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A extensão das medidas de descontos para veículos, incluindo agora caminhões e ônibus, desperta dúvidas em especialistas do setor automotivo. Para eles, será preciso ver na prática o alcance do programa nesses segmentos. Ainda assim, dizem, mesmo com a boa vontade do governo, trata-se de um paliativo para o setor, que vem andando de lado este ano por problemas de queda de renda dos brasileiros e aumento de preço dos carros novos de 51% nos últimos dois anos.

Paulo Cardamone, diretor executivo da Bright Consulting, afirma que, no caso dos carros, se o desconto médio ficar em 5%, podem ser vendidos entre 80 mil a 100 mil unidades de zero quilômetro até que os R$ 500 milhões do novo incentivo oferecidos pelo governo se esgotem.

emdash; A questão é se a montadora que vende o carro mais barato vai aceitar dar o desconto máximo em troca dos créditos tributários. A ideia é deixar o mercado competir, dentro dos critérios estabelecidos pelo governo, mas ainda não se sabe quando os créditos tributários poderão ser usados emdash; diz o especialista.

Longe do poder de compra
No caso dos caminhões e ônibus, que têm preços mais elevados, é difícil falar em renovação de frota. A ideia é que um caminhoneiro ou empresa com um caminhão de 20 anos vá trocando por unidades novas. Cardamone observa que esse movimento pode levar eldquo;uma eternidadeerdquo; até que todas as trocas aconteçam.

Numa estimativa preliminar, ele acredita que entre 2 mil e 3 mil caminhões zero possam ser vendidos com os estímulos, em um mercado anual de 120 mil unidades, o que é um número baixo.

Antonio Jorge Martins, coordenador dos cursos automotivos da FGV-SP, avalia como pequeno o desconto de até R$ 8 mil aos carros. Ele lembra que, no caso de um veículo de R$ 68 mil, o valor cai para R$ 60 mil. Esse preço, diz, está longe do poder de compra da maioria dos brasileiros que querem carro novo.

Ele acredita que o programa precisará da participação das concessionárias e até das empresas de autopeças baixando preços para que um desconto maior chegue à ponta do consumidor.

Martins elogia a extensão do programa a ônibus e caminhões, do ponto de vista ambiental e do estímulo ao transporte público, mas não acredita em renovação de frota. O especialista lembra que, no caso dos caminhões, houve um aumento de 20% no preço na virada de ano por causa do Euro 6, que obriga uso de sistemas menos poluentes.

emdash; A questão dos caminhões é diferente da dos carros. Houve uma antecipação de compra no fim do ano passado. Esse mercado leva tempo para se recuperar. Então a dúvida é qual será a intensidade dessas medidas para caminhões e ônibus emdash; observa.

Descontos vão variar
O novo programa para baratear os carros populares e renovar a frota prevê que os descontos vão variar entre o mínimo 1,5% e o máximo 11,26%, ou de R$ 2 mil a R$ 8 mil de bônus para compra dos automóveis. Para veículos de carga ou coletivos, o abatimento será de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil.

As empresas que concederem o desconto contarão com crédito tributário junto à União (descontos em pagamentos de impostos no futuro). O custo total do programa para o governo será de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 500 milhões servirão para a parcela voltada aos carros, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus e vans.

O programa irá durar quatro meses, mas poderá se encerrado antes, quando for alcançado o crédito de R$ 1,5 bilhão, que será pago pelo governo a partir da antecipação de parte da reoneração do diesel, em R$ 0,11 por litro. Os impostos federais sobre o diesel estão zerados e tinham a volta de sua cobrança prevista para janeiro.

Fonte/Veículo: O Globo

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