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A classificação de risco do Brasil subiu de BB- para BB com perspectiva estável, de acordo com a agência Fitch. A mudança do rating soberano coloca o País a dois degraus do grau de investimento, perdido em 2015, no governo Dilma Rousseff. O codiretor de ratings soberanos para as Américas da Fitch, Todd Martinez, disse que, eldquo;neste momentoerdquo;, não vê eldquo;necessariamente o Brasil claramente em uma trajetória para recuperar o grau de investimentoerdquo;, mas afirmou que eldquo;a agenda do governo está focada precisamente nos pontos que podem levar a um rating mais altoerdquo;. Para o ministro Fernando Haddad (Fazenda), eldquo;não tem cabimento o País não ter grau de investimentoerdquo;. O novo rating pode abrir caminho para investimentos. Analistas, porém, avaliam que o Brasil precisa avançar nas reformas para ter maior controle sobre os gastos públicos.

A agência de classificação de risco Fitch anunciou ontem a elevação do rating soberano do Brasil, de BB- para BB, com perspectiva estável. A mudança coloca o País dois degraus abaixo do cobiçado grau de investimento da agência endash; perdido em 2015, durante o governo Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a revisão da nota pela agência, mas disse que, pelo tamanho do Brasil, não eldquo;tem cabimento o País não ter grau de investimentoerdquo;.

Segundo a Fitch, a mudança reflete eldquo;um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperadoerdquo;, em meio a eldquo;choques sucessivos em anos recenteserdquo;, com políticas proativas e reformas que têm dado suporte a essa melhora de performance. A agência citou a expectativa de que o governo siga trabalhando por mais melhorias na economia, com novas reformas para fazer frente aos eldquo;desafios econômicos e fiscaiserdquo;.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o codiretor de ratings soberanos para as Américas da Fitch, Todd Martinez, disse que, eldquo;neste momentoerdquo;, não vê eldquo;necessariamente o Brasil claramente em uma trajetória para recuperar o grau de investimentoerdquo;. eldquo;Mas reconhecemos que a agenda do governo Lula está focada precisamente nos pontos que podem levar a um rating mais alto.erdquo;

Como a perspectiva da nota do Brasil é estável, explicou ele, não estão previstos novos movimentos por parte da agência nos próximos 12 meses. Também não está na visão da agência um rebaixamento em termos de perspectiva.

Em comunicado, a Fitch ressaltou que, apesar de o novo governo se distanciar da agenda liberal de administrações anteriores, espera eldquo;pragmatismoerdquo; e que freios e contrapesos institucionais impeçam desvios eldquo;radicaiserdquo; nas frentes macro e microeconômica. Para a agência, as novas regras fiscais e medidas tributárias em negociação no Congresso devem ancorar uma eldquo;consolidação gradualerdquo;.

O rating (ou nota de crédito) é o resultado da avaliação feita por uma agência de classificação de risco sobre a qualidade de um título de dívida emitido por uma empresa ou país. Ele indica, portanto, se o emissor é um bom ou mau pagador e quais as chances de acontecer um calote daquela dívida. Já o grau de investimento é o selo dado aos bons pagadores, que são considerados de baixo risco para os investidores. No caso da Fitch, a nova nota ainda indica um nível especulativo.

JUROS. O movimento da Fitch endash; que ocorre pouco mais de um mês depois de a Standard e Poorersquo;s ter mudado a perspectiva para a nota do Brasil de estável para positivo endash; deve aumentar as pressões para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central comece a reduzir a taxa básica de juros já na sua reunião da próxima semana.

No mercado financeiro, o reflexo da mudança aconteceu principalmente no câmbio. O dólar recuou 0,46%, vendido a R$ 4,72. É o menor patamar desde 20 de abril de 2022. Analistas destacaram que o novo rating pode abrir caminho para novos investimentos estrangeiros no País, reduzindo a cotação da moeda americana. Já a Bolsa de Valores fechou em alta de 0,45%. Mesmo com o anúncio da Fitch, os investidores mantiveram a cautela à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que voltou a aumentar a taxa de referência para os juros no país (mais informações na pág. B7). ebull;

Melhora é só um passo para grau de investimento, dizem analistas
A decisão da Fitch de elevar a nota de crédito do Brasil confirma o sentimento positivo que os investidores têm mostrado em relação ao País diante do avanço da agenda de reformas macroeconômicas no atual governo, segundo a avaliação dos economistas. Essa mudança, porém, não deve ter impacto imediato, já que a dívida brasileira ainda é classificada como especulativa.

eldquo;A melhora do rating pela Fitch é uma notícia boa, mas também não dá para celebrar efusivamente. É uma maratona e a gente apenas completou a primeira milhaerdquo;, disse o diretor de Pesquisa Macroeconômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos. Para ele, na eldquo;longa estradaerdquo; que tem pela frente para recuperar o grau de investimento o Brasil precisa avançar em reformas, em especial na administrativa, por meio do corte de gastos públicos. eldquo;O Brasil gasta muito, tributa muito, investe pouco, gasta mal.erdquo;

Ex-secretário do Tesouro Nacional e hoje economista da ASA Investments, Jeferson Bittencourt diz que o anúncio da Fitch não tem poder de reverter a baixa participação de estrangeiros no financiamento da dívida pública, que era de 20% quando o Brasil tinha o selo, mas caiu para 8% após o rebaixamento da nota de risco de crédito.

Bittencourt observa que, como o governo depende de fontes internas para financiar um déficit elevado e uma dívida proporcionalmente alta, boa parte do crédito é consumida pelo Estado, levando a taxas de juros mais altas no mercado.

Para o diretor de portfólio de mercados emergentes da Pimco, Pramol Dhawan, a decisão da Fitch reafirma o otimismo dos investidores diante do encaminhamento das reformas no País. eldquo;O Brasil tem um caminho para o grau de investimento, mas que também dependerá da entrega das metas fiscais prometidas pela nova regra e da redução da proporção da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto.erdquo;

Com a alta do rating, a Fitch reviu a previsão de crescimento do Brasil este ano, de 0,7% para 2,3%, puxado pela produção agrícola, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento dos gastos do governo. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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