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A alta do preço do petróleo no mercado internacional observada em 2022 tem favorecido as petroleiras pelo mundo, inclusive as de pequeno e médio porte do Brasil. O cenário fez com que o Itaú BBA retomasse no início de setembro a cobertura das ações de Prio, ex-PetroRio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3), todas com recomendação de compra.

Com perspectivas mais positivas para a commodity, as eldquo;junior oilserdquo;, nome dado às petroleiras de pequeno porte na B3, disputam os espaços deixados pelo plano de desinvestimento da Petrobras (PETR4) e, claro, a carteira do investidor brasileiro.

Uma das empresas que mais adquiriu polos de exploração da estatal foi a PetroRecôncavo, com 60 concessões divididas entre os campos da bacia do Recôncavo, na região de Salvador (BA) e os de Mossoró (RN). A companhia se dedica à compra de concessões de campos onshore maduros, que já foram explorados anteriormente, para revitalizar e estender a produtividade das reservas. Modelo de negócios que é visto por parte do mercado como uma vantagem entre os pares do setor; motivo que fez o BTG Pactual iniciar a cobertura de RECV3 vez na semana passada.

Destacando a operação verticalizada da companhia, o banco estabeleceu uma recomendação de compra, com preço-alvo para o papel a R$ 40 endash; um potencial upside de cerca de 44% em comparação aos R$ 27 com que as ações negociam nesta quarta-feira (14).

Em encontro com jornalistas em Mossoró, centro regional no sertão nordestino a cerca de 291 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte, o CEO Marcelo Magalhães deu indícios de como a PetroRecôncavo pretende passar a chancela de credibilidade que está recebendo do mercado para os investidores pessoa física: um plano que envolve consolidação, crescimento e remuneração de dividendos.

eldquo;Não apenas tivemos uma única companhia dominante no País por muito tempo, mas tivemos um verdadeiro desastre de duas companhias de médio porte, de caráter exploratório, que foram para a bolsa e deram retornos terríveis aos investidores. A PetroRecôncavo é uma companhia geradora de fluxo de caixa, que tem reservas provadas, 22 anos de mercado, não é uma aventuraerdquo;, defendeu o CEO.

Na visão do executivo, o foco do momento é encontrar um equilíbrio entre o eldquo;crescimento a qualquer custoerdquo; e a remuneração dos investidores. Mas, no meio do que classificou ser um processo de revolução da indústria de óleo e gás, as oportunidades de investimento ainda são grandes para que a companhia focalize as receitas nos proventos. eldquo;Mas a companhia gosta e quer pagar dividendos no futuroerdquo;, disse Magalhães.

Antes de abrir o capital, a PetroRecôncavo distribuiu US$ 180 milhões de dividendos, cerca de 40% das receitas. Atualmente, a companhia remunera aos investidores o mínimo de 25% das receitas determinado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A empresa estreou na bolsa de valores brasileira em maio de 2021, quando levantou R$ 1,03 bilhão na oferta inicial de ações (IPO), com os papéis a R$14,75 endash; abaixo da faixa indicativa que começava em R$ 15,50. Um ano após a operação, a PetroRecôncavo voltou à B3 em uma nova emissão de ações, um follow on realizado em junho deste ano para captar recursos para a compra do polo Bahia Terra, visto pelo mercado como crucial para a continuidade do crescimento da companhia.

A tentativa de compra em consórcio com a Eneva do polo de Bahia Terra, um dos últimos campos maduros à venda no plano de desinvestimento da Petrobras, ainda está em embate judicial. As negociações foram suspensas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Os executivos da petroleira dizem estar otimistas, mas ainda não há prazo para a resolução do negócio.

Enquanto isso, destacou o CEO, a PetroRecôncavo mira novas aquisições. As operações de follow on e de captação permitiram a capitalização para se posicionar em seu próximo objetivo: se colocar como uma empresa consolidadora do mercado de óleo de gás no País. Os planos agora passam por adquirir outros players menores ou até mesmo a participação em alguns ativos de outras empresas endash; uma meta ousada de assumir protagonismo em um processo de fusões e aquisições que deve ocorrer naturalmente após o fim do ciclo de desinvestimento da Petrobras.

eldquo;A companhia está muito bem capitalizada, o que nos posiciona para as atividades de MeA (fusões e aquisições, na sigla em inglês). Temos nos preparado ativamente para ser um consolidador, montamos uma equipe forte com larga experiência e estamos olhando várias oportunidadeserdquo;, diz Marcelo Magalhães. A preferência da PetroRecôncavo será por ativos nas bacias em que já opera, sejam por operadoras menores ou parte da infraestrutura de outras empresas.

Em julho, a companhia encaminhou à Comissão de Valores Imobiliários (CVM) um memorando de entendimentos em que previa a coordenação de esforços com a 3R Petroleum (RRRP3) para compartilhamento de instalações e recursos.

Gás natural como vantagem competitiva

Ao iniciar a cobertura da RECV3, os especialistas do BTG destacaram que, por concentrar suas operações em dois polos onshore, a PetroRecôncavo conseguiu aproveitar o desinvestimento da Petrobras para conquistar vantagens comparativas frente às outras junior oils brasileiras. Mesmo em um setor marcado por investidores céticos com teses de longo prazo, dada a volatilidade de preços e poucos casos de sucesso no País.

Na disputa pela consolidação de seu espaço, a empresa conta ainda com um trunfo deixado pela Petrobras nos campos maduros do Nordeste: o gás natural. O modelo de exploração da estatal era focado somente em petróleo e, quando a PetroRecôncavo assumiu alguns polos, encontrou reservas pouco exploradas que têm ajudado a elevar as receitas.

eldquo;Quando assumimos um campo maduro, que vem de quase uma década de subinvestimento, sabemos que tem oportunidade. Encontramos reservas de gás natural que foram descobertas e mapeadas pela Petrobras, mas nunca foram desenvolvidaserdquo;, diz Magalhães.

Tudo isso em um momento em que o gás natural, protagonista da crise energética na Europa, tem seus preços elevados no mercado internacional.

Com o início da operação do polo de Miranga na Bahia, em dezembro de 2021, a companhia conseguiu bater com três anos de antecedência o guidance (meta) estabelecido de que, até 2025, 35% da receita viria do gás natural. Nos balanços trimestrais de 2022, a parcela vinda desse recurso ultrapassou os 40%.

Agora, o foco da PetroRecôncavo também passa pela exploração desse ativo, dada a perspectiva de que o gás natural permanecerá em alta frente à dificuldade de resolução da questão energética na Europa.

Fonte/Veículo: O Estado de São Paulo

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