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O encarecimento do crédito, a inflação em alta e o endividamento foram os principais responsáveis pela queda nas vendas do comércio em junho, dizem economistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.

O setor registrou vendas menores que o esperado pelo mercado no mês, com queda de 1,4% na passagem de maio para junho, de acordo com o IBGE. Esta é a segunda variação negativa consecutiva do setor, que acumula retração de 0,8% em dois meses, na comparação com o bimestre anterior.

eldquo;O resultado da PMC surpreendeu negativamente, pois era esperada queda de 1%. Já no caso da pesquisa ampliada, a situação foi mais preocupante, com queda de 2,3% na mesma base de comparaçãoerdquo;, afirmou Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos.

Segundo ele, o desempenho do comércio em sete dos oito principais grupos denota a dificuldade de acesso ao crédito motivado pelo alto endividamento das famílias, além de refletir também parte da antecipação do consumo vivido ao longo dos últimos anos.

A economista do C6 Bank Claudia Moreno disse que o resultado fraco pode ser reflexo dos efeitos da inflação elevada sobre o poder de compra da população e dos juros altos.

eldquo;A queda no varejo foi generalizada, e afetou praticamente todos os segmentos. No varejo ampliado, o destaque negativo foi o setor de veículos, que registrou queda nas vendas de 4,1% em junho frente a maio, resultado que veio abaixo da nossa projeção (-0,5%)erdquo;, destacou.

Para Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, a antecipação do consumo este ano ocorre em detrimento da liberação de recursos pelo governo federal, que impulsionaram a economia nos dois primeiros trimestres, mas não podem mais ser utilizados agora no fim do ano.

eldquo;Teve injeção de recurso que favoreceu o comércio até maio, como a liberação do FGTS e o adiantamento do 13%, que não poderá ser retirado no fim do ano. Junto disso, a melhora da economia desde janeiro ajudou a alavancar o consumo até a metade de 2022, mas agora o cenário é outroerdquo;, pontuou.

Na visão do economista, a perspectiva de desaceleração é mantida a médio prazo, ainda que as vendas apresentem crescimento em consequência do novo pacote de auxílios do governo.

eldquo;No segundo semestre pode haver algum estímulo, com a adição de R$ 200 do Auxílio Brasil e isso vai aumentar a demanda, mas a expectativa para o varejo não é das melhores até o final de 2022. Esse resultado mostra uma desaceleração porque, ainda que tenha uma melhora com benefícios sociais, eles são temporários e podem se perder já na virada do anoerdquo;, acrescentou Tobler.

Já o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, salientou que uma transição no consumo das famílias, que tem deixando de consumir itens industrializados (grande parte do varejo) e passado a consumir mais serviços também explica o resultado negativo de junho.

eldquo;Não à toa, a gente tem assistido uma divergência na performance da PMS (serviços) e da PMC (varejo) e na dinâmica dos índices de confiança da FGV, com serviços ainda em alta, enquanto comércio tem recuado na margemerdquo;, declarou Borsoi.

A inflação, apesar de mostrar sinais de arrefecimento, foi citada como um dos principais causadores do recuo de -1,4% das vendas em junho. Ainda assim, os economistas ressaltaram que caso o preço dos alimentos apresente uma trégua no restante do ano, a perspectiva sobre o consumo pode melhorar.

eldquo;Se tivermos uma redução no preço dos alimentos, o consumo de fato deve voltar a patamares melhores porque o recurso extra do Auxílio Brasil vai aumentar o poder de compra da população mais vulnerável, que consome os itens básicos da alimentaçãoerdquo;, apontou Rodolpho Tobler.

eldquo;A tendência de arrefecimento da inflação pode ajudar o setor de varejo, mas o nível de queda é que temos que observarerdquo;, ponderou.

Fonte/Veículo: CNN Brasil

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