Defasagem de preços sobe, mas Petrobras segura reajuste de combustível
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A assembleia de acionistas da Petrobras elegeu nesta quinta (27/4), seis dos oito nomes indicados pelo governo Lula, entre eles os três secretários do Ministério de Minas e Energia (MME), indicados pelo ministro Alexandre Silveira (PSD), e Bruno Moretti, da Casa Civil.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Pietro Mendes, vai presidir o conselho de administração (CA) da Petrobras, como indicado pela União e confirmado pela assembleia.
Foram eleitos Efrain da Cruz (secretário-executivo) e Vitor Saback (Geologia, Mineração e Transformação Mineral), ambos do MME; Bruno Moretti, secretário especial de análise governamental da Presidência da República; Sérgio Rezende, ex-ministro de Ciência e Tecnologia; além do próprio presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Os minoritários conseguiram reconduzir Marcelo Gasparino e José João Abdalla Filho, atuais representantes dos investidores no CA.
Jean Paul Prates: presidente da Petrobras, ex-senador pelo PT do Rio Grande do Norte.
Pietro Mendes: secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (MME). Foi indicado ao cargo de presidente do conselho.
Efrain da Cruz: secretário-executivo (MME), ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Vitor Saback: secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (MME), ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA)
Bruno Moretti: secretário especial de análise governamental da Presidência da República, ex-assessor da liderança do PT no Senado.
Sérgio Rezende: ex-ministro de Ciência e Tecnologia (Lula 2), indicado como conselheiro independente e escolhido a partir de lista elaborada por consultoria externa. Ex-dirigente do PSB.
Eugênio Cordeiro: executivo do setor financeiro, foi sócio do ex-senador mineiro Clésio Andrade, que já foi filiado ao MDB e vice de Aécio Neves (PSDB).
Suzana Kahn: vice-diretora da Coppe/UFRJ, foi vice-presidente no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) de 2008 a 2015. Independente, escolhida após seleção de consultoria externa.
Durante a assembleia, o procurador federal Ivo Timbó, representante da União, por meio da Fazenda Nacional, ratificou a indicação de Rezende, Mendes e Cruz, mesmo com os pareceres dos comitês internos da companhia que apontavam ressalvas e vetos.
O caso de Rezende diz respeito à atuação partidária. Para Mendes e Cruz foi apontada a possibilidade de conflito de interesses, pelos cargos que ocupam no Ministério de Minas e Energia (MME).
Timbó afirmou que os comitês têm caráter eldquo;apenas opinativoerdquo; e reforçou que o MME não identificou vedações legais à eleição.
Durante a análise dos nomes, uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a quarentena de 36 meses prevista na Lei das Estatais para dirigentes partidários assumirem cargos de administração.
A jurídico da Petrobras afastou a aplicação da decisão, sob o argumento que as vedações criadas pela lei foram incorporadas em seu estatuto. Assim, a vedação deixou de ser uma imposição legal; e a assembleia, soberana para eleição dos membros do CA.
Representantes de acionistas minoritários criticaram a decisão da União de eleger nomes rejeitados pelos comitês internos.
Ainda assim, o presidente da mesa da assembleia, Francisco Costa e Silva, concordou que a eleição é de competência exclusiva dos acionistas em assembleia.
Costa e Silva ressaltou, no entanto, que os acionistas são responsáveis pelo voto proferido e lembrou que podem responder a eventuais questionamentos de órgãos de controle, por votos que resultem em prejuízo à companhia.
eldquo;No entendimento desta presidência, referidas manifestações têm caráter opinativo, cabendo ao acionista responsável pelas indicações o acolhimento, ou não, das recomendações dos comitês. Evidentemente, isso não afasta a responsabilidade do acionista pelo voto proferidoerdquo;, disse.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu procedimentos para avaliar nomeações de conselheiros no governo de Jair Bolsonaro (PL) que passaram pela mesma discussão endash; eleitos, sem aval da governança interna. É um dos precedentes que serve agora ao governo Lula.
Situação similar ocorreu na votação para os membros do conselho fiscal. Acionistas criticaram a eleição pela União da indicada Cristina Bueno Camatta, que também teve a nomeação rejeitada pelo comitê interno da empresa.
Além da eleição dos membros dos conselhos de administração e fiscal da Petrobras, a AGO aprovou os resultados da empresa no ano de 2022 e as propostas de distribuição de pagamentos aos acionistas.
A proposta de criação de uma reserva estatutária com a retenção de dividendos de R$ 6,5 bilhões, por sua vez, foi rejeitada pela União.
A possibilidade de retenção de parte dos dividendos a serem distribuídos havia sido anunciada pelo conselho de administração em março.
A União também discordou da proposta de remuneração aos administradores da empresa apresentada pelo conselho. Foi aprovado um pagamento menor, proposto pelo Ministério da Fazenda.
Na prática, é a partir da eleição do novo conselho que a Petrobras vai poder tomar decisões importantes a respeito de temas caros ao governo, como a política de preços de combustíveis e o aumento dos investimentos, além da aprovação dos projetos para o novo plano estratégico e da venda de ativos.
O conselho também é responsável pela aprovação dos indicados para a diretoria-executiva.
Os conselheiros indicados pela União são maioria no conselho de administração da Petrobras e, portanto, têm poder para barrar eventuais decisões tomadas pela diretoria executiva da empresa.
É o caso de questões relacionadas às decisões sobre a política de preços de combustíveis praticadas nas refinarias da companhia, por exemplo.
Também cabe ao conselho aprovar as vendas de ativos e garantir que os contratos assinados e novos investimentos são vantajosos para a Petrobras.
O governo Lula é contra o programa de desinvestimentos da empresa, em curso desde 2015. A diferença marcante é que se tornou uma política mirando a privatização da Petrobras ao longo dos quatro anos com Bolsonaro e, especialmente, Paulo Guedes no comando da Economia.
É importante ressaltar, entretanto, que os conselheiros têm a responsabilidade legal de garantir que as decisões tomadas não causam prejuízos à empresa, caso contrário, podem ter que responder a ações judiciais.
A definição da lista da União foi motivo de desentendimentos entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que em articulação com o Planalto, emplacou seus três secretários e Eugênio Cordeiro.
Na primeira lista que veio a público emdash; e com apoio de Prates e de parlamentares do PT do Rio emdash; chegou a constar Wagner Victer, ex-secretário de Energia, de Indústria Naval e de Petróleo e ex-presidente da Cedae. Além do empresário do setor sucroalcooleiro Carlos Eduardo Turchetto, escolha de Silveira.
Turchetto renunciou à indicação, para entrada de Efrain da Cruz, posteriormente nomeado secretário-executivo; Wagner Victer foi substituído por Moretti emdash; movimentos que respeitaram a correlação de forças nas indicações, entre escolhas de Silveira e do Planalto, sob a vigilância de Rui Costa.
Fonte/Veículo: EPBR
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