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Etanol de milho já vislumbra superar o longo domínio da cana

Cinquenta anos após o Proálcool criar para as usinas de cana-de-açúcar do país um enorme mercado alternativo ao tradicional açúcar brasileiro, as empresas do setor estão agora em uma sinuca de bico. Além de se depararem no momento com a volta da Índia e da Tailândia ao mercado global de açúcar, as usinas brasileiras deverão em menos de dez anos perder o domínio da oferta nacional de etanol para as usinas de etanol de milho. Nas projeções da consultoria Datagro, com as usinas de etanol de milho que estão hoje em operação, em construção e em projeto, a capacidade instalada de produção de etanol a partir do cereal será de 24,7 bilhões de litros em 2034. O volume é praticamente o que as usinas de etanol de cana produzem atualmente emdash; nesta safra, devem fabricar 25 bilhões de litros. E não há perspectivas de que elas aumentem sua produção na próxima década. Isso significa que, daqui nove anos, metade da produção brasileira de etanol será oriunda do processamento de milho. E, ainda que se trate da mesma molécula, o etanol de milho é muito mais competitivo do que o etanol de cana. Com os preços atuais de milho e de DDG (coproduto do processamento do grão), o etanol fabricado em uma usina em Sorriso, por exemplo, custa R$ 1,82 o litro, enquanto o custo de produção de etanol de cana (sem considerar o custo financeiro) é 60% maior, de R$ 2,86 o litro. Mesmo que o preço do DDG caia, o que eliminaria o crédito que as usinas de etanol de milho têm com sua venda, o custo de produção de etanol do cereal iria para R$ 2 o litro, ainda abaixo do de cana. Mesmo o etanol produzido em regiões onde o milho é mais caro ainda tem se mostrado mais competitivo do que o etanol de cana. Tem sido o caso do Nordeste. Com o início da oferta de etanol de milho da usina da Inpasa em Balsas (MA), o litro do etanol anidro está chegando na Paraíba R$ 0,20 abaixo do preço local do produto, mesmo pagando frete para uma distância de mais de mil quilômetros, afirmou Edmundo Barbosa, presidente do Sindaçúcar-PB. Apesar de haver oito usinas no Estado, a Paraíba depende da produção de etanol anidro de outros Estados para abastecer sua demanda interna. Porém, há relatos de distribuidoras que já estão priorizando a venda local de etanol de milho do Maranhão do que a do produto feito localmente. Segundo Nastari, a entrada do etanol de milho que vem sendo produzido no Centro-Oeste e agora também no Matopiba vai reduzir significativamente o déficit de oferta de etanol no Nordeste. eldquo;Nós prevemos que, até 2030, 85% do déficit do Nordeste acabaráerdquo;, afirmou. Na safra passada regional (2024/25, encerrada em agosto), o consumo de etanol na região foi 3,95 bilhões de litros maior do que a produção local. Nesta temporada, a diferença deve cair para 3,5 bilhões de litros, com a entrada de 420 milhões de litros de etanol de milho, estimou a Datagro. Centro-sul terá pressão da concorrência A entrada do etanol de milho no Nordeste deverá tomar o mercado que hoje é atendido pelo etanol que as usinas do Centro-Sul atendem via cabotagem. eldquo;Haverá mais etanol no Centro-Sulerdquo;, afirmou Nastari. O cenário de pressão da concorrência já está colocado para a próxima safra do Centro-Sul. Em fevereiro, entrará em operação a usina da Inpasa em Luís Eduardo Magalhães (BA). Com esta e outras usinas de etanol de milho começando a operar, a produção adicional de etanol de milho na próxima safra deverá ser de 3 bilhões a 3,5 bilhões de litros, segundo a Datagro. A concorrência no mercado de etanol vem em um momento em que as usinas de cana também enfrentam a perspectiva de maior oferta de açúcar de outros países, o que está derrubando os preços internacionais emdash; ontem, os contratos para março de 2026 fecharam a 15,24 centavos de dólar a libra-peso. Na cotação atual, o preço do açúcar vem dando prejuízo às usinas de cana, já que o custo médio de produção no Centro-Sul está em 16,40 centavos de dólar a libra-peso, segundo a Datagro. A safra na Índia acaba de começar e as perspectivas são de recuperação da produção emdash; a consultoria estima que o país produzirá 32,1 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, já descontado o volume destinado à produção de etanol. Ainda que o país venha aumentando a demanda por etano para atender seu programa de mistura, hoje em 20%, a produção indiana de etanol vem crescendo em boa parte graças a investimentos também em etanol de cereais. Como consequência, a oferta de açúcar da Índia voltou a pressionar o mercado. eldquo;O Brasil voltou a ser percebido como um fornecedor marginal do mercado [de açúcar]erdquo;, afirmou Nastari. Há um consenso entre analistas e executivos de usinas de que o preço do açúcar deverá ter alguma correção para cima nos próximos meses, dado que os fundos especulativos estão com forte posição vendida na bolsa, o que pode ser recomprado em algum momento. Por ora, porém, os fundamentos não abrem espaço para aumento de preços, já que o mercado global deve ter uma safra global com superávit de oferta. Sem margem no mercado de açúcar e com pressão de concorrência no etanol, as usinas de cana devem entrar em um novo ciclo de aperto financeiro.

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Lei que aperta o cerco contra combustível ilegal precisa avançar na Câmara

Diante da urgência de encontrar novas fontes de arrecadação sem aumentar impostos, o Congresso Nacional tem uma oportunidade única de recuperar perdas tributárias superiores a R$ 14 bilhões anuais e ainda combater o crime organizado, que se financia pela venda ilegal de combustíveis adulterados. Trata-se do projeto de lei complementar (PLP) 125/2022, já aprovado pelo Senado, mas que está parado na Câmara dos Deputados. O projeto de lei cria um "Código de Defesa dos Contribuintes" e tipifica a figura do "devedor contumaz", aquele que usa a sonegação e a inadimplência como modelo de negócio fraudulento para praticar concorrência desleal. O projeto, que foi aprovado por unanimidade no início de setembro pelo Senado, teve impulso após as megaoperações Carbono Oculto e Cadeia de Carbono, da Receita Federal e da Polícia Federal, contra a máfia dos combustíveis. "A Câmara tem sinalizado que não quer projeto que gere aumento de impostos. Ótimo, nós também não queremos. O projeto do Devedor Contumaz (PLP 125/2022) traz para a formalidade quem hoje não paga imposto", afirma Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal (ICL). O projeto possibilita que a Receita Federal e a Receita Estadual caracterizem e tipifiquem as empresas como devedoras contumazes e estabeleçam regimes especiais de tributação e fiscalização, cessando novos débitos. Coíbe ainda a utilização de "laranjas" em todos os setores econômicos, e em especial no setor de combustíveis, podendo inclusive suspender o CNPJ. A proposta legislativa foi listada como uma das dez prioridades do governo federal apresentadas ao Congresso e tem forte apoio da Receita Federal. A operação Carbono Oculto mostrou que a fraude fiscal no setor de combustíveis deixou de ser apenas um crime tributário para se tornar uma das principais fontes de financiamento e lavagem de dinheiro por facções criminosas. O modelo de negócio do devedor contumaz é usado por facções do crime organizado, como o PCC, para lavar dinheiro e financiar atividades como venda de armas e drogas. O ICL destaca que o devedor contumaz não é um empresário em dificuldades financeiras, mas um fraudador que usa a sonegação e a inadimplência sistemática para competir em seu negócio. O setor de combustíveis estima que o passivo tributário acumulado pelos devedores contumazes apenas com a venda de gasolina, diesel e álcool adulterados ou ilegais já ultrapassa R$ 207 bilhões. É dinheiro que deixa de ser usado em setores essenciais, como saúde, educação e segurança, e vai para a mão de criminosos. Estimativas conservadoras do setor de combustíveis apontam que a aprovação da lei e o consequente combate aos sonegadores profissionais podem trazer para a economia formal cerca de 15 bilhões de litros de combustível por ano. O impacto pode superar R$ 14 bilhões anuais, considerando apenas o setor de combustíveis, segundo estudo da FGV. Dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) indicam que a recente interdição de uma refinaria no Rio de Janeiro já resultou em um ganho de arrecadação de aproximadamente R$ 200 milhões em ICMS para os cofres dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. "Esse é o caminho para o governo equacionar um problema de caixa e, de quebra, enfrentar uma questão de segurança pública. Em vez de aumentar a carga de quem já paga, vamos cobrar de quem usa a sonegação como modelo de negócio para financiar, inclusive, o crime organizado", ressalta Kapaz. O ideal, segundo o presidente do ICL, é que o texto seja aprovado sem alterações na Câmara dos Deputados para não precisar retornar ao Senado, garantindo a celeridade que o tema exige. CASO DA NAFTA Há um outro ponto em discussão no Congresso Nacional que envolve o setor de combustíveis e que também deixa brechas para crime organizado e os devedores contumazes. Trata-se de regulamentação da Reforma Tributária que, se aprovada, altera a tributação sobre a nafta importada. Ela deixa de ser por substituição tributária plurifásica e passa a ser monofásica, o que simplifica a fiscalização e garante a tributação completa, dificultando a evasão fiscal. A Receita Federal e a Política Federal, por meio da Operação Cadeia de Carbono, retiveram as cargas de quatro navios com mais de 200 milhões de litros de combustíveis, avaliados em cerca de R$ 1 bilhão, sob suspeita de desvio de finalidade, sonegação fiscal e adulteração de combustíveis com declaração de finalidade imprópria. Ocorre que a nafta, que deveria ser usada pela indústria petroquímica, tem tributação inferior e acaba sendo misturada ao etanol e vendida nos postos como gasolina, numa operação que lesa o Fisco e os consumidores. "As duas pautas [PLP 125/2022 e monofasia da nafta] se complementam e representam um avanço civilizatório. São ferramentas poderosas para asfixiar financeiramente o crime, proteger o bom empresário e garantir que os recursos que hoje são desviados possam ser investidos em benefício de toda a sociedade", conclui Emerson Kapaz. INTERDIÇÃO As operações Carbono Oculto e Cadeia de Carbono, que envolveram Polícia Federal, Receita Federal, Marinha e ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no combate a fraudes tributárias e na adulteração de combustíveis, provocaram a interdição da Refit, refinaria sediada na zona norte do Rio de Janeiro. A Refit respondia pelo abastecimento de 20% do mercado do Rio de Janeiro e de 10% do de São Paulo. Cálculos do IBP apontam que a Refit deixava de recolher, em média, R$ 15 milhões por dia em tributos aos fiscos fluminense e paulista, resultado da soma das suas operações de gasolina, diesel e etanol. A empresa nega.

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Petróleo fecha em alta nesta terça-feira (21/10), mas ações da Petrobras recuam na B3

Nesta terça-feira, 21 de outubro de 2025, o mercado de petróleo apresentou sessão volátil, mas terminou o pregão com ganhos moderados. A commodity reagiu à mínima recente registrada na segunda-feira, em meio a fatores geopolíticos e expectativas sobre negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Investidores seguiram atentos também aos dados de estoques de petróleo divulgados pelo Departamento de Energia dos EUA. Mercado de petróleo O Petróleo WTI (CCOM:OILCRUDE) abriu o dia a US$56,90, oscilou entre mínima de US$56,37 e máxima de US$58,08, fechando em US$57,55, com alta de US$0,60 (+1,05%). Já o Brent (CCOM:OILBRENT) teve abertura a US$60,78, mínima de US$60,27 e máxima de US$61,90, encerrando o pregão em US$61,38, alta de US$0,56 (+0,91%). Resumo do dia em tópicos: Abertura: WTI US$56,90 | Brent US$60,78 Máxima: WTI US$58,08 | Brent US$61,90 Mínima: WTI US$56,37 | Brent US$60,27 Fechamento: WTI US$57,55 (+1,05%) | Brent US$61,38 (+0,91%) Fatores de influência: tensões geopolíticas, negociações EUA-China, dados de estoques nos EUA Empresas petrolíferas brasileiras Na B3, os papéis da Petrobras registraram queda mesmo com a valorização do petróleo. As ações ordinárias (BOV:PETR3) fecharam a R$31,20 (-1,14%), enquanto as preferenciais (BOV:PETR4) encerraram a R$29,54 (-0,71%). Nos EUA, os ADRs da Petrobras (NYSE:PBR) | (NYSE:PBR.A) recuaram 0,69% e 1,08%, respectivamente. Outras empresas do setor apresentaram variações mistas: PetroRio (BOV:PRIO3) fechou a R$35,08, recuo de 0,93%. PetroReconcavo (BOV:RECV3) avançou 0,49%, encerrando a R$12,31. Pet Manguinh (BOV:RPMG3) teve forte queda de 10,30%, a R$2,09. Brava Energia (BOV:BRAV3) recuou 5,97%, fechando a R$14,18. O CEO da Petrobras destacou que o avanço nas negociações com o Ibama pode acelerar novas licenças na Foz do Amazonas, região estimada com até 30 bilhões de barris. Além disso, a produção no pré-sal atingiu recorde em setembro de 2025, segundo dados divulgados pela Agência Brasil. Empresas petrolíferas internacionais Entre as grandes empresas internacionais, o desempenho foi misto: BP (LSE:BP) avançou 0,82%, a US$413,80. Shell (LSE:SHEL) teve leve alta de 0,22%, fechando a US$2.717,00. TotalEnergies (EPA:TTE) subiu 0,29%, a US$52,65. ConocoPhillips (NYSE:COP) recuou 0,75%, a US$86,41. Chevron (NYSE:CVX) fechou em US$153,79, queda de 0,45%. Exxon Mobil (NYSE:XOM) praticamente estável, encerrando em US$112,71 (+0,01%). Equinor ASA (OSE:EQNR) avançou 0,17%, a US$23,21. ENI (BIT:E) recuou 0,60%, a US$34,59. Analistas internacionais apontam que as grandes petroleiras estão em um ponto de inflexão, com lucros pressionados e necessidade de adaptação diante de cenários de transição energética. Conclusão Apesar da alta do petróleo nesta terça-feira, a cautela permanece no setor, refletindo preocupações com a oferta global, a geopolítica e o cenário macroeconômico. A volatilidade das commodities mantém a atenção de investidores e reforça a relevância das empresas de exploração de petróleo para a economia brasileira. Para acompanhar em tempo real o desempenho das commodities, acesse a Central de Commodities da ADVFN.

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O preço da gasolina no Brasil é caro ou barato? Compare com o mundo

A recente redução no preço da gasolina anunciada pela Petrobras reposicionou o Brasil no cenário global, mas a pergunta do consumidor permanece: o combustível aqui é caro ou barato? A resposta é que o país ocupa uma posição intermediária. O valor que chega à bomba, mesmo após a queda, ainda está longe de ser um dos mais baixos do mundo. Enquanto em países como Hong Kong e Cingapura o litro da gasolina facilmente ultrapassa o equivalente a R$ 14, em nações produtoras com fortes subsídios, como Irã e Venezuela, o custo é irrisório. O Brasil fica em um meio-termo, com preços superiores aos praticados nos Estados Unidos, mas abaixo da média da maioria dos países europeus. A diminuição reflete a nova política comercial da Petrobras, que busca maior flexibilidade ao abandonar a paridade de importação. A intenção é dar mais peso aos custos de produção internos, tornando os preços mais competitivos e estáveis para o mercado nacional. No entanto, o valor pago pelo motorista na bomba não depende apenas da estatal. Diversos fatores compõem o preço final do combustível, tornando-o uma soma complexa de custos e tributos. Entender essa estrutura é fundamental para saber por que uma redução na refinaria nem sempre chega com a mesma intensidade ao consumidor. Comparativo com o mundo De acordo cm a plataforma globalpetrolprices.com, o preço médio de um litro de gasolina no Brasil é de R$ 6,22, com base em dados coletados entre 12 e 18 de outubro de 2025. A Petrobras anunciou uma redução de 4,9% no preço para as distribuidoras a partir de 21 de outubro, passando para R$ 2,71 por litro, o que pode refletir em queda nos postos nas próximas semanas. Para comparar com outros lugares do mundo, foram utilizados preços em dólares americanos (USD) por litro, para facilitar a uniformidade na comparação internacional. Os dados são principalmente de setembro de 2025 (alguns de outubro), e o Brasil aparece com cerca de US$ 1,16 por litro nesse período. Confira abaixo uma tabela com exemplos de países, ordenados do mais barato ao mais caro, representando diferentes regiões: País Preço (USD/litro) Venezuela 0.01 Kuwait 0.28 Irã 0.36 Egito 0.40 Arábia Saudita 0.62 Rússia 0.76 Estados Unidos 0.84 China 0.85 Índia 1.07 Brasil 1.16 Japão 1.18 Austrália 1.21 África do Sul 1.25 México 1.28 Turquia 1.30 Reino Unido 1.82 Alemanha 2.04 França 2.07 Itália 2.12 Noruega 2.13 Cingapura 2.84 Hong Kong 3.65 Esses valores incluem impostos e variam por fatores como subsídios, impostos e custos de produção. O preço médio mundial é de US$ 1,29 por litro. Assim, o Brasil está ligeiramente abaixo da média global, mas acima de produtores de petróleo como Venezuela e Arábia Saudita, e abaixo de países europeus com altos impostos. O que forma o preço da gasolina na bomba O valor que se paga ao abastecer é resultado de uma cadeia de custos. A fatia da Petrobras corresponde a apenas uma parte do total. Veja abaixo como o preço final é composto e entenda o peso de cada etapa no valor que chega até você. Preço da Petrobras: representa o valor pelo qual a gasolina pura, sem etanol, sai das refinarias para as distribuidoras. É sobre essa parcela que incidem as reduções anunciadas pela empresa. Tributos federais: incluem a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e o PIS/Cofins. Esses impostos podem ser alterados pelo governo federal para regular o preço final. ICMS: é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, um tributo estadual. Sua alíquota varia de um estado para outro, o que explica por que a gasolina tem preços diferentes em cada região do Brasil. Custo do Etanol Anidro: por lei, a gasolina vendida no Brasil deve conter uma mistura obrigatória de 27,5% de etanol. O preço desse biocombustível também impacta diretamente o valor final na bomba. Distribuição e revenda: essa última fatia cobre os custos e a margem de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis, que levam o produto até o consumidor final.

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Painel sobre evolução automotiva destaca papel do etanol na descarbonização e na mobilidade

O 5º painel da 25ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizado nesta segunda-feira (20), em São Paulo, trouxe à tona um dos temas mais atuais e estratégicos para o futuro da mobilidade: eldquo;Evolução da Tecnologia Automotiva: do carro a álcool, ao flex, ao híbrido flex, em direção ao etanolerdquo;. Moderado por Pedro Robério de Melo Nogueira, presidente do Sindaçúcar-AL e vice-presidente da COAGRO/CNI, o debate reuniu Henry Joseph Jr., assessor especial da presidência da ANFAVEA e conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), e João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis, para discutir a trajetória e o futuro da tecnologia automotiva nacional voltada ao etanol. Abrindo o painel, Pedro Robério destacou a importância da evolução tecnológica que permitiu ao Brasil sair dos primeiros carros a álcool, criados na esteira do Proálcool, para o desenvolvimento dos veículos flexfuel, símbolo da engenharia automotiva nacional. Em seguida, Henry Joseph Jr. fez um resgate histórico da trajetória do etanol como combustível automotivo. Segundo ele, o uso do álcool nos motores remonta à década de 1930, mas foi com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, que o país iniciou uma transição efetiva. eldquo;Naquele período, as conversões de veículos eram simples, mas funcionais. Os centros de apoio tecnológico criados para isso enfrentaram muitos desafios. Com o tempo, surgiram marcos regulatórios, como o comércio de álcool automotivo em 1977 e a criação do Conselho Nacional do Álcool em 1979, que estabeleceu padrões técnicos e financeiros para viabilizar a produção e o uso de veículos a álcool hidratadoerdquo;, explicou. Henry lembrou que o entusiasmo inicial deu lugar à retração nos anos 1980 e 1990, mas o cenário mudou radicalmente em 2003, com o nascimento do carro flexfuel emdash; tecnologia 100% brasileira que devolveu a confiança ao consumidor e reposicionou o etanol como um combustível competitivo e sustentável. eldquo;O avanço do Proconve, o programa de controle das emissões veiculares, caminhou lado a lado com o desenvolvimento dos motores flex, reforçando o compromisso ambiental do país. O etanol é a peça-chave para reduzir gases de efeito estufa com a frota que já está nas ruas emdash; um ativo que poucos países possuemerdquo;, concluiu. Representando a indústria automotiva, João Irineu Medeiros, da Stellantis, trouxe uma visão estratégica sobre o futuro da mobilidade e o papel do etanol na descarbonização. eldquo;A Stellantis responde por 30% do mercado automotivo da América do Sul e tem o desafio de liderar o processo de descarbonização com investimentos de 32 bilhões de reais em tecnologias locais. O etanol caminha lado a lado com essa meta, pois o Brasil já possui uma das maiores frotas de veículos flex do mundoerdquo;, afirmou. O executivo destacou ainda que, embora os carros elétricos sejam uma tendência global, os altos custos de produção e infraestrutura ainda limitam sua expansão. Nesse contexto, as soluções híbridas flex e os bio-hybrids emdash; veículos que combinam eletricidade e etanol emdash; despontam como alternativas sustentáveis e economicamente viáveis. eldquo;O ciclo de vida do etanol é mais equilibrado que o do elétrico puro, e o híbrido flex representa o melhor dos dois mundos. O Brasil está à frente do seu tempo nessa transição energética, conciliando inovação, baixo custo e redução de emissõeserdquo;, pontuou.

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União Europeia fecha acordo para proibição total de gás natural russo a partir de 2028

Nesta segunda-feira (20), a União Europeia (EU) anunciou um novo acordo entre os Estados-membros para proibir completamente as importações de gás natural russo até 1º de janeiro de 2028. O Conselho da EU decidiu que novos contratos serão proibidos a partir de 1º de janeiro de 2026. E o período de transição será válido para contratos que já estão em vigor. As medidas são parte do plano REPowerEU, que pretende cortar qualquer dependência energética com o gigante do leste europeu. Segundo um plano, será realizada uma diminuição gradual até a data limite, com o objetivo de desenvolver eldquo;um mercado energético da UE resiliente e independenteerdquo;. Mesmo diante de reduções drásticas desde 2022, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, o gás russo ainda representam cerca de 13% das importações europeias em 2025.

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