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A inflação oficial no País acelerou de 0,09% em outubro para 0,18% em novembro, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do avanço, o resultado foi o mais baixo para meses de novembro desde 2018. Como consequência, o IPCA acumulado em 12 meses arrefeceu pelo segundo mês consecutivo, descendo a 4,46% em novembro, pela primeira vez no ano abaixo do teto (de 4,5%) da meta de inflação (de 3,0%) perseguida pelo Banco Central (BC).

O IPCA de novembro mostrou um eldquo;qualitativo muito bomerdquo;, com avanço no processo de desinflação nos preços livres, aqueles sujeitos a flutuações de oferta e demanda, avaliou o economista Carlos Lopes, do Banco BV. O cenário permitiria ao Comitê de Política Monetária (Copom) do BC iniciar em janeiro o ciclo de queda da taxa básica de juros, a Selic, atualmente no patamar de 15,00% ao ano.

eldquo;Se o BC continuar conservador em resposta à atividade ainda resiliente e expectativas desancoradas, março seria a melhor opçãoerdquo;, ponderou Lopes.

Após a divulgação, a corretora Monte Bravo reduziu sua projeção para o IPCA fechado deste ano, de 4,50% para 4,40%, abaixo do teto da meta, reforçando a tendência de desinflação da economia. A estimativa para o dado do mês de dezembro diminuiu de alta de 0,55% para elevação de 0,45%.

A redução na expectativa para a inflação fechada deste ano reflete a apreciação da taxa de câmbio, bem como o eldquo;êxitoerdquo; do BC de reconstruir a credibilidade da política monetária, justificou o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, em relatório.

Quanto à projeção para o IPCA de dezembro, a aceleração em relação a novembro será decorrente da reversão dos descontos da campanha de liquidações de Black Friday, aumento sazonal de alimentos e manutenção da tendência de encarecimento de passagens aéreas.

eldquo;A dinâmica benigna da inflação de curto prazo combinada aos sinais de desaceleração da atividade econômica emdash; indicando que o crescimento no segundo semestre desse ano deverá se alinhar ao ritmo do potencial da economia emdash; reforçam a trajetória de desinflação para os próximos meseserdquo;, previu Costa.

Em novembro, as quatro maiores pressões individuais responderam juntas por toda a inflação do último mês: passagem aérea (alta de 11,90% e influência de 0,07 ponto porcentual), energia elétrica (+1,27% e impacto de 0,05 ponto porcentual), hospedagem (+4,09% e impacto de 0,03 ponto porcentual) e carnes (+1,05% e impacto de 0,03 ponto porcentual).

O ranking de principais impactos inflacionários sofreu influência da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-30, que impulsionou serviços relacionados a turismo, como passagem aérea, hospedagem e pacote turístico, apontou Francisco Luis Lima Filho, economista sênior do banco ABC Brasil, em relatório. O subitem hospedagem saltou 178,93% em Belém, que sediou a COP-30 entre os dias 10 e 21 de novembro.

eldquo;Não esperamos melhoras significativas nos serviços subjacentes (menos voláteis) no curto e médio prazo, devido a um mercado de trabalho que deve permanecer aquecidoerdquo;, acrescentou Lima Filho, embora estime alguma devolução da pressão exercida pela demanda da COP-30.

O aumento no custo da passagem aérea foi parcialmente compensado pela queda de 0,32% nos preços dos combustíveis em novembro. Com exceção do etanol, que subiu 0,39%, os demais recuaram: gás veicular (-0,51%), gasolina (-0,42%) e óleo diesel (-0,06%).

Ainda em Transportes, a ocorrência de gratuidade de alguns modais em datas e localidades diversas reduziu em novembro os preços do ônibus urbano (-0,76%), metrô (-3,90%), trem (-3,63%) e integração de transporte público (-4,51%).

No mês de liquidações da Black Friday, o grupo Artigos de residência teve uma queda de preços de 1,00%, a taxa mais baixa para meses de novembro desde o início do Plano Real, ressaltou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE. Os destaques no grupo foram as reduções nos eletrodomésticos e equipamentos (-2,44%) e TV, som e informática (-2,28%).

O custo da Alimentação e bebidas voltou ao território negativo em novembro, -0,01%, após uma ligeira alta em outubro ter interrompido uma sequência anterior de quatro meses de quedas.

A despesa com alimentos para consumo no domicílio caiu 0,20% em novembro, sexto mês seguido de reduções. Ficaram mais baratos o tomate (-10,38%), leite longa vida (-4,98%), arroz (-2,86%) e café moído (-1,36%). Na direção oposta, houve aumentos no óleo de soja (2,95%) e nas carnes (1,05%).

Já a alimentação fora de casa subiu 0,46% em novembro: o lanche aumentou 0,61%, e a refeição fora de casa teve elevação de 0,35%.

O IPCA pode ter uma alta de até 0,56% em dezembro para encerrar o ano de 2025 dentro do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC, calculou Fernando Gonçalves, do IBGE. Para encerrar o ano no centro da meta de 3,0%, o IPCA de dezembro tem que ser de queda de 0,89%, acrescentou.

eldquo;Qualquer valor entre esse -0,89% e +0,56% fica entre o centro e o teto da metaerdquo;, explicou o pesquisador.

Segundo ele, a inflação de dezembro, por ora, não tem grandes pressões já à vista. Ao mesmo tempo, a energia elétrica pode diminuir, uma vez que a bandeira tarifária passará de vermelha patamar 1 em novembro para amarela em dezembro. eldquo;Então tem redução de valorerdquo;, lembrou.

Além disso, o ônibus urbano pode ter alguma variação para baixo, caso seja concedida gratuidade por conta de Natal ou Ano Novo em alguma localidade, acrescentou.

eldquo;Belo Horizonte passou a ter gratuidade aos domingos em ônibus urbanoerdquo;, completou Gonçalves.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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