Petrobras pode voltar à distribuição de gás de cozinha
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve decidir hoje pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15%. Segundo pesquisa do Projeções Broadcast, 74% das instituições consultadas preveem que a taxa fique estável até, pelo menos, o fim deste ano. Ou seja, a redução dos juros só deve começar, para a maior parte do mercado, em 2026.
Segundo analistas consultados pelo Estadão/Broadcast, embora a economia comece a mostrar os primeiros sinais de que o juro em patamares mais altos está surtindo efeito, com a desaceleração de indicadores como produção e vendas, ainda é cedo para o colegiado mudar de direção ou mesmo abrir espaço para que o mercado passe a apostar em cortes ainda neste ano.
eldquo;Vai se consolidando, gradativamente, um ambiente que sugere que 15% é muito alto, mas, ao mesmo tempo, não é um ambiente que sugere muito espaço para cortes de juros. Ainda estamos muito distantes do objetivoerdquo;, afirma o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.
A avaliação dos analistas é de que, na reunião que começou ontem e termina hoje, o Copom faça um ajuste sutil, para baixo, em sua projeção para a inflação no primeiro trimestre de 2027 (horizonte relevante da política monetária). Mesmo assim, dizem os economistas, o colegiado deve manter comunicação similar à de seu último encontro.
Desde a última reunião do Copom, no dia 30 de julho, as medianas do relatório Focus para o IPCA de 2025 e 2026 arrefeceram de 5,09% e 4,43% para 4,83% e 4,30%, respectivamente, mas continuaram sensivelmente acima do centro da meta de 3%. A cotação do dólar usada no cenário de referência do comitê deve cair de R$ 5,55 para R$ 5,40 endash; o que pode permitir que o colegiado reduza sua projeção para a inflação no primeiro trimestre de 2027, de 3,4% para algo próximo de 3,3%, segundo cálculos da XP e do Santander Brasil. Hoje, o banco central americano também decide a nova taxa de juros ( mais informações na pág. B2).
PERSPECTIVA. Megale, da XP, avalia que o cenário ainda mostra uma economia firme, com mercado de trabalho aquecido ( mais informações na pág. B9) e o IPCA rodando próximo ao limite superior da meta de inflação, de 4,5%; há, porém, sinais de alívio. Ele estima que, caso o panorama positivo se concretize, haverá espaço para que o comitê inicie os cortes de juros, num ritmo de 0,5 ponto porcentual, em janeiro.
A corretora projeta que as reduções levem a Selic a 12%, um nível que aproveita o espaço que o BC terá para cortar, mas que se mantém eldquo;conservador o suficienteerdquo;, considerando as incertezas do período eleitoral.
Para a economista sênior da LCA 4Intelligence, Thais Zara, o cenário segue parecido com o registrado na reunião de julho, o que abre pouco espaço para mudanças na comunicação. eldquo;A comunicação tem sido bem enfática na questão da convergência da inflação. Então, a principal questão nesse momento é o descolamento tanto das expectativas de mercado quanto do próprio BC, que ainda se mantêm acima da meta no horizonte relevante.erdquo;
A 4Intelligence projeta manutenção da Selic em 15% até março do ano que vem, quando prevê início de um ciclo de cortes que deve levar a taxa a 12,5%. Sobre os eventos recentes no cenário econômico, Thais avalia ser possível que o colegiado volte a citar as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, mas com a ponderação de que os efeitos sobre a inflação tendem a ser moderados.
Para o economista Marco Caruso, head de política monetária do Santander, deve prevalecer nessa reunião a máxima de eldquo;não mexer em time que está ganhandoerdquo;. Ele prevê que o comitê manterá a mensagem de eldquo;continuar a interrupção do ciclo de alta para observar os efeitos do ciclo empreendidoerdquo;. Ele projeta cortes da Selic a partir de janeiro de 2026, levando a taxa até 13%, mas não descarta uma postergação do início para março. ebull;
Carestia
Previsões de inflação para este e o próximo ano, de 4,83% e 4,30%, ainda estão longe da meta de 3%
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve cortar os juros pela primeira vez desde dezembro do ano passado na reunião que começou ontem e termina hoje.
Mesmo com a inflação ainda fora da meta e que pode piorar em razão do tarifaço do presidente Donald Trump, a autoridade monetária terá o desafio de calibrar a política monetária sem causar danos à economia dos EUA, que tem dado sinais de desaceleração, com a criação cada vez menor de empregos. A reunião marca a estreia do indicado de Trump no Fed, o economista Stephen Miran.
Em Wall Street, a aposta quase geral endash; por volta de 96% dos analistas consultados endash; é de que o Fed começará o afrouxamento monetário com um corte de 0,25 ponto porcentual, segundo a plataforma CME Group. Se o movimento se confirmar, os juros americanos passarão para o intervalo de 4% a 4,25% ao ano, após cinco reuniões consecutivas nas quais as taxas permaneceram inalteradas.
A grande mudança desde a última decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) foi o sinal mais forte de esfriamento do mercado de trabalho nos EUA, o que elevou o desemprego no país. O primeiro alerta veio em julho, quando o país criou 73 mil novas vagas, ante expectativas que apontavam para 101 mil. Além disso, os dados de maio e junho foram revisados, o que resultou em uma baixa de 258 mil postos. Agosto chancelou a expectativa de corte de juros pelo Fed após os EUA criarem 22 mil empregos no mês, muito aquém dos 76 mil previstos.
eldquo;Resguardar o mercado de trabalho se tornou a principal prioridade do Fed, e é muito provável que isso leve a um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa de juros nesta semanaerdquo;, diz o time de economistas do Goldman Sachs liderado por Jan Hatzius.
PREÇOS. Por sua vez, a inflação americana continua distante da meta do Fed, mas acelera praticamente em linha com as expectativas. Os recentes índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) mostram que o impacto das tarifas de Trump se espalha pela economia, mas ainda de maneira limitada.
Casas como o Bank of America (BofA) e o Morgan Stanley, que descartavam cortes nos juros neste ano, mudaram de ideia diante da deterioração do mercado de trabalho nos EUA. Nas últimas semanas, também ganhou força a aposta em um Fed mais agressivo na primeira tacada do ano, podendo cortar os juros em até 0,5 ponto porcentual. É o que esperam o britânico Standard Chartered e o francês Société Générale.
Trump voltou a pressionar o presidente do Fed, Jerome Powell, pela queda das taxas no país. eldquo;elsquo;O muito atrasadoersquo; ( apelido que Trump usa ao falar de Powell) precisa cortar as taxas de juros agora, e com redução maior do que tinha em menteerdquo;, escreveu ele na segunda-feira, em postagem na Truth Social. Ontem, ele voltou a tratar do assunto. eldquo;A taxa ( de juros) deveria ser muito menorerdquo;, disse Trump. Questionado sobre a independência do Fed, ele respondeu: eldquo;Eles deveriam ouvir pessoas inteligentes como euerdquo;.
MAIS INFLUÊNCIA. Na reunião desta semana, Trump passa a ter mais influência sobre a autoridade monetária americana. O Senado dos EUA aprovou na segunda-feira o nome do seu indicado, o economista Stephen Miran, para um assento na diretoria do BC americano. É a primeira vez, desde a criação do Fed moderno na década de 1930, que um membro em exercício do Poder Executivo também servirá no banco central, segundo o The Wall Street Journal. Miran ocupa cargo como um dos principais conselheiros econômicos da Casa Branca.
Com sua chegada, alguns operadores preveem chances de até três votos dissidentes a favor de um corte maior, de 0,5 ponto porcentual. Além de Miran, os diretores Christopher Waller e Michelle Bowman poderiam defender uma tesourada maior, repetindo o que fizeram na reunião de julho. O feito seria inédito na história do Fed.
eldquo;Seria a primeira vez na história que três membros do conselho de governadores do Fed votariam contra a decisão da maioriaerdquo;, disse o diretor-gerente e economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), Marcello Estevão, ao Estadão/Broadcast.
Menos eldquo;dovisherdquo; (jargão usado pelo mercado para indicar uma política monetária menos restritiva), o Morgan Stanley projeta apenas Miran votando pelo corte de 50 pontos. eldquo;Não esperamos outros dissidenteserdquo;, diz o economista-chefe do banco para os EUA, Michael Gapen.
Quem também teve a presença garantida, ao menos por ora, foi a diretora Lisa Cook. Um tribunal de apelação rejeitou o pedido de Trump para destituí-la do Fed na segunda-feira, um dia antes do início do encontro. A diretora se tornou alvo do republicano após ser acusada de fraude hipotecária.
PREVISÕES. Independentemente do tamanho do corte, os analistas americanos devem olhar com atenção as projeções econômicas do Fed. O Bank of America espera que o BC dos EUA continue apontando a expectativa de um corte total de 0,5 ponto, neste ano, e outra redução de mesma proporção em 2026. Mas os riscos apontam para chances de um corte total de 0,75 ponto em 2025, diz.
Queda de braço
Reunião será a primeira com indicado por Trump para colegiado e há previsão de divergência
Outro ponto de atenção do mercado é a entrevista coletiva que Powell costuma conceder após a decisão de juros. Para economistas, Powell deve manter tom parecido com o discurso no Simpósio de Jackson Hole, no mês passado, quando ele mudou o tom e reforçou o alerta para o aumento dos riscos no mercado de trabalho. O Fed divulga a decisão de política monetária nesta quarta, às 15h (horário de Brasília). Powell comentará os resultados da reunião em entrevista à imprensa, que ocorre 30 minutos depois. ebull;
Fonte/Veículo: O Estado de S.Paulo
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