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Oferta de etanol deve subir e derrubar preços em 2026

O mercado de etanol deve passar por um avanço expressivo na oferta na próxima safra (2026/27), que começa oficialmente em abril, o que deve superar o aumento da demanda e reduzir os preços, segundo analistas e executivos do setor. Esse cenário indica que deve haver uma redução das margens tanto das usinas tanto de cana-de-açúcar como das usinas de milho, que estão vivendo uma forte expansão e ganhos elevados nos últimos anos. A pressão sobre os preços deve refletir principalmente a queda dos preços do açúcar no mercado internacional, que nos níveis atuais tende a estimular as usinas de cana a migrarem uma parte maior de sua matéria-prima para a produção de etanol, segundo Lucas Brunetti, analista do Itaú BBA, em apresentação em evento da Novonesis em São Paulo. Recentemente, os contratos futuros do açúcar chegaram a alcançar o patamar de 15 centavos de dólar a libra-peso na bolsa de Nova York, mas já voltaram acima de 16 centavos de dólar a libra-peso. Nas contas do banco, considerando um cenário-base em que os preços do açúcar não fiquem no patamar de 15 centavos de dólar, mas que continuem pressionados, os preços do etanol hidratado tendem a cair 10% na próxima safra. Nesta situação, o Itaú BBA estima que a produção de etanol total do Brasil pode aumentar pouco menos de 6 bilhões de litros na próxima safra, sendo 3 bilhões de litros do etanol de cana no Centro-Sul e 2 bilhões de litros do etanol de milho. Com essa oferta projetada, a produção adicional deve atender tanto o aumento de mistura do etanol anidro à gasolina, agora em 30% como atender o crescimento do consumo de combustíveis de veículos leves em geral (ciclo Otto), além de ganhar participação sobre a gasolina. Brunetti estima que o mercado de etanol hidratado tende a ganhar espaço e alcançar uma participação de mercado de 26% no ciclo Otto, frente a um percentual de 21% esperado para esta temporada 2025/26. Para ganhar esse mercado, o preço do etanol hidratado terá que cair, ressaltou. A alta capacidade instalada de produção de etanol nas usinas de cana, que hoje está "adormecida" por causa da maximização da produção de açúcar, é um ponto de atenção, na visão de Mário Stênico, head de research e trading da Inpasa. Ele evitou estimar quanto pode mudar o mix das usinas de cana, mas ressaltou que o cenário é de "cautela". Outro fator que também deve pesar sobre os preços do etanol é o cenário para o mercado global de petróleo. Stênico afirmou que os preços do hidrocarboneto já saíram de mais de US$ 100 o barril em 2022 para uma faixa de US$ 60 a US$ 65 o barril neste ano, com tendência baixista, dado o aumento da produção pela Opep de xisto nos EUA. Para Larissa Peres, analista do JP Morgan, o principal desafio para a indústria hoje é o preço de etanol. Ela ressaltou que os projetos de novas indústrias de etanol de milho indicam que haverá uma oferta adicional de 18,5 bilhões de litros de biocombustível até o fim da década. "Podemos ter uma sobreoferta no curto prazo. Pelas nossas contas, enxergamos uma sobreoferta de 5% a 6% em média até 2030", afirmou. E isso deve representar um aperto nas margens e nos retornos, acrescentou. Atualmente, uma indústria média de etanol de milho pura (que processa apenas o grão) tem um retorno sobre investimento (ROIC) de 18,5%, nas contas do JP Morgan. Já uma usina de cana que destina 50% da matéria-prima para o açúcar e 50% para etanol tem um ROIC médio de 11%, enquanto uma destilaria de etanol de cana tem um ROIC de 8%, segundo o banco. As indústrias de etanol de milho costumam ter uma rentabilidade maior do que as usinas de cana por causa do DDGS, explicou Peres. No entanto, as perspectivas para o preço do produto também não são positivas, afirmou Rafael Verruck, diretor comercial de mercado interno de DDGS da Inpasa. "O DDG está muito correlacionado com o preço do farelo de soja, que tende a ter mais oferta com o aumento do processamento", explicou. Embora existam 14 tipos de DDGs sendo produzidos pelas usinas de etanol de milho no Brasil, cm diferentes perfis nutricionais, os preços ainda oscilam de acordo com o do farelo de soja, considerados substitutos. Stênico defendeu que a indústria do etanol de milho precisa fomentar a demanda por etanol hidratado em mercados que hoje ainda não consomem o biocombustível, como no Norte e no Nordeste. Hoje, enquanto o etanol hidratado representa 53% do mercado de combustíveis leves no Mato Grosso, onde houve a construção de várias usinas de etanol de milho na última década, o biocombustível representa ainda apenas 3% das vendas do ciclo Otto em Maranhão. Neste ano, a Inpasa começou a operar uma usina de etanol de milho em Balsas, no Maranhão, mas a produção ainda é mais voltada para a atender a demanda local de etanol anidro para mistura à gasolina, segundo Stênico. A possibilidade de ganhar facilmente mais mercados é o que dá mais segurança para o mercado, na avaliação de Thiago Milani, diretor de commodities da 3tentos. A empresa está construindo uma usina de etanol de milho em Mato Grosso, que deve começar a operar no primeiro trimestre do ano que vem. "O mais importante para nós que o aumento de consumo de etanol tem espaço", afirmou.

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Governo define intensidade de carbono para combustíveis e eletricidade no Mover

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, nesta quarta-feira (1/10), a resolução que fixa os valores da Intensidade de Carbono das Fontes de Energia (ICE) do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Regulamentado em julho de 2025, o Mover estabelece critérios ambientais para a fabricação de veículos e amplia exigências de sustentabilidade para o setor automotivo. A resolução aprovada nesta quinta era um passo necessário para alinhar a política automotiva à de biocombustíveis (RenovaBio), atendendo à lei do Combustível do Futuro. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a medida estabelece os parâmetros técnicos para que fabricantes e importadores de veículos possam cumprir os requisitos de descarbonização no ciclo de vida da matriz energética veicular. Os valores serão divulgados com a publicação da resolução. O MME afirma que eles foram definidos com base em uma nota técnica apresentada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em junho. O estudo estima que veículos leves podem reduzir sua intensidade de carbono de 64,7 para 57,4 gCO2eq/MJ até 2034. Já nos veículos pesados, a queda estimada é de 81 para 74,7 gCO2eq/MJ. Nele, a EPE considera os impactos de diferentes fontes energéticas em todo o seu ciclo de vida, do eldquo;poço à rodaerdquo;, incluindo gasolina, etanol, diesel, biodiesel, gás natural veicular (GNV), biometano e eletricidade. Veja a íntegra (.pdf) Ainda de acordo com o MME, entre os parâmetros fixados pela resolução estão: as intensidades de carbono, em gramas de COe#8322; equivalente por megajoule (gCOe#8322;eq/MJ), para cada fonte energética; a participação relativa de cada energético na matriz usada para o cálculo das metas do Mover; e a participação específica do etanol hidratado em relação à gasolina tipo C, expressa com base no conteúdo energético.

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Nota Fecombustíveis - Desdobramentos das operações contra o crime organizado

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) vem manifestar seu apoio integral sobre os recentes desdobramentos da Operação Carbono Oculto, que contou com a atuação da Receita Federal, ANP e demais órgãos públicos. Ressaltamos a importância da união das instituições na defesa da sociedade e no enfrentamento das organizações criminosas que se infiltraram no setor de combustíveis. Aproveitamos a ocasião para agradecer o apoio do Sindicom e da Brasilcom, que se mobilizaram para manter o suprimento de combustíveis nos estados do Rio de Janeiro e em São Paulo, em função da interrupção da atividade de uma refinaria, que está sob investigação. Também destacamos, como medida fundamental para blindar o setor das fraudes, o endurecimento das regras para a importação de nafta pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a aprovação do projeto de Lei Complementar (PLP) 108/24 pelo Senado, que visa estabelecer a monofasia tributária do ICMS sobre as operações com nafta. De nossa parte, renovamos o compromisso de apoiar integralmente todas as medidas que busquem manter o mercado regulado, equilibrado e saudável, sem abrir espaço para irregularidades. Reconhecemos que somente com perseverança e cooperação entre empresários do setor e autoridades públicas será possível consolidar um ambiente seguro e competitivo para todos.

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PF diz que há fortes evidências de que investigados foram avisados de operação contra PCC

A Polícia Federal afirma que existem fortes evidências de que investigados da operação Tank, que mirou no sistema de lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), tenham sido avisados previamente sobre operação do dia 28 de agosto e comunicado outros integrantes do grupo. Em documento obtido pela Folha, o órgão cita trocas de mensagens nos celulares apreendidos com os suspeitos e a saída de alguns deles às pressas de suas residências na véspera da operação. Por conta disso, a polícia indiciou 12 pessoas por obstrução de investigação envolvendo organização criminosa, além de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira. Há oito foragidos, que tiveram seus nomes incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol. A PF ainda deve analisar a origem dos supostos vazamentos em inquéritos que serão abertos com este objetivo. As informações estão no relatório parcial do órgão sobre a operação da Superintendência do Paraná, concluído na sexta-feira (26) e obtido pela Folha. Uma das conversas que evidenciaria o conhecimento prévio sobre investigação, segundo a PF, foi entre os alvos Thiago Ramos e Gerson Lemes no dia 26 de agosto, dois dias antes da deflagração da operação. A PF deve analisar a origem dos supostos vazamentos em inquéritos que serão abertos com este objetivo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também disse no dia da operação, em agosto, que a hipótese de vazamento seria investigada. A ação da PF ocorreu no mesmo dia da Operação Carbono, do Ministério Público de São Paulo. "De fato merece atenção que há 14 mandados de prisão e só 6 foram encontrados. Não é uma estatística normal das operações da Polícia Federal. Portanto, com o retorno das equipes que vão às residências e precisam relatar o que foi encontrado, vamos ter mais elementos para dizer, ou inferir, que possa ter havido vazamento. Nessa hipótese, nós vamos fazer investigação para apurar se houve", disse. A defesa de Rafael Gineste disse que ele foi localizado em sua própria embarcação, junto de sua esposa, "circunstância que demonstra claramente a ausência de qualquer intento de fuga". "A narrativa de que estaria se evadindo das autoridades não condiz com a realidade dos fatos, pois permaneceu acessível e não adotou qualquer medida que pudesse caracterizar ocultação ou resistência à ação policial", disse. Também afirmou "que é igualmente inverídica a afirmação de que Rafael teria arremessado seu telefone no mar" e que o seu celular e o de sua esposa "foram arrecadados pelas autoridades no dia 28, ainda no litoral catarinense, e sem observância das formalidades legais previstas". Acrescentou que as ilações de que Rafael exerceria controle de dados e contas bancárias de terceiros, constituindo empresas e movimentando valores milionários, "são meras alegações unilaterais de investigação, sem qualquer lastro em decisão judicial transitada em julgado". A Folha não localizou as demais defesas. Nela, ambos demonstram preocupação com a apreensão de aparelhos celulares e discutem alternativas de deslocamento e hospedagem, inclusive mencionando a troca imediata de aparelho telefônico. Thiago pergunta "vamos para onde papai"?. Ao que Gerson responde "depois q vc me falou que eles entra (sic) na casa msm assim desanimei". O primeiro responde "eu não vou ficar, papai, vou sair só eu", em referência aos familiares. Gerson afirma "Pois é. Amanhã vou trocar meu celular". Em seguida, Thiago diz "paiehellip;só não pegar o aparelho. Eu vou para o hotel ou para a praia". Em seguida, ele faz buscas por hotéis e manda uma foto de uma mala para o parceiro, que a polícia chama de "kit fuga". "Tais elementos reforçam a hipótese de comprometimento da operação, indicando que os investigados tiveram ciência antecipada das diligências policiais", diz a PF. Thiago Ramos e Gerson Lemes são identificados no relatório como alguns dos principais operadores do esquema e responsáveis por coordenar atividades de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e adulteração de combustíveis. Eles usariam uma rede de laranjas e empresas de fachada para simular transações comerciais e justificar a movimentação de grandes quantias sem lastro fiscal. A PF também afirma que "fica clarividente" o esforço dos investigados para impedir o cumprimento dos mandados judiciais expedidos pela 13º Vara Federal de Curitiba de prisão preventiva e de busca e apreensão nas suas residências e escritórios. O órgão diz que, ao que tudo indica, eles retiraram material potencialmente probatório dos imóveis na véspera da deflagração, pernoitando fora de suas residências para não serem localizados pelas equipes policiais. "Também levaram seus aparelhos celulares, documentos e outros eletrônicos de interesse da investigação, fazendo com que os policiais federais se deparassem com um cenário preparado, aguardando o cumprimento do mandado de busca e apreensão", aponta a polícia. O relatório ainda afirma que os alvos Rafael Gineste e João Chaves Melchior, por sua vez, "foram além". Isso porque, mesmo pernoitando fora de suas residências, foram surpreendidos pelas equipes policiais, ocasião em que teriam tentado se livrar dos celulares antes que pudessem ser apreendidos emdash;Gineste jogou o celular no mar e Melchior, no terreno do seu vizinho, segundo os relatórios de diligência. Ginete teria o controle sobre os dados pessoais e contas bancárias de diversos laranjas do grupo, utilizando-os para a constituição de dezenas de empresas e repasses de valores milionários em todos os níveis do esquema criminoso, segundo a PF. Já Melchior, de acordo com a PF, seria um dos principais operadores financeiros do grupo, atuando diretamente na organização de planilhas, repasse de valores, distribuição de lucros e realização de pagamentos entre os integrantes. A PF também destacou que não encontrou o suspeito Roberto Augusto Leme, conhecido como Beto Louco e considerado "colíder" do esquema, em sua residência. Ele segue foragido. Também não havia qualquer veículo no local, assim como equipamentos eletrônicos, computadores, celulares ou documentos, "de modo que nada de interesse da investigação foi encontrado", segundo o relatório. "A equipe consignou que duas funcionárias que trabalham na residência informaram que no dia anterior o investigado estava em casa, mas que quando chegaram para trabalhar, na manhã do dia 28, já não encontraram ninguém", diz o documento. Os policiais pontuaram que no local havia caixas de relógios Rolex vazias, bem como uma "xicara de café que parecia ter sido usada há não muito tempo". Além disso, consta no relatório de diligência que "um dos servidores da Receita Federal comentou que eles tinham tomado conhecimento de um suposto vazamento de parte da operação deles no interior do Estado, o que poderia, eventualmente, ter alertado o alvo".

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Carregamento rápido pode eliminar problema de autonomia de carros elétricos?

Eliminar a "ansiedade de autonomia" é crucial para a adoção de veículos elétricos e para reduzir as enormes emissões do transporte rodoviário. Ninguém quer ficar sem energia quando está na estrada. Uma das formas como os fabricantes de carros elétricos estão tentando conquistar consumidores céticos é tornando o carregamento mais rápido emdash;quase tão rápido quanto abastecer um carro com gasolina. A fabricante chinesa BYD revelou um novo sistema de carregamento capaz de adicionar 400 km de autonomia em apenas cinco minutos. Isso poderia eliminar o espectro de longas filas nas estações de carregamento, embora usá-las em horários de pico possa significar recorrer à rede em momentos em que há menos energia verde disponível. COMO FUNCIONA? A maioria dos sistemas de carregamento doméstico funciona fornecendo corrente alternada (CA), que é convertida em corrente contínua (CC) pelo carregador a bordo do carro. Os sistemas de carregamento rápido, por outro lado, fornecem CC, contornando o conversor a bordo e carregando diretamente a bateria. Ao operar em tensões mais altas, esses sistemas podem carregar baterias mais rapidamente. Mas as próprias baterias precisam ser capazes de suportar essas tensões mais altas. A inovação da BYD foi usar fosfato de ferro e lítio para suas baterias de carregamento ultrarrápido. O material é menos propenso a superaquecimento do que as baterias convencionais de íons de lítio e também pode suportar um número maior de ciclos de carregamento. Para aproveitar ao máximo essas baterias, são necessários carregadores de alta tensão. A BYD afirma que seu sistema de carregamento rápido Megawatt Flash, refrigerado a líquido, pode atingir uma potência máxima de 1.360 kW (Quilowatt), mas estes ainda não estão amplamente disponíveis. Os carregadores domésticos típicos são de 3 kW ou 7 kW e levam até 12 horas. De acordo com a organização automobilística britânica RAC, carregadores "rápidos" têm capacidade de 50 a 100 kW e levam de 30 a 60 minutos para carregar a bateria até 80%, dependendo do carro, enquanto carregadores "ultrarrápidos" com capacidade de 100 a 350 kW levam entre 15 e 30 minutos. QUAIS SÃO OS PRÓS E CONTRAS? Aumentar a velocidade de carregamento tornará os veículos elétricos mais práticos para viagens de longa distância e poderá impulsionar sua adoção. Mas o carregamento mais rápido, que requer tensões mais altas, também pode resultar em maiores riscos de segurança e, para a maioria das baterias convencionais de íons de lítio, vida útil mais curta. Implementar uma nova rede desses carregadores mais potentes emdash;e fortalecer a rede elétrica para suportá-losemdash; incorrerá em custos significativos. "Um dos maiores problemas agora é o acesso ao carregador", disse Ryan Fisher, chefe de infraestrutura de carregamento da provedora de pesquisa BloombergNEF. Carregar um veículo elétrico lentamente em casa, normalmente durante a noite, provavelmente continuará sendo a maneira mais barata de reabastecer a bateria, e os motoristas terão que pagar mais pela conveniência de usar um carregador rápido em uma estação. Os custos de eletricidade para carregadores mais potentes também podem ser mais altos devido à tensão adicional na rede, mas uma maior concorrência entre fornecedores e fabricantes de automóveis poderia, com o tempo, aliviar os preços ao consumidor. ISSO SALVARÁ O PLANETA? Trocar apenas um carro a gasolina por um veículo elétrico pode reduzir as emissões equivalentes a uma pessoa que faz quatro voos de ida e volta de Londres a Barcelona, de acordo com a concessionária de energia francesa EDF. Mas os benefícios climáticos dos carros elétricos emdash;de carregamento rápido ou nãoemdash; sempre dependerão da composição das fontes de energia utilizadas para alimentar a rede elétrica. Se essa energia vier de combustíveis fósseis, os benefícios climáticos serão reduzidos. Além disso, o carregamento rápido pode não ser o método mais eficiente para carregar um veículo elétrico. A maioria dos proprietários carrega lentamente em casa emdash;e normalmente só encontra infraestrutura de carregamento público em viagens longas e infrequentes. Para esses motoristas, muitas vezes é mais eficiente em termos energéticos, e, portanto, mais barato, que um carro absorva e armazene energia em um momento em que a demanda na rede é baixa, como no meio da noite. Para algumas pessoas, "você simplesmente não precisa ter essa potência", diz Fisher. JÁ CHEGOU? Os veículos elétricos de carregamento em cinco minutos da BYD estavam disponíveis para pré-encomenda assim que a tecnologia foi demonstrada em março. Concorrentes, incluindo a Tesla de Elon Musk, também reduziram substancialmente os tempos de carregamento. Mas não basta simplesmente comprar um carro elétrico com baterias de carregamento rápido: você também precisa de acesso a carregadores potentes. A BYD disse em junho que começaria a instalar uma rede de seus e#39;carregadores rápidose#39; de cinco minutos na Europa. A AIE (Agência Internacional de Energia) relata que o estoque global de carregadores rápidos emdash;definidos como aqueles com potência superior a 22 kWemdash; subiu para cerca de 2 milhões em 2024. Enquanto isso, o volume de carregadores ultrarrápidos, capazes de fornecer pelo menos 150 kW, subiu para mais de 150 mil. Essa implantação acelerou à medida que os carregadores ultrarrápidos se tornaram mais baratos de instalar, com preços reduzidos em um quinto desde 2022, segundo a AIE. QUEM SÃO OS VENCEDORES E PERDEDORES? Fabricantes de automóveis que investiram cedo no desenvolvimento de tecnologia de carregamento rápido podem usar suas inovações para se diferenciar dos concorrentes. "Provar que você é o melhor, fornecendo tecnologia de alto nível, também impulsiona as vendas de todos os seus outros produtos", diz Fisher. "É uma boa publicidade." Os retardatários, incluindo muitas das montadoras tradicionais nos EUA e na Europa, correm o risco de perder participação de mercado. A Tesla, líder de mercado de veículos elétricos nos EUA, viu suas ações caírem 5% no dia do anúncio surpresa da BYD em março. A última geração de supercarregadores da Tesla carrega um carro elétrico a menos da metade da velocidade reivindicada pela BYD emdash;embora ainda sejam capazes de adicionar até 277 km de autonomia em apenas 15 minutos, segundo a empresa. Em termos geopolíticos, a China é uma clara vencedora. A China respondeu por mais de 70% da fabricação global de veículos elétricos em 2024, de acordo com a AIE, e ambos os líderes tecnológicos em carregamento rápido emdash;a fabricante de automóveis BYD e a fabricante de baterias CATLemdash; são chineses. QUEM ESTÁ INVESTINDO NISSO? As montadoras estão investindo fundos em pesquisas de baterias e carregamento de veículos elétricos para diferenciar seus produtos. As montadoras colaboraram para financiar e instalar redes de carregadores rápidos públicos a fim de incentivar os motoristas a comprar seus produtos mais recentes. Os governos também estão investindo no desenvolvimento e implantação de estações de carregamento mais rápidas para apoiar a transição para veículos elétricos. A Instalação de Infraestrutura de Combustíveis Alternativos da UE (União Europeia) alocou 1 bilhão de euros no início de 2025 para construir estações de carregamento de alta potência para caminhões e ônibus elétricos. Mesmo o governo de Donald Trump, que cortou vários projetos climáticos, disse em agosto que reabriria um programa federal de US$ 5 bilhões, lançado sob seu antecessor Joe Biden, para financiar a instalação de carregadores de veículos elétricos de alta velocidade na rede rodoviária dos EUA.

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Refit briga na Justiça por carga de combustível apreendida de R$ 240 milhões que negou ser sua

A Refinaria de Manguinhos ingressou na Justiça do Rio de Janeiro, onde está sob recuperação judicial, com um pedido para recuperar a carga apreendida pela Receita Federal no último dia 19 de setembro, na Operação Cadeia de Carbono. Inicialmente, a Refit (o nome fantasia de Manguinhos) negou que a carga fosse dela e chegou a emitir um fato relevante ao mercado refutando a informação. O comunicado enviado na última terça-feira, 23, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informava que eram inverídicas as informações noticiadas pela imprensa que davam conta de que a apreensão da Receita era de carga da Refinaria de Manguinhos. A Receita informou ter apreendido uma carga de derivados de petróleo no valor de R$ 240 milhões. Duas importadoras, a Axa Oil e a Fair Energy, que trabalham exclusivamente para a Refit, foram alvo da operação. O fato relevante emitido pela Refit foi uma resposta à CVM, que solicitou informações à empresa, uma companhia de capital aberto e que, por isso, deve prestar contas aos investidores por meio de comunicados públicos. No comunicado, o diretor de Relações com o Investidor da Refit, Paulo Henrique Oliveira de Menezes, afirma que a informação, noticiada inicialmente pelo jornal Valor Econômico, era eldquo;totalmente inverídica, uma vez que não houve apreensão de quaisquer cargas pertencentes à Refit na Operação Cadeia de Carbono, realizada pela Receita Federal.erdquo; No mesmo dia 23 de setembro, no entanto, a Refinaria de Manguinhos fez uma petição à 5ª Vara de Fazenda Empresarial do Rio, onde está sob recuperação judicial desde 2013, solicitando a liberação da carga. eldquo;Se a Refinaria de Manguinhos ficar impedida de utilizar as cargas retidas, a produção diária será impactada, gerando transtornos de toda ordem à rotina administrativa e econômica, o que poderá ocasionar, inclusive, na perda de postos de emprego. É óbvio que a paralisação das atividades industriais impacta, gravemente, o giro e fluxo de caixa da Companhia, afetando o cumprimento de obrigações assumidas com seus fornecedores, bem como o parcelamento assumido com o Fisco carioca, além de comprometer o pagamento de seus funcionárioserdquo;, afirma a empresa. Na petição, a que o Estadão teve acesso, a empresa afirma que a carga apreendida pela Receita é de 82 milhões de litros de óleo bruto de petróleo e de 5 milhões de litros de hidrocarbonetos de mistura aromáticos (normalmente usados para o tratamento da nafta para transformá-la em gasolina). A empresa alega que o material é de sua propriedade, já foi pago e afirma que as importadoras são alvo da investigação, não ela. A Refit afirma que não tem nenhuma relação com a Axa Oil e a Fair Energy. eldquo;Não se pode cogitar, portanto, que a Refinaria de Manguinhos, por fiscalizações direcionadas a terceiros, seja impedida de utilizar insumos de sua propriedade, essenciais à sua atividade fimerdquo;, afirma a empresa. Procurada, a Refit preferiu não se manifestar. A assessoria da empresa também foi acionada para solicitar o posicionamento de Paulo Henrique Oliveira de Menezes, mas tampouco retornou aos pedidos do Estadão. A CVM informou que o assunto é objeto de um processo em curso no órgão e que eldquo;não comenta casos específicoserdquo;. Prestar informações imprecisas ou inverídicas à CVM pode ser punido com multa e até com o banimento do responsável do mercado de capitais. Na mira Na última sexta-feira, 26, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou a Refinaria de Manguinhos sob a suspeita de importação irregular de gasolina, incorretamente classificada como nafta (produto que paga imposto menor, por ser insumo para a indústria química); além da ausência de evidências de que seja desempenhada atividade de refino (o que permite que a companhia faça importações de nafta e outros químicos, e obtenha outras vantagens tributárias). A refinaria entrou no radar das autoridades após a deflagração da Operação Carbono Oculto, pela Polícia Federal, em 28 de agosto. A PF investiga se o combustível da Refit abastece redes de postos de gasolina controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo os investidores, a organização criminosa usa sua estrutura no mercado de combustíveis para lavar dinheiro do crime e ocultar os verdadeiros donos com a ajuda de bancos e fintechs instaladas na Faria Lima emdash; avenida na cidade de São Paulo considerada o centro financeiro do País. A Receita Federal também apura se Manguinhos está sonegando impostos ao importar nafta para fazer gasolina, sem recolher os tributos como deveria, além de usar empresas de fachada para ocultar os reais importadores do combustível, o que é crime. Segundo as autoridades, essa conduta deforma o mercado legal, ao criar uma concorrência desleal com competidores, além de permitir a infiltração do crime organizado em uma cadeia complexa de produção e elevada carga tributária. A contradição da Refit na prestação de informações à CVM sobre a posse do combustível apreendido foi levantada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional no processo. A União pede que a vara empresarial do Rio se abstenha do caso, uma vez que se trata, no argumento das autoridades, de crime federal, envolvendo supostas operações de importação irregular, lavagem de dinheiro e sonegação. Além disso, a PGFN alega que a liberação da carga pode prejudicar o trabalho da polícia e da Receita, uma vez que a apreensão paralisou as infrações e é prova da conduta ilegal da empresa. eldquo;Para o juízo, a Recuperanda alega que a carga apreendida é de sua propriedade. Para o Mercado, a Recuperanda alega que a carga não é de sua propriedadeerdquo;, afirma a PGFN.

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