Estratégia contra lavagem de dinheiro mira crime em combustíveis, imóveis e fintechs
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O ICMS está no centro das discussões sobre preços dos combustíveis, disputas fiscais entre estados e grandes operações contra sonegação. Essa relevância ajuda a entender por que investigações de grande porte, como a megaoperação contra o Grupo Refit, dono da antiga refinaria de Manguinhos, despertam preocupação.
Mas, afinal, o que é esse imposto estadual emdash; e como funciona a alíquota aplicada à gasolina, ao diesel e ao gás de cozinha?
Segundo Rodrigo Spada, presidente da Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é a principal fonte de receita dos governos estaduais.
Além disso, ele explica que setores específicos carregam um peso desproporcional na arrecadação.
Em muitos estados, segundo ele, a receita desses três segmentos corresponde a mais da metade emdash; chegando, em alguns casos, a 70% emdash; de toda a arrecadação do imposto.
Por isso, quando um esquema de sonegação se instala justamente em um desses setores, o impacto nas contas públicas é significativo.
O que é o ICMS?
O ICMS é um tributo estadual que incide sobre a venda de produtos, a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de comunicações.
Ele é cobrado em praticamente todas as etapas da cadeia de consumo emdash; da produção até a comercialização emdash; e representa a principal fonte de receita dos estados.
As alíquotas do ICMS diferem conforme o estado, mas elas variam entre 17% e 23% neste ano.
As unidades da federação que aplicam os maiores percentuais são Maranhão (23%) e o Piauí (22,5%), enquanto estados como Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina mantêm as menores alíquotas.
Como funciona o ICMS sobre combustíveis?
No entanto, ao contrário de outras mercadorias, os combustíveis derivados de petróleo seguem uma regra própria: todo o valor do ICMS vai para o estado onde ocorre o consumo.
Trata-se do chamado modelo de destino, aplicado integralmente à gasolina, ao etanol anidro, ao diesel e ao GLP.
O objetivo é simplificar a tributação e reduzir a oscilação causada por mudanças frequentes nos preços nas refinarias.
Segundo Spada, presidente da Febrafite, a alteração representou uma virada importante na forma como os estados recolhem o imposto. Antes, a arrecadação era proporcional ao valor do combustível vendido na bomba, mas agora depende apenas da quantidade comercializada.
eldquo;O imposto não é mais sobre o valor do produto, mas sim sobre a quantidade vendidaerdquo;, reforça.
Ele ainda destaca que esse modelo exige revisões periódicas, já que o valor fixo tende a se defasar com o tempo.
O que é o modelo eldquo;ad remerdquo;?
Até 2022, o ICMS sobre combustíveis seguia a lógica ad valorem: um percentual sobre o preço final. Em São Paulo, por exemplo, chegou a ser 18% sobre o valor da gasolina.
Mas, diante da alta histórica dos combustíveis naquele ano, o Congresso aprovou a Lei Complementar 192, que limitou a alíquota. A medida derrubou as receitas estaduais para moderar o preço dos combustíveis, e foi acompanhada de forte disputa política.
Spada lembra que o debate na época misturava a política de preços da Petrobras emdash; baseada na paridade com o mercado internacional emdash; e a percepção de que os estados estariam cobrando ICMS excessivamente alto.
Com a Lei Complementar 201, a partir de 2023, o sistema migrou para o modelo "ad rem", hoje em vigor. Assim, o imposto passou a ter valores fixos, definidos anualmente pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e reajustados com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Valores atuais (a partir de 1º de fevereiro de 2025):
Essa mudança alterou diretamente o comportamento das receitas estaduais, e somente no momento do reajuste anual que a arrecadação se realinha à inflação e ao custo necessário para manter as contas dos estados equilibradas.
"Como o imposto deixou de variar conforme o preço da gasolina ou do diesel ao longo do ano, os ajustes passaram a ocorrer de forma concentrada", explica Spada.
Por que a tributação monofásica importa?
Além da alíquota fixa, outra característica importante é a tributação monofásica: o ICMS é recolhido uma única vez, normalmente pelo produtor ou importador. Isso simplifica a fiscalização, reduz brechas para sonegação e diminui disputas interestaduais emdash; problemas que historicamente marcaram o setor.
O modelo também elimina a necessidade de cobrança de Diferencial de Alíquota (DIFAL) nas operações interestaduais. Como todo o imposto pertence ao estado de destino, a arrecadação é enviada diretamente para onde ocorre o consumo final, evitando guerra fiscal entre estados na etapa de distribuição.
Para Spada, ampliar a transparência é parte essencial da solução. Nesse contexto, entender como a alíquota é definida e por que ela passou a ser fixada nacionalmente ajuda a explicar seus efeitos sobre os preços, a arrecadação e a própria fiscalização.
eldquo;A uniformização da alíquota e a cobrança monofásica fortalecem a capacidade de rastrear operações e reduzir perdas fiscais, embora ainda haja desafios estruturais para conter organizações criminosas sofisticadas.erdquo;
Fonte/Veículo: G1
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