Ano:
Mês:
article

Morre o empresário Abilio Diniz, aos 87 anos

O empresário Abilio Diniz morreu neste domingo em São Paulo, aos 87 anos de idade. Conhecido por ter transformado o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do país, Diniz estava internado no hospital Albert Einstein, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. A história do varejo brasileiro e do empresário Abilio dos Santos Diniz estão entrelaçadas. Tanto que há alguns anos o jornal britânico Financial Times escreveu que Diniz era um e#39;heroie#39; para os consumidores brasileiros dada sua perseverança à frente do negócio fundado por seu pai, o português Valentim dos Santos Diniz. A rede de supermercados Pão de Açúcar, que nasceu em 1948 como uma doceria, ganhou este nome pelo amor que o imigrante criou pelo Pão de Açúcar assim que chegou de navio ao Rio de Janeiro, em 1929, e avistou a beleza da paisagem. A doceria transformou-se num império e Diniz num dos mais icônicos empreendedores brasileiros. Críticos apontavam seu temperamento forte e a obsessão pelo poder como seus principais defeitos. Mas, no mercado, essas duas características sempre foram vistas como essenciais para seu sucesso no varejo nacional. Dono de uma fortuna estimada em US$ 2,4 bilhões pela revista Forbes, ele ocupava em agosto de 2023, a posição 1.272 no ranking global de pessoas mais ricas do mundo. Entre os brasileiros, Diniz não era só o "pop star" do varejo admirado por sua riqueza e obstinação pelo trabalho: ele ganhou notoriedade como um homem apaixonado por esportes emdash; e torcedor fervoroso do São Paulo Futebol Clube, cidadão religioso e que buscava sempre uma vida saudável. Escreveu livros contando sobre suas crises pessoais e profissionais e, mais recentemente, tornou-se apresentador de televisão num programa de entrevistas. Era ativo em redes sociais, com mais de 845 mil seguidores no Instagram e 1,3 milhão no Facebook, onde mostrava fotos do cotidiano com a família, suas viagens de férias, além de postar alguns de seus pensamentos pessoais sobre a vida e os negócios. Era esse outro lado de Abilio Diniz, além da faceta de empresário de sucesso, que também atraia a curiosidade das pessoas. A mesma obstinação pelos negócios e pelos esportes, Diniz manteve pela religião. Como sua mãe, a também portuguesa, Floripes Diniz, o empresário era católico fervoroso. Há alguns anos, ele chegou a fazer uma palestra no altar da igreja de Santa Rita de Cássia, no bairro de Mirandópolis, em São Paulo, onde frequentava as missas. O convite para ouvir o empresário na igreja chegou aos fiéis pelo Facebook: "Encontro de fé e cidadania com Abilio Diniz". Com seu temperamento forte, Diniz encarou ao logo de sua trajetória profissional algumas brigas homéricas. A primeira delas foi com sua própria família, nos anos 1990. O pai Valentim decidiu dar parte das ações da empresa para seus filhos: Abilio, Alcides, Arnaldo, Vera, Sônia e Lucília. As ações foram divididas de acordo com a participação do trabalho de cada um na empresa. Abilio Diniz, o primogênito e mais ativo no Pão de Açúcar, recebeu a maior parte. Enquanto cada um dos filhos recebeu 8% endash; e as filhas apenas 2% endash; Abilio ficou 16% da companhia. A decisão do pai abriu uma disputa entre os irmãos pelo comando da companhia e o Pão de Açúcar por pouco não quebrou. Até mesmo a mãe Floripes abriu um processo contra o marido e o primogênito. Só em 1994, um acordo foi assinado garantindo a ele o controle da companhia. Lucília, a irmã caçula, foi a única a permanecer no grupo trabalhando com o irmão mais velho. Já sob sua liderança, em 1995, o Pão de Açúcar fez sua oferta pública inicial de ações (IPO) na Bolsa de Valores de São Paulo, obtendo US$ 112,1 milhões. Foi o primeiro lançamento de ações de uma empresa varejista do ramo de alimentos na antiga Bovespa (hoje B3). Dois anos depois, a empresa levantou US$ 172,5 milhões na Bolsa de Nova York. Foi nos anos 90, que começou a se desenhar a principal batalha do empresário no mundo dos negócios. Em 1999, Diniz articulou um acordo com o grupo francês Casino, um dos gigantes do varejo global, que adquiriu 25% do capital do Pão de Açúcar. Em 2005, o sócio minoritário francês aumentou sua participação para 50% para que o Pão de Açúcar reduzisse suas dívidas. Mas com uma condição: que o comando fosse passado aos franceses em 2012. Em 2011, o mercado começou a especular que Diniz vinha se aproximando do Carrefour, principal rival do Casino, e tentava uma fusão. Diniz abriu uma disputa com o Casino, mas os franceses conseguiram barrar a união do Pão de Açúcar e do Carrefour, usando o contrato assinado pelo empresário brasileiro. Em agosto de 2012, o Casino assumiu o controle do Pão de Açúcar. No ano seguinte, após um acordo, Abilio deixou a empresa, que passou a ser chamada de GPA. Ele classificou a assinatura do contrato com o Casino como o maior erro de sua vida no mundo dos negócios. Amigos e pessoas próximas ao empresário eram unânimes em afirmar que um episódio mudou profundamente sua vida, tornando-o mais apegado ainda à espiritualidade e à família. Em dezembro de 1989, o dono do Pão de Açúcar foi vítima de um sequestro, no Jardim Europa, em São Paulo, quando estava a caminho do trabalho. Os dez sequestradores, incluindo chilenos, brasileiros e canadenses, pertenciam ao grupo MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria). Eles pediram US$ 30 milhões para libertá-lo. Durante seis dias, Diniz ficou num minúsculo cativeiro ouvindo música country. A polícia descobriu o esconderijo e conseguiu libertá-lo sem que o resgate fosse pago. Entre 1979 e 1989, Abilio foi membro do Conselho Monetário Nacional a convite do economista Mario Henrique Simonsen. Avaliava, porém, ter sido uma espécie de década perdida para ele por não ter conseguido fazer muito pelo Brasil e ter se dedicado pouco a sua empresa. Daquela época, guardava uma lição: empresário não deve se meter em política. Por isso, em entrevistas, evitava fazer críticas pesadas ao governo emdash; seja de que linha fosse. Para ele, era importante que a população sempre mantivesse a esperança na prosperidade do país. Mas nunca negou ser fã de carteirinha de Lula. Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936, em São Paulo. Casou-se pela primeira vez em 1960, com Auriluce, com quem teve os filhos Ana Maria, João Paulo, Pedro Paulo e Adriana. O segundo matrimônio, com Geyze Marchesi, veio em 2004. Da união, nasceram Rafaela e Miguel. Um dos mais duros golpes na vida pessoal do empresário foi a morte, em 2022, de seu filho João Paulo, aos 58 anos, vítima de enfarto. Diniz queria ser professor, mas adiou o sonho após a proposta feita pelo pai para tocar o negócio da família. Formado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, recentemente o empresário montou um curso sobre liderança e gestão, onde lecionou presencialmente. Sempre que era perguntado sobre o legado que queria deixar para a sociedade, dizia que nunca se preocupava com isso. Sua principal preocupação em vida, afirmava, era ser uma pessoa feliz, que faz o bem e compartilha o conhecimento. Abílio Diniz será velado nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, das 11h às 15h no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, seu time de coração. O velório será aberto ao público. O enterro será reservado apenas aos familiares.

article

Morre o empresário Abilio Diniz, aos 87 anos

O empresário Abilio Diniz morreu neste domingo em São Paulo, aos 87 anos de idade. Conhecido por ter transformado o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do país, Diniz estava internado no hospital Albert Einstein, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite. A história do varejo brasileiro e do empresário Abilio dos Santos Diniz estão entrelaçadas. Tanto que há alguns anos o jornal britânico Financial Times escreveu que Diniz era um e#39;heroie#39; para os consumidores brasileiros dada sua perseverança à frente do negócio fundado por seu pai, o português Valentim dos Santos Diniz. A rede de supermercados Pão de Açúcar, que nasceu em 1948 como uma doceria, ganhou este nome pelo amor que o imigrante criou pelo Pão de Açúcar assim que chegou de navio ao Rio de Janeiro, em 1929, e avistou a beleza da paisagem. A doceria transformou-se num império e Diniz num dos mais icônicos empreendedores brasileiros. Críticos apontavam seu temperamento forte e a obsessão pelo poder como seus principais defeitos. Mas, no mercado, essas duas características sempre foram vistas como essenciais para seu sucesso no varejo nacional. Dono de uma fortuna estimada em US$ 2,4 bilhões pela revista Forbes, ele ocupava em agosto de 2023, a posição 1.272 no ranking global de pessoas mais ricas do mundo. Entre os brasileiros, Diniz não era só o "pop star" do varejo admirado por sua riqueza e obstinação pelo trabalho: ele ganhou notoriedade como um homem apaixonado por esportes emdash; e torcedor fervoroso do São Paulo Futebol Clube, cidadão religioso e que buscava sempre uma vida saudável. Escreveu livros contando sobre suas crises pessoais e profissionais e, mais recentemente, tornou-se apresentador de televisão num programa de entrevistas. Era ativo em redes sociais, com mais de 845 mil seguidores no Instagram e 1,3 milhão no Facebook, onde mostrava fotos do cotidiano com a família, suas viagens de férias, além de postar alguns de seus pensamentos pessoais sobre a vida e os negócios. Era esse outro lado de Abilio Diniz, além da faceta de empresário de sucesso, que também atraia a curiosidade das pessoas. A mesma obstinação pelos negócios e pelos esportes, Diniz manteve pela religião. Como sua mãe, a também portuguesa, Floripes Diniz, o empresário era católico fervoroso. Há alguns anos, ele chegou a fazer uma palestra no altar da igreja de Santa Rita de Cássia, no bairro de Mirandópolis, em São Paulo, onde frequentava as missas. O convite para ouvir o empresário na igreja chegou aos fiéis pelo Facebook: "Encontro de fé e cidadania com Abilio Diniz". Com seu temperamento forte, Diniz encarou ao logo de sua trajetória profissional algumas brigas homéricas. A primeira delas foi com sua própria família, nos anos 1990. O pai Valentim decidiu dar parte das ações da empresa para seus filhos: Abilio, Alcides, Arnaldo, Vera, Sônia e Lucília. As ações foram divididas de acordo com a participação do trabalho de cada um na empresa. Abilio Diniz, o primogênito e mais ativo no Pão de Açúcar, recebeu a maior parte. Enquanto cada um dos filhos recebeu 8% endash; e as filhas apenas 2% endash; Abilio ficou 16% da companhia. A decisão do pai abriu uma disputa entre os irmãos pelo comando da companhia e o Pão de Açúcar por pouco não quebrou. Até mesmo a mãe Floripes abriu um processo contra o marido e o primogênito. Só em 1994, um acordo foi assinado garantindo a ele o controle da companhia. Lucília, a irmã caçula, foi a única a permanecer no grupo trabalhando com o irmão mais velho. Já sob sua liderança, em 1995, o Pão de Açúcar fez sua oferta pública inicial de ações (IPO) na Bolsa de Valores de São Paulo, obtendo US$ 112,1 milhões. Foi o primeiro lançamento de ações de uma empresa varejista do ramo de alimentos na antiga Bovespa (hoje B3). Dois anos depois, a empresa levantou US$ 172,5 milhões na Bolsa de Nova York. Foi nos anos 90, que começou a se desenhar a principal batalha do empresário no mundo dos negócios. Em 1999, Diniz articulou um acordo com o grupo francês Casino, um dos gigantes do varejo global, que adquiriu 25% do capital do Pão de Açúcar. Em 2005, o sócio minoritário francês aumentou sua participação para 50% para que o Pão de Açúcar reduzisse suas dívidas. Mas com uma condição: que o comando fosse passado aos franceses em 2012. Em 2011, o mercado começou a especular que Diniz vinha se aproximando do Carrefour, principal rival do Casino, e tentava uma fusão. Diniz abriu uma disputa com o Casino, mas os franceses conseguiram barrar a união do Pão de Açúcar e do Carrefour, usando o contrato assinado pelo empresário brasileiro. Em agosto de 2012, o Casino assumiu o controle do Pão de Açúcar. No ano seguinte, após um acordo, Abilio deixou a empresa, que passou a ser chamada de GPA. Ele classificou a assinatura do contrato com o Casino como o maior erro de sua vida no mundo dos negócios. Amigos e pessoas próximas ao empresário eram unânimes em afirmar que um episódio mudou profundamente sua vida, tornando-o mais apegado ainda à espiritualidade e à família. Em dezembro de 1989, o dono do Pão de Açúcar foi vítima de um sequestro, no Jardim Europa, em São Paulo, quando estava a caminho do trabalho. Os dez sequestradores, incluindo chilenos, brasileiros e canadenses, pertenciam ao grupo MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria). Eles pediram US$ 30 milhões para libertá-lo. Durante seis dias, Diniz ficou num minúsculo cativeiro ouvindo música country. A polícia descobriu o esconderijo e conseguiu libertá-lo sem que o resgate fosse pago. Entre 1979 e 1989, Abilio foi membro do Conselho Monetário Nacional a convite do economista Mario Henrique Simonsen. Avaliava, porém, ter sido uma espécie de década perdida para ele por não ter conseguido fazer muito pelo Brasil e ter se dedicado pouco a sua empresa. Daquela época, guardava uma lição: empresário não deve se meter em política. Por isso, em entrevistas, evitava fazer críticas pesadas ao governo emdash; seja de que linha fosse. Para ele, era importante que a população sempre mantivesse a esperança na prosperidade do país. Mas nunca negou ser fã de carteirinha de Lula. Abilio Diniz nasceu em 28 de dezembro de 1936, em São Paulo. Casou-se pela primeira vez em 1960, com Auriluce, com quem teve os filhos Ana Maria, João Paulo, Pedro Paulo e Adriana. O segundo matrimônio, com Geyze Marchesi, veio em 2004. Da união, nasceram Rafaela e Miguel. Um dos mais duros golpes na vida pessoal do empresário foi a morte, em 2022, de seu filho João Paulo, aos 58 anos, vítima de enfarto. Diniz queria ser professor, mas adiou o sonho após a proposta feita pelo pai para tocar o negócio da família. Formado em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, recentemente o empresário montou um curso sobre liderança e gestão, onde lecionou presencialmente. Sempre que era perguntado sobre o legado que queria deixar para a sociedade, dizia que nunca se preocupava com isso. Sua principal preocupação em vida, afirmava, era ser uma pessoa feliz, que faz o bem e compartilha o conhecimento. Abílio Diniz será velado nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, das 11h às 15h no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, seu time de coração. O velório será aberto ao público. O enterro será reservado apenas aos familiares.

article

Etanol anidro cai 2,31% e hidratado recua 1,63% nesta semana nas usinas paulistas, diz Cepea

Nas usinas paulistas, o preço do etanol hidratado caiu 1,63% nesta semana, de R$ 2,1650 o litro para 2,1297/litro, em média, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). Já o valor do anidro recuou 2,31% no período, de R$ 2,4467 o litro para R$ 2,3902/litro, em média. (Estadão Conteúdo)

article

Etanol anidro cai 2,31% e hidratado recua 1,63% nesta semana nas usinas paulistas, diz Cepea

Nas usinas paulistas, o preço do etanol hidratado caiu 1,63% nesta semana, de R$ 2,1650 o litro para 2,1297/litro, em média, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq). Já o valor do anidro recuou 2,31% no período, de R$ 2,4467 o litro para R$ 2,3902/litro, em média. (Estadão Conteúdo)

article

Abertura no mercado do petróleo só traz benefícios ao País

A balança comercial de petróleo e derivados atingiu recorde com um superávit de US$ 25 bilhões, em 2023, representando 25% do saldo nacional, cujo superávit foi de US$ 99 bilhões. O resultado mostra como foi bem-sucedido o modelo de leilões para explorar petróleo. Por outro lado, mostra, também, como o monopólio mantido no refino ajudou a sermos importadores de todos os derivados de petróleo. O modelo de leilões atraiu grandes players e investidores, estimulando a competição e permitindo a exploração por parte de empresas estrangeiras e brasileiras, juntamente com a Petrobras. De 1997 a 2022, a produção de petróleo brasileira cresceu 257%, um crescimento anual de 5,34%, passando de 1,1 milhão de barris por dia (b/d) para 3,1 milhões de b/d. Além disso, a abertura do mercado levou a um crescimento da arrecadação das participações governamentais, que era de R$ 1,33 bilhão, em 1999, para R$ 129,93 bilhões, em 2022. Enquanto ao longo dos anos nos tornamos exportadores de petróleo, também acabamos por ser importadores de derivados, em particular, de diesel. De acordo com dados da ANP, até novembro de 2023, a balança comercial de derivados foi deficitária em US$ 6,0 bilhões, enquanto a balança do petróleo foi superavitária, de US$ 30,2 bilhões. Nesse recorte, só a importação de diesel representou 50% das despesas com derivados. A defasagem do refino em relação ao segmento de exploração e produção (Eeamp;P) resulta de anos de monopólio, obras inacabadas e insegurança jurídica e regulatória. Desde o início dos anos 2000, o parque de refino nacional não recebe investimentos significativos. O último foi a Refinaria Abreu e Lima, que iniciou suas operações com metade da capacidade prevista e se tornou símbolo de anos de corrupção na Petrobras. Em 2019, o governo resolveu atender ao que a lei da abertura (9.478/97) previa, e Cade e Petrobras assinaram o TCC que previa a venda de oito refinarias, 50% da capacidade de refino da empresa. Em 2023, a nova gestão da companhia anunciou a decisão de suspensão da alienação de ativos de refino. Não concluiu a venda da Lubnor (CE) e no fim de 2023 sinalizou a intenção de voltar a ter participação na Refinaria de Mataripe, que representa 15% da capacidade de refino do Brasil. A título de comparação, enquanto em 1997 a Petrobras era responsável por 100% da produção nacional de petróleo, no fim de 2023 esse porcentual foi reduzido para 65%. Já no refino, a única mudança substancial foi a venda da RLAM, atual Mataripe, que representa 14% da capacidade nacional. O sucesso do modelo do segmento de Eeamp;P deveria servir de inspiração para o refino. A entrada de novas empresas trazendo concorrência traria investimentos e geração de empregos e beneficiaria os consumidores e a própria Petrobras, que se blindaria de intervenções do governo na política de preços da empresa.

article

Abertura no mercado do petróleo só traz benefícios ao País

A balança comercial de petróleo e derivados atingiu recorde com um superávit de US$ 25 bilhões, em 2023, representando 25% do saldo nacional, cujo superávit foi de US$ 99 bilhões. O resultado mostra como foi bem-sucedido o modelo de leilões para explorar petróleo. Por outro lado, mostra, também, como o monopólio mantido no refino ajudou a sermos importadores de todos os derivados de petróleo. O modelo de leilões atraiu grandes players e investidores, estimulando a competição e permitindo a exploração por parte de empresas estrangeiras e brasileiras, juntamente com a Petrobras. De 1997 a 2022, a produção de petróleo brasileira cresceu 257%, um crescimento anual de 5,34%, passando de 1,1 milhão de barris por dia (b/d) para 3,1 milhões de b/d. Além disso, a abertura do mercado levou a um crescimento da arrecadação das participações governamentais, que era de R$ 1,33 bilhão, em 1999, para R$ 129,93 bilhões, em 2022. Enquanto ao longo dos anos nos tornamos exportadores de petróleo, também acabamos por ser importadores de derivados, em particular, de diesel. De acordo com dados da ANP, até novembro de 2023, a balança comercial de derivados foi deficitária em US$ 6,0 bilhões, enquanto a balança do petróleo foi superavitária, de US$ 30,2 bilhões. Nesse recorte, só a importação de diesel representou 50% das despesas com derivados. A defasagem do refino em relação ao segmento de exploração e produção (Eeamp;P) resulta de anos de monopólio, obras inacabadas e insegurança jurídica e regulatória. Desde o início dos anos 2000, o parque de refino nacional não recebe investimentos significativos. O último foi a Refinaria Abreu e Lima, que iniciou suas operações com metade da capacidade prevista e se tornou símbolo de anos de corrupção na Petrobras. Em 2019, o governo resolveu atender ao que a lei da abertura (9.478/97) previa, e Cade e Petrobras assinaram o TCC que previa a venda de oito refinarias, 50% da capacidade de refino da empresa. Em 2023, a nova gestão da companhia anunciou a decisão de suspensão da alienação de ativos de refino. Não concluiu a venda da Lubnor (CE) e no fim de 2023 sinalizou a intenção de voltar a ter participação na Refinaria de Mataripe, que representa 15% da capacidade de refino do Brasil. A título de comparação, enquanto em 1997 a Petrobras era responsável por 100% da produção nacional de petróleo, no fim de 2023 esse porcentual foi reduzido para 65%. Já no refino, a única mudança substancial foi a venda da RLAM, atual Mataripe, que representa 14% da capacidade nacional. O sucesso do modelo do segmento de Eeamp;P deveria servir de inspiração para o refino. A entrada de novas empresas trazendo concorrência traria investimentos e geração de empregos e beneficiaria os consumidores e a própria Petrobras, que se blindaria de intervenções do governo na política de preços da empresa.

Como posso te ajudar?