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Com o plantio da soja 2022/23 já iniciado e a venda antecipada do grão e seus subprodutos em andamento, a associação que representa a indústria Abiove acredita que é necessária uma definição sobre o percentual da mistura de biodiesel ao diesel que será adotado no ano que vem para que o setor possa planejar a produção de óleo, principal matéria-prima do biocombustível.

O atual mandato em vigor é o B10 --com 10% de biodiesel misturado ao diesel--, porém a expectativa do mercado é que em janeiro este percentual suba para B14 e vá para B15 em março. O avanço na mistura está previsto pelo Ministério de Minas e Energia, mas ainda será discutido com a equipe de transição do governo eleito, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.

"O problema maior é você não ter definição agora, quando a safra começa, porque aí as empresas começam a exportar o grão, começam a exportar o óleo. No começo da safra você tem que ter uma definição", disse à Reuters o presidente da Abiove, André Nassar, durante evento.

Segundo ele, as empresas do setor têm a expectativa de que, de fato, haverá aumento na mistura no início do ano que vem. "Por enquanto é B14, as empresas estão trabalhando na visão de processar soja para B14", acrescentou. Para tanto, ele calcula que o processamento de soja no Brasil teria que aumentar para cerca de 50 milhões de toneladas, superando o recorde de 49 milhões esperado para 2022.

Nassar disse que é perfeitamente possível atender a esta nova demanda, pois o Brasil possui capacidade industrial para processar 64 milhões de toneladas de soja e a safra 2022/23 do grão tende a superar 150 milhões de toneladas.

A Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) calcula que a demanda interna por soja pode avançar cerca de 51% em 2023, se o cronograma de evolução da mistura do biocombustível for retomado, conforme reportado pela Reuters.

Segundo cálculos da entidade, o total de soja demandada para a produção de óleo para biodiesel sairia de 19,8 milhões de toneladas em 2022, com mistura do biocombustível de 10% ao diesel, para cerca de 30 milhões de toneladas em 2023 -- na hipótese de um B15 na maior parte do ano.

Vale destacar que as exportações de óleo de soja também aumentaram e devem alcançar neste ano 2,2 milhões de toneladas, segundo estimativa da Abiove, o que representa um avanço de 10,6% em relação ao ano anterior.

Também presente no evento desta terça-feira, o vice-presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Irineu Boff, destacou que as programações de embarque de óleo de soja para o ano que vem estão acontecendo agora, então a confirmação da mistura em 14% para janeiro é necessária para que a matéria-prima do biocombustível não vá para o mercado internacional.

Fonte/Veículo: Globo Rural

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