Lula sanciona lei que cria licença ambiental especial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou ontem a Lei 15.300, que trata do Licenciamento Ambiental Especial (LAE), destinada a atividades ou empreendimentos eldquo;estratégicoserdquo;. O Congresso aprovou no início de dezembro a conversão da Medida Provisória, proposta pelo governo federal, em lei. A criação dessa licença especial havia sido sugerida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e foi alvo de críticas por especialistas, que veem risco de sobreposição de critérios políticos sobre parâmetros técnicos para a liberação de projetos. Um dos principais empreendimentos de interesse de Alcolumbre é a exploração na Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas, que tem o potencial de trazer grande volume de receitas para o Amapá. Ambientalistas eram contrários ao plano da Petrobras, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deu autorização para a pesquisa do petróleo na região (que fica no oceano, e não na floresta). O texto também estabelece como eldquo;estratégicaserdquo;, por exemplo, as obras de reconstrução e repavimentação de rodovias preexistentes eldquo;cujos trechos representem conexões estratégicas, relevantes na perspectiva da segurança nacionalerdquo;. E inclui ainda uma previsão, na Lei Geral das Antenas, de que eldquo;independem da manifestação da autoridade li Próximo passo Desde aval do Senado, o movimento socioambiental e partidos políticos dizem que vão aos tribunais cenciadora as alterações na operação de instalações de radiodifusão ou telecomunicações previamente licenciadas, desde que não incrementem os impactos ambientais negativoserdquo;. DESBUROCRATIZAÇÃO. Entidades ligadas ao setor de infraestrutura, por sua vez, têm def e ndi do des b ur oc r a t i z a r trâmites e criticam a necessidade de um novo processo de licenciamento para cada projeto aberto em uma mesma área. O texto da nova lei, publicado no Diário Oficial da União (DOU), determina que o processo seguirá a dinâmica trifásica: de licenças prévia, de instalação e de operação. A Lei do Licenciamento chegou inicialmente a ser aprovada pelo Congresso em julho com a possibilidade de processo com apenas uma etapa, o que foi vetado por Lula antes do envio desta nova MP. A legislação também exige estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental (EIA/Rima), conforme termo de referência definido pela autoridade licenciadora, como requisitos para a emissão da licença ambiental especial. Segundo o texto não poderá ocorrer concessão de LAE em alguns casos de atividades ou empreendimentos, entre eles: minerários, exceto exploração de areia, cascalho, brita e lavra de diamante; que demandem supressão de vegetação nativa que dependa de autorização específica; que envolvam remoção ou realocação de população; localizados em terras indígenas, territórios quilombolas e de comunidades tradicionais, exceto se realizadas pela própria comunidade; em áreas suscetíveis a deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos. VETOS. Em relação à Lei de Licenciamento Ambiental, Lula chegou a vetar 63 dispositivos da norma aprovada pelo Congresso. O Legislativo, porém, derrubou os vetos e retomou pontos polêmicos do texto. Entre os trechos restabelecidos da versão original estão a concessão de licença por adesão e compromisso (LAC) endash; autodeclaratória endash; para atividades de médio potencial poluidor e a flexibilização de exigências para desmatamento da Mata Atlântica. O governo Lula e organizações da sociedade civil apontam inconstitucionalidade e risco de insegurança jurídica e se articulam para contestar essa legislação no Supremo Tribunal Federal (STF). REAÇÕES. Em nota anterior, quando da aprovação no Senado, o Greenpeace Brasil classificou o LAE como eldquo;perigosoerdquo; e argumentou que a MP foi aprovada eldquo;a toque de caixaerdquo;. eldquo;A MP 1.308/25 foi feita para políticos e empresários lucrarem com grandes obras, sem que os estudos técnicos de impacto ambiental e o interesse público tenham sido resguardadoserdquo;, disse a especialista em Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Gabriela Nepomuceno. O Observatório do Clima, que reúne organizações socioambientais, institutos de pesquisa e movimentos sociais, defendeu também a judicialização. eldquo;O movimento socioambiental e partidos políticos vão aos tribunais contra este que é o mais grave retrocesso legislativo ambiental da história do Brasil desde a aprovação da Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981.erdquo; ebull;