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Diante da perspectiva de um novo aumento do mandato do biodiesel em 2026, a Associação Brasileira dos Produtores de Biocombustíveis (Aprobio) propôs ao Ministério de Minas e Energia (MME) a criação de um conselho com representantes de toda a cadeia com a intenção de criar um selo de qualidade para a indústria do biodiesel.

Recém empossado à frente da Aprobio, o ex-deputado federal, Jerônimo Goergen, quer se antecipar ao repetido debate sobre a elevação da mistura obrigatória de biodiesel no diesel e seus impactos sobre o mercado. Hoje em B15, a previsão legal é que a mistura chegue ao B16 ano que vem, rumo ao B20 em 2028.

Em entrevista à agência eixos, Goergen conta que o principal obstáculo ao avanço do mandato não está na qualidade do biodiesel em si, mas nas falhas de fiscalização ao longo da cadeia de combustíveis.

Goergen, que criou e foi presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) e apresentou o projeto de lei que deu origem ao Combustível do Futuro, defendeu que a discussão sobre o aumento da mistura tem sido contaminada por problemas como adulteração, informalidade e controle insuficiente na distribuição e na revenda.

eldquo;Há também um reconhecimento do setor que podemos melhorarerdquo;.

O selo seria concedido inicialmente às associadas que cumprirem um checklist de qualidade. A ambição é expandir o modelo futuramente para distribuidoras e postos.

A proposta vem após operações da Polícia Federal, como a Carbono Oculto, que revelaram um enorme esquema de fraudes na cadeia de combustíveis, com envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Aproximação com o agronegócio e internacionalização

O presidente da Aprobio também reforçou a leitura de que o biodiesel deixou de ser apenas uma política ambiental para se consolidar como vetor econômico do agronegócio.

Segundo ele, o aumento da mistura impacta diretamente a cadeia da soja, tanto no equilíbrio de estoque de grãos, quanto na oferta de farelo para ração animal, ou para a segurança energética do país.

eldquo;O biodiesel não é só bioenergia. Ele é agronegócio. Estamos iniciando um processo de uma grande campanha nacional de reposicionamento da marca biodiesel. Queremos que isso seja um patrimônio nacional, realmente, que isso seja apropriado pelo agronegócioerdquo;.

Prevista para ser lançada em janeiro, a campanha tem dois focos: o mercado interno emdash; para reduzir resistências ao aumento da mistura emdash; , e o mercado internacional, mirando a abertura de novos destinos para o produto brasileiro.

A estratégia inclui articulação com o Itamaraty, adidos e agência de promoção comercial, ApexBrasil, além de atenção a novos mercados, como o uso do biodiesel em bunker marítimo.

Questionado sobre críticas recorrentes no exterior, como uso indireto da terra, desmatamento e competição com alimentos, Goergen afirmou que o Brasil falhou em comunicar os efeitos positivos do biodiesel.

Para ele, a fragmentação interna do debate e a politização excessiva enfraquecem a posição do país em negociações internacionais, inclusive em temas como o acordo Mercosulendash;União Europeia.

eldquo;Dizem que disputa com alimento, mas gera mais alimento. Gera farelo, gera proteína. Isso é competitividade brasileiraerdquo;, disse.

Segundo ele, isso acaba recaindo de forma injusta sobre a indústria de biodiesel.

eldquo;A famosa borra é a cobrança mais efetiva que os críticos fazem contra o aumento da mistura. Então, o governo faz os testes, e os testes não caem nos aumentos, mas isso gera crise afeta a imagem. Queremos que isso seja mais claro, como está sendo a fiscalização, quais são as indústrias que estão erradaserdquo;, defendeu.

Selo de qualidade para o biodiesel

A Aprobio propôs ao Ministério de Minas e Energia a criação de um conselho paritário, por meio de portaria, reunindo representantes de toda a cadeia endash; incluindo produtores, distribuidores, transportadores, revendedores, consumidores e governo.

A ideia é mapear, monitorar e corrigir falhas de forma permanente, sem caráter deliberativo, mas com respaldo institucional, e criar um selo de qualidade aos agentes da cadeia baseado em critérios do Programa de Monitoramento da Qualidade do Biodiesel (PMQBio).

eldquo;É uma espécie de um conselho paritário, onde toda a cadeia se sente para discutir junto, mapear e monitorar possíveis erros. Propusemos ao ministro a criação de um selo de qualidade, com um checklist a partir do PMQbioerdquo;.

A proposta, segundo ele, já foi levada a entidades como a Confederação Nacional do Transporte (CNT), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Federação do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) emdash; historicamente contrárias ou cautelosas com aumentos do teor de biodiesel no diesel.

Fonte/Veículo: Eixos

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