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As projeções de crescimento econômico para o Brasil são desanimadoras no médio prazo. Hoje, a previsão de uma parte considerável dos analistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance cerca de 2% nos próximos anos. Se os números se confirmarem, a economia brasileira enfrentará um cenário que poderá lembrar o do México, um país que tem dificuldade para superar uma baixa taxa de crescimento, embora tenha contas públicas em ordem e não colha problemas no setor externo.

A trajetória de eldquo;mexicanizaçãoerdquo; do crescimento do Brasil só virá, claro, se o próximo governo não resolver a questão fiscal. A definição sobre o que ocupará o lugar do teto de gastos é a principal dúvida entre os economistas. Sem uma clareza em relação ao rumo das contas públicas, a economia brasileira pode enfrentar um cenário de aumento de incerteza, piorando a expectativa de desempenho do PIB e, portanto, longe de qualquer comparação com o México.

eldquo;O México é um país que está com o fiscal bem controlado, não tem déficit nas contas externas, e a relação entre a dívida e o PIB é muito baixa, está em 60% do PIB. Talvez seja até aonde o Brasil queira chegarerdquo;, afirma Fabio Akira, economista-chefe da Blueline Asset. eldquo;O López Obrador (Andrés Manuel López Obrador, presidente do México) tem atitudes de um presidente de esquerda, tem políticas setoriais, mas ele não ameaçou a estabilidade macroeconômica.erdquo;

Assim como o Brasil, o México tem problemas de baixa produtividade, o que impede um desempenho econômico mais robusto e indica que há uma agenda parecida para os dois países. São necessárias reformas estruturais para que as duas economias acelerem o crescimento do PIB. ebull;

Os economistas dizem que o PIB potencial do Brasil endash; ou seja, aquilo que a economia pode crescer sem gerar desequilíbrios, como inflação e entraves no setor externo endash; é hoje de 2%. Superar essa faixa vai exigir que o País imponha uma ampla gama de medidas para melhorar a produtividade. As reformas se tornaram ainda mais importantes, porque o Brasil não conta mais com o bônus demográfico. Nos anos 2000, o País conseguiu acelerar o crescimento com a incorporação de milhões de pessoas ao mercado de trabalho.

eldquo;Nos últimos anos, o Brasil até colheu avanços na sua agenda de reformas, com a aprovação das mudanças nas regras previdenciárias e a criação do marco do saneamento. Mas também viu retrocessos. O que tem mais chamado a atenção é o retrocesso democráticoerdquo;, afirma Braulio Borges, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas. eldquo;Esse crescimento de 2% ao ano é o que cabe nesse contexto em que a gente avançou muito em alguns aspectos, mas retrocedeu em outros.erdquo;

Entre as reformas importantes apontadas pelos analistas, estão a tributária, a administrativa, para modernizar o serviço público e o avanço na integração do Brasil com a economia mundial, além da melhora da qualidade do ensino. eldquo;Se essas reformas não forem feitas, estamos condenados a continuar com esse pibinho, com esse crescimento medíocreerdquo;, diz Alberto Ramos, diretor do grupo de estudos macroeconômicos para América Latina do Goldman Sachs.

O PREÇO PAGO. Na prática, um país que cresce tão pouco não consegue fazer com que sua população enriqueça. Neste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB per capita do Brasil, medido em Paridade do Poder de Compra (portanto, desconsiderando o efeito do câmbio), será de US$ 17,7 mil, abaixo do observado no México (US$ 22,4 mil) e em outros países latino-americanos, como Argentina (US$ 26 mil), Chile (US$ 28,9 mil) e Colômbia (US$ 18,7 mil). Nos EUA, a renda média vai encerrar o ano em US$ 75,2 mil.

O PIB per capita é um importante termômetro de riqueza dos países. Ele cresce nos momentos em que a atividade econômica supera o ritmo de avanço da população.

No limite, um cenário de baixo crescimento longo, diz Braulio, pode alimentar um círculo vicioso de instabilidade política. eldquo;As pessoas começam a questionar o que faz com que os ganhos de renda e bem-estar sejam tão lentos. Isso pode criar mais retrocesso democrático. É preocupante esse cenário.erdquo;

BRASIL E MÉXICO. As projeções do FMI endash; divulgadas neste mês endash; indicam que as duas economias devem ter desempenho parecido nos próximos anos. Em 2023, o crescimento dos países deve ficar em 1% para, em seguida, subir a 2% até 2027.

eldquo;Um detalhe é que o crescimento do México tem menos volatilidade. Olha o que aconteceu com o PIB do Brasil entre 2015 e 2019: a média foi negativa. No mesmo período, a média de crescimento do México não foi brilhante, mas ficou em torno de 2%erdquo;, diz Fabio Akira, economista-chefe da Blueline Asset. eldquo;E volatilidade no crescimento faz diferença para o bem-estar social e o planejamento de longo prazo.erdquo;

Ramos acrescenta: eldquo;Tal como o Brasil, o caminho das pedras (do México) para encontrar um crescimento mais elevado passa por reformas estruturais, reformas que alavanquem investimentos e um marco regulatório que atraia o investidor em vez de assustá-loerdquo;. ebull;

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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