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O aumento da produção do petróleo tem feito com que o produto ganhe cada vez mais destaque na pauta de exportação brasileira. E esse movimento não deve mudar tão cedo. Daqui em diante, o que se espera é que esse crescimento continue e seja capaz de contribuir com resultados robustos para o comércio exterior do País.

Na prática, se esse cenário positivo se confirmar, o petróleo vai representar mais entradas de dólares no País e recursos para Estados produtores por meio dos royalties.

No ano passado, as exportações de óleos brutos de petróleo alcançaram US$ 42,5 bilhões - um valor recorde - e representaram 12,7% de tudo o que o Brasil negociou para o exterior. Foi o segundo principal item vendido pelo País, atrás somente da soja (US$ 46,5 bilhões).

eldquo;Nos últimos anos, o Brasil tem aumentado a produção de petróleo e esse movimento deve continuarerdquo;, afirma José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). eldquo;À medida que a quantidade (produzida) sobe, e o preço não cai muito, a tendência é ampliar essa participação (na pauta exportadora).erdquo;

Em volume, a exportação de petróleo cresceu 1,7% em 2022 na comparação com o ano anterior, para 68,7 milhões de toneladas.

eldquo;Eu diria que o setor de petróleo é um dos que mais vão contribuir daqui para frente para o saldo da balança comercial brasileiraerdquo;, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Entre janeiro e julho deste ano, as exportações somaram US$ 22,3 bilhões, um pouco abaixo do apurado no mesmo período de 2022 (US$ 23,1 bilhões). eldquo;Essa queda já era esperada por causa do menor preço do petróleoerdquo;, afirma Castro.

Mudança de patamar

Para um país que sempre politizou a sua relação com o petróleo - a campanha, por exemplo, com o lema eldquo;o petróleo é nossoerdquo; na era Vargas - e sofreu com os choques nos anos 1970, os números do setor mostram que o País mudou de patamar nos últimos anos.

Em 2022, o Brasil se consolidou como o nono maior produtor de petróleo do mundo e apareceu entre os dez principais exportadores.

O cenário de crescimento da produção pode ser explicado, em parte, pelo desempenho do pré-sal e pelo aumento de preços do petróleo observado ao longo das últimas décadas, o que torna viável e interessante a exploração. Nas décadas de 80 e 90, o valor do barril chegou a US$ 20. Hoje, tem oscilado num patamar acima de US$ 85.

eldquo;A valorização do barril do petróleo foi crucial para que novas fronteiras (de exploração) ganhassem economicidadeerdquo;, diz João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia

O pré-sal responde por cerca de 75% da produção e tem uma grande vantagem adicional: o custo de operação é baixo e deixa a produção atrativa, mesmo quando há uma queda nos preços. eldquo;As empresas priorizam investir naquelas áreas em que aguentam a volatilidade do preço. Quando está alto, está ótimo. Quando está baixo, ainda é rentávelerdquo;, afirma Walter de Vitto, economista e sócio da Tendências Consultoria.

Entre 2002 e 2022, a produção de petróleo saltou de quase 1,5 milhão de barris diários para 3,1 milhões no ano passado, de acordo com a consultoria Tendências. Em 2027, deve subir para 3,9 milhões barris. A expectativa é que continue crescendo até o fim desta década, quando a extração do pré-sal deve começar a perder força.

O caminho via exportação também se tornou natural, porque o País viu a sua capacidade de refino estagnada em pouco mais de 2 milhões de barris por dia nos últimos dez anos. Hoje, tecnicamente, o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo e, portanto, todo aumento de produção acaba sendo exportado.

eldquo;O País tem contratado um aumento da produção de petróleo e, tudo mais constante, deve ter um aumento das exportaçõeserdquo;, diz de Vitto. eldquo;O que pode fazer com que isso não ocorra, eventualmente, é o aumento da capacidade de refino, porque você não exportaria petróleo e usaria ele aqui.erdquo;

Novas fronteiras

A projeção de que a produção do pré-sal deve atingir o seu pico até o fim da década abre uma discussão importante sobre novas fronteiras de exploração num contexto em que transição energética ganha força.

O debate mais recente tem a ver com a Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e é formada por cinco bacias - Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará.

eldquo;A busca por novas fronteiras exploratórias está relacionada em dar continuidade a esse crescimento da produção do pré-salerdquo;, diz Marques, da FGV Energia.

A exploração da Margem Equatorial virou um tabu dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou um pedido da Petrobras de exploração de petróleo próximo à Foz do Amazonas. O tema também opôs a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

No início deste mês, Lula disse que a decisão do Ibama não é definitiva e que uma decisão deve ser tomada em breve. Na declaração da Cúpula da Amazônia, assinada pelos oito países que abrigam a floresta em seu território, não houve menção de eliminar planos de explorar petróleo na região.

eldquo;Adotando como premissa de que o mundo continuará precisando do petróleo por algumas décadas, será preciso entregar um petróleo de menor intensidade de carbono, e o Brasil tem condição de fazer issoerdquo;, diz o pesquisador da FGV Energia.

No novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram incluídos 47 projetos da Petrobras, entre eles novos poços exploratórios na Margem Equatorial.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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