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Etanol/Cepea: Hidratado volta a se valorizar em SP

O preço do etanol hidratado voltou a subir no mercado spot do estado de São Paulo na última semana. Segundo pesquisadores do Cepea, além do aquecimento na demanda, a postura mais firme de vendedores e as valorizações externas do petróleo e do açúcar explicam a reação do etanol hidratado. Entre 16 e 20 de setembro, o Indicador CEPEA/ESALQ deste combustível fechou em R$ 2,4200/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), avanço de 0,58% frente à semana anterior. Já para o anidro, o Indicador caiu 2,99%, a R$ 2,7696/litro, valor líquido de impostos (PIS/Cofins).

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MME e EPE divulgam estudos sobre a oferta de biocombustíveis no país para os próximos dez anos

As projeções indicam que a oferta de etanol no Brasil, considerando a cana-de-açúcar (primeira e segunda geração) e o milho, pode chegar a 48 bilhões de litros até 2034, o que representa um crescimento de 3,8% a.a., em relação ao ano de 2022. A informação consta no caderno do Plano Decenal de Expansão de Energia 2034 (PDE 2034), publicado nesta segunda-feira (23/09) pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A demanda de etanol combustível nos próximos dez anos é estimada em 45 bilhões de litros, apresentando um balanço positivo durante todo o período. O estudo também aponta um potencial técnico para injeção na rede elétrica, a partir do bagaço de cana, que pode alcançar 5,8 GW médio até 2034, podendo ser ampliado com a inclusão de palhas e pontas. Além disso, a publicação oferece estimativas sobre bioeletricidade a partir da cana, biogás, biodiesel, diesel verde, combustíveis sustentáveis para aviação (SAF) e combustíveis alternativos para o setor marítimo. A produção de biogás a partir de resíduos da cana, como vinhaça e torta de filtro, pode atingir 6,4 bilhões de Nm³, que quando purificado, representa 3,5 bilhões de Nm³ em biometano, este último sendo um valor capaz de atender a 17% da demanda de gás natural em 2023. Para o biodiesel, as projeções consideram o percentual de adição ao diesel B conforme a legislação vigente, com uma demanda total de 13,6 bilhões de litros ao final do período de estudo. O óleo de soja continua sendo a principal matéria-prima. A análise das capacidades produtivas e demandas regionais mostra um balanço positivo durante todo o horizonte de estudo. Os projetos de SAF anunciados devem atender, em média, 41% das metas de redução de emissões de GEE definidas pelo CORSIA e ProBioQAV entre 2027 e 2034, o que indica uma necessidade de novos projetos para cumprimento das metas. A partir de 2030, a produção de SAF no Brasil está estimada em 1.100 mil m³ por ano, utilizando a rota HEFA em todas as plantas mapeadas. Outros biocombustíveis, como o HVO com o SAF, bionafta e bioGLP, também são destacados, assim como as oportunidades de redução da intensidade de carbono por meio da disseminação do Bio-CCS. PROGRAMAS DE GOVERNO O mais recente caderno do PDE 2034 apresenta projeções de oferta e demanda de biocombustíveis para os próximos dez anos, considerando políticas públicas que impactam o setor, como a diferenciação tributária em relação aos combustíveis fósseis, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o RenovaBio e o Projeto de Lei Programa Combustível do Futuro. Além disso, o documento aborda temas como Bio-CCS, hidrogênio de baixa emissão de carbono, combustíveis sintéticos, biorrefinarias, mercado internacional, logística e investimentos. Acesse o caderno Oferta de Biocombustíveis

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Corte de preços da Petrobras ainda está incerto

A queda da cotação do petróleo tem alimentado expectativas no mercado sobre quando (e se) a Petrobras vai cortar os preços dos combustíveis. Membros do governo Lula (PT) afirmam que a vontade política emdash;inclusive do presidenteemdash; é de baixar os valores, mas que a decisão ainda depende de avaliações da estatal. De acordo com uma pessoa a par das discussões, a análise a cargo da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, deve levar em conta as necessidades financeiras da empresa e os prejuízos acumulados pela estatal com a defasagem observada até recentemente. Uma segunda fonte que acompanha as grandes decisões sobre a petroleira diz que o tema está longe de uma decisão e mal está em discussão. Neste mês, as cotações internacionais do petróleo despencaram para os menores níveis em quase três anos. Segundo analistas, o cenário reflete desconfiança sobre os rumos da economia chinesa e dados mais fracos sobre o desempenho econômico dos Estados Unidos.

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Petróleo, gás e mineração tentam fugir do 'imposto do pecado' com 22 emendas no Senado

Oito senadores apresentaram 22 emendas propondo mudanças no Imposto Seletivo para os setores de petróleo, gás e mineração, previsto no primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024), aprovado pela Câmara em julho, cuja tramitação está no Senado. As emendas são parte das 1.265 sugestões de senadores apresentadas até o momento. Apelidado de "imposto sobre o pecado", o Imposto Seletivo incidirá sobre atividades ou produtos com impacto na saúde ou no meio ambiente. Durante a tramitação na Câmara, os setores já obtiveram uma redução de alíquota de 1% para 0,25%, mas desejam zerar a incidência do imposto. O IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) e o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) capitanearam a articulação para a apresentação das emendas pelos senadores Carlos Portinho (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-SE), Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Laércio Oliveira (PP-SE), Magno Malta (PL-ES), Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Tereza Cristina (PP-MS) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Veja abaixo o teor das emendas. IS sobre exportações O senador Eduardo Braga (MDB-AM) segue como relator informal do PLP 68/2024. Ele ainda não foi nomeado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado como relator, mas sua indicação está assegurada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A demora ocorre por tensão política com a Câmara, como reportado pela Folha. O relator, apesar da informalidade, tem participado de debates e ele ou integrantes de seu gabinete já realizaram 131 atendimentos a representantes de setores empresariais, num total de 450 recebidas. Há 59 pedidos de atendimento em espera. A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) criou um espaço paralelo para receber especialistas e lobistas. Os trabalhos do grupo são coordenados pelo senador Izalci Lucas (PL-DF). O parlamentar ouve demandas empresariais e, posteriormente, pretende enviá-las para avaliação de Braga. Interlocutores da mineração, petróleo e gás já estiveram com Lucas, confirmou o senador à Folha, para sensibilizá-lo a defender a exclusão das exportações de bens minerais do Imposto Seletivo. O senador disse que avalia as demandas e que pode ou não incorporá-las ao relatório da CAE que pretende encaminhar ao seu colega amazonense. "Estamos ouvindo a sociedade e vamos elaborar um relatório para contribuir com o relator", disse. O IBRAM afirma, em nota, que aguarda a tramitação do projeto e se diz "à disposição para um diálogo próximo e transparente". O instituto, contudo, não informou se forneceu o texto das emendas aos senadores, prática comum em Brasília. A entidade é presidida pelo ex-deputado e ex-ministro Raul Jungmann. "Ao taxar a exportação, o Brasil perde em competitividade, com impacto em investimentos e na balança comercial. Exportar impostos fere o princípio universal do comércio entre países. A mineração, além de ser um dos setores principais geradores de saldo comercial para o país, está na base de várias cadeias produtivas, como siderurgia, indústria automotiva e construção civil", diz a nota do IBRAM. O diretor de exploração e produção do IBP, Cláudio Nunes, diz haver diálogo com senadores como parte do trabalho para alertar que a alíquota de 0,25% vai diminuir a competitividade do país em derivados de petróleo e elevar o preço de produtos no mercado interno. "Estamos tentando mostrar ao decisor que a gente perde competitividade aqui dentro do Brasil quando tem um produto mais caro", disse. Nunes avalia que não é possível identificar elsquo;digitalersquo; da entidade nas emendas, mas que algumas podem ser resultado de visitas a senadores. "Tem emendas apresentadas, mas não porque fomos lá. Foi resultado de um processo que um senador está exposto, ele se convence e resolve fazer. Às vezes ele até pergunta mais informações", defendeu. Emendas O tema preponderante nas emendas (n° 165, 170, 171, 245, 262, 263, 264, 266, 382, 382, 384, 385, 476, 614, 624, 952, 953, 968, 969, 970, 971 e 1.030) é o fim da alíquota do IS, mas outros pontos de interesse dos setores foram apresentados pelos parlamentares. Em alguns casos, o mesmo texto foi apresentado por mais de um senador. Fora do campo do Imposto Seletivo, na emenda 165, o senador Laércio Oliveira propõe a exclusão do gás natural processado, GNV (gás natural veicular) e biometano do regime específico que define a cobrança monofásica da CBS e do IB. A cobrança monofásica significa que os impostos deverão ser recolhidos uma única vez por refinarias, produtores de biocombustíveis, unidades de processamento de gás e centrais petroquímicas. No caso da importação, o importador deverá recolher a carga tributária. O argumento é que a monofasia deve valer para segmentos do mercado de combustíveis onde haja "alto número de desvios" e "condutas desleais". O mesmo texto foi proposto pelos senadores Mourão, na emenda 385 e, Mecias de Jesus (Republicanos-RR) nas de número 970 e 971. Na emenda 171, o senador Laércio indica que o plano B do setor é sugerir que a tributação monofásica comece apenas após a extinção do ICMS em 2033. A emenda 262, do senador Eduardo Girão (Novo-SE), reproduz o texto da emenda 171. O senador Magno Malta (PL-ES) sugere que o elsquo;imposto do pecadoersquo; não deve incidir sobre o gás natural, biogás e biometano. O capixaba argumenta que a tributação "aumenta os custos de produção industrial e de energia". A emenda 245, propõe mudanças de redação nos artigos 410, 411 e 420 do PLP 68/2024. Entre elas, a exclusão do fato gerador do IS a "exportação de bem mineral extraído". A mesma redação foi proposta por Mourão (emenda 382) e Portinho (476). A emenda 266, Girão retoma o pleito alegando que a cobrança de imposto de importação sobre bens minerais, petróleo e gás fere o artigo 153 da Constituição de 1988. Na emenda 475, Mourão reproduz o mesmo texto. A reprodução textual é feita também pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) na emenda 614. A emenda 170, de Laércio, aponta a estratégia do setor para o caso da alíquota de 0,25% se mantiver. O setor defende por meio de Laércio a criação de "incentivos, isenções, compensações ou reduções de alíquota" do IS a todas as empresas com "investimentos destinados à transição energética e à redução da pegada carbônica do país". Girão (emenda 263) reproduz o texto da 170. A mesma redação foi proposta por Mourão (383) e Mecias (969). O parlamentar de Roraima, na emenda 952, defende alíquota zerada de IS para carvão mineral. Mecias define a isenção como "medida importante para diminuir o custo de produção no país e garantir a competitividade da indústria nacional". Nas emendas 953 e 968, sugere o fim do imposto sobre exportação de bens minerais para não ferir a Constituição no regime fiscal de desoneração para a exportação. A senadora Tereza Cristina (PL-MS) apresentou a emenda 624, na qual sugere alíquota zerada para o gás natural usado na produção industrial. A ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro propôs, ainda, isenção para o GPL (gás de cozinha). Tereza defende que "na hipótese" da incidência IS na cadeia produtiva do GLP, o "sujeito passivo" deverá ter direito a "compensação proporcional" dos valores em relação a outros impostos ou o ressarcimento pela Receita Federal em até 30 dias.

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Petrobras vê petróleo incerto e diz que não antecipa decisões sobre preço da gasolina

O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, afirmou nesta terça-feira (24) que o mercado internacional de petróleo ainda registra grande volatilidade, em uma indicação de que a companhia não planeja mudanças nos preços dos combustíveis. Ele afirmou ainda que decisões sobre reajustes são técnicas, em resposta a notícias divulgadas na semana passada sobre cortes na gasolina para ajudar a conter pressões inflacionárias e segurar as taxas de juros. "O cenário está bastante volátil", afirmou, em entrevista durante evento do setor de petróleo no Rio de Janeiro. "Em fevereiro nós tivemos petróleo a US$ 94 o barril. Chegamos agora recentemente e chegou a US$ 70, ele voltou a US$ 75", completou. Questionado sobre notícias de que já teria decidido por cortes, Schlosser respondeu que a Petrobras não antecipa decisões de reajustes e que segue acompanhando o mercado, mas frisou que sua política de preços tem como princípio não repassar volatilidades internacionais para o consumidor brasileiro. O preço do diesel nas refinarias da estatal, por exemplo, não foi alterado em 2024, apesar das oscilações no mercado internacional durante o ano. "Isso tem um valor tremendo para a sociedade de uma forma geral", defendeu. A empresa opera nas últimas semanas com prêmio sobre as cotações internacionais dos combustíveis, o que ajudou a criar expectativas sobre cortes. Na abertura do mercado desta terça, por exemplo, a gasolina da Petrobras estava R$ 0,08 por litro acima da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). No diesel, o prêmio era de R$ 0,10 por litro. A estatal, porém, passou a maior parte do ano operando abaixo das cotações internacionais, o que ajudou a reduzir suas margens de refino durante o segundo trimestre do ano. O diretor da Petrobras destacou que o preço do diesel costuma subir no mercado internacional no segundo semestre, com a formação de estoques para o inverno no Hemisfério Norte e a redução da oferta russa, com a safra naquele país. Em evento do setor de petróleo nesta terça, Schlosser afirmou que o Brasil tem vantagens para se tornar um grande fornecedor global de biocombustíveis, mas depende de romper barreiras de proteção criadas por mercados emergentes. "Um país que tem três safras por ano. Isso não tem paralelo. É um diferencial competitivo absolutamente enorme", afirma. "Mas de um modo geral, os blocos econômicos têm imposto algumas formas de restrição." Ele disse que avanços na certificação dos produtos, seus reais impactos sobre as emissões, são fundamentais para garantir mercado para os produtos brasileiros. Schlosser vê a eletrificação da frota distante do mercado brasileiro, tanto pelas dimensões continentais quanto pela possibilidade de usar a infraestrutura já construída para a distribuição de combustíveis líquidos. Assim, etanol e biocombustíveis devem ser o foco da transição energética no setor de mobilidade brasileiro. A operação integrada das refinarias da Petrobras, diz, dá vantagem competitiva à empresa nesse processo. A estatal já vem produzindo diesel com 5% de matéria prima renovável, com venda de dez milhões de litros por mês, e começou a oferecer combustível marítimo com 25% de biodiesel. A empresa planeja investimentos para produzir combustível sustentável de aviação, conhecido pela sigla em inglês SAF.

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Opep: Vemos equilíbrio no mercado de petróleo, mas podemos seguir com cortes, diz Al-Ghais

No Rio de Janeiro para a maior feira de petróleo do País, o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham Al-Ghais, disse ao Estadão/Broadcast que o mercado global de petróleo segue equilibrado. Segundo ele, a organização e os países produtores vão zelar por isso, eventualmente esticando os cortes de produção em seus países-membros por mais tempo, de maneira a evitar excesso de oferta. O secretário reconhece o aumento de produção fora da Opep, sobretudo por EUA, Guiana, Brasil e Canadá e falou que existe eldquo;excesso de preocupaçãoerdquo; com a economia chinesa, que segue crescendo a boas taxas. Para além disso, lembrou que outros países como a Índia devem manter a demanda global em alta e que a urbanização crescente até 2030 também vai pesar para sustentar o consumo de combustíveis fósseis. Para Al Ghais, a solução não é redução de investimento na indústria, mas sim uma lógica mais sustentável apoiada em tecnologia. A seguir, trechos da entrevista: Relatórios mais conservadores falam em aumento da demanda global de 1 MMbpd (milhão de barris de petróleo/dia) em 2025 com aumento maior da produção fora da Opep e possível fim de cortes na organização, o que poderia levar a um desequilíbrio, com queda de preços. Como o sr. vê? Entendemos que a economia global está indo muito bem, vai crescer 2,9%, 3% e, com isso, a demanda por petróleo vai crescer mais ou menos 2 milhões de barris por dia na comparação com 2023, o que vai nos permitir alcançar uma média de 104,5 MMbpd, o que é ótimo. Por outro lado, temos sim mais oferta de Estados Unidos, Guiana, Brasil e Canadá. Mas isso não significa que teremos um desbalanceamento, porque a Opep e Opep+ vão equilibrar esse mercado. Por isso, estamos continuando com os cortes de produção. Esses cortes na produção da Opep podem ser estendidos novamente? Sim, podem. Porque nós operamos com muita flexibilidade. Dessa vez estendemos por dois meses, mas temos sempre a possibilidade de continuar como planejado ou continuar estendendo os cortes, dependendo da situação do mercado. Qual é a tendência? Ninguém sabe agora exatamente, porque ainda está cedo. Vamos nos reunir em 1º de dezembro e avaliar a situação. Esses cortes em vigor envolvem oito países emdash; Arábia Saudita, Iraque, Emirados, Kuwait, Lúcia, Cazaquistão, Oman e Argélia e são cortes voluntários emdash; extras, e equivalem a 2,2 milhões de barris por dia. Há rumores de que alguns países não gostariam de manter os cortes. Há resistência? Não vou chamar de resistência. Quando nos reunimos, nós discutimos tudo, mas vemos a fotografia maior. Se um país tiver uma opinião diferente dos outros, não significa que há um problema de resistência. Isso é normal, operamos com espírito de família. Você pode pedir uma coisa, seu irmão pede outra e a irmã uma terceira coisa. É normal. Então um país pode passar a vender um pouco acima do previsto? Não. Todos os países que fazem este acordo têm de cumprir a cota que está definida. Às vezes têm aspectos logísticos que forçam o país a aumentar um pouco a produção em um mês, mas depois, no mês seguinte, abaixam para ficar em linha com a cota. O barril do Brent chegou a US$ 68 e vem se recuperando. Como vê o equilíbrio do mercado? Acreditamos que o mercado está bem equilibrado. Quando você compara o mercado de petróleo com o de outras commodities, ele está bem mais balanceado, não tem a mesma volatilidade afetando consumidores, como nos mercados de minério, gás e carvão. O mercado está forte, com demanda crescente. Mas esse último movimento de queda nos preços não foi ruim? A gente não fecha a visão por preço. Têm muitos fatores que influenciam esse preço, às vezes, interesses dos mercados financeiros, especulação. Para nós, o importante é o equilíbrio entre demanda e oferta. Nós não olhamos essas coisas (queda de preço), porque são como interrupções em um caminho. Tem um semáforo aqui e ali. Você para no sinal vermelho e depois continua. Analistas dizem que a demanda chinesa decepciona... Temos ouvido muito que a China está desacelerando, mas temos de colocar isso em contexto: 4,5% de crescimento para o segundo maior mercado do mundo não é lá uma desaceleração. Não tem mercado que esteja crescendo assim. A exceção é a Índia, mas o mercado indiano ainda é bem menor do que o mercado da China. Hoje (terça-feira, 24), o governo chinês anunciou mais estímulos para acelerar a economia, com um elsquo;targetersquo; de crescimento de 5%. Então, eu acho que muita gente está elsquo;overthinkingersquo; (pensando demais) sobre o desempenho da China. Vemos uma China forte. Assim como a Índia, demanda de petróleo na Índia, outros países da África e do Oriente Médio. O senhor menciona a Índia, que pode compensar eventual queda na demanda da China. A Índia pode ser o fiel da balança no futuro? Esse é um bom ponto. A Índia está crescendo muito rápido e estão construindo muitas refinarias novas consumindo mais petróleo. A aviação da Índia vai comprar mais de 800 aviões daqui até 2030. O ministro de energia da Índia estava aqui no Brasil. Eles também têm boa relação com os nossos países membros, muitos contratos para fornecer petróleo. Então estimamos que a Índia vai responder por 30% do crescimento na demanda por energia até 2050, que vai chegar a 120 milhões de barris por dia ou mais. E, além da Índia, isso também vai crescer no Oriente Médio, África e América Latina, principalmente fora da OCDE. Por isso o sr. se refere à ideia de eliminar gradualmente o consumo de petróleo como uma fantasia? Sim, é uma fantasia. Daqui até 2030, quase 600 milhões de pessoas vão entrar em cidades no mundo inteiro, uma grande urbanização. Isso é quase 60 vezes a população do Rio de Janeiro. Como vão reduzir o consumo de petróleo daqui a 2030? Esses cenários são colocados, por exemplo, pela Agência Internacional de Energia (IEA)... Sim, e nós não concordamos. Nossas previsões são mais realistas. Precisamos de mais realismo, pragmatismo no que dizemos a chefes de Estado e ministros mundo afora. É errada a mensagem de que não se precisa investir em Oeamp;G (óleo e gás) e refinarias, porque depois quem paga o preço é o consumidor. O que precisamos é investir mais, mas de forma mais sustentável, mais amigável ao meio ambiente, com tecnologias que temos hoje e outras que virão para reduzir emissões.

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