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Por que o setor de combustíveis atrai sonegação, lavagem de dinheiro e grupos criminosos

O setor de combustíveis no Brasil movimenta quase R$ 1 trilhão por ano e, recentemente, passou a atrair o interesse de diferentes organizações criminosas. Altamente lucrativa, a cadeia produtiva tornou-se alvo de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e adulteração de combustíveis. As investigações da Receita Federal e do Ministério Público emdash; como a Operação Carbono Oculto e a Operação Poço de Lobato emdash; mostram que tanto facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) quanto grandes grupos empresariais com dívidas tributárias bilionárias, como o Grupo Refit, participam dessa "economia do crime". Segundo especialistas ouvidos pelo g1, a combinação de fragilidade na fiscalização, faturamento extremamente alto, brechas na legislação e falta de integração entre Receita, Ministério da Fazenda, Polícia Federal, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e órgãos estaduais cria terreno fértil para essas práticas. De acordo com o Instituto Combustível Legal (ICL), a sonegação de impostos no setor gira em torno de R$ 14 bilhões por ano. Fraudes operacionais e adulterações somam outros R$ 15 bilhões. O prejuízo total estimado é de R$ 29 bilhões anuais. Para comparação, o orçamento da cidade de São Paulo em 2024 foi de R$ 125 bilhões. Apenas a sonegação (R$ 14 bilhões) representa cerca de 12% da receita do município mais rico do país. Hoje, o que você tem é a economia do crime, que está em torno de 4, 5% da economia real. O faturamento dela deixa a desejar o faturamento dos setores formais. Então, quanto mais ela cresce, a gente não consegue competir. Não consigo fazer um enfrentamento que seria normal em uma concorrência normal de pagamento de renda, de tributo. Então, eu diminuo o investimento e paro de crescer. As fraudes não se concentram apenas nos postos de combustíveis emdash; considerados a eldquo;vitrine do crimeerdquo; e a ponta visível do problema. Elas atingem toda a cadeia produtiva, explica Emerson Kapaz, presidente do ICL. A Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, por exemplo, relevou que o PCC estava infiltrado em fazendas de cana-de-açúcar, usinas de refinamento, rede de postos de combustíveis e até fintechs. A facção chegou a controlar 40 fundos de investimento, com patrimônio superior a R$ 30 bilhões. Esquema bilionário do PCC: os números da operação que envolveu postos de combustíveis e a Faria Lima MAPA: onde ficam os postos de combustível que são de investigados na megaoperação contra o PCC "A aparência final [do crime] é onde o consumidor entra e é lesado. É isso o que você sabe lá na ponta, mas o elo para trás chega em distribuidoras, refinarias. É e#39;do poço ao posto sem impostoe#39;, é muito bom esse termo. É assim que eles faturam e crescem", afirma Kapaz. São diversas as práticas ilícitas envolvendo o setor de combustíveis. A pesquisa "Follow the products: rastreamento de produtos e enfrentamento ao crime organizado", do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, listou as principais: Adulteração de combustíveis: mistura de combustíveis com solventes ou outras substâncias (como o metanol usado pelo PCC para batizar o etanol) para reduzir sua qualidade, diminuindo o custo e aumentando o lucro; Bombas fraudadas: a adulteração dos medidores das bombas é uma prática comum, que envolve o fornecimento de uma quantidade de combustível menor do que a registrada no visor; Postos piratas: operações sem autorização ou descumprindo normas de segurança e qualidade, com venda de combustíveis adulterados; Venda sem emissão de nota fiscal: prática comum para ocultar vendas e sonegar impostos; Fraudes em operações interestaduais: empresas simulam vendas de combustíveis para outros estados a fim de se beneficiar de incentivos fiscais ou evitar o pagamento de impostos locais; Empresas de fachada: organizações criam empresas temporárias que acumulam dívidas tributárias e desaparecem antes de serem responsabilizadas (prática adotada pelo Grupo Refit);

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Plano de transição da Petrobras reforça foco em biocombustíveis em vez de geração de energia

O novo plano de investimentos da Petrobras adia aportes em geração de eletricidade renovável e reforça a estratégia da empresa de apostar nos biocombustíveis como forma de descarbonizar seu portfólio. Lançado na quinta-feira (27), o plano separa US$ 3,1 bilhões (R$ 16,6 bilhões) para as chamadas energias de baixo carbono, como eólica, solar e hidrogênio. No plano anterior, eram US$ 5,7 bilhões (R$ 30,5 bilhões). Já o orçamento para bioprodutos, como etanol e biocombustíveis, subiu de US$ 4,3 bilhões (R$ 23 bilhões) para US$ 4,8 bilhões (R$ 25,7 bilhões). "Nesse quinquênio, nossos investimentos em transição energética vão ter mais foco em bioprodutos. Estamos mais de olho na molécula, etanol, biodiesel além desse diesel maravilhoso renovável que usamos na COP30", disse a presidente da empresa, Magda Chambriard. Ela se referia ao diesel produzido nas refinarias da empresa com petróleo misturado a óleos vegetais. Para a COP30, a estatal forneceu o produto com 10% de conteúdo renovável. Segundo Magda, essa parcela emite 87% a menos do que o diesel de petróleo. O produto é uma grande aposta da estatal para descarbonizar o escopo 3 de suas operações, isto é, o consumo de seus produtos. A empresa luta ainda para conseguir incentivos para a venda do produto em larga escala, como os concedidos ao biodiesel 100% vegetal. Enquanto isso, vende o produto a grandes clientes, como a Vale, e aposta em outros produtos com percentual renovável, como um combustível para navegação com 24% de biodiesel. O produto já é usado pelos navios da empresa e, segundo Magda, "tem grande sucesso na Ásia". A descarbonização do escopo 3 é o maior desafio do setor de petróleo, já que cerca de 80% das emissões dessa cadeia produtiva ocorrem no consumo de combustíveis. O setor tem investido em descarbonização na etapa de produção, mas os efeitos totais são pequenos. A Petrobras disse que, apesar do corte de investimentos no plano para os próximos cinco anos, a busca de participação no mercado de etanol ainda é prioridade e representa US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) do total previsto para bioprodutos. "Estamos negociando com diversos players no mercado e provavelmente em 2026 teremos algum anúncio", disse a diretora de transição energética da estatal, Angélica Laureano. Ela explicou também que a redução do orçamento para a geração de eletricidade renovável é justificada pelo cenário atual do setor, em que o excedente de oferta de energia é fonte de prejuízos e disputas políticas. Magda complementou que só faz sentido investir hoje em energias renováveis para consumo próprio, o que a empresa vem fazendo ao instalar plantas solares em suas refinarias. Mas grandes projetos para vender energia não são viáveis. "Botar energia na rede para ficar sobrando não faz sentido", afirmou. Laureano disse que a energia eólica continua nos planos e que a empresa deve ter algum projeto no portfólio em 2026, mas a prioridade é outra. "Priorizamos os bioprodutos, deixando energia eólica e solar um pouquinho para o final do período." Com redução da projeção de orçamento para renováveis, o plano da Petrobras entrou na mira de organizações ambientalistas. O documento reduz de US$ 11 bilhões (R$ 58,9 bilhões) para US$ 9 bilhões (R$ 48,1 bilhões) o orçamento para gás e energias de baixo carbono. "O novo plano de investimentos da Petrobras nasce velho, com olhar para o passado. No lugar de intensificar os investimentos em renováveis, consolida a lógica petroleira", afirmou, em nota, Suely Araújo, Coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.

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Etanol de segunda geração é aposta para transição energética

Com matriz de geração limpa, o Brasil tem características únicas na corrida pela transição energética. Uma das tecnologias promissoras é o etanol de segunda geração, o E2G, produzido a partir de resíduos da cana-de-açúcar. A questão, assim como no caso de outras vantagens competitivas nacionais, é como garantir ao país a liderança global desse processo sem perder terreno e, consequentemente, receita, para outros países. Esses pontos tiveram destaque no seminário Mudanças Climática e Transição Energética, promovido pela Folha na última quarta-feira (26), com apoio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Além de discutir maneiras de diversificar e modernizar a geração de energia, o evento teve foco também em como acelerar o processo e transformar pesquisa em uma cadeia que retroalimente a busca por uma transformação ecológica e uma "indústria verde". José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, abriu o evento cravando que o Brasil tem todos os requisitos para liderar a agenda da transição energética. Para tanto, Gordon mencionou o Fundo do Clima, que pode chegar a R$ 18 bilhões em recursos, em 2026, para apoiar uma indústria mais verde e a descarbonização do setor industrial. "O etanol, o biocombustível, é a bola da vez para poder descarbonizar a aviação, descarbonizar o setor marítimo. É o mais rápido, é o mais fácil, com menor custo e com menor impacto de mudança", exemplificou. Com mediação do repórter especial Fernando Canzian, três debatedores trataram do assunto no primeiro painel. Artur Yabe Milanez, gerente setorial no Departamento do Complexo Alimentar e Biocombustíveis do BNDES, juntou-se à diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler, e à professora titular e diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn. Sob o tema "Pesquisa e produção de etanol", a conversa tratou primordialmente do etanol de segunda geração. Suzana Kahn destacou o aumento mundial da demanda por energia e disse que o desenvolvimento de biocombustíveis não deve ser visto como uma ameaça à produção de combustíveis fósseis, mas sim como tecnologia complementar. "Não é colocar um versus o outro. São combustíveis que podem se complementar. O próprio biocombustível pode dar origem também ao uso de hidrogênio, uma outra possibilidade que vai fazer parte de todo esse cardápio energético de que a gente vai precisar", explicou. Ana Euler, da Embrapa, reforçou a liderança do Brasil na produção do etanol convencional, pontuando que o país tem possibilidade de assumir o mesmo posto quanto ao de segunda geração. "O etanol de segunda geração é produzido dentro de uma ideia economia circular, já que são aproveitados o bagaço e os resíduos da cana. E tem mais eficiência energética, inclusive, para geração desse combustível. A grande oportunidade que vemos disso é exatamente o fato de ser uma segunda safra para a mesma área produzida." Euler também falou dos esforços do governo para recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, que poderão ser utilizadas para o cultivo de matéria-prima para geração de biocombustível. Por meio do programa "Caminho Verde", a Embrapa mapeou áreas com alta, média e baixa aptidão para os diferentes cultivos a partir de uma política de zoneamento de risco climático. "Existe não só a capacidade de dobrar a produção de etanol hoje nos cerca de 8 milhões de hectares já plantados de cana, que é de 30 bilhões de litros, mas é também possível aumentar a produção anual sem pressão sobre as áreas, muito pelo contrário, só trabalhando ganhos tecnológicos de eficiência", disse. Segundo ela, a Embrapa vem diversificando os produtos geradores do etanol de primeira e segunda geração, como, por exemplo, o capim elefante, o sorgo e o eucalipto. A variedade de consórcios e cultivos é essencial para a agricultura regenerativa. Artur Yabe Milanez relembrou que o BNDES sempre foi um dos maiores apoiadores do Proálcool, programa do governo criado na ditadura militar para diminuir a dependência do país em relação ao petróleo e que completou 50 anos em 2025. Além disso, ele mencionou o fato de muitos países não importarem etanol de primeira geração devido a particularidades e regulamentações locais. Tais restrições não acontecem com o etanol de segunda geração, o que confere mais uma vantagem ao produto. "Os combustíveis de resíduos acessam esses mercados, como o europeu, e o americano, por exemplo. Pelo menos, acessavam, antes da [imposição da] tarifa [pelo Trump]. Tanto por conta do mandato federal, quanto pelo da Califórnia. Ambos premiam esses combustíveis de menor pegada, que usam resíduos", pontuou. A respeito da competitividade de mercado, Suzana Kahn, da UFRJ, apontou a dificuldade de concorrer com o petróleo, que tem diversas de possibilidades de uso. Por outro lado, Milanez destacou como a indústria do etanol de segunda geração pode ser catalisadora de outros avanços tecnológicos correlatos. Como exemplo citou a produção de enzimas, itens de alto valor que hoje são importados pelo Brasil. "A demanda pela enzima, o principal insumo do etanol de segunda geração e o que converte a celulose em açúcar, vai aumentar. Então, vai abrir oportunidade de investimento para a produção de enzimas no Brasil", disse. Sobre o mesmo tema, no entanto, Suzana Kahn chamou atenção para a necessidade de integrar inovação tecnológica e exploração comercial. Ela exemplificou, com uma história recente, como o Brasil tem de estar atento para não perder oportunidades que lhe assegurariam uma posição melhor na transição energética. Um projeto da Coppe/UFRJ, junto a uma parceria acadêmica com a Universidade de Tsinghua, na China, desenvolveu uma enzima para o processo de produção de biodiesel de soja. Enquanto os pesquisadores brasileiros usaram a descoberta para publicação de papers e trabalhos acadêmicos, os chineses buscaram uma exploração comercial. Hoje, a China já é exportadora da substância. "Eu acho que de alguma forma precisaria estimular nossos alunos que estão entrando, e nas empresas brasileiras também, um pouco desse espírito empreendedor de ir atrás e de fazer."

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Relator de projeto vê conivência de agentes públicos em fraudes de combustíveis

Relator do projeto que endurece as penas para adulteração de combustíveis, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) afirma que as fraudes têm envolvimento de agentes públicos e defende que o texto seja votado de forma coordenada com outros três projetos da mesma temática. Moreira foi anunciado relator do projeto nesta quinta-feira (27) no mesmo tuíte em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nomeou relatores para o que chamou de "combo de projetos estruturantes": o que pune o devedor contumez, o que garante acesso da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) às notas fiscais na cadeia de combustíveis e o que cria o Operador Nacional do Sistema de Combustíveis. Para Moreira, as fraudes têm conivência do Estado. "Quer dizer, é impossível fazer essa fraude sem ter o agente público envolvido", diz. "Todas têm o agente público envolvido no processo e a operação quase 100% do país é feita pelo narcotráfico. Na verdade, nós estamos trabalhando com crime que trabalha com economia de massa." Ele faz uma analogia com a fraude nos descontos associativos no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e afirma que a estratégia usada é ganhar um pouco em cada venda de combustível adulterado para gerar um volume de dinheiro gigantesco. "O combustível, pelo volume que é consumido no Brasil, qualquer adulteração gera uma montanha de recursos e enriquece muita gente", continua. "Nisso o narcotráfico tá envolvido, mas ele tá envolvido de tal maneira que ele é dono da refinaria, ele comprou a usina de etanol, ele comprou milhares de postos. Eles estão absolutamente instalados e hoje essa passou a ser a receita principal", diz. Ele lembra que o tema ganhou holofotes a partir da deflagração da operação Carbono Oculto, realizada de forma coordenada por Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público de São Paulo e PM paulista. A ação identificou ligações do PCC (Primeiro Comando da Capital) com o setor de combustíveis e com o mercado financeiro, e teve ações de busca e apreensão na Faria Lima. "Esse projeto [do devedor contumaz] todo mundo sabia que existia, mas na Câmara e no Congresso tem um processo de complacência com isso", critica. O deputado diz que vai se debruçar sobre a dosimetria da pena, tema do projeto do qual é relator, no início da próxima semana. "É um assunto mais complexo, tem que ter assessoria para ver que pena é adequada pra cada delito. Pega um posto que fraudou a venda de combustível. Imediatamente instala seu processo, vê quem é o responsável, e aí se vê a pena. Vai ter privação de liberdade? Ele vai ser preso. Vai ter multa pecuniária? O posto vai ser lacrado", afirma. Moreira argumenta que o ideal é aprovar os projetos de forma coordenada porque os textos são complementares. Na avaliação do parlamentar, votar isoladamente retiraria eficácia das propostas. "Esses instrumentos legais geram segurança jurídica e absoluta capacidade de fiscalização sobre o sistema para não permitir que o consumidor consuma produtos adulterados sem ter a mínima noção", afirma.

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Na corrida pelos biocombustíveis, CO2 vira produto

O compromisso encabeçado pelo Brasil na COP30 de quadruplicar a produção e consumo de combustíveis sustentáveis até 2035 tem potencial de mobilizar bilhões em investimentos e alavancar um novo mercado associado à bioenergia: o do CO2 como produto. Estudo publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta que o país tem disponível cerca de 27 milhões de toneladas por ano de CO2 apenas no setor de etanol. No biogás, cuja escala de produção ainda é pequena, o volume fica em 491 mil toneladas ano, sendo 99 mil toneladas/ano nas plantas em operação e o restante nas unidades com pedidos de autorização. De acordo com o documento (.pdf), as principais oportunidades envolvem a fermentação alcoólica e a purificação do biogás (em termos de facilidade de captura) e a cogeração a biomassa (em termos de volume). A projeção é que é possível alcançar 197 Mt de CO2 biogênico em 2035 no setor de etanol, a maior parte (155 MtCO2) vindo de cogeração. As usinas de etanol de cana e milho podem contribuir com 36 MtCO2 e o biometano com mais 6 MtCO2. A captura e uso ou armazenamento de CO2 na bioenergia é uma alternativa para reduzir e até levar a indústria a emissões negativas. Um potencial que o Brasil pode explorar para atingir a neutralidade até 2050, e amenizar os impactos de setores que terão maior dificuldade para redução de emissões. A diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, explica que o aumento acelerado da produção de biocombustíveis fará crescer de forma expressiva o volume de emissões de CO2 biogênico endash; o que pode ajudar a impulsionar a produção de combustíveis sintéticos e a descarbonização da indústria. eldquo;Quando olhamos a rampa de subida da produção de biocombustíveis, há um crescimento grande de CO2 associado à fermentação da indústria sucroalcooleira e à purificação do biogás. Nós podemos usar esse CO2. É um subproduto que pode e deve ser comercializadoerdquo;, disse em entrevista à eixos na COP30, em Belém, às vésperas da publicação do estudo. Assista O trabalho da EPE aponta que o CO2 biogênico pode viabilizar rotas como e-metanol e e-amônia, que dependem de carbono para sintetizar combustíveis limpos. Segundo Borges, como o uso de carbono fóssil nessas cadeias compromete a descarbonização, a tendência é de valorização da oferta renovável. Oportunidade no mercado de carbono Políticas públicas como o RenovaBio, Combustível do Futuro e Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) já trazem alguns mecanismos de fomento ao aproveitamento do CO2. No RenovaBio, por exemplo, há um bônus de até 20% na nota de eficiência energético-ambiental do produtor ou importador de biocombustível que comprove emissões negativas de gases de efeito estufa. Mas a EPE também aponta que o desenvolvimento em escala de atividades de captura, transporte, uso e armazenamento de CO2 (CCUS) no Brasil ainda depende de uma série de definições regulatórias e incentivos. Uma das fronteiras é justamente o mercado de carbono, em fase de regulamentação. O relatório aponta que a lei 15.042/2024, que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, pode ser um mecanismo decisivo para o CCUS no Brasil. eldquo;Entretanto, ainda é necessário definir as regulações específicas para início de operação desse mercadoerdquo;, observa o documento. Do combustível à água com gás A indústria está atenta a esse novo momento do carbono. Nesta sexta (28), a produtora de biocombustíveis Be8 anunciou a assinatura de uma carta de intenções com a Air Liquide para comercialização de CO2 biogênico capturado da produção de etanol. A parceria estabelece o fornecimento do gás a partir de uma usina em Passo Fundo (RS) prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2026. Segundo o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, com a captura do CO2, o projeto completará o ciclo integral de valorização da matéria-prima. Ao mesmo tempo, atenderá demandas de diversos setores industriais que buscam alternativas sustentáveis para sua produção. Para o diretor geral da Air Liquide Brasil, Rodrigo Jorge, o projeto é estratégico na garantia de cadeias de suprimentos resilientes. O gás será purificado pela Air Liquide em padrões de alta exigência e destinado a setores como hospitais (gases medicinais e terapêuticos), indústria de bebidas (carbonatação), setor metalmecânico (soldagem e resfriamento), refrigeração e controle ambiental, agricultura e hortifruti (ambientes de estufa), entre outras aplicações industriais.

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Petrobras: Preço do petróleo é hoje 75% do que era no início de 2024, diz Magda

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, relacionou à desvalorização da cotação do petróleo a definição do valor que a estatal pretende investir nos próximos cinco anos. Durante coletiva de imprensa sobre o plano de negócios (PN) 2026-2030, nesta sexta-feira, 28, ela disse que o plano, apresentado na véspera, traz uma redução importante na projeção do preço do petróleo Brent. A estatal informara, na quinta-feira, que o valor do Brent, por barril, previsto é de US$ 63 para 2026 e de US$ 70 para 2030. eldquo;Eu chamo a atenção que, do primeiro semestre do ano passado, para o momento atual, nós temos uma queda de US$ 20 por barril no preço do petróleo cruerdquo;, disse Magda. eldquo;Isso significa que nós estamos hoje, no mês de novembro, com 75% do valor do petróleo Brent, que é o que nos remunera, comparado ao início do ano de 2024.erdquo; A seguir, ela fez uma comparação com finanças pessoais. eldquo;O que significaria nas contas pessoais de cada um de vocês, se de um ano para outro vocês tivessem um salário reduzido a 75% do valor? Que tipo de exercício se teria de fazer para equilibrar as contas? E é isso que estamos fazendo.erdquo; A CEO da estatal afirmou que eldquo;muitos cenaristas estão falando de petróleo em US$ 50 no começo do ano que vemerdquo; e que, eldquo;com petróleo baixo, produtores pisam no freio, e o preço pode subir; por isso o cenário de US$ 70 para os quatro anos finais do planoerdquo;. Quanto a estatal planeja investir Magda ressaltou que, ainda assim, o volume de investimentos previstos pela estatal nos próximos cinco anos é importante para a economia nacional. Este é o segundo plano da companhia sob comando dela. eldquo;É um volume que representa 5% de todo o investimento que acontece no nosso paíserdquo;, disse. Na véspera, a estatal divulgou plano para os próximos cinco anos. No período de 2026-2030, a estatal prevê US$ 109 bilhões de investimentos totais (capex). A cifra representa um recuo de 1,8% em comparação ao atual plano. Desse total, US$ 81 bilhões estão garantidos, US$ 10 bilhões foram colocados para revisão trimestral até 2027 e outros US$ 18 bilhões serão analisados futuramente pela petroleira. O diretor financeiro, Fernando Melgarejo, enfatizou que a estatal reduziu o Brent de equilíbrio para US$ 59 em 2026 de US$ 80 no plano anterior (2025-2029). eldquo;Para indicadores do preço do óleo buscamos mais de 30 cenaristas que trabalham no setorerdquo;, afirmou. A presidente da estatal ressaltou que a empresa está sendo cautelosa, atenta ao nível de endividamento, mas que não pode abrir mão de investimentos importantes. eldquo;Em cenário do preço do petróleo todas as estimativas estão erradas. Ou seja, estamos dizendo que o ano que vem vai ser bem difícil, mas depois pode mudar. Se adotássemos essa premissa mais radical (US$ 50), poderíamos evitar investimentos que são importantes para a companhia. Por isso, colocamos US$ 10 bilhões da Carteira em Implantação para serem revisados e que vão concorrer entre eles trimestralmenteerdquo;, garantiu. eldquo;Estamos voltando com projetos para prancheta e implementando medidas diversas para otimizar custos, buscando uma economia de 8,5% nos gastos operacionais até 2030erdquo;, ressaltou. Como fica a política de dividendos? A presidente da Petrobras afirmou que a estatal está comprometida com os investidores ao mesmo tempo que trabalha para manter a saúde financeira. eldquo;Nossa política de dividendos está mantida e o endividamento sob controleerdquo;, disse durante coletiva de imprensa sobre o plano de negócios (PN) 2026-2030. A estatal informou que prevê que a geração de caixa entre US$ 190 bilhões e US$ 220 bilhões para os próximos cinco anos. A estimativa da empresa para a remuneração dos acionistas é de dividendos ordinários entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões, de acordo com o documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A executiva ressaltou que a estatal está implantando medidas para reduzir custos de US$ 12 bilhões, mas que, no momento, não há uma carteira de carteira de desinvestimentos.

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