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Setores de mineração e petróleo resistem ao 'imposto do pecado'

De olho na regulamentação da reforma tributária, os setores de mineração e de petróleo se articulam para tentar reduzir o impacto do novo Imposto Seletivo endash; o chamado eldquo;imposto do pecadoerdquo; endash;, que incidirá sobre itens considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente, incluindo a extração de recursos naturais não renováveis. Pelo texto promulgado pelo Congresso no fim do ano passado, a alíquota será de até 1% sobre o valor de mercado do produto extraído. Para as mineradoras, o essencial é barrar essa cobrança na exportação, com o argumento de preservar a competitividade do produto brasileiro, sobretudo do minério de ferro endash; responsável por quase 60% do faturamento do segmento. Se a negociação não avançar, o setor não descarta recorrer à Justiça. Já o esforço das empresas de óleo e gás busca estabelecer redutores para a alíquota do tributo, além de possibilidades de isenção completa. Em comum, as duas atividades produtivas lançarão mão de discurso sobre risco de bitributação (dupla taxação), numa nova tentativa de sensibilizar o Ministério da Fazenda e o Congresso Nacional. A mineração alega que já recolhe bilhões de reais via royalties, mais especificamente por meio da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). Só no primeiro semestre de 2023, foram R$ 3,4 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Já o setor petrolífero argumenta que a cadeia é onerada pela Cide-Combustíveis, uma contribuição de caráter extrafiscal. Ou seja, que não tem como função principal a arrecadação, e sim estimular ou desestimular determinadas atividades endash; exatamente o mesmo princípio do Imposto Seletivo. Seria, portanto, na visão de entidades do setor, uma taxação duplicada, o que justificaria o pedido para estabelecer a isenção. DISCUSSÕES. O tema será debatido em um grupo de trabalho específico dentro do Ministério da Fazenda, formado por membros da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária e da Receita Federal. Após pressão do setor privado, esse grupo também contará com sugestões das entidades produtivas, que devem começar a enviar as propostas já nesta semana. Em paralelo, o Congresso se organizou em pequenos comitês com o objetivo de preparar os parlamentares para as negociações, que prometem ser ainda mais espinhosas do que as da própria emenda constitucional que mudou o regime de impostos sobre bens e serviços no País. eldquo;A questão central, para nós, e, se perdermos, não vemos outra saída que não seja peticionar os tribunais, é a (não) incidência do seletivo sobre a exportação. Isso nós não abriremos mãoerdquo;, afirmou o ex-ministro e atual diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann. Para ele, tributar as vendas externas eldquo;não é um tiro no pé, e sim um tiro no peitoerdquo;. eldquo;Primeiro, porque estamos indo contra o princípio constitucional de não exportar impostos. E, segundo, porque vai tributar um dos principais produtos da pauta de exportação brasileira, responsável por cerca de 40% do nosso superávit (saldo positivo)erdquo;, diz. Nas negociações com o governo e o Congresso, o setor também vai usar o argumento de que a mineração é a eldquo;indústria das indústriaserdquo;, ou seja, produz itens que servem de insumo para outras cadeias, como areia e granito para a construção civil ou fosfato e potássio para os fertilizantes do agronegócio. ebull; Outra preocupação dos empresários em relação ao Imposto Seletivo tem a ver com o valor da alíquota e a forma de cobrança: se será um porcentual uniforme ou se haverá diferenciação. O texto da reforma tributária promulgado pelo Congresso prevê taxação de até 1% sobre o valor de mercado do produto endash; redação que, na avaliação de entidades e parlamentares, abre margem para que determinados itens sejam excetuados. Nessa condição, os minerais estratégicos endash; diretamente ligados à transição energética endash;, como lítio e nióbio, seriam fortes candidatos a entrar nessa lista de exceções. O problema é como realizar essa classificação. eldquo;Qual é a lista de minerais estratégicos? Os Estados Unidos, por exemplo, têm uma com 50 itens. Imagina a briga e o inferno que vai ser isso? Dizer o que é e o que não é estratégicoerdquo;, diz o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, destacando a complexidade do tema e a dificuldade de regulamentação desse novo tributo. Já os representantes da cadeia de óleo e gás passaram os últimos dias debruçados sobre a tributação do setor para buscar eldquo;atenuanteserdquo; à provável incidência do imposto endash; bem como brechas e falhas na nova legislação. Um dos eldquo;atenuanteserdquo; que poderiam ser considerados é a petrolífera ter projetos ambientais, o que pode representar uma redução da alíquota. Outra possibilidade seria estabelecer critérios de reciprocidade no comércio externo. Ou seja: se o Brasil fosse exportar petróleo a um país europeu que tributa carbono (isto é, faz uso de um eldquo;carbon taxerdquo;, na sigla em inglês), haveria incidência do seletivo na extração. Mas, se fosse vender para a China, que não tem esse tipo de taxação, aí a matéria-prima seria isenta. EFEITO EM OUTROS SETORES. Outro aspecto a ser levado aos técnicos do Ministério da Fazenda é o fato de a reforma proibir a cobrança do seletivo nas operações com energia elétrica. Só que o gás natural é usado como combustível em diversas termoelétricas do País. Logo, a sua tributação inevitavelmente se refletiria no preço da eletricidade, dizem os executivos da cadeia, o que é apontado como contraditório. Já em relação à eventual bitributação, além do acúmulo com a Cide, o setor teme que o seletivo incida em dois momentos: na extração do óleo e na comercialização da gasolina e do diesel, onerando a cadeia. Interlocutores ouvidos pela reportagem afirmam que esse será um ponto fundamental a ser barrado na regulamentação. Por fim, os executivos do setor apontam a dificuldade de se estabelecer fatos geradores para a nova cobrança. Hoje, a tributação de bens ocorre na comercialização, quando há a transferência de propriedade. Há dúvidas, portanto, de como taxar uma etapa produtiva, no caso, a extração dos recursos naturais. ebull;

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Preço médio da gasolina nos postos sobe para R$ 5,75 por litro após aumento do ICMS

O preço médio da gasolina nos postos de abastecimento do País subiu 3,4%, para R$ 5,75 por litro na semana entre os dias 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, na média, a gasolina custou R$ 5,56 ao consumidor final. As informações são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Como os preços praticados pela Petrobras aos distribuidores ficaram estáveis nas últimas semanas, essa alta da gasolina nas bombas está diretamente ligada ao aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o insumo em todo o Brasil. O valor fixo do imposto sobre a gasolina saltou de R$ 1,22 para R$ 1,37 por litro (R$ 0,15) desde 1º de fevereiro. Foi a primeira semana cheia de incidência da nova taxa, transferida pela cadeia ao consumidor final. O aumento do imposto foi uma decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para recuperar a arrecadação dos Estados, após o corte feito em junho de 2022 pelo governo Jair Bolsonaro, que reduziu as então alíquotas a 18%. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União ainda em outubro do ano passado. Outro fator de influência para a alta no preço final da gasolina ao consumidor é o etanol anidro, que compõe 27,5% da mistura da gasolina comum e tem visto o preço nas usinas paulistas aumentar nas últimas semanas. De 28 de dezembro até 2 de fevereiro, o etanol anidro acumula alta de 12,3%, com quatro altas e somente uma queda, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq-USP). O preço médio da presente semana não havia sido publicado pela instituição até a publicação desta matéria. Diesel O preço médio do diesel S10 teve alta de 1%, para R$ 5,98 por litro, entre 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, na média, o litro do diesel S10 custou R$ 5,92 ao consumidor final. A alta também se deve ao aumento do ICMS. O valor fixo do imposto sobre o diesel saltou de R$ 0,94 para R$ 1,06 por litro (R$ 0,12). Gás de cozinha O aumento do imposto também valeu para o gás liquefeito de petróleo, impactando o preço final médio do botijão de 13 quilos do produto, consumido sobretudo pelas camadas mais pobres da população. Segundo a ANP, esse botijão de GLP viu o preço médio nacional aumentar em 1,2%, para R$ 101,94, na semana entre os dias 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, o preço foi de R$ 100,67.

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Preço médio da gasolina nos postos sobe para R$ 5,75 por litro após aumento do ICMS

O preço médio da gasolina nos postos de abastecimento do País subiu 3,4%, para R$ 5,75 por litro na semana entre os dias 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, na média, a gasolina custou R$ 5,56 ao consumidor final. As informações são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP). Como os preços praticados pela Petrobras aos distribuidores ficaram estáveis nas últimas semanas, essa alta da gasolina nas bombas está diretamente ligada ao aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o insumo em todo o Brasil. O valor fixo do imposto sobre a gasolina saltou de R$ 1,22 para R$ 1,37 por litro (R$ 0,15) desde 1º de fevereiro. Foi a primeira semana cheia de incidência da nova taxa, transferida pela cadeia ao consumidor final. O aumento do imposto foi uma decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para recuperar a arrecadação dos Estados, após o corte feito em junho de 2022 pelo governo Jair Bolsonaro, que reduziu as então alíquotas a 18%. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União ainda em outubro do ano passado. Outro fator de influência para a alta no preço final da gasolina ao consumidor é o etanol anidro, que compõe 27,5% da mistura da gasolina comum e tem visto o preço nas usinas paulistas aumentar nas últimas semanas. De 28 de dezembro até 2 de fevereiro, o etanol anidro acumula alta de 12,3%, com quatro altas e somente uma queda, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq-USP). O preço médio da presente semana não havia sido publicado pela instituição até a publicação desta matéria. Diesel O preço médio do diesel S10 teve alta de 1%, para R$ 5,98 por litro, entre 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, na média, o litro do diesel S10 custou R$ 5,92 ao consumidor final. A alta também se deve ao aumento do ICMS. O valor fixo do imposto sobre o diesel saltou de R$ 0,94 para R$ 1,06 por litro (R$ 0,12). Gás de cozinha O aumento do imposto também valeu para o gás liquefeito de petróleo, impactando o preço final médio do botijão de 13 quilos do produto, consumido sobretudo pelas camadas mais pobres da população. Segundo a ANP, esse botijão de GLP viu o preço médio nacional aumentar em 1,2%, para R$ 101,94, na semana entre os dias 4 e 10 de fevereiro. Nos sete dias anteriores, o preço foi de R$ 100,67.

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Hidrogênio verde: Alemanha financia usinas no Brasil, atrás da diversificação das fontes de energia

As primeiras plantas de hidrogênio verde do Brasil foram inauguradas em agosto de 2023. Ainda são usinas pilotos construídas em laboratórios de faculdades, uma na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em setembro, foi a vez da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, inaugurar sua pequena usina. Em comum, além de desenvolverem o combustível que é uma das principais apostas do mundo para reduzir as emissões de carbono, os projetos têm o fato de receberem milhões de euros da Alemanha para virarem realidade. Precisando limpar sua matriz energética e diversificar as fontes de fornecimento após reduzir a compra de gás da Rússia endash; tudo isso sem prejudicar suas indústrias siderúrgica e automotiva endash;, a Alemanha está patrocinando projetos, pesquisas e eventos ligados ao desenvolvimento do hidrogênio verde no exterior, o que tem beneficiado o Brasil. O governo da Alemanha já anunciou que o hidrogênio verde é uma das fontes de energia renovável estratégicas para o país abandonar os combustíveis fósseis. De acordo com a Lei das Fontes de Energias Renováveis do país europeu, as fontes limpas deverão ser responsáveis por 80% da energia até 2030. Para cumprir a meta estabelecida, a Alemanha terá de importar dois terços do hidrogênio verde que deverá demandar. eldquo;Para atingir o objetivo, o país vai ter de importar energia, e o Brasil pode ter um papel estratégico para cobrir parte da oferta. Agora, a Alemanha está criando mecanismos para viabilizar o mercado de hidrogênio. Hoje, se fala muito de hidrogênio, mas não existe oferta globalerdquo;, diz o diretor de inovação e tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Bruno Vath Zarpellon. A estratégia para alcançar as metas de descarbonização e promover o abastecimento de hidrogênio na Alemanha foram estabelecidas em meados de 2020. O governo do país planejou, então, investir eeuro; 9 bilhões para alavancar o tema nacional e internacionalmente. No Brasil, além das plantas da UFSC, da UFRJ e da Unifei, projetos na Universidade Federal de Goiás (UFG) e no parque Tecnológico Itaipu também receberam financiamento do governo alemão, grande parte através da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Giz), uma agência de cooperação técnica. Segundo Johannes Kissel, diretor da Giz no Brasil, a agência costuma destinar ao País de eeuro; 1 milhão (R$ 5,3 milhões) a eeuro; 2 milhões por ano para financiamento de estudos e programas de cooperação técnica. Mas, entre o fim de 2021 e 2024, projetos relacionados a hidrogênio verde receberam eeuro; 34 milhões (cerca de R$ 180 milhões). Outros países com potencial para serem fornecedores do combustível, como a Colômbia e a África do Sul, também foram destino de recursos. As siglas Giz e AHK (Câmara de Comércio Estrangeira) têm aparecido com frequência em cartazes de eventos no Brasil sobre energia limpa e, principalmente, hidrogênio verde. Em agosto do ano passado, por exemplo, um debate sobre financiamento de projetos de hidrogênio no País, promovido pelo Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura da FGV, era organizado pelo Projeto H2Brasil, que, por sua vez, era financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha e implementado pela Giz. As Câmaras de Comércio Brasil-Alemanha em São Paulo e no Rio de Janeiro também têm organizado diversos debates sobre o tema desde 2020, parte deles com apoio do hoje chamado Ministério para Assuntos Econômicos e Proteção Climática do país europeu, além de empresas alemãs como Thyssenkrupp e Siemens Energy. A câmara em São Paulo, em parceria com a Giz, ainda desenvolveu um programa para acelerar 24 startups no Brasil que tivessem soluções para o hidrogênio verde. Vice-presidente executiva da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Barbara Konner afirma que a Alemanha está mapeando países que podem ajudá-la a cumprir suas metas climáticas e frisa que o Brasil é uma eldquo;potência únicaerdquo; em energia renovável. Segundo ela, na América Latina, Argentina e Chile também chamam atenção como possíveis fornecedores, mas o fato de o Brasil ser o único eldquo;parceiro estratégicoerdquo; da Alemanha na região o favorece. A Alemanha classifica como eldquo;parceiros estratégicoserdquo; países com os quais tenha firmado acordos de cooperação em diferentes campos, como sustentabilidade, energia, economia, comércio, trabalho, assuntos sociais e direitos humanos. O Brasil está nessa categoria desde 2008. Konner lembra que as indústrias química e siderúrgica são muito fortes na Alemanha e ambas precisam de um grande volume de energia para operar. Como o país endash; assim como o restante do mundo endash; precisa transformar sua matriz energética, ele passou a buscar em todo o mundo fontes para tornar essa transição possível, diz. Ela destaca como eldquo;inéditoerdquo; o fato de, em apenas seis meses do ano passado, sete ministros alemães e o chanceler, Olaf Scholz, terem visitado o Brasil. O presidente Lula também esteve na Alemanha no fim de 2023, e a questão energética estava entre as principais pautas do encontro. Por e-mail, a Embaixada da Alemanha no Brasil afirmou que o hidrogênio verde terá um eldquo;papel crucialerdquo; para que a Alemanha atinja suas metas de emissões. eldquo;Essa energia deverá contribuir para a transformação da economia alemã numa economia com impacto neutro em relação ao clima. (..). Para isso, um elevado nível de segurança no abastecimento de hidrogênio verde, por meio da produção competitiva, da diversificação e da garantia de importações deverá ser alcançado.erdquo;

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Hidrogênio verde: Alemanha financia usinas no Brasil, atrás da diversificação das fontes de energia

As primeiras plantas de hidrogênio verde do Brasil foram inauguradas em agosto de 2023. Ainda são usinas pilotos construídas em laboratórios de faculdades, uma na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em setembro, foi a vez da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, inaugurar sua pequena usina. Em comum, além de desenvolverem o combustível que é uma das principais apostas do mundo para reduzir as emissões de carbono, os projetos têm o fato de receberem milhões de euros da Alemanha para virarem realidade. Precisando limpar sua matriz energética e diversificar as fontes de fornecimento após reduzir a compra de gás da Rússia endash; tudo isso sem prejudicar suas indústrias siderúrgica e automotiva endash;, a Alemanha está patrocinando projetos, pesquisas e eventos ligados ao desenvolvimento do hidrogênio verde no exterior, o que tem beneficiado o Brasil. O governo da Alemanha já anunciou que o hidrogênio verde é uma das fontes de energia renovável estratégicas para o país abandonar os combustíveis fósseis. De acordo com a Lei das Fontes de Energias Renováveis do país europeu, as fontes limpas deverão ser responsáveis por 80% da energia até 2030. Para cumprir a meta estabelecida, a Alemanha terá de importar dois terços do hidrogênio verde que deverá demandar. eldquo;Para atingir o objetivo, o país vai ter de importar energia, e o Brasil pode ter um papel estratégico para cobrir parte da oferta. Agora, a Alemanha está criando mecanismos para viabilizar o mercado de hidrogênio. Hoje, se fala muito de hidrogênio, mas não existe oferta globalerdquo;, diz o diretor de inovação e tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Bruno Vath Zarpellon. A estratégia para alcançar as metas de descarbonização e promover o abastecimento de hidrogênio na Alemanha foram estabelecidas em meados de 2020. O governo do país planejou, então, investir eeuro; 9 bilhões para alavancar o tema nacional e internacionalmente. No Brasil, além das plantas da UFSC, da UFRJ e da Unifei, projetos na Universidade Federal de Goiás (UFG) e no parque Tecnológico Itaipu também receberam financiamento do governo alemão, grande parte através da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Giz), uma agência de cooperação técnica. Segundo Johannes Kissel, diretor da Giz no Brasil, a agência costuma destinar ao País de eeuro; 1 milhão (R$ 5,3 milhões) a eeuro; 2 milhões por ano para financiamento de estudos e programas de cooperação técnica. Mas, entre o fim de 2021 e 2024, projetos relacionados a hidrogênio verde receberam eeuro; 34 milhões (cerca de R$ 180 milhões). Outros países com potencial para serem fornecedores do combustível, como a Colômbia e a África do Sul, também foram destino de recursos. As siglas Giz e AHK (Câmara de Comércio Estrangeira) têm aparecido com frequência em cartazes de eventos no Brasil sobre energia limpa e, principalmente, hidrogênio verde. Em agosto do ano passado, por exemplo, um debate sobre financiamento de projetos de hidrogênio no País, promovido pelo Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura da FGV, era organizado pelo Projeto H2Brasil, que, por sua vez, era financiado pelo Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha e implementado pela Giz. As Câmaras de Comércio Brasil-Alemanha em São Paulo e no Rio de Janeiro também têm organizado diversos debates sobre o tema desde 2020, parte deles com apoio do hoje chamado Ministério para Assuntos Econômicos e Proteção Climática do país europeu, além de empresas alemãs como Thyssenkrupp e Siemens Energy. A câmara em São Paulo, em parceria com a Giz, ainda desenvolveu um programa para acelerar 24 startups no Brasil que tivessem soluções para o hidrogênio verde. Vice-presidente executiva da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Barbara Konner afirma que a Alemanha está mapeando países que podem ajudá-la a cumprir suas metas climáticas e frisa que o Brasil é uma eldquo;potência únicaerdquo; em energia renovável. Segundo ela, na América Latina, Argentina e Chile também chamam atenção como possíveis fornecedores, mas o fato de o Brasil ser o único eldquo;parceiro estratégicoerdquo; da Alemanha na região o favorece. A Alemanha classifica como eldquo;parceiros estratégicoserdquo; países com os quais tenha firmado acordos de cooperação em diferentes campos, como sustentabilidade, energia, economia, comércio, trabalho, assuntos sociais e direitos humanos. O Brasil está nessa categoria desde 2008. Konner lembra que as indústrias química e siderúrgica são muito fortes na Alemanha e ambas precisam de um grande volume de energia para operar. Como o país endash; assim como o restante do mundo endash; precisa transformar sua matriz energética, ele passou a buscar em todo o mundo fontes para tornar essa transição possível, diz. Ela destaca como eldquo;inéditoerdquo; o fato de, em apenas seis meses do ano passado, sete ministros alemães e o chanceler, Olaf Scholz, terem visitado o Brasil. O presidente Lula também esteve na Alemanha no fim de 2023, e a questão energética estava entre as principais pautas do encontro. Por e-mail, a Embaixada da Alemanha no Brasil afirmou que o hidrogênio verde terá um eldquo;papel crucialerdquo; para que a Alemanha atinja suas metas de emissões. eldquo;Essa energia deverá contribuir para a transformação da economia alemã numa economia com impacto neutro em relação ao clima. (..). Para isso, um elevado nível de segurança no abastecimento de hidrogênio verde, por meio da produção competitiva, da diversificação e da garantia de importações deverá ser alcançado.erdquo;

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Consumo de etanol seguirá forte com vantagem ante gasolina, diz Raízen

A Raízen prevê que o consumo de etanol hidratado no Brasil continuará alto até pelo menos março ou abril, pois a vantagem ante seu principal concorrente nas bombas, a gasolina, permanece muito elevada, afirmou nesta sexta-feira (9) o CEO da companhia, Ricardo Mussa. "A gente não vê um arrefecimento do consumo daqui até março, abril, a não ser que o preço vá reagir", disse o CEO, em coletiva de imprensa para comentar os resultados trimestrais. Segundo o executivo, há espaço ainda para o crescimento do consumo do biocombustível, e é "isso que vai determinar até onde vai a alta de preço", pontuando também que a vantagem do biocombustível em relação a gasolina permite que o etanol ainda eleve seus valores. O forte consumo ocorre apesar de uma alta recente dos preços do etanol hidratado nas usinas paulistas, de cerca de 15% no acumulado do ano até 2 de fevereiro, segundo dados mais recentes do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Uma parte desse aumento começa a aparecer nos postos. "Tem espaço para o etanol subir de preço. Se você olha a paridade em relação à gasolina, ele ainda está muito mais barato, então vai continuar atraindo o consumidor para colocar mais etanol", ponderou. Mussa afirmou ainda que o etanol hidratado é "uma pequena porção" do negócio da Raízen, e que a companhia tem uma plataforma de comercialização e exportação de produtos de etanol com valor agregado que tem mantido preços num patamar em torno de 30% acima do preço da Esalq. A especialista Ivelise Calcidoni, responsável pela área de etanol do Cepea, da Esalq/USP, disse que altas de preços nas usinas em janeiro "estão bastante ancoradas na boa vantagem do biocombustível nas bombas paulistas e também de outros Estados brasileiros, e são as maiores da safra 23/24." Maior produtora global de açúcar e de etanol de cana, a Raízen reportou na véspera lucro líquido ajustado de R$ 754,4 milhões no terceiro trimestre da safra 2023/24 (outubro/dezembro), mais que o dobro dos R$ 255,7 milhões registrados no mesmo período do ano anterior, em meio a um salto na moagem de cana e um aumento do volume vendido de combustíveis pela unidade de distribuição. As vendas de combustíveis pela unidade de distribuição da companhia somaram pouco mais de 9 bilhões de litros no trimestre, alta de 1,8% na comparação anual, apesar de resultados mais fracos de negócios de diesel e de uma quase estabilidade para etanol e gasolina. Vendas de diesel Para 2024, a Raízen acredita que o mercado de diesel permanecerá aquecido, após bater recordes de consumo no Brasil nos últimos três anos, com impulso no setor agropecuário. O executivo disse ainda que a estratégia comercial de preços implementada pela Petrobras, principal fornecedora de combustíveis do Brasil, em maio de 2023, para diesel e gasolina, deixou o mercado mais estável. "Ela está deixando o mercado mais estável, não está tendo as variações de preço tão rápidas como antigamente, mas de certa forma ela acaba seguindo sempre o mercado internacional, o que é correto para garantir o abastecimento do mercado", disse Mussa, pontuando que o Brasil não é autossuficiente em diesel e gasolina. Com sua atual estratégia, a companhia estatal parou de se comprometer com a paridade de preço de importação (PPI), buscando evitar volatilidades externas e obter melhores resultados para a companhia e para o mercado, mas sem deixar de seguir valores internacionais. (Reuters)

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