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Apesar da alta nos preços e da instabilidade no mercado mundial de combustíveis provocadas pelo anúncio de restrição da exportação de diesel e gasolina russos, a medida deve durar pouco tempo, apostam especialistas no setor ouvidos pelo Estadão/Broadcast.

Eles não subestimam os efeitos da medida, mas há um consenso crescente de que a proibição deve durar poucos dias ou, no máximo, semanas. O decreto do Kremlin, porém, não fixa prazo.

As razões para essa expectativa são o padrão de excedente de produção russa de derivados ante uma demanda interna menor em situações normais, e a possibilidade real dos refinadores driblarem os objetivos do governo de Vladimir Putin, de orientar cargas até então exportadas para o mercado doméstico e baixar os preços inflacionados de momento.

O especialista da consultoria de preços Argus, Amance Boutin, reconhece que, em situações normais, fora do pico de demanda por diesel para a colheita da safra agrícola russa ou sem restrições de produção ligadas à manutenção de refinarias, não haveria porque se restringir exportações.

Ele define a medida como eldquo;desesperadaerdquo;, para forçar uma queda rápida nos preços domésticos dos combustíveis. Nos quase seis meses entre abril e o início desta semana, observa, o preço da gasolina na Bolsa de São Petersburgo acumulou alta de 53%, enquanto, o diesel, de 46%.

Thiago Vetter, da StoneX, acompanha o raciocínio e disse ao Estadão/Broadcast serem remotas as chances dessa restrição durar muito tempo e incidir no longo prazo. Ele vê a medida como eldquo;muito pontualerdquo; e espera sua revisão em breve, com normalização dos embarques ao exterior em breve.

Drible

Para os especialistas, uma extensão desses cortes de exportação podem funcionar como um tiro no pé do governo russo, porque haveria meios de driblar o objetivo final da medida e prejudicar a inserção dos combustíveis russos em mercados que ganhou este ano, como o brasileiro de diesel.

eldquo;O que temos ouvido de fornecedores russos é que as refinarias podem frear suas operações para não serem obrigadas a vender mais barato no próprio país ou mudar o grau de processamento dos produtos para escapar às restriçõeserdquo;, diz Boutin.

A segunda saída, diz ele, seria mudar o processamento das unidades para produzir mais diesel S500, que tem maior teor de enxofre, e não o diesel S10, com menos enxofre. Como só o diesel S10 está proibido de sair do País, os exportadores russos passariam a vender cargas de S500 para serem reprocessadas no destino ou em países de passagem.

No caso do diesel russo que vem para o Brasil, há prevalência do S10 e o País não tem plantas aptas a reprocessar para transformar outros tipos de diesel no produto demandado. eldquo;Mas outros países poderiam tranquilamente fazer issoerdquo;, diz Boutin. Ao mesmo tempo que não levaria a maior oferta do produto em território russo, o eldquo;dribleerdquo; diminuiria as margens das operações russas.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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