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O encarecimento da conta de energia elétrica acelerou a inflação oficial no País em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23%, ante uma elevação de 0,12% em julho, informou nesta terça-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado, porém, ficou no piso das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam um avanço mediano de 0,28%. A taxa acumulada em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99% em julho para 4,61% em agosto de 2023, mas ainda no intervalo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, que tem teto de tolerância de 4,75%.
eldquo;A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022eamp;Prime;, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro de 2022, o IPCA registrou deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.
O desempenho do IPCA de agosto deste ano se mostrou qualitativamente benigno, o que corroboraria uma possível aceleração no ritmo de corte na taxa básica de juros, a Selic, na reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, disse Andrea Damico, economista-chefe da gestora de fundos Armor Capital, em comentário.
eldquo;Não agora, mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano. Nas próximas ainda a gente vislumbra os 50 pontos-base (0,50 ponto porcentual de corte na taxa básica de juros)erdquo;, explicou Damico.
Após a divulgação de agosto, a corretora Guide Investimentos diminuiu sua projeção para o IPCA de 2023, de 5,1% para 5,0%. A LCA Consultores também rebaixou sua previsão de 5,1% para 5,0%. Apesar dos sinais favoráveis, a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, pondera que há preocupações crescentes com a parte fiscal do Brasil, que limitam pensar em uma alteração nas projeções para os juros na reunião do Copom deste mês.
eldquo;A arrecadação não deve avançar. O fiscal segue preocupante. Então, não muda o plano de voo do Banco Central, mas tira do radar a possibilidade de uma queda menor do juro em setembroerdquo;, disse Veronese, que prevê um corte de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 13,25% ao ano, terminando 2023 em 11,75% ao ano.
Em agosto, a energia elétrica teve uma alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior, além de reajustes em quatro áreas pesquisadas: Vitória, Belém, São Luís e São Paulo.
Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto.
eldquo;No IPCA a gente coleta os preços nos postos dos combustíveis, direto na bomba, mas os reajustes nas refinarias podem acabar influenciando no preço ao consumidor finalerdquo;, lembrou André Almeida, do IBGE.
Na direção oposta, houve alívio das passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata-inglesa (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).
As quedas nos preços dos alimentos já contribuem há três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, acumulando uma queda de -1,96% nos últimos três meses. A alimentação para consumo no domicílio no mesmo período ficou 3,02% mais barata.
eldquo;De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercadoerdquo;, justificou André Almeida. eldquo;Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.erdquo;
As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.
eldquo;As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado internoerdquo;, explicou Almeida.
Serviços x itens monitorados
A inflação de serviços emdash; usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços emdash; passou de um aumento de 0,25% em julho para uma alta de 0,08% em agosto. Já os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,46% em julho para aumento de 1,26% em agosto.
No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto, a menor desde janeiro de 2022. Já a inflação de monitorados em 12 meses saiu de 3,64% em julho para 7,69% em agosto.
Segundo Almeida, com a redução da taxa de desemprego e a expansão no número de pessoas trabalhando, a inflação de serviços acumulada em 12 meses permanece acima do IPCA geral. No entanto, as pressões inflacionárias têm sido exercidas por itens monitorados pelo governo.
eldquo;O maior impacto no IPCA tem sido dos monitorados nos últimos meses: energia elétrica, gasolina. Isso tem a ver mais com uma inflação de monitorados do que uma inflação de demanda propriamente, de serviçoserdquo;, afirmou o analista do IBGE.
Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo
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