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Passado o efeito do bônus de Itaipu, creditado às contas de luz em agosto, a energia elétrica residencial teve uma alta de dois dígitos em setembro, turbinando assim a inflação oficial no País. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de um recuo de 0,11%, em agosto, para uma alta de 0,48% em setembro, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da aceleração, o resultado ficou abaixo da mediana das estimativas de analistas do mercado financeiro colhidas pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,52%. A taxa acumulada pela inflação em 12 meses até setembro ficou em 5,17%.

eldquo;É um resultado na direção esperada e com indicações de que a tendência de desinflação deve continuarerdquo;, avaliou Carlos Lopes, economista do banco BV.

Os dados ainda não são confortáveis o suficiente para permitir que o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduza neste ano a taxa básica de juros, a Selic, mas o resultado eldquo;reforça a estratégia atual de cautela e dá mais confiança no processo de convergênciaerdquo; da inflação à meta, diz Lopes.

Para a economista-chefe da gestora de recursos Lifetime, Marcela Kawauti, a redução da Selic só deve acontecer no início do ano que vem, mesmo diante da leitura menor que a esperada do IPCA referente a setembro.

eldquo;O Banco Central deve sim começar a cortar juros no horizonte próximo, mas somente no começo do ano que vem. A gente ainda precisa que a inflação de demanda, que ainda pressiona bastante os índices de preços, comece a responder à política monetária para que o BC tenha um pouco mais de confortoerdquo;, disse a economista em relatório.

FIM DO BÔNUS. A energia elétrica residencial subiu 10,31% em setembro, com o maior peso individual no IPCA do mês endash; o subitem, sozinho, foi responsável por cerca de 85% da inflação de setembro, um impacto de 0,41 ponto porcentual. eldquo;O IPCA teria sido de 0,08% em setembro sem ( a alta na) energia elétricaerdquo;, informou Fernando Gonçalves, gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE.

A elevação na conta de luz deveu-se ao fim do desconto do bônus de Itaipu, que tinha sido creditado nas faturas emitidas em agosto. Em setembro, ainda este

Na mesa Em setembro, houve novo alívio nos preços dos alimentos, que recuaram pelo quarto mês seguido

ve em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 à conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Além disso, houve reajustes nas tarifas em São Luís, Vitória e Belém. No ano, a energia elétrica residencial acumula uma alta de 16,42%.

Em transportes, os recuos nos preços da passagem aérea (-2,83%) e do seguro de veículos (-5,98%) mais do que compensaram a pressão da alta na gasolina (0,75%) em setembro.

elsquo;QUESTÃO DE OFERTAersquo;. Houve novo alívio também dos preços dos alimentos, que recuaram pelo quarto mês consecutivo. De junho a setembro, a queda acumulada em alimentação e bebidas foi de 1,17%.

eldquo;É questão de oferta de alimentos. Estamos com oferta maior de alimentos in natura, então na alimentação no domicílio isso está trazendo pressão para baixo no preço dos alimentoserdquo;, disse Gonçalves.

Em setembro, o custo dos alimentos comprados nos supermercados para consumo no domicílio caiu 0,41%, com destaque para as reduções no tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%), batata-inglesa (8,55%) e arroz (-2,14%). As carnes também recuaram (0,12%), assim como o preço do café (-0,06%).

eldquo;O café caiu pelo terceiro mês seguido, mas caiu menos em setembro (-0,06%). A gente apurou que a colheita de café foi menor que a esperada, e as exportações se sustentaram, o Brasil conseguiu outras praças de exportaçãoerdquo;, disse o pesquisador do IBGE.

Por outro lado, houve aumentos nos preços das frutas (2,40%) e do óleo de soja (3,57%). A alimentação fora do domicílio também subiu, alta de 0,11%: o lanche aumentou 0,53%, mas a refeição fora de casa caiu 0,16%.

eldquo;Esperamos que a inflação desacelere para ( uma alta de) 4,7% até o final de 2025, uma desaceleração gradual, refletindo uma safra que surpreendeu positivamente neste ano, um cenário de câmbio comportado e um mercado de trabalho apertadoerdquo;, diz Francisco Luis Lima Filho, economista sênior do banco ABC Brasil, em relatório.

Para 2026, o ABC Brasil espera a inflação em 4,4%, sustentada por um nível de demanda maior do que a capacidade de produção da economia durante boa parte do ano, em parte decorrente da isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil e pelas novas políticas de concessão de crédito consignado a trabalhadores com carteira assinada, motoristas de aplicativo e entregadores.

Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo

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