no antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, hoje Complexo de Energias Boaventura) e 3 para unidade de fertilizantes de Três Lagoas (MS). Tem ainda concorrências em aberto para modernização e ampliação da capacidade na Reduc (Refinaria de Duque de Caxias) e na Recap (Refinaria de Capuava), sem contar a série de concorrências em refino já encerradas no ano, com obras em andamento. "A gente ficou bastante tempo sem investir na área industrial e a gente está retornando", disse a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, em evento com representantes da indústria nacional no início de dezembro. Lotado, o evento era um termômetro do ânimo de fornecedores com a variedade de licitações na área de refino, vistas como oportunidades de retomar o fôlego perdido após a suspensão de grandes projetos ao fim do governo Dilma Rousseff (PT). A Petrobras não abre valores exatos das encomendas, mas em cerimônias durante o ano disse que a retomada das obras da Rnest, do Complexo Boaventura e da UFN-3 custará cerca de R$ 25 bilhões. Outros R$ 7 bilhões serão investidos na Reduc. "São investimentos menores, se comparados aos de exploração e produção, mas oferecem muito mais oportunidades", diz Alberto Machado, diretor-executivo para a área de petróleo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Isso porque as plataformas costumam vir quase prontas do exterior, enquanto as obras das refinarias têm que ser feitas no país. "Mesmo que importe um ou outro equipamento, sempre tem mais chance para a indústria local." O setor vive hoje um nível de ociosidade em torno de 25% a 30%, afirma Machado, mas pode expandir rapidamente a produção com a elevação das encomendas. Baruzzi disse no evento do Rio que a divisão das licitações em vários pacotes visa dar chances a um número maior de empresas. "A gente entende que é um momento de retomada", afirmou. "Então, a gente quer dar oportunidade para que as empresas possam participar desses projetos e cresçam novamente. O plano estratégico da Petrobras prevê um total de US$ 19,6 bilhões (R$ 120 bilhões, ao câmbio atual) para a área de refino, petroquímica e fertilizantes, crescimento de 17% em relação à versão anterior, a primeira sob o terceiro mandato de Lula. Apenas para refinarias, a estatal prevê US$ 15,2 bilhões (R$ 90 bilhões), mais do que o dobro do planejado no último plano do governo Jair Bolsonaro (PL), que via o refino como negócio secundário, e o maior valor desde 2014, antes da Lava Jato. Além das licitações já abertas, a gestão Magda planeja para os próximos anos expansões nas refinarias de Paulínia, Cubatão e Porto Alegre. A empresa alega que os investimentos já aprovados são viáveis e darão lucro. Mas algumas das primeiras propostas abertas para a Refinaria Abreu e Lima vieram com preços acima do esperado e os pacotes estão sendo relicitados. Entre os proponentes com valores acima do esperado estavam Andrade Gutierrez e Novonor (ex-Odebrecht), duas das empresas alvo da Operação Lava Jato. A Petrobras não havia respondido ao pedido de entrevista até a publicação deste texto, mas, no evento com a indústria nacional, Baruzzi chamou as licitações malsucedidas de "acidentes empresariais". "Cada vez que tem um acidente, a gente tem que aprender com esse acidente. Então, a gente conversa com o mercado, vê o que aconteceu, tenta entender, tenta ajustar. E é isso que a gente tem feito", afirmou a diretora da Petrobras. A elevação de preços não é um problema apenas para os investimentos de refino. Na área de exploração e produção de petróleo, a Petrobras também vem buscando alternativas para reduzir os valores das encomendas. O mercado de plataformas ficou concentrado em poucas empresas, e o crédito para esse segmento está mais escasso, o que encarece a construção. A estatal vem tentando há anos, por exemplo, viabilizar plataformas para descobertas gigantes de gás no litoral de Sergipe. Na mais recente tentativa, decidiu testar uma modalidade de compra de plataformas que prevê operação assistida pelo fabricante durante um período. Com a compra, facilita o acesso do construtor a crédito. A operação assistida lhe dá garantia contra eventuais problemas na implantação. A Petrobras já aprovou encomendas de cinco plataformas nos próximos quatro anos emdash;outras seis estão em planejamento. Além disso, estima a necessidade de cerca de 3.500 quilômetros de dutos e cerca de 300 sistemas submarinos para poços. Atualmente, tem licitações abertas para a construção da plataforma P-86, que será usada na revitalização de campos da bacia de Campos, de barcos de apoio à produção em alto-mar e recentemente recebeu proposta para a compra de navios para o transporte de combustíveis.

article

PUBLICIDADE Gasolina, diesel e biodiesel devem ter demanda maior em 2025, projeta StoneX

O consumo de gasolina C (vendida nas bombas, com adição de etanol hidratado) e óleo diesel B (com adição de biodiesel) devem crescer em 2025, em razão de uma economia mais acelerada e do fortalecimento do consumo interno destes combustíveis. O biodiesel também deve ter a demanda mais elevada no ano que vem, ao passo que o etanol hidratado deve apresentar recuo. Os dados fazem parte das projeções da empresa de inteligência de mercado e consultoria StoneX, divulgados nesta semana. Segundo as estimativas, o consumo de gasolina no país no ano que vem deve ser de 45,9 milhões de metros cúbicos, alta de 3,4% na comparação com 2024, que deve encerrar com 44,4 milhões de metros cúbicos vendidos. A consultoria destaca, ainda, dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) segundo os quais as vendas de gasolina C chegaram a 3,8 milhões de metros cúbicos em outubro, o melhor valor desde agosto de 2023 e 3,9% acima do verificado no mesmo mês no ano passado. Com isso, as projeções indicam que o volume de vendas de gasolina C em 2025 tende a se aproximar do recorde da série histórica, registrado em 2023. Para ler esta notícia, clique clique aqui.

article

Petróleo fecha perto da estabilidade com peso de ameaças tarifárias de Trump

O petróleo fechou perto da estabilidade nesta sexta, em leve alta. Mais cedo, a commodity era impulsionada pelos dados de inflação mais fracos na economia americana, mas perdeu fôlego após a ameaça do presidente eleito Donald Trump de impor tarifas aos países da União Europeia, caso não comprem mais gás e petróleo dos Estados Unidos. No fechamento, o contrato futuro do Brent (referência mundial) com vencimento em fevereiro subiu 0,08%, cotado a US$ 72,94 por barril, e o WTI (referência americana) teve alta de 0,12%, a US$ 69,42 por barril. A commodity recuou 2,15% na semana (Brent) e 1,9% (WTI), com o peso de um tom mais hawkish do Federal Reserve e as novas ameaças tarifárias de Trump.

article

O desafio da Petrobras na busca por novas reservas de petróleo

Para a Petrobras o grande desafio da hora está em fazer grandes investimentos em novas fronteiras produtivas destinadas a recompor reservas, sem comprometer as exigências ambientais que cercam sua atividade. A produção brasileira de petróleo atingiu em outubro os 3,26 milhões de barris por dia, dos quais 78% provieram dos campos do pré-sal, onde ocorreram as principais descobertas antes dos leilões de partilha, iniciados em 2013. A Petrobras estima alcançar o pico de sua produção de petróleo no fim desta década, entre 2028 e 2030, quando deve extrair 4,6 milhões de barris por dia. A partir daí, a previsão é de que a produção entre em declínio. Se não contar com novos campos para explorar endash; entende a empresa endash; a segurança energética do Brasil poderá ficar comprometida. Em seu mais recente plano de negócios, anunciou o aporte de US$ 77,3 bilhões na área de exploração e produção até 2029. A presidente da estatal, Magda Chambriard, tem se mostrado entusiasmada com o avanço das atividades exploratórias, especialmente na costa brasileira. Mas há mais em jogo. Como o pré-sal deverá começar a soluçar, será preciso redecifrar o mapa do tesouro. Os melhores sinais apontam para a Margem Equatorial, que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, onde a Guiana tem encontrado grandes jazidas de hidrocarbonetos. Mas a exploração da área enfrenta resistência dos organismos de proteção ambiental. O impasse continua sem solução endash; nem técnica nem política. Outra região promissora é a da Bacia de Pelotas, que mostra grande potencial diante das recentes descobertas na Bacia de Orange, na Namíbia, área com a qual tem correspondência geológica. Estimativas preliminares dão conta de que a Bacia de Pelotas contém entre 10 e 20 bilhões de barris de óleo recuperável. A Petrobras já assinou 29 contratos de concessão na área. Além das possíveis reservas no País, a Petrobras tem trabalhado para diversificar o seu portfólio exploratório, com presença em blocos na costa do continente africano e em reservas de gás na Colômbia. O geólogo Pedro Zalan adverte que a demanda por energia deve crescer para além do projetado até aqui, em consequência do aumento do consumo pelos data centers, à medida que os gigantes da tecnologia direcionam bilhões de dólares em infraestrutura para desenvolvimento da inteligência artificial. eldquo;Todas as grandes empresas de petróleo do mundo estão reforçando os investimentos em exploração de petróleo porque a demanda por energia vai aumentar muito, especialmente para atender esses mercado da tecnologia. Se a situação na Margem Equatorial não avançar, a Petrobras ainda tem condições de reforçar suas reservas com a recuperação de campos maduros no pré-sal e na Bacia de Pelotas. Ainda há a Bacia Sergipe-Alagoas, onde ela vem instalando plataformas para exploração em águas profundas para aumentar seu portfólio nos próximos anoserdquo;, explica o especialista A indústria de petróleo terá importância nessa transição verde e o óleo dificilmente perderá o destaque como fonte energética. Daí a importância da recomposição de reservas da Petrobras, principalmente para exportação.

article

Invasão de montadoras chinesas muda rotina de cidades brasileiras

Na recepção de um hotel em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, dois chineses fazem check-in com o auxílio do celular. Funcionários de uma empresa fornecedora de eldquo;robôs logísticoserdquo; endash; como empilhadeiras automáticas endash; para a montadora BYD, eles usam um aplicativo de tradução para conversar com a recepcionista. Desde que a montadora chinesa iniciou no primeiro semestre deste ano suas obras nessa cidade de 300,4 mil habitantes, o fluxo de chineses nos estabelecimentos comerciais é crescente endash; apesar de não ser uma novidade. Polo industrial, Camaçari já está acostumada, segundo os moradores, com estrangeiros que vêm visitar as fábricas. O município, por exemplo, é sede de uma planta da também chinesa Sinoma, que fabrica pás eólicas. O volume maior de orientais pelas ruas, porém, é a novidade de 2024. Carros elsquo;vetadosersquo; Mercados dos EUA e da Europa criaram restrições comerciais para os veículos chineses O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região (Sindticcc) calcula que mil operários trabalham hoje nas obras da fábrica de carros eletrificados da BYD, sendo 500 deles orientais. De acordo com a montadora, os chineses foram contratados por empresas terceirizadas por possuírem eldquo;expertise na construção deste tipo de fábrica que tem diversas características únicas de tecnologiaerdquo;. Questionada pela reportagem, a empresa não informou quantos estrangeiros trabalham na obra. A presença de trabalhadores chineses nas cidades brasileiras é uma das faces mais visíveis de uma transformação da indústria automotiva. Com cus to inferior e tecnologia elétrica, a China vem inundando o mundo todo com seus carros, e as montadoras tradicionais perdendo competitividade. Os mercados americano e europeu, no entanto, criaram restrições comerciais para os veículos chineses, e o país de Xi Jinping viu o Brasil como alternativa. É um destino com alta demanda por veículos e capacidade de se tornar base exportadora para toda a América do Sul. eldquo;Os chineses começaram exportando pequenos volumes de carros elétricos para o Brasil, que passou a aceitar o produto. Automaticamente, deuse a decisão de que o Brasil será a porta para a ocidentalização dos veículos chineseserdquo;, diz o consultor Ricardo Roa, sócio da consultoria KPMG e especialista no setor automotivo. Além da fábrica da BYD em Camaçari, o Brasil também receberá uma planta da GWM. A montadora está adaptando uma antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (a 165 quilômetros de São Paulo) para produzir carros eletrificados. A GAC, quinta maior montadora chinesa, afirma que investirá US$ 1 bilhão até 2029 para produzir no Brasil. Ela não revela quando iniciará a fabricação, mas, segundo pessoas a par do assunto, ela tem entre suas opções a compra da planta da Toyota em Indaiatuba (SP), que será desativada até 2026. A Neta Auto também estaria de olho na fábrica da japonesa, e a Omoda/Jaecoo (Oeamp;J) negocia um local para montagem de CKDs (conjunto de peças que vem pronto da China e são agregados aqui, com pouco ou nada de componente local) em 2025. OBRAS. Na Bahia, a presença de chineses também deve crescer na construção civil, com as obras da ponte de 12,4 km entre Salvador e a ilha de Itaparica por um consórcio chinês. O governo de Jerônimo Rodrigues (PT) retomou as conversas com as companhias chinesas após ameaçar romper o contrato, no início deste ano, devido a custos adicionais que elevariam o preço da obra orçada inicialmente em R$ 13 bilhões. Enquanto não movimentam Salvador, os chineses mudam o cenário de Camaçari. Por lá, já há alguns bairros famosos por concentrar os orientais, como o Inocoop. A partir das 6h, eles ocupam as ruas da vizinhança enquanto esperam o transporte que os levam para a fábrica da BYD. O mesmo acontece entre 17h e 18h30, quando retornam da planta.

article

Economistas veem risco de perda de poder do BC para calibrar a economia

Nas últimas semanas, os economistas começaram a debater se o Brasil enfrenta uma situação bastante delicada, em que o Banco Central perde a capacidade de operar na economia por meio da alta de juros. O processo em que o BC vê a potência da política monetária não trazer o resultado esperado é chamado de eldquo;dominância fiscalerdquo;. Nessa situação, a economia vive um ciclo perverso. A alta de juros piora o custo da dívida endash; já bastante elevada endash;, a percepção de risco dos investidores com a economia aumenta, o que desvaloriza ainda mais o câmbio e, consequentemente, traz impacto para a inflação. eldquo;Quando o BC sobe a taxa de juros, tende a atrair capital, porque o País fica mais atrativo, oferece mais retorno ( para o investidor). O dólar cai, e isso ajuda a trazer a inflação para baixoerdquo;, afirma Felipe Salles, economistachefe do C6 Bank. eldquo;Mas não estamos vendo isso acontecer. Dado que a dívida é muito elevada, quando aumenta a taxa de juros, o impacto fiscal que isso tem é significativo, não é desprezível.erdquo; No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual - para 12,25% ao ano endash; e adotou um tom considerado duro e surpreendente por parte do mercado: assegurou mais duas altas da mesma magnitude. No entanto, diferentemente de outras ocasiões, o que se observou foi um avanço do dólar em relação ao real. A moeda americana bateu R$ 6,20 na terça-feira e só caiu na sextafeira, quando foi a R$ 6,07, queda de 0,84%, após seguidas intervenções do BC durante toda a semana passada. eldquo;Esse tema ( da dominância fiscal) entrou em discussão, porque o BC tem sido agressivo, anunciou uma alta de juros forte, fez intervenção no câmbio e, mesmo assim, nada aconteceuerdquo;, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. INVESTIDORES. O que os investidores olham e se preocupam endash; e muito endash; é com a dificuldade de o Brasil conseguir interromper o endividamento crescente. O País tem uma dívida considerada elevada para uma economia emergente. Em 2024, deve encerrar em 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e subir a 81,9% do PIB no próximo ano, de acordo com as projeções coletadas pelo sistema de expectativas do Banco Central. A dívida só deve estabilizar em 2030, quando terá ultrapassado o patamar de 90% do PIB. Mas o País está em dominância fiscal? Por ora, a avaliação é de que não, embora haja sinais de perda de potência da política monetária não só no câmbio, mas também na atividade econômica. eldquo;Não vemos a possibilidade de estar em dominância fiscal como sim ou não. São vários graus. E como a gente entende a dominância fiscal? É o ponto em que a política monetária para de fazer efeito. Já chegamos nesse ponto? Ainda nãoerdquo;, afirma Salles, do C6 Bank. Na leitura de Vale, da MB Associados, um cenário mais definitivo de dominância fiscal pode ser alcançado num próximo governo se não houver nenhuma medida de acerto das contas públicas. eldquo;São dois anos em que essa tensão pode aumentar, infelizmenteerdquo;, afirma Vale. ebull;

Como posso te ajudar?