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Após o Brasil receber, no fim da tarde desta segunda-feira (4), o antiprêmio eldquo;Fóssil do Diaerdquo; na 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP28, o presidente da Petrobras Jean Paul Prates reafirmou que a empresa será uma das últimas a parar de explorar petróleo no mundo.

Questionado pela Agência Pública se ele tem a intenção de que isso ocorra, respondeu: eldquo;Não tenho essa intenção. Acontecerá issoerdquo;. Prates deu uma breve entrevista após participar de um debate sobre descarbonização do setor de óleo e gás no pavilhão brasileiro na COP, que acontece até dia 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

eldquo;A gente tem que se preparar para administrar isso [o prolongamento das atividades], porque as empresas privadas vão ter uma agilidade maior, ela vão buscar [fazer a transição energética de maneira mais rápida], até porque os acionistas, o financiamento, tudo vai levá-las à transiçãoerdquo;, disse Prates. eldquo;As empresas estatais mistas e as estatais nacionais, como Adnoc [dos Emirados Árabes] e Aramco [da Arábia Saudita], vão acabar herdando essa responsabilidade [de produzir o petróleo que ainda for necessário] e vão ser cobradas pelo mundoerdquo;, justificou.

eldquo;E não vai haver problema nisso, de fazer operações cada vez mais descarbonizadas. O mundo vai dizer assim: eldquo;olha, ainda preciso de petróleo, por favor, tente ser o mais descarbonizado possível para que você cumpra essa missão e nos supra enquanto nós fazemos a transiçãoersquo;erdquo;, adicionou.

Em sua fala, ele não ponderou o impacto que uma queima ainda prolongada de combustíveis pode ter sobre a crise climática. No dia anterior, porém, ele compartilhou em sua conta no X/Twitter um vídeo do secretário-geral da ONU, António Guterrez, cobrando, no plenário da COP, as empresas de combustíveis fósseis:

eldquo;A indústria de óleo e gás responde por apenas 1% dos investimentos em energia limpa. Então permitam-me enviar uma mensagem para os líderes das empresas de combustíveis fósseis: Seu antigo papel está rapidamente envelhecendo. Não dupliquem um modelo de negócios obsoleto. Liderem a transição para as energias renováveis usando os recursos que vocês têm disponíveis. Não se enganem. O caminho para a sustentabilidade climática também é o único caminho viável uma sustentabilidade econômica das suas empresas no futuroerdquo;, afirmou o português. Junto ao vídeo, Prates comentou: eldquo;E é esse processo que estamos liderando em nossa @Petrobras. Do Brasil para o mundo.erdquo;

Já a frase sobre a Petrobrás ser uma das últimas a continuar explorando óleo foi dita cerca de uma hora depois de o Brasil receber o nada honroso eldquo;Fóssil do Diaerdquo;, concedido nas COPs pela Climate Action Network (CAN) a nações que atrapalham o progresso das negociações. A rede internacional que reúne mais de 1.300 organizações não governamentais dedicadas à pauta climática faz irônica premiação desde 1999, em cerimônias simbólicas ao fim de cada dia de conferência.

Nesta segunda-feira, o agraciado foi o Brasil por ter eldquo;confundido a produção de petróleo com liderança climáticaerdquo;, segundo a justificativa feita pela CAN. A escolha se deu pela entrada do país na Opep+, grupo estendido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), durante a COP28. O anúncio, inicialmente feito pelo ministro de Minas e Energia Alexandre da Silveira e confirmado no último dia 2 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ofuscou a pauta positiva que o governo levou a Dubai, protagonizada pela queda do desmatamento na Amazônia no último ano.

Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o Brasil recebeu a premiação mais de uma vez em COPs, mas isso não era esperado neste ano pelo discurso enfático de Lula na área ambiental e os avanços no combate ao desmatamento, a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no país.

eldquo;A corrida do Brasil ao petróleo mina os esforços dos negociadores brasileiros em Dubai, que estão tentando romper velhos impasses e agir com senso de urgênciaerdquo;, criticou a CAN ao divulgar o Brasil como ganhador do prêmio. eldquo;Não queremos um passeio pelos campos de petróleo quando estivermos em Belém em 2025erdquo;, citou a entidade, referindo-se à COP30, que deve ocorrer na capital paraense.

A nota da CAN mencionou ainda reportagem da Pública que revelou que, caso seja explorado todo o petróleo que se estima existir na chamada Margem Equatorial endash; faixa entre os litorais do Amapá e do Rio Grande do Norte endash;, as emissões de gases de efeito estufa decorrentes de sua queima anulariam, em níveis mundiais, os ganhos alcançados com a redução do desmatamento da Amazônia.

Fonte/Veículo: Agência Pública

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