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A abertura do mercado livre de energia para que todos os consumidores de alta tensão possam escolher seu próprio produtor de eletricidade tem chamado a atenção de empresas de fora do setor. Nos últimos meses, comercializadoras e companhias de várias áreas têm firmando parcerias para criar novos negócios.

Até dezembro de 2023, apenas consumidores atendidos em alta tensão com consumo superior a 500 quilowatts (kW), com contas estimadas em R$ 150 mil, podiam participar do mercado livre, enquanto os demais eram atendidos pelas distribuidoras locais e pagavam pelo serviço de acordo com a tarifa definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Agora, os clientes cuja tensão é superior a 2,3 quilovolts (kV), independentemente do consumo, podem fazer essa escolha, o que resulta num mercado potencial de 164 mil novos entrantes, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

De olho nesse potencial, companhias com forte atuação entre consumidores deste perfil endash; com contas de luz na casa dos R$ 10 mil e menos especialização em energia elétrica endash; se movimentaram, como é o caso das companhias de telecomunicações.

A Vivo, por exemplo, anunciou em dezembro a criação de uma joint venture com a Auren Energia. Na ocasião, o vice-presidente Financeiro e Novos Negócios da empresa de energia, Mario Bertoncini, afirmou que a parceria permitirá à companhia, que já atua com comercialização de energia para clientes maiores, ganhar eldquo;mais escalaerdquo; ao adicionar eldquo;capilaridade e acesso aos canais de relacionamento já estabelecidoserdquo; pelo parceiro.

Dois meses antes, a Oi e a comercializadora de energia 2W também informaram uma parceria para atuação neste mercado. O formato, porém, é diferente e é chamado de white label, no qual a empresa de telecomunicações atua na frente de vendas e a 2W oferece os serviços de energia.

Integração de clientes

Um dos negócios mais relevantes do mercado de comercialização de energia nos últimos anos considerou justamente a atuação da empresa junto aos clientes como um dos diferenciais competitivos. Em 2021, a Vibra (ex-BR Distribuidora) anunciou a compra de parte da Comerc Energia, num acordo de R$ 3,25 bilhões, apostando que a sua rede de clientes poderia ser uma fonte para oferecer soluções de energia renovável.

De acordo com o fundador e presidente do conselho da Comerc, Kiko Vlavianos, para este ano, o objetivo é que 25% da meta de aquisição de clientes da empresa venha da Vibra. No ano passado, a meta era de 20% e foi atingida. São considerados clientes da Vibra e potenciais eldquo;alvoserdquo; da Comerc as 18 mil empresas atendidas com combustível, além dos 8,3 mil postos e os 30 milhões de consumidores que passam pelos estabelecimentos.

eldquo;Hoje a gente não tem um produto específico para esse cliente que passa pelo posto, mas a geração distribuída (GD, que é a produção de energia por placas solares no telhado ou próximo ao ponto de consumo) é uma opçãoerdquo;, afirma em referência à modalidade de geração própria de energia, sobretudo, solar, na qual a companhia também atua. eldquo;A gente não tem hoje uma extensão de parques que possam atender todos os clientes da Vibra em todos os Estados. Por enquanto, eles estão concentrados em Minas Gerais, mas o nosso plano de expansão da GD visa aumentar essa oportunidade e conseguir trazer também de outras áreas de distribuição.erdquo;

Ele pontua que outras questões como a facilitação da captação de recursos no mercado e a percepção de risco também foram relevantes para a efetivação do negócio. Agora, de olho na abertura de mercado, a comercializadora anunciou parceria com o banco Itaú, que prevê a oferta da migração para o mercado livre para os clientes da instituição por meio de seu canal de relacionamento.

Autossuficiência

No caso da Tereos, multinacional francesa que atua no mercado de açúcar, a entrada no mercado de energia elétrica no Brasil atacou, inicialmente, duas pontas: a demanda necessária para consumo próprio e a destinação do bagaço da cana-de-açúcar que, há cerca de 20 anos, passou a ser usada pela empresa para geração de energia por meio da biomassa.

Depois de passar também por uma temporada vendendo energia para as distribuidoras por meio de leilões, a companhia decidiu entrar na comercialização. eldquo;Vários dos nossos clientes estavam entrando no mercado livre e demandando esse produto e a gente entendeu que havia uma sinergia com a nossa abordagem comercialerdquo;, explicou o diretor comercial da Tereos, Gustavo Segantini.

Atualmente, a empresa consome 30% da energia que gera e um quarto do excedente é vendido no mercado livre. Agora a empresa vai atuar também como comercializadora varejista endash; responsável por fazer a ponte entre o consumidor que tem consumo inferior a 500 kW e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pelo registro e contabilização dos contratos no mercado livre.

Diferencial

Outras grandes comercializadoras têm investido em tecnologia como meio para se diferenciar no mercado. É o caso da Delta Energia, que há dois anos comprou a BestDeal Technologies (que hoje opera com o nome Wysebite) para desenvolver serviços baseados em inteligência artificial e medidores para monitoramento em tempo real do consumo de cada aparelho.

Para o vice-presidente institucional do Grupo Delta, Luiz Fernando Vianna, a medição sem custos adicionais é um eldquo;diferencialerdquo; porque permite analisar onde estão os desvios de consumo dos clientes, permitindo economia nas contas de luz.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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