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Na primeira entrevista após ter se tornado alvo do governo do presidenteLuizInácioLula da Silva por causa do patamar dos juros, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que uma mudança da meta de inflação teria como eldquo;efeito prático a perda de flexibilidadeerdquo;. Entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, Campos Neto defendeu um eldquo;aperfeiçoamentoerdquo; no sistema de metas, mas descartou um aumento. A meta deste ano é de 3,25%. O governo pressiona para que ela seja de 3,5%, o que poderia abrir caminho para uma queda dos juros mais rápida. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado, além de Campos Neto, pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). Ontem, em uma reunião do PT que aprovou resolução para convocar Campos Neto ao Congresso a fim de explicar a política monetária, Haddad disse que os juros estão eldquo;fora do propósitoerdquo;.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem que uma mudança da meta de inflação teria como eldquo;efeito prático a perda de flexibilidadeerdquo;, em resposta às críticas que tem recebido do governo Lula por conta do atual nível de juros. Em entrevista ao programa Roda Viva, a primeira desde que está sob fogo cruzado do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ministros e do PT, Campos Neto defendeu eldquo;aperfeiçoamentoerdquo; no sistema de metas, mas disse que em nenhum momento isso significa revisar o patamar deste e do próximo ano para o controle da inflação.
eldquo;A gente acredita que, se faz uma mudança de meta no sentido de ganhar mais flexibilidade, o efeito prático vai ser perder flexibilidadeerdquo;, afirmou ele sobre a trajetória da Selic.
Neste ano, a meta é de 3,25%, enquanto que para 2024 é de 3%. O patamar é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que, além de Campos Neto, é formado por Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). A mudança no porcentual defendida pelo governo permitiria uma inflação maior e abriria, em tese, caminho para uma queda mais rápida dos juros.
O presidente do BC disse discordar do grupo de economistas que considera a meta atual muito difícil de ser atingida por ter sido fixada num momento de inflação mundial baixa, em razão dos efeitos da pandemia da covid-19 na economia. Ele afirmou que se encaixa em outra corrente, para quem uma mudança neste momento, eldquo;sem ter um ambiente de tranquilidade, vai gerar um efeito contrário ao desejadoerdquo;.
HARMONIA. Chamado por Lula de eldquo;esse cidadãoerdquo;, Campos Neto disse no Roda Viva que só esteve com Lula uma vez, no dia 30 de dezembro endash; portanto, antes da posse endash; e que fará eldquo;o que estiver ao seu alcance para aproximar o Banco Central do governoerdquo;.
Disse ainda que o resultado das eleições foi legítimo e que nunca fez campanha, mas que desenvolveu eldquo;proximidadeerdquo; com integrantes do governo Bolsonaro ao justificar participar de um grupo de WhatsApp formado por ex-ministros.
eldquo;Eu tive uma reunião com ele (Lula) no dia 30, e gostaria de ter outras reuniões para explicar o que a gente está fazendo, qual é a razão pela qual nós temos juros altos, a parte social. Tem muita coisa que a gente ainda pode desenvolver. O Banco Central precisa trabalhar com o governo. O ambiente colaborativo é o melhor para a sociedade e para o Brasilerdquo;, disse. Ele também afirmou que procurou ministros para conversar e disse que está disposto a ir ao Congresso para explicar as decisões do banco.
Ele defendeu a autonomia da instituição como eldquo;instrumento de governançaerdquo; e afirmou que, apesar dos ataques pessoais, não renunciará ao seu mandato, que vai até dezembro de 2024. Campos Neto justificou que a política monetária é uma decisão colegiada e que, se ele cair, nada irá mudar na trajetória dos juros.
PLANO HADDAD. Apesar das divergências, Campos Neto reconheceu que a aprovação do chamado Plano Haddad pelo Congresso antes da próxima reunião do Copom, em 21 e 22 de março, encurtaria o período de juros no atual patamar, de 13,75% ao ano, considerados ontem por Haddad como eldquo;fora de propósitoerdquo;. Para o presidente do BC, o fiscal é um dos eldquo;problemas crônicoserdquo; do País que justificam esse patamar. Entre as medidas do pacote, está a mudança no voto de Minerva do Carf, que permite ao governo reforçar a arrecadação, já que o desempate em disputas tributárias com o Fisco seria da Fazenda. ebull;
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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