Copom cita tarifaço, interrompe alta dos juros e mantém Selic em 15% ao ano
Em comunicado, BC afirmou que setor externo eldquo;está mais adverso e incertoerdquo;, o que exige eldquo;particular cautelaerdquo;. Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, interrompendo um ciclo de alta iniciado em setembro do ano passado, quando a taxa básica de juros estava em 10,50%. A última vez que a Selic esteve acima de 15% ao ano foi em julho de 2006. Em comunicado divulgado após sua reunião, o colegiado afirmou que o setor externo eldquo;está mais adverso e incertoerdquo; em função dos efeitos do tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o que exigiria eldquo;particular cautelaerdquo;. No plano doméstico, destacou que, apesar de eldquo;certa moderação no crescimento ( da atividade econômica)erdquo;, o mercado de trabalho eldquo;ainda mostra dinamismoerdquo;. eldquo;O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas ( longe das metas oficiais), projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongadoerdquo;, diz trecho do comunicado. Evolução Desde setembro passado, a Selic acumulou alta de 4,5 pontos porcentuais Ainda assim, o Copom antecipou que deve manter a Selic no mesmo patamar de 15% na sua próxima reunião, marcada para setembro. Por fim, repetiu que eldquo;seguirá vigilanteerdquo; e que os próximos passos da política monetária eldquo;poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue necessárioerdquo;. Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o Copom optou por afastar qualquer possibilidade de início do ciclo de afrouxamento monetário em um eldquo;horizonte próximoerdquo;. eldquo;A curva de juros tinha alguma queda já precificada para o final do ano, ou início de 2026erdquo;, afirmou Sanchez. eldquo;Parece que o Copom não quer o mercado precificando esses cortes precocemente.erdquo; A avaliação do economistachefe do banco BV, Roberto Padovani, segue no mesmo caminho. Segundo ele, embora o Copom tenha melhorado suas projeções em relação à reunião anterior, a estratégia continua a mesma: manter os juros parados por um período suficientemente longo até que as expectativas de inflação convirjam para a meta. eldquo;O Banco Central é bastante cauteloso, e isso é compatível com a nossa visão de que a taxa básica possa permanecer no nível de 15% até o final do primeiro trimestre de 2026erdquo;, disse ele. Superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, Fernando Gonçalves também acredita que a Selic não deve voltar a cair antes do primeiro trimestre de 2026. eldquo;O BC está tentando enfatizar que não vê no horizonte nenhuma necessidade de mudar o nível de juros.erdquo; ebull;