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Petrobras quer mais poder sobre a Braskem, diz Magda

Petrobras quer mais poder sobre a Braskem, diz Magda

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirma que a estatal quer ampliar o poder de decisão sobre as operações da Braskem. O objetivo é obter ganhos de integração com a gigante petroquímica, que se prepara para a maior transformação societária de sua história devido à saída da Novonor (ex-Odebrecht) do quadro de controladores. A visão deve estar presente no novo acordo de acionistas, após a fatia antes detida pela Novonor passar para um fundo assessorado pela gestora IG4 (que passará a ter 50,1% das ações com direito a voto, conforme prevê contrato de negociação entre as partes assinado nesta semana, enquanto a estatal deve seguir com uma fatia minoritária). "A Petrobras quer mais poder sobre a operação dessa companhia", afirma Magda ao C-Level Entrevista, videocast semanal da Folha. A Braskem é uma petroquímica brasileira que hoje é a sexta maior do mundo e tem tudo a ver com a Petrobras. A administração recente da Braskem, segundo nosso ponto de vista, não exacerbou como poderia as sinergias com o sistema Petrobras. Qual é a nossa ideia? Exacerbar essas sinergias", diz. A executiva conduz a petroleira enquanto o governo brasileiro discute o mapa do caminho global para o fim dos combustíveis fósseis, compromisso assumido durante a COP30. Magda diz que a estatal vai participar do debate sobre o documento e vê a empresa deixando o petróleo e se dedicando à energia limpa endash;mas apenas no longo prazo. "Creio que sim [vai deixar o petróleo], mas acho que ainda vai ter tempo para fazer isso", diz. "A gente não dá um cavalo de pau em transatlântico [...]. Vamos andar no passo que for justo para o Brasil e acessível para o bolso do brasileiro", diz. A executiva também revela que ativos da Cosan podem ser interessantes para a Petrobras. "Considero todas as oportunidades que se apresentam no Brasil. Por que não? Esse é o nosso mercado", afirma. O presidente Lula orientou seus ministros a elaborar um mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis. A Petrobras vai contribuir com esse processo e o que defenderá? Claro que sim. A Petrobras é uma estatal alinhada com as diretrizes do governo federal. Afinal, nosso principal stakeholder [parte interessada] é o governo. Definimos que vamos olhar para 2050 para cumprir o net zero [emissão líquida neutra de emissões de gases de efeito estufa] e inserir novas energias até lá. A senhora vê no futuro um cenário em que a Petrobras deixa de explorar petróleo e passe a ser uma empresa de energia limpa? Creio que sim, mas acho que ainda vai ter tempo pela frente para fazer isso. O mundo consome 85% de energia fóssil. A gente não dá um cavalo de pau em transatlântico. Não tem como conter essa demanda em curto prazo. Vamos andar no passo que for justo para o Brasil e acessível para o bolso do brasileiro. E fazer isso da melhor forma possível. O foco nesse momento é produzir combustíveis com maior teor de renováveis? É isso. Vamos estar com foco primordialmente na molécula [de combustível] nos próximos dez anos. Em etanol, diesel coprocessado, SAF [combustível sustentável de aviação], bunker [combustível para embarcações] com 24% de renovável... Esse vai ser o foco. Além disso, nesses dez anos, vamos dedicar mais de um terço do investimento de pesquisa e desenvolvimento do nosso centro de pesquisa em elétrons. Nesses elétrons virão solar, eólica, hidrogênio e, ao longo desse tempo, vamos fazer captura de carbono. Mas, quando a gente fala de solar, eólica e hidrogênio, esses projetos ainda são caros. O nosso desafio é investir em pesquisa e desenvolvimento para que eles se tornem aceitáveis para o bolso do brasileiro. O fato de algumas empresas estarem em dificuldades nesse setor, por exemplo, o grupo Cosan, que está endividado, é oportunidade para a Petrobras olhar uma eventual compra? O grupo Cosan tem várias partes e vários negócios. Por exemplo, tem distribuição. Não posso falar de distribuição até 2029 porque tenho cláusula de "non-compete" [não competição] com a Vibra [antiga estatal Transpetro, subsidiária da Petrobras privatizada na gestão Bolsonaro]. Mas certamente vamos olhar a partir de 2029. Esse também é o mercado para etanol, quando ele se apresentar. Não tem nada certo, é só um pensamento, não tem nada deliberado. Eu considero todas as oportunidades que se apresentam no Brasil. Por que não? Esse é o nosso mercado. A Petrobras está para assinar um novo acordo de acionistas na Braskem. O que a estatal quer nesse acordo? A Braskem é uma petroquímica brasileira que hoje é a sexta maior do mundo. Tem tudo a ver com a Petrobras. A administração recente da Braskem, segundo nosso ponto de vista, não exacerbou como poderia as sinergias com o sistema Petrobras. Qual é a nossa ideia? É exacerbar essas sinergias. Por exemplo, tenho uma parte Braskem sendo construída no Complexo de Energias Boaventura, aqui no Rio de Janeiro. Será uma petroquímica moderníssima do lado da produção de petróleo, com o gás chegando na minha UPGN [Unidade de Processamento de Gás Natural]. Gás do pré-sal, de cara para um mercado consumidor gigantesco. Você imagina que oportunidade é essa? A gente tem que aproveitar e exacerbar todas as sinergias possíveis. É isso que a Petrobras se propõe a fazer. A Petrobras quer mais poder sobre a operação dessa companhia. E isso vai estar no acordo de acionistas expresso de alguma forma? Vamos ter que aguardar os resultados dos próximos capítulos. O que muda na relação entre Petrobras e Braskem em termos práticos? Isso vai se traduzir em quê? A gente ainda está desenhando um acordo de acionistas. Eu posso dizer que já está até um pouco adiantado, mas ele ainda não está concluso, então qualquer coisa que eu disser agora é no mínimo prematuro. No Congresso e no governo são defendidas medidas que alteram regras para usar mais gás na indústria. Isso gera algum tipo de atrito entre a Petrobras e o ministro Alexandre Silveira [defensor do maior uso]? Da parte da Petrobras, quando a gente produz gás e vende o gás, a gente bota dinheiro no bolso. Quando a gente reinjeta um gás que não é necessário para a produção, a gente tira dinheiro do nosso bolso e paga para reinjetar. Não faz sentido econômico. Então, por óbvio, o interesse da Petrobras é botar no mercado o máximo de gás possível, porque o nosso negócio é vender óleo e gás. Quando a gente não vende óleo e gás, é no mínimo porque não é possível. É uma limitação de infraestrutura, não tem projeto de lei que resolva. Essa mensagem não é aceita em Brasília. Por quê? Nas planilhas eletrônicas e no papel, as coisas são mais fáceis que na vida real. Estou completamente aberta e a Petrobras está sempre completamente disponível para explicar para a sociedade brasileira tudo que ela quiser saber. Já temos alguma notícia da Margem Equatorial? A perfuração está andando e acontecendo dentro do planejado, mas nós ainda estamos um pouco distantes do horizonte de interesse. Está programado para março [saber] se a gente está chegando lá e se vamos ter ou não uma descoberta. Esse cronograma pode sofrer algum tipo de ajuste, mas até agora tudo está dentro do planejado. Nos investimentos estão sendo retomadas obras como a da Refinaria Abreu e Lima, que ficou parada por causa da Lava Jato. Como garantir que aqueles erros do passado, como a corrupção, não se repitam? A gente tem que aprender com o passado e olhar para a frente. Estamos trabalhando para ampliar a concorrência. Toda vez que a gente tem um, dois, três concorrentes, a competição é mais difícil. Toda vez que a gente tem muitos concorrentes, essa competição se torna mais fácil. Isso vale para todos os projetos da Petrobras. A refinaria, por exemplo, era originalmente dividida em três conjuntos. Só que quando a gente contrata uma refinaria inteira em três partes, elas são muito grandes e isso restringe a concorrência. O que fizemos? Em vez de dividir em três partes, dividimos em sete partes. Dá mais trabalho para botar todo mundo junto. Mas, em compensação, a gente expande muito as empresas que podem participar da concorrência e com isso a gente garante uma licitação muito mais transparente. A gente está com um cenário de petróleo em queda e chegando a ano eleitoral. Pode ter pressão sobre preços da Petrobras? E como a senhora está preparada para enfrentar isso? Essa pressão sobre a Petrobras para reduzir preços com o objetivo de atender ao consumidor final é fake news. Toda vez que a gente abaixa o preço, a distribuidora ou a revendedora aumentam suas margens maculando a queda que chega ao consumidor final. Isso é fato. Seria razoável pensar que pode existir pressão num cenário desse? A gente zela pela paridade internacional, pelo nosso market share e a gente acompanha a tendência internacional. Depois de abrasileirar os preços dos combustíveis, nós temos, considerando a inflação, diesel 35% mais barato do que em dezembro de 2022, gasolina 22,5% mais barata [...]. Eu diria que, sejam investidores governamentais, privados ou a sociedade como um todo, o que nós estamos entregando é alguma coisa que não tem parte nenhuma reclamando. Nas eleições, deve voltar o debate sobre desenvolvimentismo e privatismo. O que a senhora defende nesse momento? Quando a gente tem uma empresa que é a maior do país, bem administrada, entregando resultado, vender para quê, né? A gente vende coisa ruim, a gente vende coisa que precisa de investimento de terceiros. Agora, eu nunca vi um criador vender o seu filé-mignon primeiro. Eu, se tenho uma fazenda, eu não começo vendendo a minha melhor vaca leiteira. A Petrobras vai bem, obrigado. Seria um crime de lesa pátria vender uma empresa que é a melhor do país.

Reforma tributária: 'Split payment' avança, mas setor financeiro negocia custo para operar

Reforma tributária: 'Split payment' avança, mas setor financeiro negocia custo para operar

Uma das peças-chave da reforma tributária, o split payment deve entrar em operação em 2027, com aplicação para transações entre pessoas jurídicas. Esse é o plano do setor financeiro, que vem desenvolvendo a funcionalidade com o governo. A informação foi repassada ao Estadão/Broadcast durante a primeira entrevista de Cristiane Coelho como presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin), instituição que reúne 15 associados, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima), a B3 e o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). E, afinal, o que é o eldquo;split paymenterdquo;, que em um futuro próximo entrará no dia a dia dos consumidores? Em vídeo, a Duquesa de Tax, colunista do Estadão, explica. O sistema separa automaticamente a parcela que corresponde ao imposto e a envia diretamente aos cofres públicos. Já o valor referente ao preço da mercadoria ou do serviço segue para a conta da empresa. Nada muda na operação: mesma alíquota, mesmo tributo, mesmo valor final. O que muda é apenas o caminho do dinheiro. Na prática, é como se alguém estivesse na porta da conta bancária avisando: eldquo;Essa parte nunca foi sua. Sempre foi impostoerdquo;, diz a Duquesa. Do ponto de vista técnico, o desenvolvimento do produto está avançado, e falta apenas conectar os sistemas das instituições financeiras (IFs) às bases do governo. Mas o setor financeiro ainda quer debater com o Executivo a remuneração das instituições que vão aplicar o split payment, que requer o manejo de grandes quantidades de informações. Além disso, apesar de ser apenas B2B (de negócio para negócio) e, consequentemente, haver um volume menor de transações do que haveria se também servisse ao consumidor final, trata-se de operações de altos valores e que requerem grande responsabilidade e garantia de segurança. eldquo;O split payment não é uma obrigação acessória, e está muito claro que não é o nosso business que gera isso. Não temos nada a ver com a criação de base tributávelerdquo;, disse a presidente da Fin, que sucede o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia no cargo. eldquo;A remuneração não inviabiliza os ganhos do split payment, o governo ainda vai ter muitos ganhos depois dissoerdquo;, alegou. Segundo a executiva, ainda não há um consenso com o governo sobre o ponto da remuneração. O entendimento da Fin, que sempre apoiou a reforma tributária e não queria ser vista como uma barreira agora, é o de que o pagamento deve ficar a cargo da Receita Federal, que já arca com obrigações similares emdash; por exemplo, na emissão de um Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Reuniões para debater o tema já ocorreram, mas as negociações sobre os valores que serão pagos às instituições financeiras ainda não avançaram. Modelo elsquo;com maioneseersquo; Resolvido o problema da remuneração, Coelho diz que há condições de colocar o split payment de pé já em 2027, com os primeiros efeitos da reforma tributária. O modelo desenhado pelo setor financeiro e governo para o primeiro momento vem sendo chamado de eldquo;split payment superinteligente B2Berdquo;. A ferramenta é considerada sofisticada porque analisará de forma instantânea o crédito tributário das partes envolvidas na operação. O escopo inicial é o B2B opcional, que tem esse nome porque dependerá da opção do pagador ou do fornecedor de uma das Pessoas Jurídicas envolvidas acenar que deseja a operação eldquo;com maioneseerdquo;, como vem sendo nomeado informalmente o instrumento entre os seus desenvolvedores. Nessa primeira fase, serão alcançados boletos e a maioria dos tipos de Pix (como QR Code, por exemplo) entre as empresas. A avaliação inicial é a de que o comprador tenda a ser mais proativo e peça sua transação eldquo;com maioneseerdquo;, já que poderá fazer o pagamento com o split, dando mais segurança de que terá o crédito tributário associado àquela empresa. O acionamento do mecanismo pode ser feito por qualquer empresa que inicia um pagamento. Basicamente tratam-se das quase 300 companhias que atuam com o Pix atualmente. Apesar de a consulta ao crédito ser praticamente instantânea, não é possível ter a mesma rapidez de execução com Pix chave para pessoas físicas. Este é um dos motivos pelos quais essa fase não será adotada num primeiro momento e só no futuro, portanto, é que deve ser lançado o split powerful. O layout da plataforma também é importante porque ele é que determinará o tamanho do tributo, segundo Coelho, e aqui está outro argumento para que haja remuneração do governo para o setor privado pelo serviço. Atualmente, bancos arrecadam para a Receita, por exemplo, a tributação de IOF, sem custos para a administração pública. eldquo;A gente nunca poderia aceitar essa mesma lógica porque a empresa seria a corresponsável por todas as transações de pagamentoerdquo;, salientou a executiva, explicando que não haveria segurança para afirmar que determinado produto foi realmente transacionado entre as partes. O temor faria com que a alíquota aplicada fosse estratosférica como uma forma de garantia, mas a definição do tributo não é um papel das empresas do setor, mas do governo. A presidente da Fin constatou durante a entrevista que o split payment pode funcionar como um mecanismo de conformidade, ainda que este não tenha sido o objetivo inicial, em meio a tantas operações do governo em busca de sonegadores e lavadores de dinheiro, além da própria aprovação recente pelo Congresso do projeto de lei do Devedor Contumaz. eldquo;Esta é uma boa perspectivaerdquo;, considerou. Inicialmente, o setor privado estava reticente com a aplicação do instrumento e chegou a considerá-lo como um eldquo;cavalo de Troiaerdquo;, mas depois entendeu que ele seria a eldquo;espinha dorsalerdquo; para colocar a reforma de pé. Isso porque, na avaliação do setor privado, trata-se de uma ferramenta cara e eldquo;desafiadoraerdquo; para que possa ser operada plenamente. A defesa do split payment no Congresso, por sua vez, foi mais arrebatadora, conforme a comandante da Fin por causa da expectativa de redução da sonegação e de até dois pontos na alíquota. eldquo;É óbvio que foi uma decisão super complexaerdquo;, afirmou. Para que as engrenagens estejam todas funcionando, será preciso que o Banco Central apresente eldquo;um caminhãoerdquo; de novas resoluções e revisões das existentes. Também é preciso uma regulamentação do Comitê Gestor e da Receita específica para que o próprio split payment possa começar a operar.

Debate sobre jornada 6x1 expõe choque entre custos e qualidade de vida

Debate sobre jornada 6x1 expõe choque entre custos e qualidade de vida

Em meio às discussões que seguem em tramitação no Congresso Nacional sobre o fim da escala 6x1, entidades ligadas ao setor do comércio criticam a proposta de redução da jornada de trabalho e travam um embate com defensores da mudança. De um lado está a visão sobre as melhorias na qualidade de vida da equipe; do outro, surgem as preocupações com custos, produtividade e contratação das empresas. Enquanto defensores da escala 5x2 argumentam que a redução dos dias trabalhados pode aumentar o bem-estar e o desempenho profissional, representantes do comércio e dos serviços questionam a piora na escassez de mão de obra, o aumento da informalidade e a pressão sobre preços, principalmente em um setor de baixa margem e forte concorrência com e-commerce. Atualmente, o fim da escala 6x1 está em discussão no Congresso e ainda não virou lei. No Senado, uma PEC que reduz a jornada para até 36 horas semanais foi aprovada na CCJ na quarta-feira, 10, e aguarda votação no plenário. Na Câmara, a proposta está parada em subcomissão, com versão alternativa que mantém a escala e reduz a jornada para 40 horas. Associações do comércio ouvidas pelo Estadão afirmam que a mudança é eldquo;inviávelerdquo; e que há outras prioridades a serem discutidas neste momento, como a carga tributária e a dificuldade de contratação formal no setor. Em outubro, o País alcançou taxa de desemprego na mínima histórica de 5,4%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, muitos setores seguem sem conseguir resolver a escassez de mão de obra, principalmente nas áreas que englobam comércio e serviços. Para Fauze Yunes, presidente da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), a implementação da jornada 5x2 emdash; cinco dias de trabalho e dois de descanso emdash; pode piorar o cenário. eldquo;Isso tende a incentivar ainda mais a informalidadeerdquo;, diz. À frente da entidade que reúne aproximadamente 600 lojas, o presidente afirma que o setor enfrenta dificuldades para atrair profissionais. eldquo;É inviável. Hoje ninguém consegue contratar. A gente não paga melhor porque não tem a lucratividade necessáriaerdquo;, afirma. O que dizem as empresas favoráveis ao 5x2 As empresas que adotaram a redução de dias sem diminuir salário defendem que a jornada 5x2 visa garantir maior qualidade de vida para os trabalhadores e, ao mesmo tempo, serve para aumentar a performance. A mudança, no entanto, não ocorreu sem custos para as companhias. No hotel de luxo Palácio Tangará, que implementou a nova escala em outubro, o investimento anual foi de R$ 2 milhões. O aumento das despesas está ligado à contratação de 27 novos profissionais para redistribuir a carga horária e reorganizar as jornadas. Com isso, o número de empregados do hotel passou de 329 para 356. No varejo farmacêutico, as Drogarias São Paulo e Pacheco, do Grupo DPSP, anunciaram a adoção da jornada 5x2 em todas as unidades para os 24 mil trabalhadores, mas não detalharam se houve contratações adicionais para viabilizar a transição. Em nota, o grupo informou apenas que mantém vagas abertas eldquo;independentemente da escalaerdquo; e que a implementação do novo modelo eldquo;não alterou esse cenárioerdquo;. Os custos da operação também não foram divulgados. Segundo a empresa, eldquo;todas as alterações financeiras foram previstaserdquo;. Já a varejista sueca Heamp;M estreou no Brasil com a jornada reduzida. A empresa iniciou suas operações no País em agosto, adotando a escala 5x2 para os funcionários de loja. Joaquim Pereira, country manager e responsável pela implementação da marca no Brasil, afirmou ao Estadão que a decisão contrasta com o padrão 6x1 predominante no varejo brasileiro porque a companhia eldquo;segue seus valoreserdquo; e destacou também o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Custos da operação e aumento dos preços Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), discorda dos benefícios associados ao bem-estar. eldquo;É uma discussão quase filosófica de ter mais tempo para cuidar da família. Não adianta ter mais tempo se não tem rendaerdquo;, afirma. Para o dirigente, a proposta tende a fracassar. eldquo;Na prática, vai ser um grande desastre. Se tivéssemos trabalhadores de excelência, poderia funcionarerdquo;, avalia Cotait, ao considerar que menos horas de trabalho deve resultar em queda no desempenho. Supondo que um produto em que o custo de produção é de R$ 100, baseado em uma jornada de 44 horas, o valor seria maior caso o tempo de trabalho fosse reduzido, justifica. eldquo;Se passo de 44 para 36 horas, não termino o produto na mesma semana. Vou precisar de cerca de 20% mais tempo para finalizar. Isso eleva o custo de produção, encarece o preço de venda e gera inflaçãoerdquo;, afirma. A premissa de associar número de horas trabalhadas à produtividade é equivocada, rebate a especialista em futuro do trabalho, Maíra Blasi. eldquo;Existe uma falsa ideia de que mais horas de trabalho significam mais resultado, isso não é verdadeiroerdquo;, afirma. De acordo com a especialista, jornadas extensas podem dar o efeito contrário com profissionais mais cansados e queda na qualidade do trabalho. Quando o trabalhador tem mais tempo de descanso, argumenta Blasi, costuma atuar de forma mais focada. eldquo;Ele trabalha melhor porque também conseguiu viver a própria vida, cuidar da família, da saúde e resolver questões pessoaiserdquo;, afirma. O fator saúde também impacta diretamente o desempenho das empresas. eldquo;As pessoas não conseguem trabalhar sem saúde. O resultado é mais absenteísmo, mais afastamentos e mais pedidos de licençaerdquo;, diz em referência a um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour. A pesquisa analisou quase 3 mil trabalhadores em 141 organizações nos EUA, no Canadá, no Reino Unido, na Austrália, na Irlanda e na Nova Zelândia. Os resultados indicaram redução de burnout e melhoria na saúde física e mental, após seis meses de jornada reduzida, sem queda de produtividade. Na visão do presidente da CACB, a mudança acentuaria o custo de produção e diminuiria o nível de produtividade do trabalhador. No entanto, ele pondera que o modelo poderia funcionar em um cenário diferente. eldquo;É possível desde que o trabalhador seja mais qualificado e produza mais. Se ele conseguir compensar a redução da carga horária com mais produtividade, o efeito pode ser neutroerdquo;. Fauze Yunes, da Alobrás, avalia que a proposta está enviesada. eldquo;É uma proposta totalmente eleitoralerdquo;, afirma. Enquanto isso, a entidade que representa os lojistas do Brás ainda não tem um posicionamento definitivo sobre o fim da escala 6x1. eldquo;Não sou contra a proposta. Acho que é justa, mas é um segundo passo. Antes precisamos de incentivos fiscais. Estamos esperando para ver como vai avançarerdquo;, afirma. O presidente da CACB concorda que a proposta tem viés eldquo;populistaerdquo; e não estima eldquo;uma alternativa do jeito que estáerdquo;. Para a mudança poder dar certo, afirma, seria necessário um programa de qualificação da mão de obra de pelo menos cinco anos. eldquo;Tem de preparar o campo e investir em qualificaçãoerdquo;, conclui. A especialista Maíra Blasi argumenta ainda que o discurso em torno da manutenção do modelo 6x1 deve se tornar insustentável para as empresas. Isso porque o Brasil vive um cenário próximo ao pleno emprego, com concorrência direta de trabalhos por aplicativo de entrega e com um ideal de empreendedorismo nas massas, afirma. eldquo;Você não vai atrair as pessoas mais dispostas, inteligentes, dedicadas e criativas com uma carga tão pesadaerdquo;, diz. eldquo;Se a empresa quer funcionários que aceitem trabalhar horrores e entreguem resultados medianos, talvez precise rever o que vem primeiro.erdquo; Para entender como a proposta vem sendo discutida internamente, a reportagem também procurou a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), mas até o momento da publicação não houve retorno sobre o posicionamento da entidade.

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