A petroleira brasileira 'desconhecida' que quer levantar R$ 1 bilhão na Bolsa de Oslo
Uma petroleira brasileira que quase nenhum brasileiro conhece se prepara para levantar US$ 225 milhões (R$ 1,1 bilhão) em um IPO (sigla em inglês para oferta inicial de ações) na Bolsa de Oslo. Trata-se da Seacrest, que faz parte de uma novíssima geração de firmas de petróleo que nasceu no espaço deixado pelo enxugamento da Petrobras desde o governo Temer. A Seacrest Petróleo foi fundada poucos meses antes da pandemia e pertence ao fundo de private equity (participações) Seacrest Capital, sediado nas Bermurdas e especializado em investir no setor de energia emdash; é dono também da petrolífera norueguesa Okea. O foco da Seacrest Petróleo é explorar ativos de óleo e gás considerados maduros e postos à venda pela Petrobras. Por enquanto, a companhia já fez duas aquisições no Espírito Santo: o Polo Cricaré (em 2021) e o Polo Norte Capixaba (2022), pelos quais pagou US$ 700 milhões. Esses campos produzem cerca de 9 mil barris de petróleo por dia, mas o plano da companhia é aumentar essa produção. eldquo;Os recursos líquidos do IPO serão usados e#8203;e#8203;para pagar parte da aquisição do Norte Capixaba e para objetivos corporativos em geral. A conclusão da aquisição do Norte Capixaba está prevista para logo depois do IPO. Com a conclusão da aquisição do Norte Capixaba, a companhia espera se tornar a terceira maior produtora de petróleo e gás elsquo;onshoreersquo; do Brasil em termos de reservas e produçãoerdquo;, disse a companhia em comunicado. O IPO deve acontecer já neste trimestre e, se o valor for confirmado, será a maior operação na Bolsa de Oslo em quase um ano. Entre os bancos que participarão da oferta estão os brasileiros Itaú BBA e BTG Pactual. elsquo;Vento favorávelersquo; Em entrevista à agência Bloomberg, o analista Mads Johannesen, do banco norueguês Nordnet, disse que a Seacrest Petróleo desfruta de eldquo;sólidos ventos favoráveis por causa dos altos preços do petróleo e do gás, fazendo deste momento o melhor para uma listagem em muito tempo.erdquo; A companhia é presidida por Michael Stewart, que fez carreira no setor financeiro em Nova York e, posteriormente, na área de commodities com foco na América Latina. No ano passado, a Seacrest anunciou a contratação como diretor-financeiro de Rafael Grisolia, que ocupou o mesmo cargo na Petrobras, entre 2017 e 2019, e depois presidiu a BR Distribuidora. Os dois ficam baseados no escritório da Seacrest no Rio. O presidente do conselho da Seacrest é o norueguês Erik Tiller. (A expertise do time no mercado da Noruega com a Okea e a vocação da Bolsa local para precificar empresas de energia explicam o desejo de listar a firma brasileira em Oslo). Nova geração A empresa integra uma nova geração de companhias que exploram as oportunidades surgidas no plano de desinvestimento da Petrobras, que se desfez de uma série de ativos na reestruturação implementada depois da operação Lava Jato. Outro exemplo dessa geração é a Origem Energia, fundada como Petro+, em 2017, por Luiz Felipe Coutinho e Luna Viana. (Mais tarde, o americano Nathan Biddle entrou para a sociedade). Em 2020, o controle foi vendido à Prisma, gestora de João Mendes de Oliveira Castro, Lucas Canhoto e Marcelo Hallack. Em 2021, a gestora fundiu a Petro+ com a Eagle, outra petroleira de sua carteira, resultando na Origem Energia. Em 2021, a Origem pagou US$ 300 milhões pelo Polo Alagoas, que pertencia à Petrobras, e planeja investir quantia equivalente para triplicar sua produção.