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Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, a alta é de 3,1%.

A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. Ontem, o IBGE revisou o crescimento do segundo trimestre de 0,9% para 1%. Nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4% endash; o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

eldquo;É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com forçaerdquo;, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

SETORES. Do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. eldquo;A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem maiserdquo;, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú. Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, com um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

eldquo;Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resilienteerdquo;, afirma Natália.

O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

eldquo;São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuáriaerdquo;, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

DESACELERAÇÃO

A análise dos economistas é a de que a fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre. eldquo;É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024erdquo;, afirma Vale. O resultado do terceiro trimestre também reforça uma previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

eldquo;Depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economiaerdquo;, diz Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. Ele manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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