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A Petrobras anunciou ontem uma redução de 5% nos preços da gasolina nas refinarias, o que corresponde a R$ 0,20 por litro - de R$ 4,06 para R$ 3,86 - seguindo comportamento dos preços internacionais. Especialistas avaliam que a decisão era esperada, que segue a lógica da política de paridade de preços internacional (PPI).Porém, mesmo com todas as justificativas técnicas, decisões pela redução de preços como a de ontem tornaram-se um tema político, especialmente em ano eleitoral.
Com a redução, o valor praticado pela Petrobras para a gasolina retorna ao patamar de antes do último reajuste, em 16 de junho, quando houve aumento do litro vendido às distribuidoras de R$ 3,86 para R$ 4,06. A queda nos preços foi a primeira promovida pela Petrobras em sete meses (a última foi no dia 15 de dezembro) e a primeira da gestão do presidente, Caio Maio Paes de Andrade, há um mês no cargo.

Não houve mudança no preço de venda do diesel. A Petrobras afirmou que a redução da gasolina acompanha a evolução dos preços internacionais, reafirmando a busca pelo equilíbrio com o mercado global, eldquo;mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbioerdquo;. O intervalo entre os últimos reajustes foi de um mês, menor do que em outros períodos sem alteração.

eldquo;É importante que a Petrobras continue olhando as tendências de preço e do mercado, acompanhando o câmbio e as cotações das commodities e não fique novamente 100 dias sem reajustar, como aconteceu no primeiro semestre deste anoerdquo;, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que estima que os preços praticados pela Petrobras estavam R$ 0,30 acima do mercado internacional.

O reajuste se deu no mesmo dia em que o barril do petróleo Brent encerrou cotado a US$ 107,35 o barril, alta de 1,01%. As ações ordinárias (ON) da Petrobras encerraram ontem o pregão na B3 em alta de 1,21%, a R$ 31,70.

Para o professor e pesquisador do Instituto de Energia da PUC-Rio Edmar de Almeida, ainda não está claro se a decisão da Petrobras é resultado de uma interferência política na empresa, uma vez que sempre vai existir uma zona cinzenta entre a estratégia da empresa e influências políticas, que se dissiparia caso os preços internacionais se distanciem dos praticados pela petroleira no mercado interno. eldquo;A Petrobras não tem uma política de preços muito clara. Sabemos apenas que ela busca acompanhar os preços internacionais, mas isto não significa um alinhamento perfeitoerdquo;, afirmou Almeida.

O presidente Jair Bolsonaro tem falado abertamente em trocas na diretoria da estatal quando considerar necessário. eldquo;Estamos em guerra. O pessoal muitas vezes fala: elsquo;Trocou quatro presidentes da Petrobrasersquo;. Eu troco quatro, cinco, dez, não tem problema (...) O presidente tem que entender que tem Petrobras em tempos de paz e tem Petrobras em tempos de guerraerdquo;, disse Bolsonaro semana passada.

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, prevê que o conjunto de medidas adotadas pelo governo e pelo Congresso garante redução média de R$ 1,50 no litro da gasolina. Com o corte de mais R$ 0,20 por litro nas refinarias da Petrobras, a diminuição deve atingir R$ 1,75, podendo chegar a R$ 2,00, projeta Sachsida.

A redução de R$ 0,20 por litro nas refinarias deve corresponder, nas bombas, a uma queda média de R$ 0,15 por litro, estima a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis). Porém, segundo James Thorp Neto, presidente da entidade, a queda depende de cada distribuidora e da decisão individual de cada empresário.

O analista da consultoria SeP Global Felipe Perez, aponta que a menor cotação dos derivados no exterior no último mês foi motivada pelo temor de uma recessão econômica ao final deste ano. eldquo;Tem havido uma queda no preço do barril de petróleo e a demanda, em si, não deu todo o sinal de força que se esperava e, apesar de alta, ainda está abaixo dos volumes pré-pandemiaerdquo;, afirmou Perez.

A redução anunciada pela Petrobras aumenta a percepção de risco do mercado, na avaliação do analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman. Nos cálculos da Ativa, a estatal passará a vender gasolina nas refinarias a um preço 14,7% abaixo do preço internacional - antes do reajuste, a defasagem estimada era de 9,5% - ampliando-a ante o mercado global.

Para Pedro Shinzato, consultor em gerenciamento de risco da StoneX, a decisão da Petrobras de reduzir os preços da gasolina e manter os do diesel pode estar relacionada à volatilidade internacional. A StoneX calcula uma diferença de apenas R$ 0,05 entre os preços internos da gasolina e os do mercado externo após o reajuste. Já os preços do diesel estão 4,6% acima da paridade internacional. O último reajuste do óleo diesel também foi no dia 16 de junho, quando passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.
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Fonte/Veículo: Valor Econômico

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