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Câmara pode votar derrubada de regra para trabalho aos feriados

A derrubada da portaria que restringiu o trabalho aos feriados no Brasil poderá ser votada no plenário da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (16). A convocação de uma sessão extraordinária para a segunda foi fechada pelo presidente da casa, deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), na última quinta (12), após reunião com os líderes partidários. Parlamentares da oposição aproveitaram o momento de fragilidade do governo para pedir a inclusão do texto na pauta, pleito que vinha sendo feito a Motta há algumas semanas para pressionar o Ministério do Trabalho e Emprego a revogar a portaria ou adiar sua vigência novamente. O mais importante item da pauta de segunda é a votação da urgência de um projeto que revoga o novo decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) publicado na noite de quarta (11) pelo presidente Lula (PT). O projeto de decreto legislativo (como são chamadas as propostas que sustam medidas do Executivo) do trabalho aos feriados foi apresentado em 2023 pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE). Naquele ano, as entidades empresariais reagiram à publicação da norma e conseguiram a aprovação do trâmite de urgência do texto. Quando isso acontece, o projeto pode ser analisado direto no plenário, sem precisar passar pelas comissões (rito que seria muito mais demorado). O PDL de Gastão reúne outros 16 sobre o mesmo tema. O projeto acabou não sendo votado porque o governo adiou a entrada em vigor da norma, decisão que repetiu outras vezes desde então. O relator desse é o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), que preside a Frente Parlamentar do Empreendedorismo, que encabeçou, junto com a Frente Parlamentar do Comércio e Serviços, uma mobilização para evitar que a portaria entre em vigor. As frentes têm pressionado pela revogação da portaria, mas sinalizaram que aceitariam um novo adiamento. Como até agora o Ministério do Trabalho e Emprego não publicou nova portaria, deputados da oposição e que são contrários à regra mais rígida consideraram que colocar o texto em pauta faria o governo se movimentar. A regra mais restritiva para o trabalho em feriados passaria a valer em 1º de julho. A Folha apurou que um novo adiamento já estava acordado com as frentes e que o compromisso teria sido feito pelo ministro Luiz Marinho com os parlamentares envolvidos na negociação. Parte das conversas incluiu a elaboração de um projeto de lei com uma solução definitiva ao impasse, e que coube a Gastão, deputado ligado ao sindicalismo patronal. Na sexta (13), o parlamentar disse esperar fechar o texto até terça (17) e conversar com o ministro Marinho na véspera. A portaria 3.665 foi publicada em novembro de 2023 e prevê a obrigação de o trabalho aos feriados ser negociado entre trabalhadores e empregadores por meio de convenção coletiva. A medida revogou uma outra, do governo Jair Bolsonaro (PL), que autorizava o trabalho nessas datas. A portaria da gestão anterior liberava de forma irrestrita o trabalho de funcionários em setores como o de supermercados e hipermercados, entre outros, sem negociação coletiva com trabalhadores. Essa regra acabou com a necessidade de qualquer documento entre empregadores e empregados tratando do trabalho, ou entre a empresa e o sindicato da categoria. Bastava apenas convocação ou comunicado do empregador feita ao trabalhador. Para sindicatos que se opõem à liberação irrestrita, os trabalhadores perdem a possibilidade de negociar outras compensações além da folga prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O projeto em elaboração por Luiz Gastão deve manter alguma participação dos sindicatos, mas segundo parlamentares que participaram das conversas, há discordância quanto ao modelo de cobrança da contribuição associativa. A ideia dos parlamentares é a de que o texto legislativo preveja condições especiais a trabalhadores de setores do turismo, shoppings, restaurantes e supermercados, onde as atividades aos feriados são predominantes ou já estão consolidadas.

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Nova ferramenta do Banco Central vai seguir dinheiro roubado em golpe do Pix

Apenas 31% dos 5 milhões de pedidos de devolução de transferências fraudulentas via Pix foram aceitos e o BC (Banco Central) conseguiu devolver menos de 7% do dinheiro desviado emdash;R$ 459 milhões de um montante de R$ 6,98 bilhões, de acordo com resposta da instituição à solicitação de acesso à informação. O principal obstáculo do MED (Mecanismo Especial de Devolução), usado pelos brasileiros para pedir a devolução de um Pix após serem vítimas de um golpe ou de uma fraude, é que o Banco Central só rastreia a primeira conta para onde o dinheiro foi desviado. Como as quadrilhas costumam pulverizar os valores rapidamente, por meio de transferências sequenciais em mais de uma conta de laranjas, o BC trabalha em uma ferramenta para rastrear o trajeto do dinheiro ao longo de cinco níveis de transferências. Se os criminosos dividirem o dinheiro em mais de uma conta, o BC vai analisar todas essas contas. O lançamento do Med 2.0 está previsto para o primeiro trimestre de 2026, devido à complexidade de coordenar as mais de 800 empresas habilitadas a operar pelo Pix. Funcionários do BC dizem que, para chegar a esse nível de rastreamento, foi considerado o comportamento dos fraudadores e os limites técnicos para tornar o serviço viável. Em 2024, a ausência de dinheiro na conta que recebeu a transferência motivou 86% das quase 3,5 milhões de recusas do BC aos pedidos de devolução emdash;e o estorno, quando ocorre, pode ser apenas parcial também por falta de saldo. Antes do MED 2.0, o BC já trabalha na implementação do "autoatendimento" do MED, em que os usuários do Pix poderão enviar as contestações diretamente ao órgão regulador por meio de aplicativos dos bancos, de forma 100% digital e sem precisar interagir com o atendimento das instituições financeiras. Na última terça-feira (10), durante evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que o sistema vai permitir a contestação do Pix de forma simples e intuitiva, por meio do aplicativo dos bancos. No modelo original, só a empresa participante do sistema Pix pode informar o BC da ocorrência, após averiguar se o relato da vítima apresenta indícios suficientes de crime. Esse procedimento aumenta a espera até a solicitação de estorno ser analisada, dando mais tempo para o criminoso espalhar o dinheiro. As instituições financeiras têm até 1º de outubro para implementar o mecanismo. O Bradesco, por exemplo, já disponibilizou a atualização para seus clientes. Para contestar a transferência, basta acessar o extrato, selecionar a transação e clicar no botão "Contestar este Pix". O cliente então informa o motivo e escreve uma descrição do caso, avaliada para confirmar se a solicitação procede. Segundo o diretor de produtos de pagamento do Bradesco, Marcos Cavagnoli, a ampliação do rastreio no MED também facilita a atuação dos participantes do sistema Pix contra a fraude. "Além de bloquear o pagamento, uma coisa que é extremamente importante é mapear as contas laranjas e poder atuar para eliminá-las." O BC permite que as instituições financeiras, além de notificar as infrações, marquem as contas envolvidas em crimes, quando há chances reais de delito, na plataforma fraud marker. O diretor de produto da fintech Dock, Luiz Henrique Sá, avalia que o MED 2.0 pode aumentar a proporção de solicitações aceitas para até 80%, com base em estudos apresentados pelo BC durante reuniões sobre o mecanismo. Ainda assim, diz ele, parte do dinheiro fraudado será perdido mesmo após as mudanças, por causa das artimanhas dos criminosos. "A pessoa comete o crime e usa uma conta A, mas é certeza absoluta de que aquele dinheiro não vai ficar ali nem por segundos, ainda mais com Pix", afirmou Sá. "Vai para uma conta B, vai para uma conta C, vai virar criptomoeda", acrescentou. Diferentemente das contestações de compras no cartão de crédito, que incluem cancelamentos de pagamentos em compras em que houve arrependimento ou pagamento por engano, o MED só funciona em casos de crimes ou falhas técnicas da instituição financeira. De acordo com o diretor-executivo da plataforma Acceptance Solutions da Visa, Gustavo Carvalho, o Pix caminha para ter um mecanismo de devolução cada vez mais similar às ferramentas de disputa dos cartões de crédito. As bandeiras conseguem operar com mais hipóteses de devolução, afirmou Carvalho, devido à experiência de décadas com esse modelo. Além disso, Visa e Mastercard não trabalham com pagamentos instantâneos, o que aumenta o tempo hábil para reaver o dinheiro desviado. As empresas do setor não divulgam qual a porcentagem dos pedidos de estorno aceitos. COMO CONTESTAR UM PIX SE VOCÊ FOI VÍTIMA DE GOLPE Quando o usuário contestar um Pix, os bancos devem informar (ao menos no primeiro acesso) as regras e etapas do processo, bem como o prazo máximo para solicitar a devolução dos recursos se a pessoa for vítima de golpe, fraude ou crime. O BC estabelece que, quando o cliente acionar a função de contestação, o banco deve direcioná-lo para o extrato da conta ou do Pix para a seleção da transação objeto da contestação. Em seguida, o usuário deve ser questionado sobre qual tipo de golpe, fraude ou crime sofreu, conforme as tipificações que constam no manual operacional do sistema. Entre as respostas possíveis que devem ser disponibilizadas ao cliente, o BC exemplifica: Fui enganado por um golpista e realizei uma transação Outra pessoa transferiu recursos da minha conta, sem acesso à minha senha e sem o meu conhecimento Fui ameaçado ou tive minha liberdade restringida para ser forçado a fazer uma transação Um fraudador usou minha senha para transferir recursos da minha conta, sem a minha autorização Outro tipo de golpe (nesse caso, o banco também deverá colocar um campo solicitando um relato descritivo sobre o crime, com até 2.000 caracteres). Como exemplo, o BC sugere indicar que o envio de documentação complementar auxilia na comprovação da fraude ou que, se a solicitação for considerada procedente, o usuário receberá o dinheiro de volta em um prazo de até 11 dias. Ao registrar a demanda, a instituição financeira deverá fornecer dados como número do protocolo da solicitação de devolução, com data e horário; prazo máximo de resposta ao usuário sobre a aceitação ou recusa da contestação; existência de saldo na conta de quem recebeu a transação original para efetivação da devolução parcial ou total do valor, além da informação de que a instituição do recebedor será notificada da suspeita de fraude.

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Agências reguladoras têm redução de 41% das verbas em uma década

A pressão sobre o Orçamento em razão das despesas obrigatórias, com as sobras em disputa entre Executivo e Legislativo, tem provocado efeitos concretos no funcionamento das agências reguladoras. Com recursos insuficientes, o foco dos gestores é eldquo;garantir o essencialerdquo;. Na prática, multiplicam-se as filas para registro de medicamentos; fiscalizações estão enfraquecidas; certificações, paralisadas; e exportações, atrasadas. Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast com dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do Ministério do Planejamento, mostra que dez das 11 agências federais foram afetadas por cortes na última década. Em 2016, com dez agências, foram liberados R$ 6,4 bilhões na Lei Orçamentária Anual (LOA), em valores corrigidos pela inflação. Neste ano, com uma reguladora a mais, os recursos somam R$ 5,4 bilhões. Considerando as despesas fixas com servidores, as quedas no quadro geral chegam a 41%. Em nota, o Ministério do Planejamento disse que não comentaria o assunto. As verbas para custeio e novos investimentos estão ainda mais comprimidas. Nesse recorte, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tem uma redução de quase 65% dos recursos. Para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), as reduções superam 40%. Em uma operação de emergência financeira no meio do ano passado, o Ministério dos Transportes precisou repassar R$ 18 milhões do próprio caixa para socorrer a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Com orçamento insuficiente para as atribuições básicas enquanto vê disparar o número de concessões rodoviárias, o socorro também foi feito a partir do repasse de parte das despesas obrigatórias da ANTT para a Infra S.A., estatal do governo, e até para as próprias concessionárias de rodovias. A falta de caixa encontra, de maneira direta e indireta, o bolso da população. A Anac aponta atraso na certificação de aeronaves da Embraer, o que pode encarecer o preço das passagens aéreas. Provas teóricas para pilotos quase foram canceladas por falta de pagamento da Anac à Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Saúde, filas para registro de medicamentos se alongam com o enfraquecimento financeiro da Anvisa. Dos órgãos regulatórios, só a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) respondeu à reportagem ( mais informações na pág. B2). PESSOAL. O quadro de funcionários também sofre desidratação, apesar da crescente demanda nas operações dos órgãos vinculados ao Executivo. A Anvisa tinha 2 mil servidores em 2016 e, no extrato deste ano, tem 1,4 mil, registrando a queda mais acentuada entre as reguladoras (-36,5%) ao longo da última década. O mesmo ocorre em praticamente todas, com exceção da ANA, que tem um quadro quase inalterado. O número de servidores em baixa é refletido no volume de recursos liberados anualmente para esse fim. Com as cifras corrigidas pela inflação, todas as agências tiveram redução desse tipo de verba. Para o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação (Sinagências), Fabio Rosa, a sangria orçamentária já superou o limite suportado pelos órgãos. Para ilustrar o preço de uma fiscalização enfraquecida, relembra tragédias como Mariana, Brumadinho e os apagões elétricos. O representante sindical destaca um problema mais invisível: sem recursos, as reguladoras estão cada vez mais incapazes de criar condições para ampliar seus respectivos mercados. Sem pessoal e orçamento adequados, os gestores das agências são forçados a fazer escolhas, renunciando a parte de suas competências. eldquo;Se não tiver condições de executar a minha missão institucional, infelizmente vamos caminhar mesmo para a irrelevância, o que é o desejo de muitoserdquo;, afirma o presidente do Sinagências. ebull;

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Tensão no Oriente Médio: petróleo dispara e pode impactar preço da gasolina

A escalada das tensões e dos temores originados pelo ataque de Israel ao Irã já se reflete no aumento de preço do petróleo. A persistência do cenário adverso tende a elevar o preço dos combustíveis e chegar até o bolso dos brasileiros. Israel bombardeou Teerã, capital iraniana. Os ataques atingiram alvos militares e instalações relacionadas ao programa nuclear do Irã. As FDI (Forças de Defesa de Israel) classificaram a ação como um "ataque inicial" e disseram estar "prontas para continuar a agir conforme necessário". Irã revidou da ofensiva com ataque de mísseis. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que Israel preparou um "destino amargo e doloroso para si mesmo". Diante da ameaça, o Exército israelense declarou ter interceptado cerca de 100 mísseis direcionados ao país. Alta do petróleo é o primeiro reflexo do ataque. Após a escalada das tensões, o barril de 159 litros do Brent, referência internacional para o combustível, alcançou US$ 78 pela primeira vez desde janeiro. "Podemos esperar uma pressão inflacionária maior caso o petróleo continue a subir", prevê Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter. "O conflito estava concentrado em áreas sem impacto na produção de petróleo. Havia risco, mas sem impacto nos preços. Agora, o grau de incerteza se amplia muito, porque você tem o alcance da guerra tomando novas dimensões, para regiões produtoras".José Ronaldo Souza, professor do Ibmec. Região é determinante para o combustível. O especialista em investimentos Jeff Patzlaff explica que o conflito aumenta a instabilidade no Oriente Médio, região que ele define como "estratégica" para a produção e o transporte de petróleo. "A limitação de acesso ao Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo global, pode gerar fortes altas nos preços dos barris do Brent e WTI", diz Patzlaff. Efeito cascata contaminará outras atividades. "O frete deve ficar mais caro por questões de segurança, implicando no aumento dos preços dos seguros e devido à alta dos combustíveis", diz Fernanda Brandão, professora de relações internacionais da Universidade Mackenzie. Segundo ela, tal cenário vai exigir a utilização de rotas alternativas e, consequentemente, com custo mais elevado para o transporte de bens com segurança. Mais inflação Cenário vai inibir a perda de força da inflação. A evolução de preço do petróleo e a alta do dólar originada na busca por ativos de maior segurança têm capacidade de atingir toda a cadeia de suprimentos. A chamada pressão inflacionária inicial impactará inicialmente as commodities, matérias-primas que acompanham a variação da moeda norte-americana. "O petróleo em alta traz efeitos negativos para empresas com custos atrelados ao combustível, além de custos logísticos para a cadeia produtiva como um todo".Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter. Preços dos alimentos também tendem a subir. Além do petróleo e do minério, a manutenção das tensões e da valorização do dólar a longo prazo vai atingir diversos produtos essenciais que aparecem na mesa das famílias. Entram na relação commodities como o café, o açúcar, o arroz, o feijão e a farinha, usada para a fabricação de pães, massas e biscoitos. Para ler esta notícia, clique aqui.

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Combustível do Futuro: EPE apresenta nota técnica para alinhar RenovaBio e Mover à nova lei

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresenta, na próxima quarta-feira (18/6), a nota técnica que alinha os programas RenovaBio e Mover à lei do Combustível do Futuro (lei 14.993). A apresentação ocorre em evento sobre a descarbonização do transporte rodoviário promovido pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Foram convidados representantes da academia, de produtores de biocombustíveis e setor automobilístico para integrar a discussão sobre descarbonização dos transportes. O evento começa às 11h e encerra às 13h, na sede do MME, em Brasília. Além da integração dos programas, a lei também estabelece que o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) faça a análise do ciclo de vida dos combustíveis a partir da metodologia eldquo;do poço à rodaerdquo; até o fim de 2031. A partir de 2032, deverá ser adotado o modelo eldquo;do berço ao túmuloerdquo;, que inclui as etapas de descarte e reciclagem de componentes dos veículos. Fazem parte do escopo do Combustível do Futuro para o transporte rodoviário a alteração dos limites máximos para a adição de etanol à gasolina e do biodiesel ao diesel. No caso da gasolina, passou a ser permitido o máximo de 35%, desde que comprovada a viabilidade técnica em motores exclusivos à gasolina. O biodiesel teve o limite estabelecido em 25% na mistura do diesel B. No início do ano, o Instituto Mauá, contratado para avaliar a viabilidade da mistura de 30% de etanol (E30), constatou não haver alterações significativas em motores à gasolina. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), afirmou que o E30 começaria a valer já neste ano. A mudança deve ser pautada na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Outra novidade trazida pelo Combustível do Futuro e com potencial aplicação rodoviária são os certificados de origem de biometano (CGOB). A lei criou mandato de 1% para esse biocombustível, que não necessariamente precisa ser volumétrico. Consumidores como maior dificuldade de acesso ao biometano podem fazer a compensação por meio da aquisição dos CGOBs. Uma das alternativas discutidas para o biometano é o uso em motores à diesel adaptados para rodar com gás natural veicular (GNV). Por se tratar da mesma molécula, o biometano pode substituir, em qualquer medida, o gás natural. Frente judicial do RenovaBio A Política Nacional de Biocombustíveis enfrenta duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADI), uma movida pelo PDT e outra pelo PRD, no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, distribuidoras têm recorrido à Justiça, em busca de liminares para suspender a compra dos créditos de descarbonização. O governo preparou uma contraofensiva no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para suspender as liminares que beneficiam as distribuidoras devedoras. No início do ano, o presidente Lula sancionou lei aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2024, a qual prevê mudanças no RenovaBio, dentre elas o aumento das penalidades a inadimplentes. Dentre as medidas para penalizar descumpridores estão: o não cumprimento das metas passa a ser tipificado como crime ambiental; o teto da multa ao inadimplente sobe de R$ 50 milhões para R$ 500 milhões; o distribuidor que não cumprir integral ou parcialmente a meta por mais de um exercício pode ter sua autorização revogada pela ANP; será vedada a importação direta de produtos pela empresa inadimplente enquanto a meta não for cumprida; e eventuais sucessores do distribuidor revogado serão obrigados a cumprir a meta anterior não cumprida. Mercado de carbono O RenovaBio também foi objeto de discussão quanto à harmonização com o mercado regulado de carbono. O objetivo, na época da tramitação do projeto que resultou na lei 15.042/2024, era garantir a convivência do CBIOs com outras modalidades de comercialização de créditos de carbono. O acordo feito então conseguiu transferir o impasse para a fase de regulamentação do mercado de carbono, isto é, a próxima etapa. O texto passou a prever, como princípio do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) a eldquo;harmonização e coordenação entre os instrumentos disponíveis para alcançar os objetivos e as metas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, inclusive mecanismos de precificação setoriais de carbonoerdquo;. Considerar o RenovaBio na regulação do mercado de carbono é uma discussão antiga e envolve, eventualmente, encerrar o programa, a partir das novas obrigações reguladas. São, contudo, estruturas distintas: o RenovaBio remunera produtores de biocombustíveis, especialmente etanol, a partir da obrigação de compra de créditos pelas distribuidoras. O SBCE vai estabelecer metas setoriais que poderão ser atendidas de diversas formas pelas fontes emissoras reguladas endash; a compra de créditos é uma delas. Mobilidade verde O Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) foi sancionado em meados de 2024 e destina R$ 19,3 bilhões em créditos para o setor automotivo até 2028. O Mover amplia as exigências de sustentabilidade da frota de carros, ônibus e caminhões e, por meio de incentivos fiscais, segundo o governo federal, vai estimular investimentos em novas rotas tecnológicas. Substitui o Rota 2030, criado no governo de Michel Temer. Os créditos podem ser usados pelas empresas para abatimento de impostos federais em contrapartida a investimentos realizados em Peamp;D e em novos projetos de produção. Todas as empresas participantes devem cumprir os requisitos obrigatórios do programa, que incluem novas métricas como limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e a medição das emissões de carbono em todas as etapas da produção e descarte dos veículos. Em abril, o governo publicou decreto que regulamenta a concessão de incentivos aos fabricantes e importadores de veículos no Brasil que cumprirem metas de eficiência energética e reciclabilidade a partir de junho de 2025. Veio, no entanto, sem o IPI Verde, e a indústria emdash; que estava cobrando a regulamentação, sob o risco de rever investimentos anunciados no último ano emdash; ainda terá que esperar, por tempo indeterminado, a definição das alíquotas.

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Consumo de diesel caminha para novo recorde no Brasil em 2025, diz EPE

O consumo de diesel caminha para um novo recorde este ano. Um reflexo da combinação da retomada da atividade industrial e das boas perspectivas para a safra agrícola. A demanda pelo combustível cresceu 2,2% nos 12 meses, entre maio de 2024 e abril de 2025, na comparação com igual período no exercício anterior. Os dados são do relatório eldquo;Perspectivas para o Mercado Brasileiro de Combustíveis no Curto Prazoerdquo;, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Acesse o relatório na íntegra. O aumento ocorreu sobretudo nos volumes de diesel S-10, que teve uma alta de 6,5% no período. A projeção da EPE é que o consumo total de diesel no Brasil chegará a 70,5 bilhões de litros em 2025, volume 2,2% maior do que em 2024 emdash; ano que registrou o recorde até o momento da demanda nacional. O cenário é uma combinação do crescimento da indústria, perspectivas econômicas favoráveis e o aumento da ocupação formal da população. Segundo a consultoria Gasola, setores como o agronegócio, transporte rodoviário e a indústria estão colaborando para o aumento da demanda. A consultoria aponta que o crescimento ocorre sobretudo no Centro-Oeste, devido ao escoamento da safra agrícola, e no Sudeste, onde a produção industrial mostra sinais de recuperação. A previsão do Conab é de um novo recorde na safra de grãos em 2024/2025, o que vai sustentar a demanda por frete rodoviário. Contribuem para a tendência, ainda, as reduções nos preços do combustível pela Petrobras. Ao todo, a estatal reduziu três vezes os preços nas refinarias apenas nos meses de abril e maio. Nos veículos leves, a gasolina avança sobre etanol. A demanda do combustível fóssil cresceu 2,4% até abril, enquanto o etanol permaneceu praticamente estável, segundo a EPE. Este mês, a Petrobras reduziu pela primeira vez no ano as cotações da gasolina. Foi o primeiro reajuste depois de 328 dias, já que os preços estavam inalterados desde 9 de julho de 2024. A tendência é que o reajuste tenha impacto sobre a demanda por gasolina nos próximos meses. Na competição pelo consumidor na bomba, em 2025 a gasolina tem apresentado preços mais favoráveis do que o etanol em mais estados do que no ano passado.

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