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Mesmo com negociações praticamente travadas com o governo Lula, a Casa Branca já indicou quais demandas comerciais levariam à mesa numa eventual abertura de diálogo com o Brasil sobre o tarifaço imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros que entram na maior economia do mundo.

A lista de reclamações americanas é extensa e vai de etanol à distribuição de filmes no país.

O governo Lula já deixou claro que qualquer negociação não tratará do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado por seu aliado Trump como principal motivo de a taxação do Brasil ter subido de 10% para 50%. Mas importantes queixas comerciais de interesse americano poderiam, sim, ser negociadas.

Enquanto o diálogo não vem, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, fez um apelo ontem ao Congresso para que aprove logo a medida provisória do pacote de ajuda a exportadoras brasileiras atingidas pelo tarifaço e um projeto de lei que autoriza gasto de R$ 9,5 bilhões fora da meta fiscal.

emdash; O Legislativo tem um papel importante a cumprir, que é dar resposta rápida emdash; disse Alckmin, em visita a uma concessionária de automóveis em Brasília.

Ele repetiu críticas à atuação de Eduardo Bolsonaro junto à Casa Branca, embora sem mencionar diretamente o nome do deputado, filho do ex-presidente:

emdash; Primeiro, lamentar que maus brasileiros trabalhem contra o interesse do país e, aliás, de maneira injusta. Em relação à tarifa, 74% dos produtos vendidos pelos EUA ao Brasil não têm imposto, é zero, e a média tarifária é 2,7%. Não tem parceiro melhor.

O vice-presidente reiterou que o Brasil vai insistir na negociação com os EUA. Questionado se há conversa marcada, respondeu:

emdash; Aguardem.

Antes de o presidente dos EUA aplicar o tarifaço alegando razões políticas (ainda que com uma lista de quase 700 exceções), o governo brasileiro tinha melhores condições de interlocução com o americano. Um relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) era visto como um guia para eventual negociação.

Embora Alckmin insista que a taxação média de produtos americanos aqui é baixa (além do fato de os EUA serem superavitários no comércio bilateral), o documento aponta tarifas relativamente altas no Brasil sobre importações em vários setores importantes, como automóveis, autopeças, tecnologia da informação, eletrônicos, químicos, plásticos, máquinas industriais, aço, têxteis e vestuário.

Washington já indicou que quer do Brasil a redução da tarifa de importação do etanol aqui, hoje de 18%. Reclama da cobrança de 19,5% de IPI sobre bebidas alcoólicas, como uísque americano, enquanto cachaça brasileira paga menos (16,25%), e da burocracia para ingresso de vinhos. Maior abertura para esses bens poderia entrar num um acordo.

Nem mesmo os campeões de bilheteria americanos escaparam das queixas. Os EUA consideram excessivamente alta a cobrança de tributos sobre produções cinematográficas estrangeiras exibidas no Brasil e querem mais espaço na TV. Outra queixa é a dificuldade dos EUA de vender carne suína para o Brasil, apesar de um acordo firmado em 2019. Para ler esta notícia, clique aqui

Fonte/Veículo: O Globo

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