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Aneel define bandeira amarela em dezembro

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou ontem que o último mês do ano terá o acionamento da bandeira amarela, um alívio em relação às tarifas adicionais de cor vermelha que vigoravam desde junho. A classificação para dezembro representará um custo adicional de R$ 1,88 para cada 100 kWh consumidos endash; ante os R$ 4,46 de novembro. O anúncio vem em linha com as expectativas de especialistas do setor elétrico. Custo Bandeira representará custo adicional de R$ 1,88 para cada 100 kWh consumidos no mês Nos meses de junho e julho, o enquadramento foi de vermelha patamar 1. Em agosto e setembro, o adicional subiu para vermelho patamar 2. Em outubro, houve recuo ao patamar 1, que se manteve em novembro. A Aneel afirmou que, até o momento, a previsão de chuva para dezembro é superior à de novembro, na maior parte do País. A estimativa considera a entrada do período chuvoso. Ainda assim, a expectativa de chuva está, de forma geral, abaixo da sua média histórica para este mês do ano. Os primeiros meses de 2026, por sua vez, devem ser de bandeira verde, sem cobrança adicional. Porém, apesar das perspectivas positivas à frente, as projeções podem ser alteradas. Além do risco hidrológico, gatilho para o acionamento das bandeiras mais caras, outro fator de peso é o aumento do chamado Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) endash; valor calculado para a energia a ser produzida em determinado período. Com as condições de geração de energia mais favoráveis, foi possível mudar da bandeira vermelha patamar 1 para amarela. A Aneel reforçou que o acionamento das termoelétricas continua essencial para atender à demanda. Isso justifica o pagamento adicional com a sinalização da bandeira tarifária. ebull;

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Venda de ativos da Raízen na Argentina caminha para o fim com duas favoritas

A venda dos ativos da Raízen na Argentina progrediu e caminha para a fase final. Os assessores financeiros da empresa de energia renovável do Grupo Cosan já selecionam as melhores propostas pela refinaria Dock Sud e uma rede de mais de mil postos de combustíveis. O negócio é estimado em US$ 1,5 bilhão. A Coluna apurou que gigantes internacionais que atuam no segmento de commodities Vitol e Mercuria lideram a disputa e já negociam com bancos formas de financiamento da aquisição. Trafigura e Gleencore também apresentaram propostas. A Mercuria, com sede em Genebra, teve mais de US$ 176 bilhões em faturamento em 2024 e opera em mais de 50 países, entre os quais a própria Argentina. A Vitol, com sedes em Genebra e Roterdã, é a maior comercializadora de energia do mundo, somando receitas de US$ 331 bilhões no ano passado. Além da refinaria e dos postos, a Raízen está se desfazendo de uma planta de lubrificantes, três terminais terrestres, duas bases de abastecimento em aeroportos e ativos de GLP (gás liquefeito de petróleo). A Raízen adquiriu os negócios no país da Shell em 2018. Na época, a refinaria, segunda maior da Argentina, foi avaliada em US$ 1 bilhão. Grupo Cosan busca desalavancagem A venda faz parte da estratégia de desalavancagem do grupo Cosan, no qual a Raízen representa sua maior dívida. De acordo com o balanço mais recente divulgado pela companhia, a dívida líquida da Raízen soma R$ 53,4 bilhões, uma alta de 49% em um ano, enquanto a alavancagem subiu para 5,1 vezes, ante 2,6 vezes um ano antes. O Grupo Cosan também trabalha em uma injeção de recursos na Raízen, que deve acontecer por meio de um aumento de capital com participação da Shell que, ao lado da Cosan, forma o grupo de controle. Ao comentar o balanço do último trimestre, o CEO da Cosan, Marcelo Martins, disse que há urgência em encontrar solução para a estrutura de capital da Raízen nos próximos 6 meses. Procurada, a Raízen não comentou, enquanto Vitol e Mercuria não retornaram até a publicação desta nota.

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Governo reduz projeção do salário mínimo de 2026 para R$ 1.627

O governo reduziu a projeção do salário mínimo para 2026, de R$ 1.631 para R$ 1.627. A nova estimativa está relacionada ao comportamento da inflação emdash; um dos componentes da fórmula de reajuste do piso salarial emdash;, que deve encerrar o ano abaixo das previsões iniciais. A nova projeção consta em documentos enviados ao Congresso pelo Ministério do Planejamento para embasar a análise da proposta de Orçamento do próximo ano. A prévia da inflação, medida pelo IPCA-15, registrou alta de 0,20% em novembro, após avanço de 0,18% em outubro. No acumulado de 12 meses, o índice atingiu 4,5% pela primeira vez desde janeiro, ficando dentro do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, a inflação considerada para o cálculo do piso salarial é a medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que tem divulgação prevista para o próximo dia 10. Só após, o valor do salário mínimo será definido. Se confirmada, a atualização do salário mínimo em 2026 deverá ser de cerca de 7,2% em relação ao piso atual, de R$ 1.518. Regra de reajuste Um dos pressupostos da regra é ajustar o mínimo conforme o índice INPC de 12 meses até novembro do ano anterior (nesse caso, 2025). Além disso, há um aumento real com base no Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes (2024), mas limitado à taxa de atualização prevista para o teto de gastos do novo arcabouço fiscal. Ou seja, não pode ultrapassar 2,5%. Cortes no Orçamento O salário mínimo é base de uma série de pagamentos, como aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada. Por isso, o valor precisa constar nas propostas relacionadas ao Orçamento. Ao enviar as novas projeções econômicas ao Congresso, o Ministério do Planejamento não solicitou, porém, a redução desses gastos. Segundo a pasta, um eventual corte vai depender dos parlamentares. "De todo modo e tudo o mais constante, a projeção menor tem o efeito de reduzir os gastos com aposentadorias, pensões e outros benefícios. No entanto, a atualização da projeção depende de outros fatores, como a variação da base de beneficiários, cabendo ao Congresso avaliar a conveniência e oportunidade de alterar as estimativas dos gastos previdenciários e sociais durante a tramitação do PLOA [projeto de Orçamento]", informou ao G1.

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Por que o setor de combustíveis atrai sonegação, lavagem de dinheiro e grupos criminosos

O setor de combustíveis no Brasil movimenta quase R$ 1 trilhão por ano e, recentemente, passou a atrair o interesse de diferentes organizações criminosas. Altamente lucrativa, a cadeia produtiva tornou-se alvo de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e adulteração de combustíveis. As investigações da Receita Federal e do Ministério Público emdash; como a Operação Carbono Oculto e a Operação Poço de Lobato emdash; mostram que tanto facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) quanto grandes grupos empresariais com dívidas tributárias bilionárias, como o Grupo Refit, participam dessa "economia do crime". Segundo especialistas ouvidos pelo g1, a combinação de fragilidade na fiscalização, faturamento extremamente alto, brechas na legislação e falta de integração entre Receita, Ministério da Fazenda, Polícia Federal, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e órgãos estaduais cria terreno fértil para essas práticas. De acordo com o Instituto Combustível Legal (ICL), a sonegação de impostos no setor gira em torno de R$ 14 bilhões por ano. Fraudes operacionais e adulterações somam outros R$ 15 bilhões. O prejuízo total estimado é de R$ 29 bilhões anuais. Para comparação, o orçamento da cidade de São Paulo em 2024 foi de R$ 125 bilhões. Apenas a sonegação (R$ 14 bilhões) representa cerca de 12% da receita do município mais rico do país. Hoje, o que você tem é a economia do crime, que está em torno de 4, 5% da economia real. O faturamento dela deixa a desejar o faturamento dos setores formais. Então, quanto mais ela cresce, a gente não consegue competir. Não consigo fazer um enfrentamento que seria normal em uma concorrência normal de pagamento de renda, de tributo. Então, eu diminuo o investimento e paro de crescer. As fraudes não se concentram apenas nos postos de combustíveis emdash; considerados a eldquo;vitrine do crimeerdquo; e a ponta visível do problema. Elas atingem toda a cadeia produtiva, explica Emerson Kapaz, presidente do ICL. A Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, por exemplo, relevou que o PCC estava infiltrado em fazendas de cana-de-açúcar, usinas de refinamento, rede de postos de combustíveis e até fintechs. A facção chegou a controlar 40 fundos de investimento, com patrimônio superior a R$ 30 bilhões. Esquema bilionário do PCC: os números da operação que envolveu postos de combustíveis e a Faria Lima MAPA: onde ficam os postos de combustível que são de investigados na megaoperação contra o PCC "A aparência final [do crime] é onde o consumidor entra e é lesado. É isso o que você sabe lá na ponta, mas o elo para trás chega em distribuidoras, refinarias. É e#39;do poço ao posto sem impostoe#39;, é muito bom esse termo. É assim que eles faturam e crescem", afirma Kapaz. São diversas as práticas ilícitas envolvendo o setor de combustíveis. A pesquisa "Follow the products: rastreamento de produtos e enfrentamento ao crime organizado", do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, listou as principais: Adulteração de combustíveis: mistura de combustíveis com solventes ou outras substâncias (como o metanol usado pelo PCC para batizar o etanol) para reduzir sua qualidade, diminuindo o custo e aumentando o lucro; Bombas fraudadas: a adulteração dos medidores das bombas é uma prática comum, que envolve o fornecimento de uma quantidade de combustível menor do que a registrada no visor; Postos piratas: operações sem autorização ou descumprindo normas de segurança e qualidade, com venda de combustíveis adulterados; Venda sem emissão de nota fiscal: prática comum para ocultar vendas e sonegar impostos; Fraudes em operações interestaduais: empresas simulam vendas de combustíveis para outros estados a fim de se beneficiar de incentivos fiscais ou evitar o pagamento de impostos locais; Empresas de fachada: organizações criam empresas temporárias que acumulam dívidas tributárias e desaparecem antes de serem responsabilizadas (prática adotada pelo Grupo Refit);

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Plano de transição da Petrobras reforça foco em biocombustíveis em vez de geração de energia

O novo plano de investimentos da Petrobras adia aportes em geração de eletricidade renovável e reforça a estratégia da empresa de apostar nos biocombustíveis como forma de descarbonizar seu portfólio. Lançado na quinta-feira (27), o plano separa US$ 3,1 bilhões (R$ 16,6 bilhões) para as chamadas energias de baixo carbono, como eólica, solar e hidrogênio. No plano anterior, eram US$ 5,7 bilhões (R$ 30,5 bilhões). Já o orçamento para bioprodutos, como etanol e biocombustíveis, subiu de US$ 4,3 bilhões (R$ 23 bilhões) para US$ 4,8 bilhões (R$ 25,7 bilhões). "Nesse quinquênio, nossos investimentos em transição energética vão ter mais foco em bioprodutos. Estamos mais de olho na molécula, etanol, biodiesel além desse diesel maravilhoso renovável que usamos na COP30", disse a presidente da empresa, Magda Chambriard. Ela se referia ao diesel produzido nas refinarias da empresa com petróleo misturado a óleos vegetais. Para a COP30, a estatal forneceu o produto com 10% de conteúdo renovável. Segundo Magda, essa parcela emite 87% a menos do que o diesel de petróleo. O produto é uma grande aposta da estatal para descarbonizar o escopo 3 de suas operações, isto é, o consumo de seus produtos. A empresa luta ainda para conseguir incentivos para a venda do produto em larga escala, como os concedidos ao biodiesel 100% vegetal. Enquanto isso, vende o produto a grandes clientes, como a Vale, e aposta em outros produtos com percentual renovável, como um combustível para navegação com 24% de biodiesel. O produto já é usado pelos navios da empresa e, segundo Magda, "tem grande sucesso na Ásia". A descarbonização do escopo 3 é o maior desafio do setor de petróleo, já que cerca de 80% das emissões dessa cadeia produtiva ocorrem no consumo de combustíveis. O setor tem investido em descarbonização na etapa de produção, mas os efeitos totais são pequenos. A Petrobras disse que, apesar do corte de investimentos no plano para os próximos cinco anos, a busca de participação no mercado de etanol ainda é prioridade e representa US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) do total previsto para bioprodutos. "Estamos negociando com diversos players no mercado e provavelmente em 2026 teremos algum anúncio", disse a diretora de transição energética da estatal, Angélica Laureano. Ela explicou também que a redução do orçamento para a geração de eletricidade renovável é justificada pelo cenário atual do setor, em que o excedente de oferta de energia é fonte de prejuízos e disputas políticas. Magda complementou que só faz sentido investir hoje em energias renováveis para consumo próprio, o que a empresa vem fazendo ao instalar plantas solares em suas refinarias. Mas grandes projetos para vender energia não são viáveis. "Botar energia na rede para ficar sobrando não faz sentido", afirmou. Laureano disse que a energia eólica continua nos planos e que a empresa deve ter algum projeto no portfólio em 2026, mas a prioridade é outra. "Priorizamos os bioprodutos, deixando energia eólica e solar um pouquinho para o final do período." Com redução da projeção de orçamento para renováveis, o plano da Petrobras entrou na mira de organizações ambientalistas. O documento reduz de US$ 11 bilhões (R$ 58,9 bilhões) para US$ 9 bilhões (R$ 48,1 bilhões) o orçamento para gás e energias de baixo carbono. "O novo plano de investimentos da Petrobras nasce velho, com olhar para o passado. No lugar de intensificar os investimentos em renováveis, consolida a lógica petroleira", afirmou, em nota, Suely Araújo, Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.

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Etanol de segunda geração é aposta para transição energética

Com matriz de geração limpa, o Brasil tem características únicas na corrida pela transição energética. Uma das tecnologias promissoras é o etanol de segunda geração, o E2G, produzido a partir de resíduos da cana-de-açúcar. A questão, assim como no caso de outras vantagens competitivas nacionais, é como garantir ao país a liderança global desse processo sem perder terreno e, consequentemente, receita, para outros países. Esses pontos tiveram destaque no seminário Mudanças Climática e Transição Energética, promovido pela Folha na última quarta-feira (26), com apoio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Além de discutir maneiras de diversificar e modernizar a geração de energia, o evento teve foco também em como acelerar o processo e transformar pesquisa em uma cadeia que retroalimente a busca por uma transformação ecológica e uma "indústria verde". José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, abriu o evento cravando que o Brasil tem todos os requisitos para liderar a agenda da transição energética. Para tanto, Gordon mencionou o Fundo do Clima, que pode chegar a R$ 18 bilhões em recursos, em 2026, para apoiar uma indústria mais verde e a descarbonização do setor industrial. "O etanol, o biocombustível, é a bola da vez para poder descarbonizar a aviação, descarbonizar o setor marítimo. É o mais rápido, é o mais fácil, com menor custo e com menor impacto de mudança", exemplificou. Com mediação do repórter especial Fernando Canzian, três debatedores trataram do assunto no primeiro painel. Artur Yabe Milanez, gerente setorial no Departamento do Complexo Alimentar e Biocombustíveis do BNDES, juntou-se à diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler, e à professora titular e diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn. Sob o tema "Pesquisa e produção de etanol", a conversa tratou primordialmente do etanol de segunda geração. Suzana Kahn destacou o aumento mundial da demanda por energia e disse que o desenvolvimento de biocombustíveis não deve ser visto como uma ameaça à produção de combustíveis fósseis, mas sim como tecnologia complementar. "Não é colocar um versus o outro. São combustíveis que podem se complementar. O próprio biocombustível pode dar origem também ao uso de hidrogênio, uma outra possibilidade que vai fazer parte de todo esse cardápio energético de que a gente vai precisar", explicou. Ana Euler, da Embrapa, reforçou a liderança do Brasil na produção do etanol convencional, pontuando que o país tem possibilidade de assumir o mesmo posto quanto ao de segunda geração. "O etanol de segunda geração é produzido dentro de uma ideia economia circular, já que são aproveitados o bagaço e os resíduos da cana. E tem mais eficiência energética, inclusive, para geração desse combustível. A grande oportunidade que vemos disso é exatamente o fato de ser uma segunda safra para a mesma área produzida." Euler também falou dos esforços do governo para recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, que poderão ser utilizadas para o cultivo de matéria-prima para geração de biocombustível. Por meio do programa "Caminho Verde", a Embrapa mapeou áreas com alta, média e baixa aptidão para os diferentes cultivos a partir de uma política de zoneamento de risco climático. "Existe não só a capacidade de dobrar a produção de etanol hoje nos cerca de 8 milhões de hectares já plantados de cana, que é de 30 bilhões de litros, mas é também possível aumentar a produção anual sem pressão sobre as áreas, muito pelo contrário, só trabalhando ganhos tecnológicos de eficiência", disse. Segundo ela, a Embrapa vem diversificando os produtos geradores do etanol de primeira e segunda geração, como, por exemplo, o capim elefante, o sorgo e o eucalipto. A variedade de consórcios e cultivos é essencial para a agricultura regenerativa. Artur Yabe Milanez relembrou que o BNDES sempre foi um dos maiores apoiadores do Proálcool, programa do governo criado na ditadura militar para diminuir a dependência do país em relação ao petróleo e que completou 50 anos em 2025. Além disso, ele mencionou o fato de muitos países não importarem etanol de primeira geração devido a particularidades e regulamentações locais. Tais restrições não acontecem com o etanol de segunda geração, o que confere mais uma vantagem ao produto. "Os combustíveis de resíduos acessam esses mercados, como o europeu, e o americano, por exemplo. Pelo menos, acessavam, antes da [imposição da] tarifa [pelo Trump]. Tanto por conta do mandato federal, quanto pelo da Califórnia. Ambos premiam esses combustíveis de menor pegada, que usam resíduos", pontuou. A respeito da competitividade de mercado, Suzana Kahn, da UFRJ, apontou a dificuldade de concorrer com o petróleo, que tem diversas de possibilidades de uso. Por outro lado, Milanez destacou como a indústria do etanol de segunda geração pode ser catalisadora de outros avanços tecnológicos correlatos. Como exemplo citou a produção de enzimas, itens de alto valor que hoje são importados pelo Brasil. "A demanda pela enzima, o principal insumo do etanol de segunda geração e o que converte a celulose em açúcar, vai aumentar. Então, vai abrir oportunidade de investimento para a produção de enzimas no Brasil", disse. Sobre o mesmo tema, no entanto, Suzana Kahn chamou atenção para a necessidade de integrar inovação tecnológica e exploração comercial. Ela exemplificou, com uma história recente, como o Brasil tem de estar atento para não perder oportunidades que lhe assegurariam uma posição melhor na transição energética. Um projeto da Coppe/UFRJ, junto a uma parceria acadêmica com a Universidade de Tsinghua, na China, desenvolveu uma enzima para o processo de produção de biodiesel de soja. Enquanto os pesquisadores brasileiros usaram a descoberta para publicação de papers e trabalhos acadêmicos, os chineses buscaram uma exploração comercial. Hoje, a China já é exportadora da substância. "Eu acho que de alguma forma precisaria estimular nossos alunos que estão entrando, e nas empresas brasileiras também, um pouco desse espírito empreendedor de ir atrás e de fazer."

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