Por que montadoras retomam aposta na gasolina
Apesar de investir bilhões de dólares em veículos elétricos, grande parte da indústria automobilí [...]
Vice-presidente da BYD do Brasil desde julho de 2024, Alexandre Baldy tem vários motivos para comemorar. Em menos de três anos, a fabricante chinesa de veículos eletrificados vendeu mais de 150 mil unidades no País. Também foi apontada como a marca mais bem avaliada pelos clientes. Além disso, o elétrico Dolphin Mini, seu modelo de entrada no mercado brasileiro, teve menor desvalorização que o Volkswagen Polo.
Agora, Baldy celebra a vinda da divisão de luxo Denza e de um supercarro de US$ 2,5 milhões, bem como anuncia o primeiro lote de modelos feitos na fábrica de Camaçari (BA). eldquo;A BYD será a maior marca de veículos do Brasil até 2030eamp;Prime;, afirma.
Como parte da estratégia de expansão, a BYD aposta na ampliação da oferta de produtos de grande volume de vendas, como uma futura picape rival da Fiat Toro. Além disso, a empresa iniciou a aposta em veículos de alto valor agregado, caso da linha Denza.
Conforme Baldy, a marca terá concessionárias próprias, inclusive de grupos que não fazem parte da atual rede da BYD. eldquo;A Denza foi criada em 2011, fruto de uma parceria entre a BYD e a Mercedes-Benz, com foco em carros de luxoerdquo;, diz. Assim, tanto as lojas quanto o padrão de atendimento serão exclusivos, segundo o executivo. eldquo;Trouxemos o principal executivo da Porsche no Brasil para construir a nova estruturaerdquo;, afirma.
Ele se refere a Werner Schaal, que comandou as vendas da marca alemã por oito anos após mais de duas décadas na Mercedes-Benz, onde foi responsável pelas áreas de vendas e marketing. Levar o cupê Z9GT à festa de celebração dos 50 anos da Vogue no Brasil foi a primeira ação capitaneada pelo suíço-brasileiro para promover a Denza. A nova marca também trará o SUV B5. Embora os preços não tenham sido revelados, a expectativa é que fique acima dos R$ 500 mil.
BYD trará supercarro de US$ 2,5 milhões
Outra iniciativa que indica o movimento da BYD para se aproximar do público mais abastado será a vinda de um U9 Xtreme, da divisão de esportivos Yangwang. A versão de topo do supercarro com quatro motores elétricos, cuja velocidade máxima beira 500 km/h, terá apenas uma unidade no País.
eldquo;Em outubro, vamos escolher quem poderá comprar o carroerdquo; diz Baldy. Ele não quis falar sobre valores, mas fontes ligadas à empresa dizem que a novidade não sairá por menos de US$ 2,5 milhões. Ou seja, estamos falando de R$ 13,3 milhões, na conversão direta.
De acordo com o executivo, a BYD revolucionou o mercado de veículos no Brasil. Ele afirma que em 2022 a empresa vendeu cerca de 200 veículos aqui. Em 2024, foram 77 mil. eldquo;Com o lançamento do elétrico Dolphin (em meados de 2023, por R$ 149,8 mil), os preços começaram a cair.erdquo;
A reação das concorrentes à vinda do hatch foi aplicar bônus de até R$ 100 mil na tabela de seus elétricos emdash; inclusive de outras categorias (confira abaixo). E a BYD continua a todo vapor. eldquo;Temos feito apostas importanteserdquo;, afirma Baldy.
Conforme o executivo, os resultados já podem ser vistos. Ele cita o levantamento feito pela Decoupling, focada em análises de mercado, que apontou a BYD como a marca com os consumidores mais satisfeitos no País. Segundo a empresa, o levantamento feito no primeiro trimestre de 2025 foi baseado na opinião de donos de carros das 12 fabricantes que mais vendem aqui.
Além disso, um estudo da Mobiauto revelou que, entre agosto de 2024 e agosto deste ano, a desvalorização do Dolphin Mini foi de 7,8%. Ou seja, bem menor que os 17% do Volkswagen Polo, carro de passeio mais vendido em 2024.
Fábrica baiana fará 3 carros
Portanto, isso põe em xeque, ao menos em tese, um dos maiores temores dos donos de elétricos: a incerteza em relação à desvalorização na hora da revenda. eldquo;Quem compra quer saber se vai ou não perder dinheiro quando for vender o carro no futuroerdquo;, diz Baldy.
Segundo ele, o brasileiro não demonstra preconceito contra carros chineses. Porém, o executivo destaca a aposta da BYD na produção nacional no antigo complexo da Ford, em Camaçari, na Bahia, para comprovar seu compromisso de longo prazo no País.
eldquo;Recentemente, mostramos a planta para jornalistas e autoridades. Apenas nesta primeira fase de implantação, a área construída chega a 270 mil m². Ou seja, quase o total usado pela empresa anterior, que era de 330 mil m²erdquo;. eldquo;Inicialmente, vamos fazer o (hatch) Dophin Mini, o (SUV) Song Pro e o (sedã) King. O primeiro lote vai ser entregue no próximo dia 9 de outubro.erdquo; Vale dizer que por ora o trio será montado com peças vindas da China.
Aliás, isso gerou um embate entre a BYD e as marcas que fazem parte da Anfavea, a associação das fabricantes que estão no Brasil há mais tempo. A chinesa pediu ao governo a redução do imposto de importação de kits CKD e SKD da (peças importadas para montagem no país de destino) da China por três anos. Por sua vez, a Anfavea defendia a volta imediata da taxa de importação de 35%.
Isso desencadeou a publicação de cartas pelas duas partes. As veteranas se queixavam de um suposto pacote de benefícios do governo aos chineses. A BYD respondeu chamando essas empresas de eldquo;dinossauroserdquo;.
Consolidar marca de luxo é desafio
No fim, o governo federal adotou uma solução para acalmar os ânimos dos dois lados. Ou seja, por um lado criou cotas de importação sem imposto para os kits CKD e SKD. Por outro, reduziu em 18 meses o cronograma de retomada da alíquota de 35%. Seja como for, Baldy afirma que a fase seguinte da expansão da fábrica baiana inclui implementar as áreas de solda e pintura, por exemplo. De acordo com ele, isso deve ser concluído ao longo de 2026.
Atualmente, o Brasil é o maior comprador do mundo de veículos fabricados na China. E pode se tornar um hub de produção das marcas chinesas na região. A fábrica da GWM, em Iracemápolis (SP), já está fazendo veículos em sistema de pré-série. As primeiras unidades feitas no País devem chegar às lojas em novembro. Em Anápolis (GO), o Grupo Caoa produz veículos da Chery e logo fará modelos da Changan, que voltará ao País com a marca Avatr. Assim, a estratégia da BYD faz todo sentido.
Conforme Rogelio Golfarb, especialista em estratégia empresarial e mentoria de altos executivos, as marcas chinesas ocuparam um espaço importante no mercado brasileiro. O consultor, que já foi presidente da Anfavea e vice-presidente da Ford, afirma que o carro chinês chegou ao País para se tornar referência em eletrificação. eldquo;Com design contemporâneo e soluções avançadas de conectividade, eles mudaram a percepção do públicoerdquo;, diz.
Assim, Golfarb afirma que é natural esse movimento em direção a segmentos de maior valor agregado. Porém, embora acredite no sucesso da estreia de novas marcas chinesas no Brasil, ele afirma que o grande desafio será construir e manter a imagem de luxo e alimentar o desejo do consumidor por novos produtos no médio e longo prazos.
eldquo;Luxo está ligado a exclusividade. Então, isso deve ser percebido na pré-venda, na venda e no pós-vendaerdquo;, afirma. eldquo;É preciso haver essa percepção em todos os elsquo;pontos de contatoersquo; da marca com o consumidor e o mercado. Ou seja, desde o site da empresa até, por exemplo, o call-center e os atendentes das concessionárias, que devem transmitir a sensação daquilo que o brasileiro entende como luxo.erdquo;
BYD está no Brasil desde 2015
Embora tenha ganhado os holofotes nos últimos três anos, BYD está no Brasil há cerca de uma década. Inicialmente, os veículos comerciais, como ônibus, caminhões e vans elétricos, bem como placas de painéis fotovoltaicos, eram o foco da empresa. Porém, no fim de 2021 a filial da empresa no País começou a apostar em carros de passeio.
O primeiro a chegar foi o Tan EV, um SUV elétrico com sete lugares, preço sugerido de R$ 487.590 e autonomia superior a 430 km emdash; pelo sistema de medição chinês, bem mais eldquo;otimistaerdquo; que o do Inmetro, utilizado no Brasil.
Um ano depois, a BYD entrou no segmento de alto volume de vendas com o Song Plus. Lançado com preço inicial de R$ 270 mil, o SUV híbrido plug-in (com baterias que podem ser recarregadas em tomadas) era cerca de R$ 90 mil mais barato que um Jeep Compass 4xe híbrido, por exemplo.
Entretanto, a grande virada ocorreu em 2023, com a estreia do hatch elétrico Dolphin, a R$ 149,8 mil. Como resultado, a Peugeot, por exemplo, aplicou descontos de até R$ 100 mil ao preço do SUV elétrico e-2008, que passou a ser vendido a R$ 159.990.
Atualmente, a BYD é a marca com a maior oferta de carros eletrificados do Brasil. São oito modelos 100% elétricos, sendo três variantes do hatch Dolphin, dois sedãs (Han e Seal), e três SUVs (Tan e duas gerações diferentes do Yuan). Além disso, há cinco opções de híbridos: o sedã King e a picape média Shark, bem como três configurações do SUV Song.
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
Apesar de investir bilhões de dólares em veículos elétricos, grande parte da indústria automobilí [...]
O preço da gasolina no Brasil está 8% mais cara do que o preço de paridade de importação (PPI), s [...]
Entre 6 e 10 de outubro, os preços do etanol recuaram, segundo levantamento do Cepea/Esalq-USP.