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Importadora de petróleo árabe, Petrobras avalia como improvável fechamento no Estreito

O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a Petrobras observa a situação no Oriente Médio, mas minimizou as chances de um bloqueio do Estreito de Ormuz na esteira de um agravamento da guerra entre Israel e Irã. O executivo falou a jornalistas em um café sobre o primeiro ano da gestão Magda Chambriard, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Schlosser detalhou que a principal influência de Ormuz para a Petrobras está nas cargas de petróleo leve que a estatal importa do Oriente Médio para abastecer a Reduc (Refinaria Duque de Caxias), no Rio. eldquo;Historicamente é muito difícil o fechamento do Estreito de Ormuz. Pode haver uma restrição, redução, e o fluxo de navios acabar sendo menor. Isso influencia muito o seguro, aumentando um pouco o frete. Mas a expectativa é de que não haja um fechamento, mesmo porque isso afetaria outros países (fora da guerra), como Arábia Saudita e Kuwaiterdquo;, afirmou. O estreito liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e fica entre os territórios de Irã e Emirados Árabes. É o caminho de navios que transportam cerca de 25% do petróleo consumido no mundo. eldquo;Um navio saiu da região (Oriente Médio) na última sexta, com óleo árabe leve, que serve especificamente para a produção de lubrificantes na Reduc. Não estamos vendo como provável um problema para essa operaçãoerdquo;, disse Schlosser.

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Mercado vê juros em 15% até o fim do ano

Depois da indicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de que pode manter inalterada a Selic na sua reunião de julho, a ampla maioria do mercado aposta que o juro básico da economia vai permanecer estacionado em 15% pelo menos até o fim deste ano. De acordo com levantamento do Projeções Broadcast, 40 das 47 instituições consultadas trabalham com a Selic parada no atual nível até dezembro. E uma parcela bem menor (7) de instituições, vê a possibilidade de início do afrouxamento monetário ainda neste ano, entre novembro e dezembro. Bancos como Barclays, BTG Pactual e Santander Brasil reforçaram, depois da divulgação do comunicado do Copom, a expectativa de que o juro ficará parado em 15% pelo menos até o fim do ano. Em relatório, a equipe de economistas do BTG Pactual escreveu que a elevação da Selic em junho veio em linha com o esperado, ante o cenário de inflação persistentemente acima da meta, de atividade econômica resiliente e das pressões vindas do mercado de trabalho. Segundo o banco, o comunicado também indica uma disposição do Copom em considerar novas altas na Selic, se necessário, mas o tom do documento eldquo;sugere um limiar elevado para um aperto adicionalerdquo;. O economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, observou que o foco da autoridade monetária no comunicado foi desencorajar os investidores a precificar cortes na Selic neste momento, antes que haja uma convergência adequada da inflação para a meta. As medianas do Projeções Broadcast para a Selic na próxima reunião do Copom, em julho, e nas reuniões subsequentes, de setembro, novembro e dezembro, subiram de 14,75% para 15% após a decisão da quarta-feira. JANELA PARA CORTE. Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, avalia que deve haver uma janela, ainda que curta, para a retomada do afrouxamento monetário neste ano. Ele considera que o cenário de inflação nos próximos meses deverá ser beneficiado pela apreciação cambial e a deflação nos alimentos, arrefecendo a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve encerrar o ano ao redor de 5%. eldquo;Na modelagem do IPCA, com os efeitos de juros e se não houver nenhuma grande mudança no caminho, teremos uma projeção de inflação para 2027 mais baixa, se aproximando da metaerdquo;, diz ele, que, por isso, considera que o período eldquo;bastante prolongadoerdquo; de Selic parada não parece ser uma indicação para ser levada eldquo;a ferro e fogoerdquo;. Secemski, do Barclays, tem visão diferente. eldquo;Como não acreditamos que o grau de desaceleração da atividade exceda o que o Copom incorpora em seus mo Indicação Na reunião da última quarta-feira, o Copom sinalizou a possibilidade de pausar a alta de juros delos, não esperaríamos um alívio significativo nas previsões de inflação do colegiado nos próximos meses, salvo uma apreciação cambial adicional (e sustentada)erdquo;, diz ele, que trabalha com cenário de retomada de cortes na Selic apenas no primeiro trimestre de 2026, com a taxa fechando o próximo ano em 12,75% endash; em linha com a mediana do Projeções Broadcast para o fim de 2026.

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Queda de vetos a 'jabutis' favorece setor de etanol e pequenas usinas

Empresários do setor de etanol e empresas que operam pequenas centrais hidrelétricas deverão ganhar com a derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos eldquo;jabutiserdquo; incluídos na lei de regulamentação da energia eólica em alto mar. Conta de luz deve ser onerada em R$ 197 bilhões nos próximos 25 anos. Nem todos perderam com a derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos eldquo;jabutiserdquo; incluídos na lei que regulamenta a energia eólica em alto mar, cujo custo, estimado em R$ 197 bilhões nos próximos 25 anos, deverá ser pago por todos os consumidores do País. Empresários do setor de biomassa e do etanol, principalmente do Nordeste, além das empresas que operam pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), como a Brasil PCH, do empresário Carlos Suarez, terão ganhos com a queda. O Estadão procurou Suarez e a Brasil PCH, mas não obteve retorno. A Unica (União da Indústria da Cana de Açúcar) também não quis se manifestar sobre o assunto. Em sessão do Congresso na última terça-feira, deputados e senadores decidiram preservar oito dos 24 eldquo;jabutiserdquo; inseridos no texto que define as regras para a exploração de energia eólica em alto-mar (offshore). Esses trechos foram inseridos durante a tramitação do projeto, em 2024, por força do lobby empresarial com parlamentares com o objetivo alterar parâmetros sobre a compra de energia que será repassada aos consumidores pelos próximos 25 anos. Segundo a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), todos os 24 eldquo;jabutiserdquo; custarão R$ 545 bilhões a preços de hoje, valor que incidirá sobre os encargos embutidos nas tarifas endash; o que tornaria as contas de luz até 9% mais caras. A votação da semana passada, portanto, foi apenas a primeira parte Reação O governo promete medida provisória para reduzir efeitos da queda dos vetos na conta de luz do encarecimento das tarifas, que podem subir ainda mais com a votação dos vetos restantes. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), minimizou o dano da queda dos vetos, e disse que o governo trabalha em uma medida provisória para reduzir os efeitos na conta de luz. eldquo;É razoável que a medida provisória seja editada concomitante à promulgação dos vetos, para que não tenha impacto na conta de luz dos brasileiros. É indispensável para que não se tenha nenhum impacto na conta de luz dos brasileiros.erdquo; Os vetos foram derrubados por ampla maioria na Câmara e no Senado, com 347 votos de deputados e 48 de senadores. O placar foi ainda maior para a prorrogação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). VOTOS ATÉ DO PT. Parlamentares do PT deram 70 votos para derrubar o veto de Lula, enquanto os do PL, partido de oposição, deram 62. Os lobbies vencedores desta primeira etapa foram os que, segundo parlamentares e membros do governo ouvidos pelo Estadão, representam os setores de energias renováveis e a biomassa derivada da cana-deaçúcar. O custo foi avaliado por governistas como eldquo;menorerdquo; do que os vetos que tratam de termelétricas a gás, cuja votação o governo conseguiu adiar. Os representantes de pequenas centrais hidrelétricas conseguiram emplacar a compra obrigatória de 4,9 GW de energia pelos próximos 25 anos, uma oferta que o próprio mercado hoje diz não conseguir entregar. Só esse eldquo;jabutierdquo; custará R$ 140 bilhões, segundo cálculos da consultoria PSR Energy. Em agosto, o governo fará o primeiro leilão desde 2022 de compra de energia nova de PCHs e outras hidrelétricas de pequena capacidade. A Empresa de Pesquisa Energética mapeou investimentos capazes de gerar até 2,99 GW, ou seja, menos do que o valor definido na lei (4,9 GW). O resultado prático esperado é que os produtores poderão cobrar preços mais altos pela energia, uma vez que o governo está obrigado a comprar mais do que eles são capazes de oferecer. Ou seja, além do mercado cativo, eles também vão ganhar no preço. elsquo;REI DO GÁSersquo;. Um dos empresários mais atuantes no segmento de PCHs no Brasil hoje é Carlos Suarez, apelidado de eldquo;Rei do Gáserdquo; pela participação que adquiriu nos últimos anos em distribuidoras estaduais de gás. A Brasil PCH, que é controlada pela BSB Energia e pela Eletroriver, empresas de Suarez, comanda 13 usinas em Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Mas não foi só neste ponto que as PCHs ganharam na derrubada dos vetos. Os parlamentares decidiram prorrogar por mais 20 anos as compras compulsórias de empresas do Proinfa endash; programa criado depois do apagão de 2001 para estimular a geração de novas fontes de energia com subsídio estatal. A energia vendida por esses produtores é três vezes mais cara que a praticada no mercado e a diferença de preço é cobrada dos consumidores por meio de mais um encargo que incide sobre as contas de luz. ebull; A derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos eldquo;jabutiserdquo; do setor de energia, que deve ter como consequência o aumento das contas de luz, abriu uma divergência entre os ministros palacianos, de Minas e Energia e a equipe política do governo. Nos bastidores, os auxiliares do presidente se desentenderam sobre o acordo que deu aval para que os vetos presidenciais fossem derrubados no Congresso. Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) não concordaram com o acordo que foi selado pela ministra Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais, segundo apurou o Estadão. Procurados, os três ministros não quiseram se manifestar. De um total de 24 vetos de Lula tratando do setor energético, oito foram colocados em votação na semana passada e todos foram derrubados. Os 16 demais tiveram a votação adiada. Todos os três líderes do governo no Congresso endash; Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE) endash; foram favoráveis à derrubada dos vetos de Lula. Como mostrou o Estadão, o PT deu mais votos do que a oposição para a rejeição da decisão do presidente. Nas redes sociais, políticos do PT estão sendo cobrados pela votação, que atendeu a lobbies de setores econômicos e que terá como resultado um aumento de 3,5% nas contas de luz, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace). Na última quinta-feira, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que comanda a articulação política do governo, publicou uma nota nas redes sociais informando que houve acordo para a derrubada dos vetos. Segundo a SRI, o acordo era aceitar apenas a prorrogação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), considerado o eldquo;mais baratoerdquo; dos eldquo;jabutiserdquo; endash; avaliado em R$ 24 bilhões, segundo os cálculos da PSR Energy. Mas não foi só o eldquo;jabutierdquo; do Proinfa, e sim todos os outros sete que caíram receberam votos favoráveis de governistas no Congresso. Segundo relatos ouvidos pelo Estadão, até a hora da votação Rui Costa tentou segurar a apreciação dos vetos, sem êxito. A oferta do governo era aceitar a derrubada do veto do Proinfa, mas, em contrapartida, manter o dos demais endash; o que não aconteceu. PRESSÃO. A equipe política do Planalto já sabia, desde a véspera, que os políticos do Centrão na Câmara pressionavam para que fossem votados todos os vetos para atender ao lobby do setor privado. O governo cedeu, então, para uma negociação restrita aos setores de energias renováveis (etanol e biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e energia eólica) endash; um rombo de R$ 197 bilhões em 25 anos, segundo a Abrace. Em uma das conversas que teve com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UniãoAP), Gleisi Hoffmann e líderes da Casa, Rui Costa foi cobrado por uma medida provisória que poderia, segundo parlamentares, ter evitado a votação dos vetos. Há pelo menos três semanas, líderes do Senado relatavam, nos bastidores, que a pasta de Alexandre Silveira havia preparado uma medida provisória que salvaria alguns setores de energia e, assim, esvaziaria o interesse empresarial na votação dos vetos. Pequenas centrais hidrelétricas e investidores de termelétricas a carvão, além do etanol, seriam contemplados. A MP, no entanto, nunca saiu da Casa Civil. Costa foi informado por Alcolumbre, então, que não havia mais o que fazer, a não ser seguir o acordo de derrubada dos vetos para as energias renováveis. RESSENTIMENTO. O resultado da votação e a constatação de que o consumidor vai pagar mais caro pela conta de luz, no entanto, não ficou apenas sob a responsabilidade do Congresso, mas também respingou nos políticos do PT e nos aliados da base que seguiram a orientação da equipe política do Planalto. O ressentimento, neste caso, é de que o PT votou contra os eldquo;jabutiserdquo; na primeira rodada de votações, no ano passado, e agora saiu na foto como o seu maior defensor. No dia seguinte, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), informou que o governo vai apresentar, na semana que vem, uma medida provisória para mitigar os danos da derrubada dos vetos, informação que foi repetida na nota publicada pela Secretaria de Relações Institucionais. Técnicos do governo dizem ainda não ter recebido a missão de elaborar a medida provisória. O certo é que, se for resgatada a MP que estacionou na Casa Civil, mais setores, além dos já atendidos, poderão ser contemplados no que já se considera uma repescagem dos eldquo;jabutiserdquo; que ficaram de fora da votação da última semana. ebull;

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Petróleo fecha misto, com adiamento de decisão sobre EUA no Oriente Médio

Os contratos futuros de petróleo fecharam sem sinal único nesta sexta-feira (20/6), encerrando uma semana de ganhos para a commodity marcada pela atenção aos desdobramentos do conflito entre Israel e Irã. A decisão sobre um envolvimento dos Estados Unidos foi adiada, o que ofereceu às cotações, no entanto, a possibilidade de bloqueio do Estreito de Ormuz em caso de acirramento de conflito segue no radar, o que poderia disparar os preços da matéria-prima. Em Nova York, o petróleo operou em alta na volta do feriado de ontem que manteve os mercados fechados. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para agosto avançou 2,33% (US$ 1,84), a US$ 77,01 o barril, enquanto o petróleo WTI para o mesmo mês, negociado na Nymex, fechou em alta de 0,46% (US$ 0,34), a US$ 73,84 o barril. No acumulado da semana, o Brent subiu 2,5% e o WTI, 3%. eldquo;O cenário mais favorável seria se o conflito se acalmasse após algumas semanas. Isso poderia levar à rápida dissipação dos prêmios de risco e ao retorno dos preços do petróleo aos níveis pré-conflito, que é a nossa hipótese atualerdquo;, aponta a Capital Economics. No entanto, existe um risco claro de que uma nova escalada possa, de forma viável, levar os preços do petróleo a subir para algo em torno de US$ 130-150 por barril, pondera. Ontem (19/6), houve a ameaça de que o Irã fechará o Estreito de Ormuz se os Estados Unidos e aliados ocidentais se juntarem a Israel no conflito contra o país persa, de acordo com o parlamentar iraniano Seyyed Ali Yazdi Khah. eldquo;Crucialmente, o tempo em que os preços do petróleo permanecerão elevados dependerá de como o conflito para (ou não) ser resolvido. Um cenário possível é que um regime reformista assuma o controle e busque uma reaproximação com o Ocidente, o que poderia até mesmo fazer com que os preços da energia se estabilizassem mais baixos do que anteserdquo;, cogita a consultoria. No entanto, existem muitos resultados menos desenvolvidos, em que um conflito duradouro, com riscos prolongados para o transporte marítimo e o comércio de energia, poderiam levar os preços do petróleo a atingir os três dígitos por algum tempo, conclui. O número de poços e plataformas de petróleo em atividade nos EUA caiu uma unidade na semana, para 438, de acordo com informações da Baker Hughes, empresa que presta serviços ao setor.

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Câmara do Irã aprova fechamento do Estreito de Hormuz; decisão final cabe ao Conselho Supremo

O Parlamento do Irã aprovou neste domingo (22/06) uma medida que prevê o fechamento do Estreito de Ormuz, rota estratégica para o transporte global de petróleo e gás natural, em resposta aos bombardeios dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas no dia anterior. O anúncio, feito por meio de um veículo de imprensa local, diz que a decisão final, contudo, cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional, e ainda não foi informado um prazo para que ela seja tomada. Em entrevista à emissora Press TV, o general Esmaeil Kousari, integrante da Comissão de Segurança Nacional do Parlamento, afirmou que os deputados iranianos concluíram eldquo;que o Estreito de Ormuz deve ser fechado, mas a decisão final a esse respeito cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacionalerdquo;. Se confirmado, o bloqueio pode pressionar os preços do petróleo e do gás no mercado internacional, além de provocar atrasos no abastecimento global dessas commodities.

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Produção de etanol de milho dispara e vai superar 25% do total, nos 50 anos do Proálcool

A produção do etanol de cana-de-açúcar caiu na safra que terminou em março, mas o milho garantiu um novo recorde no total, com 37,3 bilhões de litros. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única), o etanol de milho saltou 31% na safra 2024/2025, para 8,2 bilhões de litros. Em dez anos, a produção se multiplicou por dez. Para os próximos anos, estão mapeados R$ 40 bilhões em investimentos, conforme a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), que reúne os fabricantes. Em 2025, o milho deverá chegar a 10 bilhões de litros no Brasil, mais de um quarto do total nacional, estima a Unem, no ano em que o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) completará 50 anos. Segundo executivos e especialistas, o avanço acelerado do etanol de milho é impulsionado por um modelo de negócios que parece imbatível: a grande oferta do grão a preço competitivo passa por uma tecnologia industrial bem estabelecida, de origem americana emdash; nos EUA, maior produtor de etanol do mundo, o milho é a matéria-prima principal emdash; e entrega como produtos finais o etanol e o DDG, ou eldquo;grãos secos de destilariaerdquo;, na sigla em inglês, usado como ração animal emdash; que tem potencial de ser exportado, inclusive para a China, que acaba de abrir o mercado para o Brasil. e#39;Safrinhae#39; só no nome O pontapé inicial foi o crescimento da disponibilidade do milho. Na safra 2000/2001, a produção nacional foi de 42,3 milhões de toneladas, segundo a Conab, estatal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Pouco mais de dez anos depois, a safra total do grão havia dobrado. O boom é fruto do sucesso do modelo brasileiro de cultivo da soja, com o plantio direto e uma segunda safra de outra cultura para ajudar a preparar o solo. O Brasil se tornou o maior produtor e exportador de soja do mundo, e o milho veio junto. A eldquo;safrinhaerdquo; manteve o diminutivo só no nome, e o país passou a disputar com os EUA o posto de maior fornecedor global de milho. emdash; O nosso acionista, a Summit, já tinha investido, com sucesso, na maior empresa privada de etanol de milho nos EUA, que era a Hawkeye Renewables, que foi vendida. Aí, a Summit foi buscar um novo lugar para investir em etanol de milho. E o Brasil foi o destino natural. Mato Grosso tem o milho mais barato do mundo emdash; diz Daniel Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS, pioneira na produção a partir do milho no Brasil. Além da maior oferta, escoar a crescente produção requer investimentos em armazenagem e logística. Por isso, faz sentido investir para beneficiar e agregar valor. O modelo atraiu diferentes tipos de investidores, como fabricantes de açúcar e álcool que apostam na diversificação, produtores de grãos que formam sociedades, comercializadores de grãos e uma nascente indústria dedicada apenas ao etanol de milho, como no caso da FS, controlada pela americana Summit AG em sociedade com a Tapajós Participações, que reúne grandes produtores de grãos de Mato Grosso. 16 usinas previstas Os primeiros litros saíram, na safra 2011/2012, de uma eldquo;usina flexerdquo;, que produz o álcool tanto da cana quanto do milho, da Usimat, empresa instalada em Mato Grosso. Entre os fabricantes de açúcar e álcool, apostaram no milho a SJC Bioenergia, em 2015, a Cerradinho Bio, em 2019, e a São Martinho, em 2023. Comercializadora e varejista, a gaúcha 3Tentos, que já tem usinas de processamento de soja e refinarias de biodiesel, está investindo R$ 1,2 bilhão para inaugurar uma biorrefinaria de etanol de milho, em Porto Alegre do Norte (MT), em 2026. Para investir, a companhia tomou empréstimo de R$ 500 milhões com o BNDES. Os projetos de biocombustíveis estão aptos a receber recursos do Fundo Clima, que têm juros mais baixos. Com isso, aprovou R$ 4,3 bilhões em financiamentos para investimentos em biocombustíveis em 2024. E espera repetir a dose este ano, segundo José Luís Gordon, diretor do BNDES. A pioneira FS inaugurou sua fábrica, com tecnologia americana, em 2017 em Lucas do Rio Verde (MT). Hoje, são três unidades, incluindo Sorriso (MT) e Primavera do Leste (MT). A produção anual atingiu 2,4 bilhões de litros de etanol no primeiro trimestre, com receita de R$ 10,7 bilhões no acumulado em 12 meses. A Inpasa também apostou na tecnologia americana, mas as operações começaram no Paraguai, em 2006. No Brasil, a empresa estreou em 2019, na biorrefinaria de Sinop (MT), segundo a empresa, o maior complexo de etanol de grãos da América Latina. A Inpasa tem capacidade de produzir 5,8 bilhões de litros por ano. No total, são 25 biorrefinarias de etanol de milho no país. Mais 16 unidades têm autorização de construção, conforme a Unem, que mapeou outros 16 projetos em planejamento. Os R$ 40 bilhões em investimentos projetados incluem R$ 15 bilhões em parte dos 16 projetos autorizados, para ampliar a capacidade em 5 bilhões de litros por ano, e R$ 25 bilhões em armazenagem e logística, estima Guilherme Nolasco, presidente da Unem. Após o boom, Nolasco vê alguma acomodação nos investimentos. A FS está mais focada em reduzir o endividamento. O principal investimento, de R$ 550 milhões, é num projeto de captura de carbono, para tornar a produção do etanol ainda mais sustentável, o que poderá permitir cobrar prêmios no preço de exportação para a Europa, explica Lopes. e#39;Tirar o boi do pastoe#39; A Inpasa, após investir R$ 4,9 bilhões ano passado, projeta aportar mais R$ 4 bilhões este ano, segundo Fernando Alfini, vice-presidente de Gestão e Finanças. Os recursos vão para as ampliações nas biorrefinarias de Balsas (MA) e Sidrolândia (MT) e para a construção da unidade de Luís Eduardo Magalhães (BA), que deverá ficar pronta em 2026. Assim, terá 1,6 bilhão de litros de etanol por ano a mais. emdash; Sempre olhamos o mercado. Hoje, um dos impactos quando vamos rodar planos de negócios é a questão tributária do país, é um ponto que pode dar uma freada nos nossos investimentos, porque isso gera um pouquinho de indefinição, de insegurança para aumentar os nossos investimentos emdash; diz Alfini. O etanol de milho emite menos carbono e não concorre com a produção de alimentos. A segunda safra não tira espaço da soja, e o DDG, que seria uma sobra, retorna para a cadeia alimentar como ração. emdash; Cerca de 85% da nossa carne ainda é produzida no pasto. Os EUA cresceram no etanol de milho à base de dar DDG para o gado. Hoje, 100% da carne americana produzida é em estábulos. O Brasil vai para o mesmo caminho. Vamos conseguir, com o etanol de milho, tirar o boi do pasto emdash; diz Luis Augusto Barbosa Cortez, professor da Unicamp, lembrando que a pecuária mais intensiva reduzirá as emissões do país e liberará terras degradadas para agricultura. Para a produção de açúcar, a ascensão do etanol de milho será complementar. Um efeito é acabar com a irregularidade da oferta nos períodos da entressafra de cana. Outro é espalhar o etanol pelo país. emdash; O milho está indo para regiões onde a cana não teria espaço ou aptidão. Torna a oferta de etanol mais robusta e menos suscetível a questões climáticas emdash; diz Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Única.

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