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Tarifa de 100% para o Brasil? Entenda ameaça dos EUA por comércio com a Rússia

O governo dos Estados Unidos voltou a sinalizar que pode impor tarifas pesadas, possivelmente próximas de 100%, a países que mantêm relações comerciais com a Rússia, especialmente na compra de petróleo, combustíveis e fertilizantes. A ameaça, feita pelo presidente Donald Trump em evento na Casa Branca na terça-feira (5), pretende exercer pressão sobre Moscou para encerrar a guerra contra a Ucrânia. O movimento pode atingir diretamente o Brasil, que figura entre os maiores compradores mundiais de diesel e fertilizantes do país de Vladimir Putin. eldquo;Vamos tomar uma decisão sobre sanções a países que compram energia russa após a reunião de amanhã com a Rússiaerdquo;, disse Trump, sem citar o Brasil, mas indicando que a sobretaxa ficaria eldquo;próxima de 100%erdquo;. Dados da consultoria StoneX mostram que, no primeiro semestre, 39,1% do diesel importado pelo Brasil veio da Rússia, à frente dos EUA, que responderam por 32,8%. O risco também se estende ao agronegócio, altamente dependente dos fertilizantes russos. Segundo o Ministério da Agricultura, mais de 90% dos insumos usados no país são importados, sendo 30% originários da Rússia. eldquo;O mercado de fertilizantes tem visto uma alta de preços desde o começo do ano, muito por uma falta de produto a nível internacional. A China era o grande exportador, e eles vêm segurando essas explorações, criando barreiras para tentar controlar os preços internos de fertilizantes na China e com isso vem aumentando a dependência do Brasil, da Rússia, por exemploerdquo;, explica Samuel Isaak, analista de commodities agrícolas da XP. Segundo ele, os fertilizantes, por estarem ligados à segurança alimentar, normalmente ficam de fora de barreiras e sanções. Então, mesmo sancionada, a Rússia continua exportando. eldquo;É bastante difícil a gente substituir 100% [dos fertilizantes importados pelo Brasil da Rússia]erdquo;, avalia Isaak, que vê uma incerteza sobre esse tipo de comércio que até então era protegido pela OMC, devido às atitudes erráticas de Trump. Mercado teme punição Representantes do setor agroindustrial alertaram o Itamaraty para os impactos potenciais de novas sanções. eldquo;Se o cenário evoluir para o ponto em que o Brasil seja taxado por manter relações comerciais com a Rússia, o Brasil vai continuar comprando os produtos russoserdquo;, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), ao Estadão/Broadcast. eldquo;Não é simples tirá-los do mercado e encontrar fornecedores alternativos.erdquo; Parlamentares brasileiros que estiveram recentemente em Washington também saíram com a percepção de que uma nova frente de atrito pode se abrir nos próximos 90 dias. eldquo;Há outra crise pior que pode nos atingirerdquo;, disse o senador Carlos Viana (Podemos-MG), na última semana, acrescentando que congressistas republicanos e democratas defenderam a aprovação de uma lei prevendo sanções automáticas a países que mantêm negócios com Moscou. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que integrou a comitiva, reforçou que, na visão americana, essas transações ajudam a prolongar o conflito. eldquo;Eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuarerdquo;, afirmou.Além de sobretaxas, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, advertiu que os EUA poderiam impor restrições diretas à compra de produtos brasileiros como forma de retaliação.

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Petróleo fecha em queda com tarifa dos EUA contra Índia e possíveis sanções à Rússia

Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta quarta-feira, 6, em dia marcado por constantes inversões de sinal da commodity. Investidores se mantiveram atentos a novos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, com possibilidade de sanções aos russos ainda na quarta, e às novas tarifas adicionais de 25% dos EUA sobre a Índia, motivadas pela compra de petróleo russo pelos indianos. O óleo ainda é pressionado pelo aumento de produção da Opep+. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro recuou 1,24% (US$ 0,81), a US$ 64,35 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE) teve baixa de 1,11% (US$ 0,75), a US$ 66,89 o barril. No período da tarde desta quarta, à medida que o prazo fornecido pelo presidente Donald Trump para se chegar a um acordo de cessar-fogo entre russos e ucranianos, o republicano afirmou que seu enviado especial, Steve Witkoff, teve reunião eldquo;altamente produtivaerdquo; com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em direção a uma solução para o conflito na Ucrânia. Segundo a Reuters, a Rússia também planeja aumentar as exportações de petróleo para quase 2 milhões de barris por dia em agosto. Para a Capital Economics, se a Índia reduzir as compras de petróleo russo em resposta à tarifa extra de 25% dos EUA, os preços globais da commodity podem subir, mas o efeito final dependerá da reação da China, da oferta de outros produtores e da permanência da medida, que, segundo a consultoria, muitos no mercado duvidam que vá adiante. O anúncio do aumento de 548 mil bpd em setembro pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo eldquo;cria espaço para que as economias do Golfo ampliem sua capacidade e sustentem o crescimento do setor de petróleoerdquo;, segundo a Oxford Economics. A consultoria destaca que, apesar dos eldquo;riscos de oferta e desequilíbrios entre demanda e estoqueserdquo; no médio prazo, o cenário favorece a região. A projeção é de Brent a US$ 70 por barril neste ano, caindo para US$ 64 em 2026. O Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA também informou que os estoques de petróleo na semana passada contrariaram expectativas e recuaram 3,029 milhões de barris. (Estadão Conteúdo)

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Paralisação da oposição deve atrasar sabatina de oito agências reguladoras

A paralisação de bolsonaristas no Congresso em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve atrasar a sabatina e a votação de ao menos 17 indicados para oito agências reguladoras que esperam aval do Senado Federal. Como boa parte dos nomes depende de aprovação da Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida pelo bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO), a obstrução já estava no radar de Bolsonaro e de aliados do PL desde semana passada, como mostrou a Folha. Contrariando o cronograma divulgado em julho pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Rogério ainda não escolheu os relatores das indicações emdash;diferentemente dos presidentes de outras comissões em que haverá sabatinas, como a de Assuntos Sociais. Indicados que procuraram o senador nos corredores do Senado nesta terça-feira (5) ouviram que a realização das sabatinas neste momento pode inclusive prejudicá-los. Diante do mal-estar no Congresso, disse Rogério, os escolhidos podem ser rejeitados pelo Senado apenas para tumultuar emdash;situação que descreveu como "bala perdida", segundo relatos. Dependem de sabatina na Comissão de Infraestrutura indicados para a ANSN (Autoridade Nacional de Segurança Nuclear), a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a ANP (Agência Nacional do Petróleo), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a ANM (Agência Nacional de Mineração). Alcolumbre comunicou o impasse na Comissão de Infraestrutura ao líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), nesta segunda (4). A ideia do presidente do Senado era colocar em votação na semana que vem o nome de todos os indicados para agências reguladoras, conselhos nacionais e tribunais superiores, como o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o senador Otto Alencar (PSD-BA) diz que pretende realizar a sabatina dos indicados que precisam de avaliação comissão emdash;caso do STJ, do STM (Superior Tribunal Militar), do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados). "Isso é de cada presidente, respeito a posição do Marcos Rogério. A posição do presidente não se discute. Quem for contra pode encaminhar [voto] contra. Não vou me pautar pelo bolsonarismo", disse Otto à reportagem.

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Prisão de Bolsonaro coloca mais pressão na negociação das tarifas

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada na segunda-feira pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, eleva a pressão das negociações sobre o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros, que entra em vigor nesta quarta-feira (6). Especialistas ouvidos pelo Valor não descartam novas sanções por parte de Donald Trump e veem risco de recuo na lista com cerca 700 exceções divulgada pelo governo americano junto com o decreto que oficializou a taxação ao Brasil. O especialista em tributação internacional José Andrés Lopes da Costa, professor da FGV, considera que a decisão se deu em um momento de eldquo;extrema sensibilidade diplomáticaerdquo; entre Brasil e EUA.eldquo;A decisão eleva a tensão política, que já estava bem alta. Os canais diplomáticos estão todos fechados e até agora não se viu nada concreto para desarmar o maior dos problemas, que é o fundamento jurídico das tarifas.erdquo; Para ler esta notícia, clique aqui.

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GWM testa primeiro caminhão a hidrogênio no País

A GWM acaba de trazer ao Brasil o If You Changzheng Q1H, seu primeiro caminhão elétrico equipado com célula a combustível a hidrogênio. O modelo desembarcou no porto de Santos (SP) no fim de julho e seguiu para a sede da empresa em Iracemápolis (SP), onde passará por testes preliminares antes de entrar na fase de avaliação em rodovias. De acordo com Thiago Sugahara, gerente de ESG da GWM Brasil, o caminhão pesado da divisão If You do grupo chinês será o ponto de partida para uma série de estudos técnicos e institucionais no País. eldquo;O caminhão vem para coroar esse primeiro ciclo de trabalho e iniciar os testes de pesquisa e desenvolvimento aqui no Brasilerdquo;, disse o executivo em entrevista ao portal Estradão. Baixo impacto ambiental Objetivo da empresa é demonstrar o potencial do hidrogênio como opção ao diesel no transporte Com isso, a empresa começa a explorar o potencial do hidrogênio como alternativa ao diesel, especialmente no transporte pesado. eldquo;Atualmente, mais de 2 mil caminhões como esse rodam na China, mas esse é o primeiro do tipo aqui no Brasilerdquo;, afirma Sugahara. PARCERIAS LOCAIS Em 2024, a GWM firmou um memorando de entendimento com o governo do Estado de São Paulo para explorar a viabilidade do hidrogênio veicular. Além disso, a empresa prepara parcerias com universidades brasileiras. A primeira fase dos testes será conduzida em Iracemápolis, com foco em familiarização técnica e transferência de tecnologia. Depois, o caminhão será levado à USP, onde a empresa utilizará uma estação de abastecimento de hidrogênio produzido a partir do etanol. eldquo;É uma tecnologia 100% brasileira para esse universo do hidrogênioerdquo;, diz Sugahara. eldquo;Vai transformar o etanol em hidrogênio de baixa intensidade de carbono, que será usado para abastecer o nosso caminhão, a partir de setembroerdquo;, diz. Dessa forma, o projeto busca validar o desempenho do caminhão e também promover soluções tecnológicas brasileiras para o abastecimento com baixo impacto ambiental. Segundo o especialista da GWM Brasil, a produção local de hidrogênio, com etanol como matéria-prima, pode ampliar a utilização da infraestrutura já existente nos postos de combustíveis do País. VEÍCULO ELÉTRICO. O cavalomecânico If You Changzheng Q1H tem motor elétrico com potência equivalente a 539 cv, que gera eletricidade a bordo por meio de célula a combustível. Nesse sistema, a reação entre o hidrogênio armazenado em cilindros (até 40 kg) e o oxigênio do ar produz eletricidade. Como resultado do processo, o caminhão emite apenas vapor dersquo;água pelo escapamento. O conjunto inclui pacote de baterias de 105 kWh, que também armazena a energia gerada durante as frenagens. Além disso, é possível recarregar as baterias por meio de um carregador do tipo DC, de acordo com informações da GWM. eldquo;O caminhão é um Fuel Cell Electric Vehicle (Veículo Elétrico com Célula de Combustível). Ele tem um sistema de célula a hidrogênio que reduz o tamanho necessário da bateria, mas ainda depende dela para armazenar energia recuperada, por exemplo, durante frenagenserdquo;, explica Sugahara. Inicialmente, os testes no Brasil serão feitos com o caminhão vazio. Porém, a GWM também testará o cavalomecânico carregado, em diferentes regiões do País. eldquo;Vamos avançar gradualmente até poder fazer o transporte com cargaerdquo;, afirma o executivo. ebull;

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Após ata, mercado reforça aposta de Selic estável em 15% até o fim do ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou ontem, na ata da última reunião do colegiado, que a elevada incerteza no cenário demanda maior cautela na condução da política monetária, e reforçou a disposição para reagir, se necessário. Na avaliação da maioria dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, a ata veio em linha com o comunicado da semana passada, ainda que parte do mercado considere o tom do documento um pouco mais brando. A ampla maioria do mercado (34 de 35 instituições que compõem a pesquisa) espera agora que a taxa Selic fique estável em 15% na reunião de setembro do Copom. Para 26 instituições, o juro deve ficar estacionado nesse patamar até o fim do ano. Nove casas, porém, veem início do afrouxamento monetário ainda neste ano: sete em dezembro, uma em novembro e uma em setembro. As medianas continuam indicando Selic de 15%, no fim deste ano, e de 12,5% no fim de 2026 e no encerramento do primeiro trimestre de 2027 endash; atual horizonte relevante para a política monetária, em linha com o levantamento do dia 31 de julho. eldquo;O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (dos juros) caso julgue apropriadoerdquo;, diz a ata. De acordo com o Copom, a redução das expectativas para a inflação futura exige uma política de juros significativamente contracionista endash; ou seja, que esfrie a atividade econômica endash; por período prolongado, de forma a assegurar a convergência da inflação à meta, de 3%. Segundo o BC, o cenário atual é marcado por projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho endash; que tem se mostrado aquecido. O colegiado repetiu as suas projeções de inflação acumulada em 12 meses para 2025 (4,9%), 2026 (3,6%) e o primeiro trimestre de 2027 (3,4%). Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3%. TARIFAÇO. A ata do Copom também fala sobre os impactos das tarifas impostas pelo governo americano para produtos importados do Brasil sobre a economia doméstica. O documento do encontro de julho traz um longo parágrafo sobre o tarifaço e suas possíveis consequências. No de junho, não havia uma citação explícita à decisão do presidente americano, Donald Trump. Além dos 10% relativos à alíquota recíproca, em 9 de julho os EUA aplicaram uma taxa maior para o Brasil, de 40%. Enquanto os membros se reuniam no Copom, os EUA informavam que 694 produtos estariam sem esse acréscimo. eldquo;Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais e dados recentes de inflação e atividade da economia americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial americana tornam o cenário mais incerto e mais adversoerdquo;, considerou o colegiado. eldquo;A avaliação predominante é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautelaerdquo;, trouxe o documento. Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o Copom evitou sinalizar na ata a possibilidade de corte da taxa básica de juros, afirmando que a inflação está desacelerando, mas segue acima da meta, e apontando que o cenário econômico externo está mais incerto e adverso. eldquo;O Copom se esforçou para sinalizar que os desenvolvimentos recentes em atividade e inflação não alteram sua avaliação de que o trabalho da política monetária está longe de concluído, e que ainda é necessária cautela adicional à frenteerdquo;, afirmou, em relatório. Felipe Salles, economistachefe do C6 Bank, também ressaltou as elevadas incertezas com o ambiente externo apontadas na ata. eldquo;Nesse cenário de incerteza, é preciso ter cautela. Quando você não tem certeza do que vai acontecer, tende a não tomar grandes medidas, porque não sabe o que virá à frenteerdquo;, disse o economista. eldquo;Assim, o BC tenta sinalizar que é preciso esperar a poeira baixar para recalcular a rota da política monetáriaerdquo;, afirma. ebull;

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