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Petrobras nega defasagem em preços e 'culpa' metodologias

Na contramão de importadores de combustíveis e consultorias do setor, a Petrobras sustenta que seus preços para gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional. O diagnóstico foi apresentado na quarta-feira ao conselho de administração da empresa, e confirmado por três pessoas que tiveram acesso à informação. A diferença se deve a diferentes metodologias adotadas pela estatal e pelos demais agentes e especialistas, dizem essas pessoas. O Estadão/Broadcast apurou que, na avaliação da Petrobras, os preços dos combustíveis estiveram desalinhados recentemente, mas, no momento, não registrariam defasagem em relação ao mercado internacional. Nas contas da área técnica da estatal, a gasolina está alinhada e, o diesel, praticamente zerado. O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, diz ter recebido com eldquo;surpresaerdquo; o diagnóstico dos técnicos da Petrobras apresentado aos conselheiros. Na quarta, após o fechamento do mercado, a Abicom calculava defasagem de 16% tanto para a gasolina quanto para o diesel ante a paridade de importação. eldquo;Vejo com surpresa porque, se olharmos para algumas semanas atrás, a Petrobras trabalhava com o preço acima da paridade nos cálculos da Abicom e, naquele momento, reduziu preços e passou a tangenciar as curvas do PPI (preço de paridade de importação) preparadas por nós. Não entendo essa diferença agoraerdquo;, diz Araújo. Ele afirma que os parâmetros da Abicom bateram com os da Petrobras para a baixa de preços e estranha que agora, sob pressão de alta, o mesmo não aconteça. O analista Ilan Abertman, da Ativa Investimentos, diz que a Petrobras vende combustíveis abaixo do PPI, mas reconhece as diferenças entre as metodologias. eldquo;A Petrobras não abre a sua fórmula (da defasagem), mas eles fazem as contas do PPI considerando a média dos últimos 12 meses. Por se tratar de média, já tem, no final, um parâmetro suavizadoerdquo;, diz.

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Gasolina está há 6 semanas defasada, aponta CBIE

Como mostrou o Estadão/Broadcast, relatório do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria chefiada pelo economista Adriano Pires, indica que a gasolina da Petrobras tem sido vendida abaixo do preço de importação há seis semanas e, no caso do diesel, desde o início de outubro. No fechamento do mercado de quarta-feira, a defasagem da gasolina era de 18,56% e, segundo o CBIE, seria necessário aumento de R$ 0,75 por litro nas refinarias para a paridade internacional. Para o diesel, a defasagem estava em 19,31% (R$ 1,17 por litro). Em meados de setembro, os preços dos combustíveis no mercado internacional voltaram a subir na esteira da cotação do barril de petróleo. Mesmo assim, a Petrobras ainda não reajustou o valor de seus produtos nas refinarias. O País importa entre 20% e 30% do volume de diesel que consome. Ao praticar preços abaixo da paridade internacional, a Petrobras desestimula a atuação de importadores e aumenta o consumo de estoques. Recentemente, o diretor de exploração e produção da estatal, Fernando Borges, afirmou que a companhia baixou preços em velocidade maior do que a considerada agora para eventuais aumentos, o que eldquo;beneficia a sociedadeerdquo;. A declaração foi vista por agentes de mercado como uma confissão da pressão política exercida pelo governo do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) para que a empresa não aumente seus preços até o fim das eleições. Desde 2016, a Petrobras segue a política de preço de paridade internacional (PPI) e ajusta o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias ao preço de importação. Para tanto, considera fatores como valores praticados no exterior, principalmente no Golfo do México (EUA), frete e câmbio. Quando a política do PPI foi adotada, sob a presidência de Pedro Parente, os preços eram atualizados diariamente, o que foi alvo de reclamações como o fim da previsibilidade para contratos na ponta da cadeia, como o frete de caminhoneiros. Nos anos seguintes, os reajustes passaram a ser cada vez mais espaçados e, sobretudo neste ano, sob pressão do Planalto. Quando o PPI foi adotado, a atualização era diária, mas pressões tornaram os reajustes mais espaçados.

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Projeto acelera plantas de biogás e novos usos de biocombustível no Brasil

A equipe do projeto GEF Biogás Brasil visitou este mês seis plantas de biogás contempladas através de edital como Unidades de Demonstração do projeto. Através de edital, as plantas de biogás foram vinculadas como Unidades de Demonstração para apresentar ao mercado brasileiro casos de sucesso que podem ser replicados em todo o país. O projeto GEF Biogás Brasil é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora. Durante a primeira quinzena de outubro, a equipe do projeto GEF Biogás Brasil, em parceria com a equipe do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), realizou visitas técnicas em seis plantas de biogás contempladas através de edital como Unidades de Demonstração do projeto. O projeto GEF Biogás Brasil é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora. Lançado em março de 2021, o edital de Unidades de Demonstração (UDs) ofereceu um investimento total de cerca de R$ 2,6 milhões às propostas selecionadas para a otimização de infraestrutura e operações. Além disso, o edital de UDs vincula as plantas de biogás escolhidas ao projeto GEF Biogás Brasil como Unidades de Demonstração (UDs), apresentando ao mercado brasileiro casos de sucesso que podem ser replicados em todo o país. Melhorias implementadas - As visitas ocorreram no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. Durante a agenda, proprietários e responsáveis pelas unidades apresentaram as melhorias implantadas a partir do investimento do projeto GEF Biogás Brasil. Para a sócia-proprietária da Granja Kist e Froelich (Santa Rosa/RS), Danieli Rambo, o investimento do edital de UDs possibilitou que fossem feitas várias melhorias na planta de biogás da granja. eldquo;Nós conseguimos fazer toda a parte estrutural de cercamento e de construção das lagoas de decantação com o apoio do projeto. Nosso objetivo é fazer o ciclo completo dos dejetos da granja. Queremos reutilizar tudo e utilizar a parte sólida do digestato para a venda de adubo orgânico e a parte líquida (após processo de reuso da água) na lavagem das pocilgaserdquo;, disse a proprietária. Já na unidade da Granja Master (Videira/SC), o engenheiro responsável pela planta, Jackson Granetto, falou sobre os equipamentos adquiridos através do investimento do projeto. eldquo;Com o investimento do projeto GEF, adquirimos uma microturbina com um novo conceito de geração de energia e com ela é possível fazer o aproveitamento da energia térmica através do aquecimento de água. Além da microturbina, também adquirimos o filtro-prensa de lodo no qual vamos fazer a secagem do nosso material final e comercializá-loerdquo;. O engenheiro afirmou, ainda, que com essas implementações a rota tecnológica da unidade, da produção à destinação de dejetos, será feita de maneira mais sustentável e equilibrada ecologicamente. Benefícios do biogás - Na 3Gs Adubos Orgânicos (Boa Esperança do Iguaçu/PR), uma das aplicações energéticas do biogás é a geração de energia térmica, aquecendo parte dos aviários da unidade. De acordo com o responsável pela Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Gilmar Marcelo de Paula, o biogás auxiliou na redução de custos com aquecimento. eldquo;Utilizando o biogás ao invés de outros combustíveis, nós eliminamos problemas como a diferença de temperatura, por exemplo. Além disso, nosso consumo é menor. Nós gastamos com o biogás apenas 30% do que a gente gastava com a lenhaerdquo;, afirmou. O proprietário também destacou que com esse modelo de negócio, conseguem transformar um passivo ambiental e transformamos em ativo econômico. eldquo;Além de estarmos contribuindo com o meio ambiente, transformamos o que antes era passivo ambiental em algo mais viável economicamenteerdquo;, finalizou. Planos para o futuro - Durante as visitas técnicas, os responsáveis pelas unidades falaram quais são as perspectivas para o futuro do uso do biogás. Na EnerDinBo, com o incentivo do projeto GEF foram implementados sistemas de: monitoramento de aquecimento, de monitoramento de pressão do sistema de biodigestão e um de purificação do biogás que a unidade previa instalar em 2024. De acordo com o diretor-técnico da EnerDinBo, Thiago González, a partir do sistema de purificação e obtenção de biometano, o próximo passo da empresa é abastecer com biometano, ainda em 2022, a frota de caminhões que faz o recolhimento de dejetos e leva até a unidade. eldquo;Além de antecipar bastante um planejamento que já tínhamos para utilização de biometano na nossa frota, nós também vamos conseguir aumentar o tempo de vida útil dos nossos sistemas de biodigestão e de geração de energia elétrica. Consequentemente, isso vai ajudar a reduzir o nosso custo operacional observado no dia a diaerdquo;, explicou. Em Castro (PR), a perspectiva da planta de biogás da Castrolanda, com ações em parceria com a 3DI Engenharia, é capturar o CO2 a partir do sistema de refino para utilizar na insensibilização de animais. eldquo;A estimativa do projeto é termos a captura do CO2 proveniente do biogás e colocar esse gás na planta de abate de suínos, e com isso também aprimorar o poder calorífico do gás que atualmente abastece os motogeradoreserdquo;, explicou a engenheira responsável pela planta, Carol Smilevski. Já na Fecularia Três Fronteiras, unidade localizada em Itaúna do Sul (PR), o proprietário Henrique Fragoso Saonetti afirmou que o projeto GEF Biogás Brasil auxiliou na melhoria da qualidade do biogás. eldquo;Faltava um empurrãozinho para a gente ter o biogás pronto para os grupos motogeradores. Com os desumidificadores modulares que compramos com o incentivo do projeto GEF, agora temos a opção de no caso um grupo motogerador der problema, os outros continuarem a operação, e da melhor forma possível, com o melhor gás possível, com temperatura adequada e umidade adequada para não causar danos aos grupos motogeradoreserdquo;. A partir dessas melhorias, o proprietário já pensa em perspectivas futuras para o biogás. eldquo;Existem algumas possibilidades que o biogás permite e que penso em elaborar aqui na fecularia. Uma delas é a utilização do biogás para fazer o biometano e abastecer nossa frota de tratores. Também vislumbramos a possibilidade de fazer a separação do CO2 para uso em bebidas. São muitas possibilidades que o biogás nos proporciona e queremos utilizá-lo o máximo possívelerdquo;, concluiu. Saiba mais sobre as Unidades de Demonstração e acompanhe as últimas novidades do projeto através do Instagram do GEF Biogás Brasil. Acesse https://www.instagram.com/gefbiogasbrasil/ e saiba mais.

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Shell supera expectativas com lucro ajustado no 3º tri; confira

A Shell informou, nesta quinta-feira (27), que obteve lucro líquido de US$ 6,74 bilhões no terceiro trimestre deste ano. Em termos ajustados, os ganhos foram de US$ 9,45 bilhões, abaixo do saldo de US$ 11,47 bilhões no segundo trimestre, mas acima dos US$ 4,13 bilhões verificados no terceiro trimestre de 2021. Analistas consultados pela Vara Research haviam previsto lucro ajustado menor, de US$ 9 bilhões. A Shell disse que a queda nos lucros na base trimestre refletiu os resultados mais baixos de comercialização e otimização de gás natural líquido, margens mais baixas de produtos químicos e de refino, despesas operacionais subjacentes mais altas e perdas de contabilidade de valor justo e encargos de redução ao valor recuperável. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização foi de US$ 21,51 bilhões, abaixo dos US$ 23,15 bilhões do segundo trimestre e acima das expectativas do mercado de US$ 20,72 bilhões, fornecidas pela Vara e com base em estimativas de 21 analistas. A Shell declarou um dividendo trimestral de US$ 0,25 por ação, em linha com o segundo trimestre. Também informou o início de um programa de recompra de ações de US$ 4 bilhões. *Fonte: Dow Jones Newswires.

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Petróleo fecha em alta, com PIB dos EUA no radar

Os contratos mais líquidos do petróleo avançaram nesta quinta-feira (27), impulsionados pelos dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que vieram acima do esperado. No entanto, analistas, em sua maioria, acreditam que uma recessão está a caminho. O petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 1,33% (US$ 1,17), a US$ 89,08 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para janeiro de 2023 subiu 1,33% (US$ 1,25), a US$ 95,04 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O PIB americano cresceu ao ritmo anualizado de 2,6% no terceiro trimestre de 2022, superando a mediana da expectativa de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de alta de 2,4%. Com o resultado, a economia dos EUA superou a recessão técnica em que entrou no segundo trimestre. O índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu à taxa anualizada de 4,2%, após avançar 7,3% no segundo trimestre. A XP avalia que a economia dos Estados Unidos deverá desacelerar eldquo;agressivamenteerdquo; nos próximos meses, mesmo com o crescimento de 2,6%. No entanto, a instituição financeira revisou as projeções para cima, agora prevê crescimento de 1,8% em 2022 e 1,3% em 2023, antes dos dados as porcentagens estavam em 1,3% e 1,1%, respectivamente. O TD Securities, por sua vez, acredita que os números da demanda doméstica eldquo;mostram claramente sinais de que a economia desacelera, como seria esperado após o rápido aperto nas condições financeiras em 2022erdquo;. eldquo;Os preços do petróleo estão subindo depois que a economia dos EUA se recuperou no último trimestre. Os ganhos do petróleo são limitados, pois a principal conclusão da série de leituras desta manhã é que uma desaceleração econômica está chegandoerdquo;, analisa o economista da Oanda Edward Moya. Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado hoje, mostra que eldquo;projetos convencionais de produção de petróleo não conseguirão aliviar imediatamente a crise energéticaerdquo; e conclui que a eldquo;era do rápido crescimento global da demanda de gás natural está chegando ao fimerdquo;.

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Por que gasolina voltou a subir apesar dos atrasos da Petrobras em reajustar preços

O preço da gasolina vendida nos postos do país está em alta há duas semanas consecutivas, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Isso acontece apesar do atraso da Petrobras em repassar o aumento no preço do litro no mercado internacional para as refinarias locais. Segundo o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a estatal está há seis semanas vendendo gasolina nas refinarias abaixo do PPI (Preço de Paridade de Importação). Já o diesel segue sem reajuste há quatro semanas. Na terça-feira (25) a gasolina da Petrobras estava 12,27%, ou R$ 0,46 por litro, mais barata que os preços internacionais. O diesel segue 14,13%, ou R$ 0,80 por litro, abaixo do valor. Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil atribuem o aumento do preço médio dos combustíveis nos postos brasileiros a um ajuste natural do mercado motivado pelo crescimento na demanda e à subida nos valores da gasolina e do diesel vendidos pela refinaria privada de Mataripe, na Bahia, responsável por cerca de 14% da capacidade total de refino do país. "Há primeiro de tudo o que eu entendo como ajustes naturais do mercado. Cada posto tentando recuperar sua margem, dado que tivemos uma redução grande nos últimos meses", diz Pedro Rodrigues, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Segundo o analista, as diversas quedas seguidas registradas nos meses anteriores aumentaram o consumo entre os brasileiros - de acordo com a ANP, as vendas de gasolina no Brasil pelas distribuidoras no primeiro sementes deste ano cresceram 10,8% em relação ao mesmo período de 2021 -, motivando os próprios postos de gasolina a subirem os preços. Os preços dos combustíveis são livres no Brasil, ou seja, cada posto pode estipular o preço da gasolina, do diesel ou do etanol que desejar. "A defasagem do preço força uma maior demanda. E as empresas acabam repassando esse aumento ao consumidor porque identificam um descompasso dentro do próprio mercado", resume Juliana Inhasz, economista e professora do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). Além disso, a refinaria de Mataripe tem sido mais veloz do que a Petrobras para repassar as variações das cotações internacionais aos preços de seus produtos. No início do mês, a refinaria elevou o preço da gasolina em 9,7% e o do diesel S-10, em 11,3%. A empresa diz que seus preços "seguem critérios de mercado, que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo". QUANTO A GASOLINA SUBIU? Segundo a ANP, que monitora semanalmente os preços dos combustíveis nos postos brasileiros, entre 25 de setembro e 1 de outubro, a média do litro vendido nos postos era de R$ 4,81. Na semana de 16 a 22 de outubro, porém, o preço médio avançou para R$ 4,88, o que já representava uma alta de 0,41% frente à semana anterior (R$ 4,86). Entre 16 a 22 de outubro, o valor mais alto do litro encontrado pela agência foi de R$ 6,90. No mesmo período, a região onde a gasolina está mais cara é o Nordeste, com uma média de preço de R$ 5,10. A alta atingiu também o diesel, que registrou nos mesmos dias seu primeiro aumento desde o fim de junho. O preço médio do litro avançou de R$ 6,51 para R$ 6,59 em uma semana, um aumento de 1,22%. E A PETROBRAS? Os preços estão subindo apesar da Petrobras estar vendendo gasolina nas refinarias abaixo do preço praticado no mercado internacional. A Paridade de Preço Internacional (PPI), adotada pela estatal desde 2016, determina que a petroleira cobre, ao vender combustíveis para as distribuidoras brasileiras, preços compatíveis com os do exterior. "A Petrobras, em teoria, continua seguindo a paridade internacional, mas passou a repassar muito rapidamente as quedas de preço e está demorando mais para repassar as altas", diz o economista Rafael Schiozer, professor de finanças da FGV EAESP. A defasagem ocorre porque desde setembro as cotações internacionais do petróleo e derivados voltaram a subir, devido a cortes na oferta por países produtores reunidos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Antes disso, porém, o preço dos combustíveis no Brasil estava em queda devido, principalmente, à redução do valor do barril de petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio. Em junho, o governo também aprovou medidas tributárias para reduzir o preço dos combustíveis, como a lei que limita o ICMS sobre itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo e o corte dos impostos federais Cide e PIS/Cofins sobre esses produtos. POR QUE OS PREÇOS NOS POSTOS ESTÃO SUBINDO ENTÃO? Além dos ajustes naturais do mercado devido ao aumento da demanda, o crescimento nos preços pode estar sendo influenciado pelos repasses da refinaria de Mataripe, na Bahia. Dado que a empresa é hoje responsável por cerca de 14% da capacidade total de refino do país, um aumento nos valores praticados por ela tem influência na média de preços nacional e, especialmente, nos valores repassados pelos postos de gasolina na região Nordeste. Para Schiozer, a variação na taxa de câmbio também pode estar agindo sobre o preços dos combustíveis, já que o petróleo é comercializado em dólares no mercado internacional. "O câmbio interfere no preço da gasolina importada e, indiretamente, na que é refinada no Brasil", diz. "O dólar ficou rondando os R$ 5,10 por um bom tempo e agora está em R$ 5,32, são quase 5% de aumento." Na terça-feira (25), a moeda americana ganhou 0,26% frente ao real, a R$5,316 na compra e a R$5,317 na venda. Juliana Inhasz, do Insper, afirma ainda que as variações recentes no câmbio também podem estar por trás da decisão da refinaria de Mataripe de aumentar seus preços. "O câmbio deveria influenciar mais os preços praticados pela Petrobras do que pelas refinarias, mas existe um impacto também", diz. "O câmbio pode intervir principalmente no aumento do custo para trazer a matéria-prima para o Brasil." POR QUE A DEMORA PARA REPASSAR OS PREÇOS? Na opinião de Pedro Rodrigues, do CBIE, a defasagem da Petrobras em relação aos preços internacionais pode estar sendo motivada por um desejo de evitar reajustes constantes provocados por um mercado muito volátil. "A velocidade dos repasses faz parte da política de cada direção da estatal. E a lógica muitas vezes é de esperar para subir o preço até o limite das possibilidades comerciais e financeiras da empresa para não reduzir o consumo", diz. Mas para Rafael Schiozer, da FGV EAESP, a demora em repassar os valores pode ter também ligação com as eleições marcadas para o próximo domingo (30), quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) disputa a reeleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Depois das eleições, é provável que a Petrobras repasse os valores que segurou até agora", diz o economista. Segundo uma reportagem do jornal O Globo, técnicos da estatal e parte da diretoria afirmam que já seria necessário reajustar os preços, mas que o governo tem pressionado para evitar um aumento de preços antes do segundo turno das eleições, marcado para domingo (30). Em entrevista neste mês ao canal EPBR, o diretor-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges, afirmou que a estatal beneficia a sociedade brasileira ao demorar mais para elevar os preços dos combustíveis. O executivo ponderou que há atualmente um momento de volatilidade grande no mercado internacional de petróleo dentro de um mesmo dia e que a empresa evita repassar esses movimentos de imediato ao mercado interno. Mas reconheceu que a companhia reduziu preços em velocidade maior do que considera para elevar preços. Segundo Schiozer, o governo do atual presidente escalou o atual presidente da estatal, Caio Mário Paes de Andrade, já com a intenção de atrasar os reajustes para fins eleitorais. "Ele não pode dizer que não vai seguir a paridade, mas ele pode ter algum poder discricionário para controlar a velocidade com que faz os ajustes." Já Juliana Inhasz aposta em uma combinação dos fatores mercadológicos e políticos. "Há claramente um represamento de preços para evitar aumentos às portas do segundo turno", diz. "Ao mesmo tempo, vimos recentemente oscilações grandes no preço do petróleo - e a Petrobras pode estar tentando evitar mudanças e estresses desnecessários na economia esperando um pouco mais para reajustar o preço".

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