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Mantida a atual trajetória de descarbonização da economia mundial, a demanda global por petróleo, hoje na faixa entre 100-105 milhões de barris por dia, crescerá ligeiramente até 2035, e cairá para pouco menos de 85 milhões de barris/dia em 2050. Já num cenário em que a descarbonização se acelera significativamente, a demanda cairia para pouco acima de 85 milhões de barris/dia em 2035, e ligeiramente menos que 35 milhões em 2050.

Essas projeções estão no relatório bp Energy Outlook 2025, da petrolífera bp. O primeiro cenário é chamado de "trajetória corrente" e se baseia nas tendências já existentes em termos do processo global de descarbonização.

O cenário de descarbonização acelerada é chamado de "below 2º", o que significa conter o aquecimento global, em relação ao período pré-industrial, a um aumento de temperatura de no máximo dois graus centígrados. Segundo o relatório, o cenário "bellow 2" supõe que as emissões líquidas caiam, até 2050%, a 10% do seu nível em 2023.

A hipótese básica desse cenário é que, levada pela preferência e mudança de comportamentos das sociedades, as políticas climáticas dos países sejam significativamente apertadas em relação ao padrão atual.

O relatório não atribui probabilidades a esses dois cenários, mas considera que eles formam um intervalo razoável em termos de projetar o que efetivamente vai ocorrer.

O economista Bráulio Borges (LCA 4intelligence e FGV-IBRE) nota que o cenário e#39;bellow 2e#39; é compatível com as metas do Acordo de Paris de 2015. O tratado definiu que os países deveriam agir para manter o aquecimento global no limite de 1,5-2 graus centígrados acima da temperatura do período pré-industrial. E esse objetivo significa zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050-60.

Mas Borges frisa que, por vezes, o público interpreta erradamente o que seria zerar as emissões líquidas. Isso não significa parar totalmente de emitir, já que, assim como o uso de combustíveis fósseis e desmatamento aumentam as emissões brutas, reflorestamento e até o processo industrial de captura de carbono (ainda incipiente) reduzem as emissões líquidas.

Um ponto que chamou a atenção do economista nas projeções da bp é que, mesmo no cenário e#39;bellow 2ºe#39;, com hipótese muito otimista sobre aceleração da descarbonização, o mundo em 2050 ainda estará consumindo 35 milhões de barris diários de petróleo. Embora seja uma enorme queda em relação ao patamar atual, 35 milhões de barris/dia significam que o petróleo ainda se manterá como uma das commodities mais demandadas do mundo.

Borges observa que, depois do Oriente Médio, o pré-sal do Brasil é uma das áreas petrolíferas de menor custo de extração no mundo. Uma demanda de 35-40 bilhões de barris por dia provavelmente incluiria a produção do Brasil, mas possivelmente não o petróleo e gás de "shale" de países como Estados Unidos, Canadá e México.

Inclusive, com o atual recuo do barril do petróleo para o nível em torno de US$ 65, a produção de petróleo dos Estados Unidos já está caindo, aponta o analista.

Evidentemente, no cenário "trajetória corrente" da bp, com demanda de 85 milhões de barris/dia em 2050, o petróleo brasileiro seria igualmente crucial.

Segundo o economista, é nesse contexto, de um mundo que ainda demandará petróleo brasileiro em meados deste século, que o País deve avaliar a questão de explorar a Margem Equatorial. A demanda por petróleo, ainda que reduzida, vai sobreviver à transição energética.

(Opinião por Fernando Dantas)

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo (Opinião)

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