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Desde a noite do último domingo, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso das eleições para a Presidência, manifestantes favoráveis ao atual presidente e candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) ocupam estradas em protestos que já afetam diferentes setores do país, e podem trazer ainda mais impactos caso permaneçam pelos próximos dias.

Em seu primeiro pronunciamento sobre o assunto, Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, no Palácio da Alvorada, que as manifestações são fruto de um sentimento de injustiça pelo processo eleitoral, mas disse que deve ser respeitado o direito de ir e vir. Até o início desta tarde, mais de 200 pontos de estradas federais em 21 Estados e no Distrito Federal estavam interditados.

Alguns dos setores que já sentem efeitos diretos dos protestos são o varejo e a indústria de alimentos. Há impactos também na área automotiva, falta de combustíveis em Santa Catarina, além de um alerta nos portos que, em geral, seguem com operações normais. Veja detalhes abaixo:

* O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, afirmou em nota que lojas do setor começaram a enfrentar dificuldades de abastecimento decorrente do bloqueio nas rodovias.

* O GPA, dono da bandeira Pão de Açúcar, informou em comunicado que "registra atraso pontual no recebimento e expedição de algumas mercadorias, ainda sem impacto significativo"

* O concorrente Carrefour Brasil, dono da marca Atacadão, disse que busca alternativas para lidar com a possível continuidade das paralisações, visto que ainda tem conseguido se abastecer com estoques.

* Na ponta produtiva, estima-se que unidades da indústria de aves e suínos passem a suspender abates a partir de quarta-feira na hipótese de permanência dos protestos nas estradas, conforme fonte a par do assunto que falou à Reuters na condição de anonimato. Isso porque os atos levam à interrupção no fluxo de entrega de animais para abate e dificultam o escoamento da carne aos destinos, apesar de uma decisão do Supremo Tribunal Federal determinando o desbloqueio imediato das vias tanto pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como pelas polícias militares estaduais.

* Na indústria automotiva, montadoras e a associação que representa o setor no Brasil, a Anfavea, disse que há problemas para a fabricação de veículos em decorrência dos bloqueios nas rodovias. "Estamos recebendo vários reportes de montadoras ou reduzindo ritmo (de produção) ou fazendo algumas paralisações pontuais por falta de componentes ou recursos humanos", disse a entidade.

* As distribuidoras de combustíveis avaliam que a situação de abastecimento do país é bastante crítica diante da ausência de coordenação do governo federal para evitar riscos de falta do produto, afirmou à Reuters nesta terça-feira a diretora de Downstream do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Valéria Lima. Os principais pontos de atenção quanto ao risco de desabastecimento de combustíveis no momento são Santa Catarina e Paraná, com grandes reflexos em São Paulo, disse a diretora do IBP, que representa as maiores distribuidoras de combustíveis do país, como Vibra, Raízen e Ipiranga.

* O presidente da Fecombustíveis, James Thorp Neto, baseado em relatos de sindicatos locais, informou que há falta pontual de combustíveis em postos de Santa Catarina.

* Nos portos, a principal via de acesso a Paranaguá (PR), a BR-277, segue bloqueada por protestos em ambos os sentidos, a partir do quilômetro 5, impedindo a chegada de caminhões com cargas ao importante polo de exportação de commodities agrícolas, como soja e milho. Apesar disso, as operações seguem com estoques.

* A agência marítima Cargonave informou que no Porto de Santos (SP) não há atrasos significativos na chegada das cargas e os berços estão funcionando normalmente. Outros portos do Brasil não estão registrando atrasos nos embarques, embora os protestos nas rodovias afetem a chegada dos caminhões com as cargas.

* No Arco Norte, a agência disse que, por enquanto, as operações estão funcionando normalmente o porto de Itaqui (MA), embora haja um bloqueio localizado nas proximidades da cidade de Balsas, no sul do Estado. A normalidade também segue nos portos paraenses de Barcarena e Santarém, de acordo com a Cargonave.

Fonte/Veículo: UOL

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