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Na primeira reunião presencial desde março de 2020, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu em Viena na quarta-feira cortar sua produção em 2%, ou 2 milhões de barris diários. A decisão elevará os preços no mundo todo. Não foi uma medida qualquer, pelas implicações que a alta na cotação do petróleo terá num mundo ainda convulsionado pelos efeitos da pandemia, agravados pela guerra na Ucrânia.

A alta do petróleo no mercado internacional surpreende por ser um movimento contrário aos interesses da Casa Branca, liderado por um tradicional aliado dos Estados Unidos, a Arábia Saudita do príncipe Mohammed bin Salman. As relações entre sauditas e americanos estavam estremecidas diante das evidências comprometendo Bin Salman no assassinato e esquartejamento do jornalista dissidente Jamal Khashoggi na Turquia em 2018, mas o presidente americano, Joe Biden, esteve com o saudita em julho para uma reaproximação.

A decisão da Opep revela que a investida diplomática de Biden foi um fracasso. A alta do petróleo encarecerá os combustíveis nos Estados Unidos e impulsionará a inflação, hoje na faixa dos 8%, a poucas semanas das eleições de meio de mandato. É tudo o que Biden não quer. É praticamente certa a retomada, pelos republicanos, do controle da Câmara e a cada dia mais provável a do Senado. Confirmado o desastre político, restará a Biden cumprir os dois anos restantes do seu mandato isolado na Casa Branca, sem capacidade de aprovar projetos no Congresso.

Em resposta à Opep, ele determinou ao Departamento de Energia que libere no mês que vem 10 milhões de barris da reserva estratégica americana. Pode haver algum efeito imediato, mas, com a inflação em alta no mundo e agora impulsionada pelo corte de produção da Opep, as taxas de juros continuarão subindo. O Federal Reserve atrasou-se para começar a elevar os juros depois da invasão da Ucrânia e tem de correr atrás do prejuízo.

Durante toda a pandemia, os juros americanos estavam próximos a zero. Em setembro já oscilavam entre 3% e 3,5%. O Banco Central Europeu (BCE) segue a mesma tendência e elevou sua taxa em 0,75 ponto percentual no mês passado, para acima de 2% dependendo do tipo de empréstimo. Isso só faz aumentar a preocupação com a economia global, que emite há tempos sinais de estar à beira de uma recessão.

Para o Brasil e os demais países emergentes, haverá mais dificuldades na obtenção de empréstimos a taxas baixas no exterior e provável alta no câmbio, provocada pela saída de divisas atrás de remunerações mais vantajosas lá fora. A valorização do dólar inevitavelmente terá impacto na inflação brasileira. O Banco Central interrompeu seu ciclo de alta dos juros em 13,75%, mas a situação no ano que vem traz incerteza sobre a queda esperada doravante. O assunto poderá ser tema de debate na campanha do segundo turno.

Fonte/Veículo: O GLOBO

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