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O Banco Central projetou nesta quinta-feira (18) uma atividade econômica mais forte do que o previsto anteriormente para este e o próximo ano, apontando ainda que a inflação deverá atingir o centro da meta de 3% apenas no primeiro trimestre de 2028.

Em seu Relatório de Política Monetária, a autarquia estimou que a inflação no país estará em 3,2% no terceiro trimestre de 2027. O período é considerado chave por agentes do mercado porque passará a ser considerado o horizonte relevante para atuação da política monetária na reunião que decidirá o nível da taxa Selic no início de 2026.

"O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária", comunicou o BC no relatório.

O documento ressalta que a inflação corrente e as expectativas de inflação recuaram desde o relatório de setembro, mas permanecem acima da meta de 3%.

De acordo com a autoridade monetária, contribuíram para uma melhora nas projeções a inflação de curto prazo, expectativas de mercado e queda de preço de combustíveis associada ao dólar e ao petróleo mais baratos, apontou o documento.

Segundo o BC, um fator que evitou uma revisão mais forte para baixo das projeções de inflação foi uma estimativa "ligeiramente mais alta do hiato" do produto emdash;diferença entre o nível de crescimento e a capacidade produtiva do país.

"O hiato do produto continua em níveis positivos, pressionando a inflação, mas a projeção é de queda ao longo dos próximos trimestres", disse.

Agora o BC espera que o hiato fique em -0,4% no segundo trimestre de 2027, uma revisão para cima na comparação com o documento de setembro, que previa um hiato de -0,5% já no primeiro trimestre de 2027.

O BC decidiu manter neste mês a taxa Selic em 15% ao ano, sem indicar quando poderá iniciar um ciclo de corte nos juros e mantendo mensagem de "firme compromisso" com a meta de inflação, afastando parte das apostas de mercado de que a flexibilização na Selic poderia começar já em janeiro.

Segundo o relatório, a autoridade monetária vê uma chance de 26% de a inflação estourar o teto da margem de tolerância da meta de 1,5 ponto percentual neste ano, dado significativamente melhor do que os 71% estimados em setembro.

Esse risco é calculado em 23% em 2026, ante 26% no relatório anterior, e em 16% em 2027, contra 17% antes.

PIB MAIOR

No documento, a autarquia melhorou a estimativa para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2025 a 2,3%, ante patamar de 2% estimado em setembro, revisando ainda a previsão de crescimento em 2026 de 1,5% para 1,6%.

O Ministério da Fazenda previu em novembro uma expansão de 2,2% para o PIB de 2025, com alta de 2,4% no ano que vem. Já o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,25% em 2025 e 1,80% em 2026.

Segundo o BC, a nova projeção para o PIB de 2025 reflete a surpresa ligeiramente positiva no terceiro trimestre, a reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre diante de indicadores disponíveis até agora e a revisão de séries históricas.

Para 2026, apesar da elevação na estimativa, a autarquia afirmou que está mantida a "projeção de crescimento moderado ao longo do ano".

A autarquia tem tratado a desaceleração da atividade econômica como fator importante para o arrefecimento da inflação e o atingimento da meta.

AUMENTO DO CRÉDITO

No relatório, o BC ainda espera um crescimento do crédito no país de 9,4% este ano, ante estimativa de 8,8% feita em setembro. Para o próximo ano, a perspectiva também subiu de 8% para 8,6%.

Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 10,4% em 2025, contra expectativa anterior de 9,4%. Para as empresas, a alta foi calculada em 8,0%, mesmo nível do último relatório.

Para 2026, a expectativa da autarquia é que o crédito a pessoas físicas cresça 9% (8,3% antes), enquanto as empresas devem registrar alta de 7,9% (7,4% antes).

Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta agora uma expansão de 8,1% em 2025 (8,4% antes). Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 11,3% (9,5% antes).

Já em relação às transações correntes, o relatório aponta uma piora na previsão com um déficit de US$ 76 bilhões, ante US$ 70 bilhões projetado em setembro.

A perspectiva de Investimentos Diretos no País (IDP) subiu de US$ 70 bilhões para US$ 75 bilhões em 2025. Nas contas do BC, a balança comercial terá superávit de US$ 52 bilhões neste ano, ante estimativa de US$ 54 bilhões feita em setembro. A despesa líquida com viagens, por sua vez, foi estimada em US$ 14 bilhões, mesma projeção feita em setembro.

Para 2026, a autarquia prevê um déficit de US$ 60 bilhões nas transações correntes (US$ 58 bilhões antes), com US$ 70 bilhões em IDP (US$ 70 bilhões antes) e superávit de US$ 64 bilhões na balança comercial (US$ 61 bilhões antes). A despesa líquida com viagens no próximo ano foi estimada em US$ 13 bilhões (US$ 13 bilhões antes).

(Reuters)

Fonte/Veículo: Folha de São Paulo

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