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Caio Paes de Andrade deverá tentar se equilibrar, como presidente da Petrobras, entre o desejável pelo governo politicamente e o possível do ponto de vista estatutário, segundo fontes ouvidas pelo Valor. A visão, entre especialistas, é que a nova gestão da estatal irá buscar segurar os reajustes de preços dos combustíveis até as eleições, embora essa seja uma tarefa que o CEO não decide sozinho e que depende da conjuntura internacional, uma vez que o abastecimento de diesel e de gasolina, no mercado doméstico, depende também de importações.

A Petrobras não confirmou, até o fechamento desta edição, quando será a posse de Paes de Andrade como CEO. Fontes próximas da empresa sinalizaram que a posse poderia ser hoje, mas também não ficou claro se haverá cerimônia pública, com discurso. O consultor e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn disse que o discurso de posse pode trazer indicações sobre como será a atuação de Paes de Andrade no comando da petroleira: "O discurso de posse é importante, os sinais do presidente aparecem muito nesse discurso. A própria omissão do assunto [preços] pode ser um sinal", pondera.

Zylbersztajn afirmou que, sozinho, Paes de Andrade não tem poder para determinar o comportamento dos preços vendidos pela estatal: "O presidente da Petrobras pode muito, mas não pode tudo", disse. Ele entende ser difícil repetir o que foi feito no passado, com um controle mais extremo dos preços a despeito do comportamento do mercado internacional: "Há uma tendência à estabilidade [nos preços internacionais] e com estabilidade, não se mexe no preço." Assim o cenário externo poderia ajudar o governo na estratégia de não mexer nos preços.

Luiz Carvalho, analista do UBS BB, disse que existe governança na Petrobras que Paes de Andrade terá que cumprir. "Não é o presidente que manda sozinho na companhia, não vejo mudança drástica na política de preços e na política de investimentos da companhia", afirmou. Acrescentou que Paes de Andrade pode fazer "ajustes", mas disse que talvez o executivo tenha tempo "limitado" para trabalhar.

Paes de Andrade foi eleito ontem pelo conselho para mandato até abril de 2023, quando outra assembleia de acionistas da empresa será realizada. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, disse que mesmo com os reajustes recentes nos preços da gasolina e do diesel ainda há defasagem em relação às cotações internacionais, o que não deve mudar até a eleição.

A curtíssimo prazo há ritos a serem seguidos para completar as mudanças na gestão da companhia pretendidas pelo governo. Depois da posse de Paes de Andrade, será preciso esperar a avaliação dos demais candidatos da União ao conselho de administração da Petrobras. São oito nomes, sendo que não há garantias que todos vão ser aprovados pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg), ligado ao Comitê de Pessoas da companhia. Se algum candidato não passar na análise, o governo pode ser obrigado a buscar substitutos.

Uma vez que o conselho da Petrobras receba todas as informações dos candidatos aptos aos cargos, terá uma semana para analisar e deliberar sobre os documentos e então convocar a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para referendar o nome de Paes de Andrade e eleger outros sete nomes ao colegiado. A AGE tem que ser realizada a contar de, no mínimo, 30 dias a partir da convocação.

Fonte/Veículo: Valor Econômico

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